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Marley & Eu

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Cachorros Desajustados nos ajudaram mais do que eles poderiam<br />

imaginar.<br />

Os dias se transformaram em semanas e o inverno derreteu na<br />

primavera. Narcisos começaram a brotar e a florescer em torno do<br />

túmulo de <strong>Marley</strong>, e delicadas flores brancas de cerejeira flutuavam sobre<br />

eles. Aos poucos, a vida sem nosso cachorro se tomou mais tranqüila.<br />

Havia dias que se passavam em que nem me lembrava dele, mas então<br />

um detalhe — um pêlo sobre meu suéter, o barulho da guia quando abria<br />

a gaveta de meias — subitamente trazia-o de volta. Com o passar do<br />

tempo, as lembranças passaram a ser mais agradáveis do que dolorosas.<br />

Momentos que eu esquecera fazia muito tempo, de repente, surgiam em<br />

minha mente com clareza cristalina, como se fossem clipes de velhos<br />

vídeos caseiros: o modo como Lisa, a vítima do ataque, havia se inclinado<br />

e beijado <strong>Marley</strong> no focinho depois que saiu do hospital. Como a equipe<br />

do filme o adulava. Como a mulher dos correios o enganava todos os dias<br />

na porta da frente. Como ele segurava as mangas com as patas para<br />

descascá-las. Como ele tentava abocanhar as fraldas dos bebês com<br />

aquele olhar de contentamento, como se estivesse drogado, e como<br />

implorava por seus calmantes como se fossem salgadinhos. Pequenos<br />

momentos que provavelmente nem valeriam a pena serem lembrados,<br />

mas ali estavam eles, surgindo aleatoriamente em minha tela de cinema<br />

mental nas horas e nos lugares mais improváveis. A maior parte deles me<br />

fazia sorrir; alguns deles me faziam morder os lábios e pensar.<br />

<strong>Eu</strong> estava em uma reunião com a equipe de redação quando me<br />

sobreveio esta: estávamos em West Palm Beach, quando <strong>Marley</strong> ainda<br />

era filhote e Jenny e eu, recém-casados, ainda sonhávamos acordados.<br />

Estávamos caminhando ao longo da Intracoastal Waterway em uma<br />

manhã fria de inverno, de mãos dadas, e <strong>Marley</strong> seguia na frente, nos<br />

puxando. Deixei que ele brincasse no quebra-mar, que tinha uns<br />

cinqüenta centímetros de largura e ficava a cerca de um metro de altura<br />

da superfície da água.<br />

— John! — Jenny reclamou. — Ele pode cair.

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