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Marley & Eu

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dormir. Invariavelmente, encontrávamos quartos para alugar em casas<br />

de doces viúvas irlandesas que nos serviam, traziam chá, ajeitavam a<br />

cama, e sempre pareciam nos fazer a mesma pergunta:<br />

— Vocês planejam logo ter filhos?<br />

E então nos deixavam no quarto, sorrindo de um modo estranho<br />

e sugestivo, fechando a porta atrás de si.<br />

Jenny e eu nos convencemos de que havia uma lei federal na<br />

Irlanda que exigia que todas as camas de hóspedes deveriam estar de<br />

frente para uma imensa imagem do papa ou da Virgem Maria. Alguns<br />

lugares tinham os dois. Uma delas incluía um rosário desproporcional<br />

pendurado sobre a cabeceira. A lei irlandesa do viajante celibatário<br />

também ditava que todas as camas de hóspedes deveriam ser<br />

extremamente barulhentas, como se soasse um alarme toda vez que um de<br />

seus ocupantes se mexesse um pouco sobre ela.<br />

Tudo conspirava para criar um ambiente tão inspirador para<br />

relações amorosas quanto um convento. Estávamos hospedados em casa<br />

de estranhos — numa casa de alguém muito católico —, de paredes<br />

finas, uma cama muito barulhenta, estátuas de santos e virgens por toda<br />

parte, e uma anfitriã bisbilhoteira que, pelo que sabíamos, estava<br />

espreitando do outro lado da porta. Era o último lugar do mundo onde<br />

se poderia pensar em ter relações sexuais. O que, obviamente, fez com<br />

que eu passasse a desejar minha mulher de uma forma nova e poderosa.<br />

Apagávamos as luzes e entrávamos na cama, as molas rangendo<br />

com o nosso peso e, imediatamente, eu colocava minha mão sob a blusa<br />

de Jenny em cima da sua barriga.<br />

— De jeito nenhum! — ela sussurrava.<br />

— Por que não? — eu sussurrava de volta.<br />

— Tá maluco? A Sra. O’Flaherty está do outro lado da parede.<br />

— E daí?<br />

— Não podemos!<br />

— Claro que podemos.<br />

— Ela vai ouvir tudo.<br />

— Faremos silêncio.

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