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Marley & Eu

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mentalmente instável”. A medida que ia lendo, eu engolia em seco. A<br />

autora descrevia <strong>Marley</strong> compreendendo-o tão intimamente que eu<br />

poderia jurar que ela estivera com ele dentro de sua gaiola despedaçada.<br />

Ela pormenorizava os padrões de comportamento bizarros e maníacos, o<br />

impulso de destruição quando ficava sozinho, as paredes rompidas e os<br />

tapetes mordidos. Ela descrevia as tentativas dos donos desses animais<br />

“de construir algum lugar dentro da casa ou no quintal que fosse à prova<br />

de cachorro”. Ela também mencionou o uso de tranqüilizantes como<br />

medida última e desesperada (e enormemente ineficaz) para tentar<br />

devolver esses seres mentalmente adoecidos à sua sanidade.<br />

“Alguns nascem instáveis, alguns se tornam instáveis devido às<br />

condições em que vivem, mas o resultado é o mesmo: os cães, em vez<br />

de se tornarem uma alegria para os donos, são uma preocupação, uma<br />

despesa e, em geral, deixam a família toda desesperada”, Barbara<br />

Woodhouse escreveu. Olhei para <strong>Marley</strong> dormindo aos meus pés e<br />

disse:<br />

— Lembra alguém?<br />

Em um capítulo depois, intitulado “Cães anormais”, Barbara<br />

Woodhouse dizia, resignadamente: “Não há como deixar de dizer que se<br />

desejar manter um cão que fuja ao padrão de normalidade, deverá<br />

também aceitar viver uma existência bastante restringida”. Quer dizer,<br />

como morrer de medo de sair para comprar dois litros de leite? “Embora<br />

você possa amar um cão sub-normal”, ela continuava, “ele poderá se<br />

tornar inconveniente para outras pessoas”. Outras pessoas, como, por<br />

exemplo, em um restaurante ao ar livre em um domingo, em Boca Raton,<br />

na Flórida?<br />

Barbara Woodhouse acertara em nosso cão e em nossa existência<br />

patética e dependente. Tínhamos todos os sintomas: os donos fracos e<br />

infelizes; o cão mentalmente instável e fora de controle; a trilha de<br />

objetos e bens destruídos; os estranhos e vizinhos aborrecidos e<br />

incomodados. Éramos um caso médico citado em livro.<br />

— Parabéns, <strong>Marley</strong> — eu disse a ele. — Você está classificado<br />

como subnormal.

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