18.04.2013 Views

Marley & Eu

Marley & Eu

Marley & Eu

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Oh, meu Deus! — disse Jenny, uma terceira vez.<br />

— Oh, meu Deus! — eu repeti.<br />

Era tudo que nós conseguíamos dizer.<br />

Depois de alguns segundos parados ali, mudos, apenas olhando<br />

aquela carnificina, eu disse, finalmente:<br />

— O.k., vamos dar um jeito. Tudo dá para consertar.<br />

Jenny me olhou duro; ela conhecia os meus consertos.<br />

— Vou chamar um carpinteiro e mandar fazê-lo de forma<br />

profissional — respondi. — Desta vez, não vou tentar fazê-lo eu<br />

mesmo.<br />

Dei a <strong>Marley</strong> um dos seus tranqüilizantes e me preocupei se esta<br />

última investida autodestrutiva poderia fazer com que Jenny voltasse ao<br />

seu estado depressivo depois que Conor nasceu. Aquele<br />

comportamento, no entanto, parecia ter desaparecido completamente.<br />

Ela reagiu de forma surpreendentemente despreocupada.<br />

— Algumas poucas centenas de dólares e vai ficar tudo<br />

parecendo novo de novo — ela pipilou.<br />

— Concordo com você — respondi. — Vou dar algumas palestras<br />

extras para fazer mais dinheiro. Vai ser o suficiente para pagar por isto.<br />

Em poucos minutos, <strong>Marley</strong> começou a dormir. Suas pálpebras<br />

ficaram pesadas e seus olhos ficaram avermelhados, como sempre<br />

acontecia quando ficava dopado. Como se ele fizesse parte de um<br />

concerto do Grateful Dead. <strong>Eu</strong> detestava vê-lo assim, sempre detestei, e<br />

sempre resisti sedá-lo. Mas os comprimidos o ajudavam a superar o<br />

terror, a superar a ameaça mortal que existia apenas em sua mente. Se<br />

ele fosse humano, eu diria que ele era um psicótico. Ele era alucinado,<br />

paranóico, convencido de que uma força obscura e maligna viria do alto<br />

para levá-lo. Ele se enroscou no tapete em frente à pia da cozinha e<br />

soltou um longo suspiro. <strong>Eu</strong> me ajoelhei ao lado dele e acariciei seu pêlo<br />

sujo de sangue.<br />

— Ihhh, cachorro... — eu disse. — O que vamos fazer com você?<br />

Sem levantar a cabeça, ele olhou para mim com seus olhos<br />

vermelhos, o olhar mais triste, mais deprimido que eu já vira, parados,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!