Marley & Eu

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18.04.2013 Views

o; Marley, porém, não se movia. — Agüenta aí — eu disse. — Vou colocar as botas e vou até você. Ocorreu-me que eu poderia colocá-lo sobre o tobogã e arrastá-lo de volta para casa. Assim que me viu me aproximando com o tobogã, meu plano foi por água abaixo. Ele ficou de pé, energizado. A única coisa que consegui pensar foi que ele havia se lembrado do nosso passeio infame pelos arbustos até a beira do riacho e ele esperava um repeteco. Ele avançou até a mim como um dinossauro disposto a me encurralar. Eu escapei pela neve, abrindo caminho para ele e ele me seguiu. Finalmente, pulamos o banco de neve e alcançamos a entrada de carro. Ele sacudiu a neve do corpo e bateu com o rabo nos meus joelhos, andando todo empinado, com a fanfarronice de um aventureiro que tivesse acabado de voltar de uma excursão pela selva. E pensar que eu tinha duvidado que ele fosse conseguir. Na manhã seguinte, abri para ele um caminho estreito até o pinheiro mais distante no canto da propriedade, e Marley adotou o espaço como seu banheiro reservado durante todo o inverno. A crise tinha passado mas surgiram outras questões. Por quanto tempo ele iria agüentar? E em que momento as dores e os revezes da velhice iriam superar o simples contentamento que ele encontrava a cada dia sonolento e preguiçoso?

Capítulo 25 Vencendo as dificuldades Quando suspenderam as aulas na escola para as férias de verão, Jenny colocou as crianças na minivan e foi para Boston passar uma semana com a irmã. Eu fiquei por causa do trabalho. E, com isso, Marley teria de ficar sozinho em casa sem ninguém para lhe fazer companhia ou deixá-lo sair. Entre os inúmeros constrangimentos que a idade infligiu a ele, o que parecia incomodá-lo mais era a diminuição do controle sobre seus intestinos. Apesar de todas as falhas de comportamento ao longo dos anos, seus hábitos em relação a banheiro tinham sido sempre impecáveis. Era uma das características de Marley de que podíamos nos orgulhar. Desde a mais tenra idade, ele nunca, jamais, teve acidentes dentro de casa, mesmo quando ficava sozinho por dez ou doze horas. Costumávamos brincar dizendo que sua bexiga era feita de aço e seus intestinos de pedra. Isso mudara nos últimos meses. Ele já não agüentava mais do que poucas horas entre os “pit stops”. Quando a necessidade o chamava, ele tinha de ir e, se não estivéssemos em casa para deixá-lo sair, ele não tinha escolha senão fazer dentro de casa. Isso o mortificava e, assim que entrávamos em casa, sabíamos que ele tivera um acidente. Em vez de nos receber na porta com seu modo exuberante, estaria bem no fundo da sala, a cabeça caída ao chão, o rabo entre as pernas, seu semblante

Capítulo 25<br />

Vencendo as dificuldades<br />

Quando suspenderam as aulas na escola para as férias de verão,<br />

Jenny colocou as crianças na minivan e foi para Boston passar uma<br />

semana com a irmã. <strong>Eu</strong> fiquei por causa do trabalho. E, com isso,<br />

<strong>Marley</strong> teria de ficar sozinho em casa sem ninguém para lhe fazer<br />

companhia ou deixá-lo sair. Entre os inúmeros constrangimentos que a<br />

idade infligiu a ele, o que parecia incomodá-lo mais era a diminuição do<br />

controle sobre seus intestinos. Apesar de todas as falhas de<br />

comportamento ao longo dos anos, seus hábitos em relação a banheiro<br />

tinham sido sempre impecáveis. Era uma das características de <strong>Marley</strong> de<br />

que podíamos nos orgulhar. Desde a mais tenra idade, ele nunca, jamais,<br />

teve acidentes dentro de casa, mesmo quando ficava sozinho por dez ou<br />

doze horas. Costumávamos brincar dizendo que sua bexiga era feita de<br />

aço e seus intestinos de pedra.<br />

Isso mudara nos últimos meses. Ele já não agüentava mais do que<br />

poucas horas entre os “pit stops”. Quando a necessidade o chamava, ele<br />

tinha de ir e, se não estivéssemos em casa para deixá-lo sair, ele não<br />

tinha escolha senão fazer dentro de casa. Isso o mortificava e, assim que<br />

entrávamos em casa, sabíamos que ele tivera um acidente. Em vez de<br />

nos receber na porta com seu modo exuberante, estaria bem no fundo<br />

da sala, a cabeça caída ao chão, o rabo entre as pernas, seu semblante

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