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Marley & Eu

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anos de idade, adorável e vivaz. Descobri um vizinho que adorava<br />

cachorros e que não recusaria um cão abandonado. Até ele se recusou.<br />

Infelizmente, a reputação de <strong>Marley</strong> o precedia.<br />

Toda manhã, eu abria o jornal na seção de classificados à procura<br />

de um anúncio milagroso: “Procura-se um labrador selvagem, enérgico,<br />

descontrolado com múltiplas fobias. Qualidades destrutivas são bem-<br />

vindas. Pagamos o melhor preço do mercado”. O que encontrei em vez<br />

disso foi um mercado ascendente de cachorros que, por alguma razão,<br />

não tinham dado certo. Muitos eram cães de raça cujos donos haviam<br />

gasto centenas de dólares poucos meses antes. Agora estavam sendo<br />

oferecidos por um valor ínfimo ou até mesmo de graça. Um número<br />

assustador dos cães indesejados eram labradores machos.<br />

Os anúncios eram publicados todos os dias, e eram, ao mesmo<br />

tempo, hilários e de cortar o coração. Por conhecer bem esse tipo de cão, eu<br />

reconhecia as tentativas de disfarçar as verdadeiras razões por que estes<br />

cães estavam sendo devolvidos ao mercado. Os anúncios estavam<br />

coalhados de eufemismos para descrever os tipos de comportamento que<br />

eu conhecia bem demais: “Ativo ...adora pessoas ...necessita de um<br />

quintal grande ...necessita de espaço para correr ...enérgico ...espirituoso<br />

...possante ...um tipo único”. Todos induziam à mesma idéia: um cão que o<br />

dono não conseguiu controlar. Um cão que havia se transformado em<br />

estorvo. Um cão que seu dono desistira de ter.<br />

Um lado meu ria; os anúncios eram cômicos por serem<br />

decepcionantes. Quando eu lia “extremamente leal”, eu sabia que o<br />

vendedor na verdade queria dizer “capaz de morder”. “Companheiro<br />

constante” significava “sofre de carência afetiva” e “bom cão de guarda”<br />

queria dizer “late muito” E quando eu via “melhor oferta”, eu sabia muito<br />

bem que o dono, desesperado, no fundo estava perguntando: “Quanto<br />

você quer para me tirar este problema das mãos?”. Outro lado meu doía<br />

de tristeza. <strong>Eu</strong> não iria desistir fácil; eu não acreditava que Jenny fosse<br />

desistir fácil também. Não éramos do tipo de pessoa que colocava seus<br />

problemas à venda numa página de classificados. <strong>Marley</strong> era, sem sombra<br />

de dúvida, uma dor de cabeça. Ele não se parecia nem um pouco com os

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