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Marley & Eu

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abaixado, grudado no chão, e quando ele me viu levantar a cabeça, ele se<br />

sacudiu desesperado na minha direção, arrastando-se sobre a barriga,<br />

como um soldado tentando passar por baixo de uma cerca de arame<br />

farpado. Quando chegou perto de mim, subiu em cima de mim, e<br />

enterrou o focinho no meu pescoço, lambendo-me freneticamente. Olhei<br />

em torno por um segundo, tentando me achar, e pude ver onde o<br />

relâmpago atingira o pára-raios no canto do quintal e descarregou sua<br />

energia pelo cabo até a casa a cerca de seis metros de onde eu estava. O<br />

medidor elétrico na parede ficou totalmente chamuscado.<br />

— Vamos! — eu gritei.<br />

Então <strong>Marley</strong> e eu nos levantamos, correndo pela chuva em<br />

direção da porta dos fundos, enquanto novos relâmpagos caíam à<br />

nossa volta. Não paramos até estar em segurança dentro de casa.<br />

Ajoelhei-me no chão, ensopado, retomando o fôlego, e <strong>Marley</strong> se atirou<br />

sobre mim, lambendo meu rosto, mordiscando minhas orelhas, atirando<br />

baba e pêlo em tudo à sua volta. Ele estava lívido de medo, tremendo<br />

sem parar, a saliva escorrendo pelo seu queixo. <strong>Eu</strong> o abracei, tentando<br />

acalmá-lo.<br />

— Minha nossa, essa passou perto! — eu exclamei, percebendo<br />

que estava tremendo também.<br />

Ele olhou para mim com aqueles olhos grandes e empáticos que eu<br />

jurava que quase falavam. <strong>Eu</strong> podia jurar que entendia o que ele estava<br />

tentando me dizer: “<strong>Eu</strong> tenho tentado alertá-lo por vários anos que esse<br />

negócio pode matá-lo. Mas quem me dava ouvidos? Agora você vai me<br />

levar a sério?”.<br />

O cão tinha razão. Talvez o seu medo de trovões não fosse tão<br />

irracional assim, no final das contas. Talvez os seus ataques de pânico<br />

aos primeiros sinais de aproximação de uma tempestade fosse sua<br />

forma de nos dizer que as violentas tempestades de raios da Flórida, as<br />

mais mortais no país, não deveriam ser ignoradas. Talvez todas aquelas<br />

paredes depredadas, portas arrebentadas e tapetes rasgados fosse seu<br />

modo de tentar construir um abrigo anti-raio onde todos nós<br />

pudéssemos entrar. E como nós lhe havíamos recompensado? Com

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