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Marley & Eu

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contar histórias. Fiquei pensando por que eu teria me afastado de algo<br />

que se adequava tão perfeitamente à minha índole para me aventurar<br />

por águas tão traiçoeiras quanto a direção de uma revista com<br />

orçamentos apertados, com a pressão incansável dos anunciantes, dores<br />

de cabeça com a equipe, e o ingrato trabalho de edição dos bastidores.<br />

Quando um antigo colega me disse de passagem que o<br />

Philadelphia Inquirer estava procurando um colunista metropolitano, fui<br />

atrás, sem hesitar. Não era todo dia que aparecia uma posição de<br />

colunista, mesmo em jornais pequenos, e quando abria uma vaga dessas<br />

ela era imediatamente preenchida por alguém de dentro; um filé<br />

entregue a algum veterano que provara ser um bom repórter. O<br />

Inquirer era respeitado, vencedor de dezessete prêmios “Pulitzer” e um<br />

dos grandes jornais do país. <strong>Eu</strong> era um fã, e agora os editores do<br />

Inquirer estavam querendo fazer uma entrevista comigo. <strong>Eu</strong> não teria<br />

nem mesmo de voltar a acomodar minha família para aceitar o cargo.<br />

O escritório em que eu iria trabalhar ficava a apenas quarenta e cinco<br />

minutos pela Pennsylvania Turnpike, uma troca razoável. <strong>Eu</strong> não boto<br />

muita fé em milagres, mas tudo parecia bom demais para ser verdade,<br />

como um ato de intervenção divina.<br />

Em novembro de 2002, troquei minha roupa de agricultor por um<br />

crachá de repórter do Philadelphia Inquirer. Foi provavelmente o dia<br />

mais feliz da minha vida. <strong>Eu</strong> estava de volta ao meu lugar, em uma<br />

redação, trabalhando como colunista novamente.<br />

<strong>Eu</strong> estava no novo emprego havia poucos meses, quando caiu a<br />

primeira grande tempestade de neve de 2003. Os flocos começaram a<br />

cair em uma noite de domingo e quando pararam, no dia seguinte, um<br />

tapete com mais de meio metro de altura cobria o chão. As crianças<br />

ficaram sem aula por três dias, enquanto a comunidade ia aos poucos<br />

limpando a neve, e eu enviei minhas colunas de casa. Com um<br />

equipamento para remover a neve que peguei emprestado do meu<br />

vizinho, limpei a entrada de carro e abri um caminho estreito até a porta<br />

da frente. Sabendo que <strong>Marley</strong> jamais conseguiria passar pela neve para

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