Marley & Eu

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18.04.2013 Views

eplicou. — Nada, se você for um frentista de posto de gasolina — ela — Ei! Olha a língua! Este é o nome do meu avô. Acho que então deveríamos batizá-lo com o nome do seu avô? “O bom cão Bill!” Enquanto discutíamos, Jenny, num gesto automático, caminhou até o estéreo e apertou o botão do toca-fitas. Era uma de suas estratégias de combate marital. Em dúvida, afogue o oponente. Os acordes reggaes ritmados de Bob Marley começaram a pulsar pelos alto- falantes, produzindo um efeito meloso praticamente instantâneo sobre nós dois. Havíamos apenas descoberto o cantor jamaicano falecido quando nos mudamos de Michigan para a Flórida. No Meio-Oeste americano apenas ouvíamos Bob Seger e John Cougar Mellencamp. Mas aqui no caldo étnico pulsante do sul da Flórida, a música de Bob Marley, mesmo uma década depois de sua morte, estava por toda parte. Ouvíamos no rádio do carro enquanto descíamos a Biscayne Boulevard. Ouvíamos tomando cafés cubanos na Pequena Havana e comendo carne de galinha à moda jamaicana nos pequenos pés-sujos dos sombrios bairros de imigrantes a oeste de Fort Lauderdale. Ouvíamos enquanto experimentávamos pela primeira vez uma fritada de moluscos no Festival de Bahamian Goombay em Coconut Grove em Miami, e fazendo compras de arte haitiana em Key West. Quanto mais explorávamos, mais nos apaixonávamos, tanto com o sul da Flórida e um pelo outro. E sempre ao fundo, aparentemente, estava Bob Marley. Ele estava lá enquanto tostávamos na praia, enquanto pintávamos as paredes verdes da nossa casa, quando acordávamos ao amanhecer com os gritos dos papagaios selvagens, e fazíamos amor com a primeira luz que filtrava através da pimenteira brasileira que tínhamos em frente à nossa janela. Nós nos apaixonamos pela música dele pelo que ela era, mas também por aquilo que ela definia, o momento em nossas vidas quando deixamos de ser dois e nos tornamos um. Bob Marley era a trilha sonora de nossa nova vida juntos neste lugar estranho, exótico e mal-ajambrado, tão diferente de

qualquer outro onde tivéssemos vivido. E agora, dos alto-falantes, surgia nossa canção preferida dentre todas, por ser tão pungente e bela, e falar direto ao nosso coração. A voz de Marley tomou a sala, repetindo o refrão várias vezes: “Is this love that I’m feeling?”. E, nesse mesmo momento, como se tivéssemos ensaiado por várias semanas, gritamos, em uníssono: — Marley! — É isto! — exclamei. — Este é o nome que estávamos procurando. Marley! Jenny sorriu, o que era um bom sinal. Eu ensaiei: — Venha, Marley! — ordenei. — Sente, Marley! Bom garoto, Jenny se juntou a mim: — Meu Marley queridinho-inho-inho... — Ei, eu acho que funciona — disse. Jenny também achava. Nossa briga acabara. Finalmente tínhamos o nome de nosso filhote. Na noite seguinte, depois do jantar, entrei no quarto onde Jenny estava lendo e eu disse: nome. — Acho que precisamos incrementar um pouco o nome dele. — Do que você está falando? — ela perguntou. — Nós adoramos o Eu havia lido os papéis de registro do American Kennel Club. Como um labrador puro-sangue com ambos os pais devidamente registrados, Marley tinha direito a um registro da AKC também. Isto apenas seria necessário se planejássemos fazê-lo participar de exposições ou ter uma criação de cães, quando este papel realmente se tornava importante. Para um cão de estimação, no entanto, seria supérfluo. Mas eu tinha grandes planos para o nosso Marley. Esta era a primeira vez que eu tinha a chance de me aproximar da nobreza, incluindo a minha própria família. Bem como São Shaun, o cão da

qualquer outro onde tivéssemos vivido.<br />

E agora, dos alto-falantes, surgia nossa canção preferida dentre<br />

todas, por ser tão pungente e bela, e falar direto ao nosso coração. A<br />

voz de <strong>Marley</strong> tomou a sala, repetindo o refrão várias vezes: “Is this<br />

love that I’m feeling?”. E, nesse mesmo momento, como se tivéssemos<br />

ensaiado por várias semanas, gritamos, em uníssono:<br />

— <strong>Marley</strong>!<br />

— É isto! — exclamei. — Este é o nome que estávamos<br />

procurando.<br />

<strong>Marley</strong>!<br />

Jenny sorriu, o que era um bom sinal.<br />

<strong>Eu</strong> ensaiei:<br />

— Venha, <strong>Marley</strong>! — ordenei. — Sente, <strong>Marley</strong>! Bom garoto,<br />

Jenny se juntou a mim:<br />

— Meu <strong>Marley</strong> queridinho-inho-inho...<br />

— Ei, eu acho que funciona — disse.<br />

Jenny também achava. Nossa briga acabara. Finalmente<br />

tínhamos o nome de nosso filhote.<br />

Na noite seguinte, depois do jantar, entrei no quarto onde Jenny<br />

estava lendo e eu disse:<br />

nome.<br />

— Acho que precisamos incrementar um pouco o nome dele.<br />

— Do que você está falando? — ela perguntou. — Nós adoramos o<br />

<strong>Eu</strong> havia lido os papéis de registro do American Kennel Club.<br />

Como um labrador puro-sangue com ambos os pais devidamente<br />

registrados, <strong>Marley</strong> tinha direito a um registro da AKC também. Isto<br />

apenas seria necessário se planejássemos fazê-lo participar de<br />

exposições ou ter uma criação de cães, quando este papel realmente se<br />

tornava importante. Para um cão de estimação, no entanto, seria<br />

supérfluo. Mas eu tinha grandes planos para o nosso <strong>Marley</strong>. Esta era a<br />

primeira vez que eu tinha a chance de me aproximar da nobreza,<br />

incluindo a minha própria família. Bem como São Shaun, o cão da

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