18.04.2013 Views

Marley & Eu

Marley & Eu

Marley & Eu

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

e já havíamos feito a escolha mais difícil. Minha visita a Shanksville<br />

apenas firmou minha decisão de não submeter <strong>Marley</strong> a mais nenhum<br />

sofrimento. Mesmo assim, na sala de espera, novamente diante de um<br />

momento de decisão, eu gelei. A médica sentiu minha aflição e<br />

ponderou sobre as complicações que deveríamos esperar, caso<br />

decidíssemos operar um cão na idade de <strong>Marley</strong>. Outra coisa que a<br />

preocupava, ela disse, era um resíduo de sangue que saíra pelo cateter,<br />

indicando problemas na parede do estômago.<br />

— Quem sabe o que vamos encontrar ao abrir — ela explicou.<br />

<strong>Eu</strong> disse a ela que queria sair por alguns instantes para ligar para<br />

minha mulher. Pelo celular, no estacionamento, contei a Jenny que eles<br />

haviam tentado de tudo, exceto a cirurgia. Ficamos em silêncio ao<br />

telefone por longos minutos. Então, ela disse:<br />

— <strong>Eu</strong> o amo, John.<br />

— <strong>Eu</strong> também a amo, Jenny — respondi.<br />

Entrei novamente e perguntei à veterinária se poderia ter alguns<br />

minutos a sós com ele. Ela me disse que ele estava fortemente sedado.<br />

— Fique o tempo que precisar — ela disse.<br />

Ele estava inconsciente sobre uma maca no chão, tomando soro<br />

pela pata. Ajoelhei-me e passei os dedos por seu pêlo, do jeito que ele<br />

gostava. Passei a mão pelas suas costas. Ergui cada uma de suas orelhas<br />

com a mão — aquelas orelhas doidinhas que haviam causado tantos<br />

problemas todos aqueles anos e que nos haviam custado o resgate de<br />

um rei — e senti seu peso sobre meus dedos. Abri seus lábios e observei<br />

seus dentes gastos. Peguei uma das patas dianteiras e a comprimi em<br />

minha mão. Então, encostei minha testa na dele e fiquei ali sentado por<br />

algum tempo, como eu se pudesse telegrafar uma mensagem através de<br />

nossos crânios, da minha mente para a dele. Queria que ele soubesse de<br />

algumas coisas.<br />

— Sabe todas aquelas coisas que sempre falamos sobre você? —<br />

sussurrei. — Que você era um saco? Não acredite nisso. Não acredite<br />

nem por um minuto, <strong>Marley</strong>.<br />

Ele precisava saber disso e algo mais também. Havia algo que eu

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!