18.04.2013 Views

Marley & Eu

Marley & Eu

Marley & Eu

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Soltei a coleira de <strong>Marley</strong> e corri em direção aos gritos. Três casas<br />

depois, encontrei minha vizinha de dezessete anos sozinha na entrada da<br />

garagem em frente à sua casa, dobrada ao meio, chorando<br />

convulsivamente. Ela apertava as costelas, e sob suas mãos pude ver uma<br />

mancha de sangue em sua blusa. Uma garota magra e bonita, de cabelo<br />

louro-claro, curvada para a frente. Ela morava com a mãe que era<br />

divorciada, uma mulher muito simpática, que trabalhava como<br />

enfermeira em um plantão noturno. <strong>Eu</strong> havia conversado com a mãe dela<br />

algumas vezes, mas apenas conhecia a filha de vista. <strong>Eu</strong> não sabia<br />

sequer o nome dela.<br />

— Ele me disse para não gritar, senão me esfaqueava — ela<br />

urrou, chorando.<br />

Ela cuspia as palavras, respirando com dificuldade.<br />

— Mas eu gritei. <strong>Eu</strong> gritei e ele me esfaqueou.<br />

Como se eu não acreditasse nela, levantou a blusa para me<br />

mostrar a ferida em sua caixa torácica.<br />

nada.<br />

— <strong>Eu</strong> estava sentada no carro com o rádio ligado. Ele saiu do<br />

Coloquei minha mão sobre o seu braço para acalmá-la e, ao fazer<br />

isso, seus joelhos se dobraram. Ela caiu sobre mim, dobrando as pernas<br />

para a frente. <strong>Eu</strong> a deitei no asfalto e coloquei-a sobre meu colo. Suas<br />

palavras saíam mais devagar agora, enquanto lutava para manter os<br />

olhos abertos.<br />

— Ele me disse para não gritar — ela repetiu. — Ele colocou a<br />

mão sobre minha boca e me disse para não gritar.<br />

— Você fez o que devia — respondi. — Você o espantou daqui.<br />

Notei que ela estava entrando em choque e eu não sabia o que<br />

fazer para ajudá-la. “Venha, ambulância. Onde estão vocês?” <strong>Eu</strong> a<br />

consolei do único modo que eu sabia, como se consolasse meu próprio<br />

filho, alisando seu cabelo, colando a palma da minha mão sobre o seu<br />

rosto, secando suas lágrimas. A medida que ela ficava mais fraca,<br />

continuava dizendo a ela para resistir, que a ajuda estava chegando.<br />

— Você vai ficar bem — eu afirmei, mas nem eu tinha certeza

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!