Marley & Eu
Marley & Eu Marley & Eu
Colleen apanhou Marley no dia seguinte. Sabendo da importância de uma boa entrada, ele atravessou a sala feito um rojão para cumprimentá-la, parando apenas para abocanhar uma almofada mais próxima, porque nunca se sabe quando um diretor ocupado irá precisar tirar uma soneca rápida e, se fosse o caso, Marley queria estar preparado. Ao tocar o assoalho de madeira, ele deslizou, só parando ao trombar na mesinha de centro, alçou vôo de novo, espatifou-se contra a cadeira, caiu de costas, rolou, empertigou-se novamente, e meteu a cabeça entre as pernas de Colleen. Pelo menos, ele não saltou em cima dela: isso eu pude reparar. — Tem certeza de que não quer que eu aplique um calmante? — Jenny perguntou. O diretor queria vê-lo em seu estado normal, sem qualquer medicação, insistiu Colleen, e lá foi ela com nosso cão desesperadamente feliz ao seu lado, em seu jipe vermelho. Duas horas depois, Colleen e companhia estavam de volta e o veredicto foi o seguinte: Marley passara no teste. — Como assim? — Jenny esganiçou. — Como assim, ele passou? Nosso júbilo não diminuiu nem um pouco quando Colleen nos disse que Marley era o único concorrente para o seu papel. Nem quando nos contou que este seria o único a não ser pago do elenco. Eu perguntei a ela como havia sido o teste. — Eu pus Marley no carro e foi como se estivesse dirigindo em uma banheira — ela relatou. — Ele babou o tempo todo em cima de tudo. Quando cheguei com ele, eu estava encharcada. Quando eles chegaram ao estúdio de produção no Hotel GulfStream, um antigo marco turístico com vista para a Intracoastal Waterway, Marley imediatamente impressionou a equipe saltando do jipe e cruzando o pátio do estacionamento de forma tão irregular como se estivesse esperando um ataque aéreo começar a qualquer momento. fora de si. — Ele estava simplesmente eufórico — ela disse —-, totalmente
— Sim, ele sempre fica um pouco ansioso — eu respondi. Em determinado momento, ela contou, Marley agarrou um talão de cheques da mão de um dos membros da equipe e saiu correndo, dando voltas, desembestado, como se dessa forma ele conseguisse garantir o seu pagamento. — Nós o chamamos de nosso Labrador fujão — Jenny se desculpou, com um sorriso que só uma mãe orgulhosa daria. Marley acabou se acalmando o suficiente para convencer todo mundo que ele poderia fazer o papel, que seria basicamente ser ele mesmo. O filme iria se chamar A Ultima Jogada, uma ficção sobre beisebol no qual um senhor de 79 anos que vive em uma casa de repouso se torna um garoto de doze anos por cinco dias para viver seu sonho de jogar em um campeonato pela sua liga. Marley seria o cão hiperativo da família do treinador do time, interpretado pelo agarrador aposentado da liga profissional, Gary Carter. — Eles realmente querem que Marley participe do filme? — perguntei, ainda incrédulo. — Todo mundo o adorou — respondeu Colleen. — Ele é perfeito. Nos dias que antecederam a filmagem, notamos uma mudança sutil na atitude de Marley. Uma estranha calma tomou conta dele. Como se ter passado no teste tivesse lhe dado uma nova confiança. Ele estava se comportando de modo quase imperial. — Talvez ele apenas precisasse que alguém acreditasse nele — eu disse a Jenny. Se alguém acreditava nele, esse alguém era ela, Dona Mãe de Palco Extraordinária. Antes de chegar o primeiro dia de filmagem, ela dava banhos, escovava-o, cortava as unhas e limpava as suas orelhas. Na manhã em que começava a filmagem, eu saí do quarto, e vi Jenny e Marley enrascados como se estivessem em um combate mortal, rolando no chão. Ela o prendera entre os joelhos apertando as suas costelas e com uma das mãos puxava a corrente do enforcador, enquanto ele se debatia. Era como se eu estivesse assistindo a um rodeio no meio da minha sala de estar.
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— Sim, ele sempre fica um pouco ansioso — eu respondi.<br />
Em determinado momento, ela contou, <strong>Marley</strong> agarrou um talão<br />
de cheques da mão de um dos membros da equipe e saiu correndo,<br />
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— Nós o chamamos de nosso Labrador fujão — Jenny se<br />
desculpou, com um sorriso que só uma mãe orgulhosa daria.<br />
<strong>Marley</strong> acabou se acalmando o suficiente para convencer todo<br />
mundo que ele poderia fazer o papel, que seria basicamente ser ele<br />
mesmo. O filme iria se chamar A Ultima Jogada, uma ficção sobre<br />
beisebol no qual um senhor de 79 anos que vive em uma casa de repouso<br />
se torna um garoto de doze anos por cinco dias para viver seu sonho de<br />
jogar em um campeonato pela sua liga. <strong>Marley</strong> seria o cão hiperativo da<br />
família do treinador do time, interpretado pelo agarrador aposentado da<br />
liga profissional, Gary Carter.<br />
— Eles realmente querem que <strong>Marley</strong> participe do filme? —<br />
perguntei, ainda incrédulo.<br />
— Todo mundo o adorou — respondeu Colleen. — Ele é perfeito.<br />
Nos dias que antecederam a filmagem, notamos uma mudança<br />
sutil na atitude de <strong>Marley</strong>. Uma estranha calma tomou conta dele.<br />
Como se ter passado no teste tivesse lhe dado uma nova confiança. Ele<br />
estava se comportando de modo quase imperial.<br />
— Talvez ele apenas precisasse que alguém acreditasse nele — eu<br />
disse a Jenny.<br />
Se alguém acreditava nele, esse alguém era ela, Dona Mãe de<br />
Palco Extraordinária. Antes de chegar o primeiro dia de filmagem, ela<br />
dava banhos, escovava-o, cortava as unhas e limpava as suas orelhas.<br />
Na manhã em que começava a filmagem, eu saí do quarto, e vi<br />
Jenny e <strong>Marley</strong> enrascados como se estivessem em um combate mortal,<br />
rolando no chão. Ela o prendera entre os joelhos apertando as suas<br />
costelas e com uma das mãos puxava a corrente do enforcador,<br />
enquanto ele se debatia. Era como se eu estivesse assistindo a um<br />
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