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Marley & Eu

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ficou, sentado, olhando para mim sem saber o que poderia ter-lhe<br />

causado uma situação tão embaraçosa. Assobiei e bati as mãos sobre os<br />

quadris e ele moveu as patas dianteiras com coragem, tentando colocar-<br />

se de pé, mas não conseguiu. Ele não conseguia tirar o traseiro do<br />

chão.<br />

— Vamos lá, <strong>Marley</strong>! — exclamei, mas ele estava imobilizado.<br />

Finalmente, segurei-o por baixo dos ombros e virei-o de lado para<br />

que ele pudesse colocar as quatro patas no chão. Então, depois de<br />

algumas tentativas frustradas, ele conseguiu se pôr de pé. Ele recuou e<br />

durante alguns segundos ficou olhando para a escada, apreensivo,<br />

então, ele pulou e entrou em casa. A partir desse dia, sua confiança<br />

como campeão na subida de escadas se apagou; ele nunca mais tentou<br />

subir aqueles dois degraus de novo, sem antes parar e reclamar.<br />

Sem dúvida alguma, a velhice era uma vilã. E, nesse aspecto,<br />

bastante indigna.<br />

<strong>Marley</strong> me fez pensar na brevidade da vida, em suas alegrias<br />

efêmeras e nas chances perdidas. Ele me lembrou de que cada um de<br />

nós tem apenas uma chance de conquistar a medalha de ouro, sem<br />

replay. Num dia, estamos nadando no meio do oceano, certos de que<br />

vamos alcançar uma gaivota; no dia seguinte, mal conseguimos nos<br />

abaixar para beber água em nossa tigela. Como todo mundo, eu tinha<br />

apenas uma vida para viver. Estava sempre voltando à mesma<br />

pergunta: Por que, em nome de Deus, eu estaria desperdiçando esta<br />

vida em uma revista de horticultura? Não que meu novo trabalho não<br />

fosse gratificante. <strong>Eu</strong> estava orgulhoso do que havia feito na revista.<br />

Mas sentia uma saudade terrível dos jornais. Sentia saudade de seus<br />

leitores e das pessoas que escreviam para eles. Sentia saudade da<br />

sensação de fazer parte da grande história do dia, de estar, de alguma<br />

forma, ajudando a fazer diferença. Sentia falta da onda de adrenalina<br />

que me invadia por ter de escrever dentro do prazo, e da satisfação de<br />

acordar no dia seguinte com a minha caixa de e-mails cheia de<br />

mensagens em resposta ao meu texto. Mas a saudade maior era a de

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