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Marley & Eu

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do início da paternidade — de fraldas, primeiros dentes e palavras<br />

incompreensíveis — não são outra coisa senão um relâmpago na<br />

vastidão de uma vida simples e comum.<br />

Sempre desconversávamos quando minha mãe nos abordava:<br />

— Aproveitem os filhos pequenos enquanto podem, porque antes<br />

que percebam, já terão crescido.<br />

Agora, mesmo passados poucos anos, percebíamos que ela tinha<br />

razão. O que ela dizia era um clichê bem batido, mas um que logo podíamos<br />

ver que estava fundamentado na realidade. Os meninos estavam crescendo<br />

rápido, e a cada semana encerrava um pequeno capítulo que<br />

possivelmente nunca mais se repetiria. Numa semana, Patrick estava<br />

chupando o dedo, na seguinte, ele já havia largado o mau hábito. Numa<br />

semana, Conor era nosso bebê dentro do bercinho; na seguinte, ele era<br />

um menininho usando uma cama infantil como trampolim. Patrick não<br />

conseguia pronunciar o erre corretamente, e quando as mulheres vinham<br />

fazer festa com ele por causa disso, como geralmente faziam, ele colocava<br />

as mãos na cintura, fazia bico e dizia:<br />

— Essas mulheles estão lindo de mim.<br />

Sempre quis gravar em vídeo ele falando assim, mas um dia os<br />

erres saíram perfeitamente, e nunca mais isso se repetiu. Por meses, não<br />

conseguíamos que Conor trocasse seu pijama de Super-Homem. Ele<br />

corria pela casa, com a capa voando atrás dele, gritando:<br />

—Mim Supe-Homin!<br />

E quando ele deixou de fazer isso, eu perdi a chance de tê-lo<br />

filmado para sempre.<br />

Filhos servem de marcadores de tempo escancarados, impossíveis<br />

de ignorar, indicando a marcha incessante da vida que de outro modo<br />

pareceria um infinito mar de minutos, horas, dias e anos. Nossos bebês<br />

estavam crescendo ainda mais rápido do que desejávamos, o que em<br />

parte explica por que, um ano após termos mudado para nossa nova casa<br />

em Boca, começados a tentar engravidar do terceiro filho. Como eu disse<br />

a Jenny:<br />

— Temos quatro quartos agora, por que não?

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