18.04.2013 Views

Marley & Eu

Marley & Eu

Marley & Eu

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mas, principalmente, eu queria estar com ele. Ali, de pé, relembrei<br />

pequenas passagens de sua vida. <strong>Eu</strong> me sentia envergonhado ao<br />

perceber o quão profundamente eu sentia a morte deste cão, mais<br />

profundamente do que de alguns humanos que eu havia conhecido.<br />

Não que eu igualasse a vida de um cachorro à de um ser humano, mas<br />

além das pessoas mais próximas de minha família, poucas se deram tão<br />

altruisticamente a mim. Tirei, escondido, a guia de <strong>Marley</strong> do carro,<br />

onde havia ficado desde sua última ida ao hospital e coloquei-a na<br />

gaveta sob minha roupa íntima em meu armário, onde, toda manhã, eu<br />

podia tocá-la.<br />

Passei a semana sentindo uma dor incômoda dentro de mim. Era<br />

uma sensação física, não muito diferente de uma dor de estômago. <strong>Eu</strong><br />

estava sentindo uma letargia, falta de motivação. <strong>Eu</strong> não tinha energia<br />

sequer para meu lazer — tocar violão, trabalhar com a madeira ou ler.<br />

<strong>Eu</strong> me sentia indisposto, sem saber muito bem o que fazer. Acabei<br />

indo dormir mais cedo quase toda noite, entre nove e meia e dez horas.<br />

Na véspera de ano-novo, fomos convidados para uma festa na casa<br />

de um de nossos vizinhos. Os amigos expressaram suas condolências, mas<br />

procuramos manter a conversa pra cima, falando sobre vários assuntos.<br />

Afinal, era véspera de ano-novo. Durante o jantar, sentei-me ao lado de<br />

Sara e de Dave Pandl, um casal de paisagistas que havia voltado à<br />

Pensilvânia retornando da Califórnia e transformado um velho galpão de<br />

pedra em lar, e se tornado nossos amigos queridos, sentaram-se comigo<br />

em um canto da mesa e conversamos longamente sobre cães, amor e<br />

perdas. Dave e Sara tinham perdido sua adorada Nelly, uma pastora<br />

australiana, cinco anos antes. Eles a enterraram na colina ao lado de sua<br />

casa. Dave é uma das pessoas menos sentimentais que já conheci, um<br />

tipo estóico e taciturno, de descendência holandesa, que vive na<br />

Pensilvânia. Mas quando se falava sobre Nelly, ele também enfrentava<br />

uma profunda tristeza. Ele me contou como procurou, por vários dias, no<br />

bosque atrás de sua casa, pela pedra perfeita para colocar no túmulo dela.<br />

Tinha a forma natural de um coração, que encomendou que fosse inscrito<br />

o nome de Nelly na superfície. Passados tantos anos, a morte de sua

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!