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Marley & Eu

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eplicou.<br />

— Nada, se você for um frentista de posto de gasolina — ela<br />

— Ei! Olha a língua! Este é o nome do meu avô. Acho que então<br />

deveríamos batizá-lo com o nome do seu avô? “O bom cão Bill!”<br />

Enquanto discutíamos, Jenny, num gesto automático, caminhou<br />

até o estéreo e apertou o botão do toca-fitas. Era uma de suas<br />

estratégias de combate marital. Em dúvida, afogue o oponente. Os<br />

acordes reggaes ritmados de Bob <strong>Marley</strong> começaram a pulsar pelos alto-<br />

falantes, produzindo um efeito meloso praticamente instantâneo sobre<br />

nós dois.<br />

Havíamos apenas descoberto o cantor jamaicano falecido quando<br />

nos mudamos de Michigan para a Flórida. No Meio-Oeste americano<br />

apenas ouvíamos Bob Seger e John Cougar Mellencamp. Mas aqui no<br />

caldo étnico pulsante do sul da Flórida, a música de Bob <strong>Marley</strong>, mesmo<br />

uma década depois de sua morte, estava por toda parte. Ouvíamos no<br />

rádio do carro enquanto descíamos a Biscayne Boulevard. Ouvíamos<br />

tomando cafés cubanos na Pequena Havana e comendo carne de<br />

galinha à moda jamaicana nos pequenos pés-sujos dos sombrios bairros<br />

de imigrantes a oeste de Fort Lauderdale. Ouvíamos enquanto<br />

experimentávamos pela primeira vez uma fritada de moluscos no Festival<br />

de Bahamian Goombay em Coconut Grove em Miami, e fazendo compras<br />

de arte haitiana em Key West.<br />

Quanto mais explorávamos, mais nos apaixonávamos, tanto com o<br />

sul da Flórida e um pelo outro. E sempre ao fundo, aparentemente,<br />

estava Bob <strong>Marley</strong>. Ele estava lá enquanto tostávamos na praia,<br />

enquanto pintávamos as paredes verdes da nossa casa, quando<br />

acordávamos ao amanhecer com os gritos dos papagaios selvagens, e<br />

fazíamos amor com a primeira luz que filtrava através da pimenteira<br />

brasileira que tínhamos em frente à nossa janela. Nós nos apaixonamos<br />

pela música dele pelo que ela era, mas também por aquilo que ela<br />

definia, o momento em nossas vidas quando deixamos de ser dois e nos<br />

tornamos um. Bob <strong>Marley</strong> era a trilha sonora de nossa nova vida juntos<br />

neste lugar estranho, exótico e mal-ajambrado, tão diferente de

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