Marley & Eu
Marley & Eu Marley & Eu
que seria melhor dar tempo a ela para esfriar a cabeça. Eu saí de casa sem dizer mais nada. No jardim da frente, Marley corria para cima e para baixo, saltando e estalando os dentes no ar, tentando tirar a guia da minha mão. Ele continuava brincalhão, aparentemente inalterado depois da surra. Eu sabia que ela não o ferira. Para falar francamente, eu batia nele com muito mais força quando brincava com ele, e ele adorava, sempre voltando para apanhar mais. Era algo típico de sua raça; ele era imune à dor, uma infatigável máquina de músculos e força. Certa vez, enquanto eu estava na entrada lavando o carro, ele enfiou a cabeça no balde de água com sabão e galopou às cegas pela grama, e não parou até ir bater com toda a força contra uma parede de concreto. Ele não pareceu nem um pouco perturbado. Mas dê-lhe uma palmada de leve no traseiro com a mão espalmada com raiva, ou até mesmo apenas fale com ele com a voz séria, e ele se mostrará totalmente magoado. Para o pateta que ele era, Marley era extremamente sensível. Jenny não o machucou nem um pouco fisicamente, mas ela pisou em seus sentimentos, pelo menos naquele momento. Jenny era tudo para ele, sua melhor amiga no mundo, além de mim, e ela havia se revoltado contra ele. Ela era sua dona e ele, seu fiel companheiro. Se ela achava que deveria espancá-lo, ele acreditava que deveria suportar o castigo. Em relação a cachorros, ele não era um dos melhores; mas era indiscutivelmente leal. Era minha obrigação agora reparar o dano e fazer com que as coisas se acertassem novamente. Na rua, enganchei a guia em sua coleira e comandei: — Sente! Ele sentou. Puxei o enforcador bem alto em sua garganta para prepará-lo para o passeio. Antes de dar o primeiro passo, passei minha mão sobre a cabeça dele e massageei seu pescoço. Ele levantou o focinho e olhou para mim, deixando sua língua caída para o lado. O incidente com Jenny parecia ter sido esquecido; agora eu esperava que fosse esquecido por ela também. — O que vou fazer com você, seu bobão? — perguntei a ele. Ele saltou para a frente, como se tivesse molas nos pés e beijou-me
na boca com sua imensa língua. Marley e eu caminhamos vários quilômetros naquela noite, e quando finalmente abri de novo a porta de casa, ele estava exausto e pronto para se esborrachar num canto. Jenny estava dando um potinho de papinha de bebê a Patrick, enquanto ninava Conor em seu colo. Ela estava calma e parecia ter voltado ao normal. Soltei Marley e ele foi beber em sua vasilha, fazendo um enorme barulho enquanto lambia, derrubando água para todos os lados. Sequei o chão e olhei furtivamente na direção de Jenny; ela parecia tranqüila. Talvez aquele momento terrível tivesse passado. Talvez ela tivesse mudado de idéia. Talvez ela estivesse se sentindo mal em relação a ter estourado com ele e estivesse buscando uma forma de pedir desculpas. Quando passei por ela, com Marley junto a mim, ela disse numa voz calma e baixa, sem levantar os olhos: — Estou falando muito sério. Quero que ele vá embora. Nos dias seguintes, ela repetiu o ultimato o suficiente para que finalmente eu aceitasse que não era uma ameaça inócua. Ela não estava falando por falar, e não iria desistir da idéia. Eu estava cansado desse assunto. Por mais patético que parecesse, Marley se tornara minha alma gêmea masculina, um companheiro constante, meu amigo. Ele era o espírito livre, indisciplinado, recalcitrante, não-conformista, e politicamente incorreto que eu sempre quis ser, se eu tivesse a coragem de sê-lo, e eu me regozijava com sua verve inquebrantável. Não importa quão complicada a vida se tornara, ele me lembrava de suas simples alegrias. Não importa quantas exigências me fossem feitas, ele nunca me deixava esquecer que a desobediência voluntária algumas vezes vale a pena. Num mundo cheio de caciques, ele era seu próprio senhor. O pensamento de passá-lo adiante dilacerava a minha alma. Mas agora eu tinha dois filhos para me preocupar e uma mulher de quem precisávamos. Nossa casa se mantinha por um fio muito tênue. Se perder Marley faria a diferença entre a dissolução e a estabilidade, como eu não atenderia à vontade de Jenny? Comecei a sondar, discretamente perguntando a amigos e colegas de trabalho, se eles estariam interessados em adotar um labrador de dois
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na boca com sua imensa língua.<br />
<strong>Marley</strong> e eu caminhamos vários quilômetros naquela noite, e quando<br />
finalmente abri de novo a porta de casa, ele estava exausto e pronto para se<br />
esborrachar num canto. Jenny estava dando um potinho de papinha de bebê<br />
a Patrick, enquanto ninava Conor em seu colo. Ela estava calma e parecia<br />
ter voltado ao normal. Soltei <strong>Marley</strong> e ele foi beber em sua vasilha, fazendo<br />
um enorme barulho enquanto lambia, derrubando água para todos os<br />
lados. Sequei o chão e olhei furtivamente na direção de Jenny; ela parecia<br />
tranqüila. Talvez aquele momento terrível tivesse passado. Talvez ela tivesse<br />
mudado de idéia. Talvez ela estivesse se sentindo mal em relação a ter<br />
estourado com ele e estivesse buscando uma forma de pedir desculpas.<br />
Quando passei por ela, com <strong>Marley</strong> junto a mim, ela disse numa voz calma<br />
e baixa, sem levantar os olhos:<br />
— Estou falando muito sério. Quero que ele vá embora.<br />
Nos dias seguintes, ela repetiu o ultimato o suficiente para que<br />
finalmente eu aceitasse que não era uma ameaça inócua. Ela não estava<br />
falando por falar, e não iria desistir da idéia. <strong>Eu</strong> estava cansado desse<br />
assunto. Por mais patético que parecesse, <strong>Marley</strong> se tornara minha alma<br />
gêmea masculina, um companheiro constante, meu amigo. Ele era o<br />
espírito livre, indisciplinado, recalcitrante, não-conformista, e<br />
politicamente incorreto que eu sempre quis ser, se eu tivesse a coragem de<br />
sê-lo, e eu me regozijava com sua verve inquebrantável. Não importa quão<br />
complicada a vida se tornara, ele me lembrava de suas simples alegrias.<br />
Não importa quantas exigências me fossem feitas, ele nunca me deixava<br />
esquecer que a desobediência voluntária algumas vezes vale a pena.<br />
Num mundo cheio de caciques, ele era seu próprio senhor. O pensamento<br />
de passá-lo adiante dilacerava a minha alma. Mas agora eu tinha dois filhos<br />
para me preocupar e uma mulher de quem precisávamos. Nossa casa se<br />
mantinha por um fio muito tênue. Se perder <strong>Marley</strong> faria a diferença entre<br />
a dissolução e a estabilidade, como eu não atenderia à vontade de Jenny?<br />
Comecei a sondar, discretamente perguntando a amigos e colegas<br />
de trabalho, se eles estariam interessados em adotar um labrador de dois