18.04.2013 Views

Marley & Eu

Marley & Eu

Marley & Eu

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

maldita neve? Jenny e eu estávamos começando a nos arrepender de<br />

termos valorizado tanto a primeira nevasca. Enquanto levávamos para<br />

casa a árvore que havíamos acabado de cortar, com o doce aroma de sua<br />

seiva impregnando o interior do carro, as crianças começaram a<br />

reclamar de que tinham sido enganadas. Primeiro não encontraram os<br />

lápis, e agora não viam neve; que outras mentiras seus pais não teriam<br />

contado a eles?<br />

Na manhã de Natal havia um tobogã novinho em folha debaixo<br />

da árvore e equipamentos de neve suficientes para uma excursão até a<br />

Antártica, mas a vista que tínhamos da janela ainda era de galhos sem<br />

folhas, gramados dormentes e campos de milho amarronzados. Acendi a<br />

lareira, deixando o ambiente agradavelmente aquecido, e disse às<br />

crianças que fossem pacientes. A neve viria quando tivesse de vir.<br />

Chegou o ano-novo e ela ainda não tinha caído. Até <strong>Marley</strong><br />

parecia apreensivo, andando inquieto e olhando pela janela,<br />

suspirando suavemente, como se ele também achasse que havia caído<br />

no conto do vigário. Os meninos voltaram para a escola depois dos<br />

feriados, e nada ainda. Na mesa do café da manhã, olharam para mim<br />

contrariados, mostrando que achavam que haviam sido traídos pelo<br />

próprio pai. Comecei a dar desculpas esfarrapadas, dizendo coisas do<br />

tipo:<br />

—Talvez haja meninos e meninas em algum outro lugar precisando<br />

de neve mais do que a gente.<br />

— É, é claro, pai — respondeu Patrick.<br />

Três semanas depois do início do ano, a neve finalmente veio me<br />

salvar do meu purgatório de culpa. Chegou à noite, depois que todos<br />

haviam ido dormir e Patrick foi o primeiro a soar o alarme, correndo<br />

para nosso quarto ao amanhecer e abrindo totalmente as cortinas.<br />

— Olhem! Olhem! — ele exclamou. — Ela veio!<br />

Jenny e eu sentamos na cama para admirar nossa absolvição.<br />

Uma cobertura branca se espalhava pelas colinas, pelos campos de<br />

milho, pelos pinheiros e pelos telhados estendendo-se até o horizonte.<br />

— É claro que veio — respondi, sem querer dar muita

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!