18.04.2013 Views

Marley & Eu

Marley & Eu

Marley & Eu

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

campo de visão periférica, algo adiante que não estava muito certo. Virei a<br />

cabeça e olhei pela janela ao lado da porta da frente. As venezianas<br />

estavam fechadas, como as deixamos ao sair de casa. Mas a cerca de trinta<br />

centímetros da base da janela, as hastes metálicas estavam separadas e<br />

havia algo entre elas.<br />

Algo preto. E molhado. E pressionado contra o vidro.<br />

— O que...? — eu exclamei. — Como pode... <strong>Marley</strong>?<br />

Quando abri a porta da frente, ali estava o comitê de recepção<br />

formado por nosso único cão, sacudindo-se no corredor de entrada,<br />

felicíssimo em nos ver em casa novamente. Zunimos pela casa,<br />

checando todos os quartos e armários, procurando rastros da aventura<br />

incerta de <strong>Marley</strong>. A casa estava inteira, com tudo no lugar. Fomos à<br />

lavanderia. A porta da gaiola estava totalmente aberta, tão aberta<br />

quanto a pedra do túmulo de Cristo na manhã do Domingo de Páscoa.<br />

Era como se um cúmplice oculto tivesse se esgueirado e libertado o<br />

nosso prisioneiro. <strong>Eu</strong> me abaixei ao lado da gaiola para olhar mais de<br />

perto. As duas travas estavam escancaradas, e — uma dica significativa<br />

— estavam lambuzadas de saliva.<br />

— Parece que ele se soltou de dentro — eu disse. — De alguma<br />

forma, este Houdini aqui lambeu até conseguir sair da sua jaula.<br />

— <strong>Eu</strong> não acredito! — respondeu Jenny.<br />

Em seguida, ela xingou usando uma expressão que fiquei muito<br />

feliz que as crianças não estivessem por perto para ouvir.<br />

Sempre imaginamos que <strong>Marley</strong> era tão burro quanto uma alga,<br />

mas ele foi inteligente o suficiente para descobrir como usar sua língua<br />

de modo a levantar e soltar a barra que prendia a trava. Ele havia<br />

aprendido a usar a língua para se libertar, e provou, nas semanas<br />

seguintes, de que era capaz de facilmente repetir a façanha quando<br />

quisesse. Nossa prisão de segurança máxima havia, na verdade, se<br />

tornado em um albergue em regime semi-aberto. Em alguns dias,<br />

voltaríamos para encontrá-lo descansando pacificamente dentro da<br />

gaiola; em outros, estaria esperando por nós na janela da frente.<br />

“Confinamento involuntário” não era um conceito que <strong>Marley</strong> iria

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!