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Marley & Eu

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minha aversão teria me vencido. Mas esta corrente era de ouro maciço<br />

e custou uma nota preta. Enojado ou não, eu iria em frente.<br />

Então, eu preparei <strong>Marley</strong> para seu laxante favorito — uma<br />

vasilha gigante de fatias de manga supermaduras — e me pus a<br />

esperar. Por três dias, eu o segui toda vez que o deixava sair para fazer<br />

suas necessidades no quintal, esperando ansiosamente para atacar<br />

com minha pá. Em vez de jogar seus montinhos sobre a cerca, eu<br />

colocava cada um cuidadosamente sobre uma tábua larga em cima da<br />

grama e remexia com um galho de árvore enquanto jogava água com a<br />

mangueira do jardim, deixando o material digerido escorrer para a<br />

grama e retendo qualquer objeto estranho que encontrasse ali. <strong>Eu</strong> me<br />

sentia como um minerador de ouro trabalhando num rio, descobrindo<br />

um veio de lixo deglutido, de cadarços a palitos de fósforo. Mas nem<br />

sinal do colar. Onde teria ido parar? Já não deveria ter saído? Comecei<br />

a imaginar se eu não deixara passar despercebido, escorrendo-o sem<br />

querer para dentro da terra, onde estaria perdido para sempre. Mas<br />

como eu não teria visto uma corrente de ouro de cinqüenta<br />

centímetros de comprimento? Jenny estava acompanhando a minha<br />

operação de resgate da varanda com a maior atenção, e até acabou<br />

inventando um novo apelido para mim:<br />

— Ei, Espalha-Brasas, já o encontrou? — ela gritava.<br />

No quarto dia, minha perseverança foi recompensada. Levantei o<br />

último monte deixado por <strong>Marley</strong>, repetindo o que havia se<br />

transformado em meu mote diário: “Não acredito que estou fazendo<br />

isso”, e comecei a revirá-lo e jogar água. Assim que as fezes se<br />

dissolveram, procurei por algum sinal do colar. Nada. <strong>Eu</strong> estava a ponto<br />

de desistir quando vi algo esquisito: um pequeno naco marrom, do<br />

tamanho de uma ervilha torta. Não tinha sequer o tamanho suficiente<br />

para ser a jóia perdida, mas mesmo assim eu suspeitei. Toquei-o com o<br />

meu galho, que eu havia batizado oficialmente de “Pau-de-Bosta”, e<br />

joguei um jato d’água generoso sobre ele. Quando a água conseguiu<br />

lavá-lo, vislumbrei um brilho forte e cintilante. Heureca! <strong>Eu</strong> havia<br />

encontrado ouro!

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