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Marley & Eu

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que contorna a costa de West Palm Beach do lado norte da cidade,<br />

onde era o consultório do médico, para o lado sul, onde morávamos. O<br />

sol reluzia sobre a água, as palmeiras balançavam-se de leve sob um<br />

céu azul sem nuvens. Era um dia perfeito para a alegria, mas não para<br />

nós. Percorremos todo o caminho até chegar em casa sem trocar uma<br />

palavra.<br />

Ao chegar, ajudei Jenny a entrar e a se deitar no sofá, e fui até a<br />

garagem onde <strong>Marley</strong>, como sempre, estava nos esperando voltar,<br />

arfando, ansioso. No momento em que me viu, mergulhou para pegar<br />

seu osso gigante e desfilou com ele, orgulhoso, pela garagem, sacudindo<br />

o corpo, o rabo batendo na máquina de lavar como uma baqueta sobre<br />

um tambor. Fez como se pedisse para eu tentar pegar o osso de sua<br />

boca.<br />

— Hoje não, camarada — respondi, e deixei-o sair pela porta dos<br />

fundos até o jardim.<br />

Ele esvaziou a bexiga longamente sob a árvore e correu de volta<br />

para dentro, bebeu bastante de sua vasilha, espalhando água para todo<br />

lado, e atravessou o corredor à procura de Jenny. Levei alguns minutos<br />

ainda para fechar a porta dos fundos, secar a água que ele havia<br />

esparramado e segui-lo até a sala.<br />

Ao entrar, eu me detive. <strong>Eu</strong> teria apostado uma grana preta que<br />

aquilo que eu estava vendo jamais viria a acontecer. Nosso cão elétrico<br />

colocara seus ombros entre os joelhos de Jenny, e apoiou docemente<br />

sua grande cabeça quadrada em seu colo. Seu rabo estava caído entre<br />

as pernas, que eu me lembre era a primeira vez que não o balançava ao<br />

estar perto de qualquer um de nós. Ele a olhava e soluçava baixinho.<br />

Ela passou a mão sobre sua cabeça algumas vezes e, então, sem que<br />

esperássemos, ela escondeu o rosto no pêlo de seu pescoço e irrompeu a<br />

chorar. Um choro doído, sentido, imenso.<br />

Ela continuou abraçada a ele por um longo tempo, <strong>Marley</strong><br />

paralisado, Jenny agarrada a ele como um boneco gigante. Fiquei ao<br />

lado deles, um intruso diante de um momento íntimo sem saber o que<br />

fazer. E então, sem erguer o rosto, ela estendeu um braço em minha

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