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Marley & Eu

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antes de voltar à carga novamente, quase nos derrubando. Quando<br />

alguém se aproximava com outro cachorro, <strong>Marley</strong> pulava em cima deles<br />

todo alegre, abaixando as patas traseiras ao chegar à extensão máxima de<br />

sua coleira, morrendo de vontade de fazer novas amizades.<br />

— Ele parece realmente amar a vida — comentou um dos donos<br />

de cachorro que encontramos pelo caminho, e isso disse tudo.<br />

Ele ainda era pequeno o bastante para que vencêssemos esses<br />

cabos-de-guerra com a correia da coleira, mas a cada semana o<br />

equilíbrio de forças começou a mudar. Ele estava ficando cada vez<br />

maior e mais forte. Era claro que em pouco tempo ele seria mais forte do<br />

que nós dois juntos. Sabíamos que teríamos de domá-lo e ensinar a ele<br />

a se comportar adequadamente antes que nos arrastasse para uma<br />

morte vexatória debaixo das rodas de algum carro. Nossos amigos<br />

veteranos, donos de cachorros, aconselharam-nos a não querer<br />

apressar o processo de obediência.<br />

— É cedo demais — disse um deles. — Aproveitem sua infância<br />

de cachorro enquanto podem. Ela passa logo e então vocês poderão<br />

encarar seriamente o treinamento dele.<br />

Foi isso que fizemos, o que não significa que deixamos que ele fizesse<br />

tudo ao seu modo. Determinamos regras e tentamos obrigá-lo de maneira<br />

consistente. A cama e a mobília eram proibidas para ele. Beber água da<br />

privada, cheirar virilhas e morder pernas de cadeira eram erros<br />

indesculpáveis, embora aparentemente valessem levar uma bronca por<br />

isso. Não era nossa palavra favorita. Trabalhamos com ele os comandos<br />

básicos — venha até aqui, fique quieto, sente-se, abaixe-se — com pouco<br />

sucesso. <strong>Marley</strong> era jovem e ligado a mil, com uma concentração de alga e<br />

volatilidade de nitroglicerina. Ele era tão excitável que qualquer interação<br />

fazia-o quicar pelas paredes com uma exuberância jamais vista. Não<br />

perceberíamos, senão muitos anos depois, que ele apresentava desde cedo<br />

sinais de um estado que mais tarde seria usado para descrever o compor-<br />

tamento de milhares de alunos difíceis de serem controlados nas escolas.<br />

Nosso filhote sofria de um caso de desordem hiperativa com déficit de<br />

atenção.

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