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Marley & Eu

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em direção à água. Então, no meio da catarse comunitária, encontrei:<br />

um pedido público de desculpas da jovem motorista, Jamie Bardol. Ela<br />

escreveu em letras redondas garrafais, num garrancho de criança:<br />

“Queria ter morrido no lugar deles. Me perdoem”. <strong>Eu</strong> havia encontrado<br />

o gancho para minha coluna.<br />

Nem todos os assuntos eram assim tão trágicos. Quando uma<br />

aposentada recebia uma ordem de despejo de seu condomínio porque<br />

seu cãozinho havia excedido o peso limite para animais de estimação,<br />

eu corria para contar a história do peso-pesado. Quando uma senhora<br />

confusa batia com o carro em uma loja enquanto tentava estacionar,<br />

felizmente sem ferir ninguém, eu estava logo atrás, falando com as<br />

testemunhas. Meu trabalho me levou, certa vez, a um acampamento de<br />

imigrantes; à mansão de um milionário; e a uma esquina perdida no<br />

meio da cidade. <strong>Eu</strong> amava a variedade dos temas, eu amava as pessoas<br />

que encontrava e, mais do que qualquer outra coisa, eu amava a quase<br />

total liberdade que me era permitida para ir onde e quando quisesse em<br />

busca de qualquer assunto que atiçasse minha curiosidade.<br />

O que meus chefes não sabiam era que, por trás de minhas<br />

excursões jornalísticas, havia um propósito secreto: usar minha posição<br />

como colunista para engendrar tantos “feriados a trabalho” sem culpa<br />

quanto fossem possíveis. Meu lema era “quando o colunista se diverte, o<br />

leitor se diverte”. Por que se esfalfar em uma audiência sobre reajuste de<br />

impostos, em busca de um furo jornalístico, quando se poderia estar<br />

sentado, digamos, ao ar livre em um bar em Key West, com uma<br />

bebida na mão? Alguém tinha de padecer para contar a história dos<br />

saleiros perdidos em Margaritaville; claro que poderia ser eu. <strong>Eu</strong><br />

ansiava por qualquer desculpa para passar o dia à toa, de preferência<br />

de shorts e camiseta, atrás de vários assuntos divertidos e recreacionais<br />

que eu me convencia de que o público precisava que alguém fosse<br />

investigar. Toda profissão tem seus instrumentos de ofício, e os meus<br />

incluíam um caderno de anotações, um punhado de canetas e uma<br />

toalha de praia. Comecei a carregar bloqueadores solares e uma sunga<br />

de banho no carro como equipamento de trabalho.

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