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Marley & Eu

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minha volta: uma jovem banhista, segurando o sutiã de seu biquíni sobre<br />

os seios com uma das mãos e a outra sobre a boca; a mãe levantando sua<br />

filha do chão e afastando-se da beira d’água; a expressão de desgosto dos<br />

donos dos cachorros, apontando para <strong>Marley</strong>; o dono de Matador, com<br />

seu pescoço túrgido, inflado, gritando. <strong>Marley</strong> terminara de andar em<br />

círculos e se agachara, olhando para cima como se estivesse orando. E<br />

ouvi minha própria voz se elevar acima do alarido, desenrolando-se em<br />

um estranho, gutural e distorcido urro:<br />

Não!<br />

— Nãããàãããããããããããooooo!<br />

<strong>Eu</strong> quase o peguei, estando a poucos passos dele:<br />

— <strong>Marley</strong>, não! — exclamei. — Não, <strong>Marley</strong>, não! Não! Não!<br />

Não adiantou. Ao alcançá-lo, ele explodiu em uma diarréia<br />

aquosa. Todo mundo deu um passo para trás, recolhendo-se, refugiando-<br />

se em um lugar mais alto. Os donos agarraram seus cachorros. Os<br />

banhistas ergueram suas toalhas. Então, tudo acabou. <strong>Marley</strong> deixou a<br />

água e passou para a areia, sacudiu-se com prazer, e virou-se para olhar<br />

para mim, arfando de felicidade. Tirei um saco plástico do meu bolso e<br />

segurei-o no ar, sem poder fazer nada. Logo vi que não ajudaria muito. As<br />

ondas continuaram batendo espalhando os dejetos de <strong>Marley</strong> pela água e<br />

deixando-os sobre o raso.<br />

— Cara — disse o dono de Matador num tom de voz que me fez<br />

perceber como os porcos selvagens devem se sentir no momento do<br />

golpe final e fatal de Matador —, isso não foi legal.<br />

Não, não fora nada legal. <strong>Marley</strong> e eu havíamos violado a regra<br />

sagrada da Praia dos Cães. Havíamos sujado a água, não apenas uma,<br />

mas duas vezes, e estragado a manhã de todo o mundo. Era o momento<br />

de bater em rápida retirada.<br />

— Desculpe! — murmurei para o dono de Matador, enquanto<br />

prendia a guia na coleira de <strong>Marley</strong>. — Ele bebeu muita água salgada.<br />

Ao entrar de volta no carro, joguei uma toalha sobre <strong>Marley</strong> e<br />

esfreguei-o com vigor. Quanto mais eu esfregava, mais ele se sacudia, e<br />

logo fiquei coberto de areia, água e pêlos. <strong>Eu</strong> queria zangar com ele.

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