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Marley & Eu

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Não importava quanto de comida ele devorasse, fosse de modo<br />

legítimo ou por meio de práticas ilícitas. Ele sempre queria mais. Quando<br />

sobreveio a surdez, não nos surpreendeu em absoluto que o único som que<br />

ele ainda conseguisse ouvir fosse o doce e suave baque de comida caindo<br />

em seu prato.<br />

Um dia, voltei do trabalho e encontrei a casa vazia. Jenny havia saído<br />

com as crianças e eu chamei por <strong>Marley</strong>, mas não tive resposta. Subi no<br />

andar de cima, onde ele por vezes se enfiava quando o deixavam sozinho,<br />

mas não o encontrei. Depois de trocar de roupa, desci e encontrei-o na<br />

cozinha, aprontando. Virado de costas para mim, ele se apoiava nas patas<br />

traseiras, com as dianteiras e o peito sobre a mesa da cozinha, enquanto<br />

engolia as sobras de um sanduíche de queijo quente. Meu primeiro impulso<br />

foi repreendê-lo. Em vez disso, decidi observar quanto eu conseguiria me<br />

aproximar antes que ele percebesse que tinha companhia. Andei na ponta<br />

dos pés até ficar perto o suficiente para poder tocá-lo. Enquanto mastigava<br />

as crostas de pão, ele olhava para a porta que se abria para a garagem,<br />

sabendo que seria por ali que Jenny iria entrar com as crianças assim que<br />

voltassem. Quando a porta abrisse, ele estaria deitado no chão debaixo da<br />

mesa, fingindo dormir. Aparentemente, não ocorreu a ele que o papai<br />

também poderia chegar em casa pela porta da frente.<br />

— <strong>Marley</strong>? — eu o chamei em tom de voz normal. — O que pensa<br />

que está fazendo?<br />

Ele continuou a devorar o sanduíche, sem dar pela minha<br />

presença. Seu rabo balançava languidamente, mostrando que<br />

acreditava estar sozinho, refestelando-se com o petisco surrupiado. Ele<br />

estava visivelmente feliz.<br />

Pigarreei bem alto e, mesmo assim, ele não me ouviu. Fiz barulhos<br />

com a boca. Nada. Ele terminou o sanduíche, empurrou o prato com o<br />

nariz, e se esticou para alcançar as sobras do segundo prato.<br />

mastigava.<br />

— Você é um cachorro muito mau — eu disse, enquanto ele<br />

Estalei os dedos duas vezes e ele parou no meio da mordida,<br />

olhando para a porta de trás. O que foi isso? Será que ouvi a porta do

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