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Marley & Eu

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Vivíamos, como dizem os planejadores urbanos, num bairro em<br />

constante mutação. Construído nas décadas de 1940 e 1950, e<br />

inicialmente ocupado por turistas do norte e aposentados, começou a<br />

mudar de aspecto quando os primeiros moradores começaram a morrer e<br />

foram trocados por um grupo de proprietários e famílias trabalhadoras.<br />

Quando nos mudamos para cá, a vizinhança estava novamente passando<br />

por uma transformação, desta vez ocupada por homossexuais, artistas e<br />

jovens profissionais atraídos para este refúgio à beira-mar, e por sua<br />

arquitetura déco kitsch.<br />

Nosso quarteirão servia de área intermediária entre a South<br />

Dixie Highway e as mansões ao longo da costa. A Dixie Highway era a<br />

via original US 1 que seguia ao longo da costa leste da Flórida e<br />

servia como a estrada principal até Miami antes da abertura da<br />

interestadual. Tinha cinco pistas de concreto, com uma pista dupla em<br />

cada direção, uma de conversão a esquerda, pontilhada por lojas<br />

baratas, postos de gasolina, estandes de frutas, revendedoras,<br />

restaurantes e motéis em decadência, que foram marcos de outra era.<br />

Nas quatro esquinas da South Dixie Highway e a Churchill Road<br />

havia uma casa de bebidas, um mercado de conveniência 24 horas, uma<br />

loja de importados com barras pesadas nas janelas e uma lavanderia<br />

automática a céu aberto, onde as pessoas ficavam a noite inteira,<br />

muitas das vezes deixando para trás, garrafas vazias de bebida. Nossa<br />

casa ficava no meio do quarteirão, a oito casas do centro da muvuca.<br />

A vizinhança parecia segura para nós, mas havia histórias sobre<br />

seu lado obscuro. Sumiam ferramentas esquecidas no quintal e,<br />

durante os raros períodos de frio, alguém roubara toda a lenha da lareira<br />

que eu tinha estocado ao lado da casa. Num domingo, estávamos<br />

tomando o café da manhã em nosso restaurante favorito, sentados à<br />

mesa que sempre usávamos, bem em frente à janela, quando Jenny<br />

apontou para um buraco de baía no vidro logo acima de nossas cabeças<br />

e comentou, secamente:<br />

— Definitivamente não havia isto da última vez que viemos aqui.<br />

Certa manhã, eu estava saindo de carro para ir trabalhar,

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