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efeitos da temperatura, umidade relativa e velocidade do - UFV

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EFEITOS DA TEMPERATURA, UMIDADE RELATIVA E VELOCIDADE DO AR EM<br />

FRANGOS DE CORTE<br />

Carlos Moisés Medeiros 1 , Fernan<strong>do</strong> <strong>da</strong> Costa Baêta 2 , Rita Flávia Miran<strong>da</strong> de Oliveira 3 , Il<strong>da</strong><br />

de Fátima Ferreira Tinôco 4 , Luiz Fernan<strong>do</strong> Teixeira Albino 5 , Paulo Roberto Cecon 6<br />

RESUMO<br />

Com o objetivo de analisar o efeito <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong>, umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> e veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, em<br />

frangos de corte, foi conduzi<strong>do</strong> um experimento com frangos machos, Avian Farm, cria<strong>do</strong>s de 1<br />

a 21 dias de i<strong>da</strong>de em galpões convencionais e de 22 a 42 dias em câmaras climáticas. Os<br />

tratamentos compreenderam combinações de cinco <strong>temperatura</strong>s (16, 20, 26, 32 e 36°C), cinco<br />

umi<strong>da</strong>des <strong>relativa</strong>s (20, 34, 55, 76 e 90%) e cinco veloci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> ar (0,0; 0,6; 1,5; 2,4 e 3,0<br />

m.s -1 ), feitas com base no delineamento composto central rotacional <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia de<br />

superfície de resposta. Foram observa<strong>do</strong>s o desempenho zootécnico, mortali<strong>da</strong>de, respostas<br />

fisiológicas e o comportamento animal pela manhã, tarde e noite, para ca<strong>da</strong> tratamento.<br />

Verificou-se que, em ambientes com índice de <strong>temperatura</strong> de globo e umi<strong>da</strong>de (ITGU)<br />

varian<strong>do</strong> de 69 a 77, as aves mostraram-se calmas, normalmente dispersas e altamente<br />

produtivas.<br />

Palavras-chave: frangos de corte, ambiência avícola, conforto térmico, comportamento.<br />

ABSTRACT<br />

Effects of Temperature, Relative Humidity and Air Speed on Broiler Chickens<br />

The effects of the temperature, relative humidity and air speed on broiler chickens were<br />

evaluated. An experiment was carried out with Avian Farm chickens, raised from 1 to 21 <strong>da</strong>ys of<br />

age in conventional Brazilian broiler building and from 22 to 42 <strong>da</strong>ys under climatic chambers<br />

conditions. The statistical treatments were based on combinations of five temperatures (16, 20,<br />

26, 32 and 36°C), five relative humidities (20, 34, 55, 76 and 90%), and five air velocities (0.0;<br />

0.6; 1.5; 2.4 and 3.0 m.s -1 ) on the central rotatable composite design of response surface<br />

metho<strong>do</strong>logy. The animal performance, mortality, physiologic response and animal behavior<br />

were observed on the morning, afternoon and night. for each treatment. According to the<br />

results, the birds showed to be calm, usually dispersed, besides being highly productive under<br />

environment Black Globe Index of emperature and humidity.<br />

Key words: broiler chickens, poultry environment, thermal comfort, behavior.<br />

1 Prof. Adjunto, D.S., Departamento de Engenharia Agrícola, UA, E-mail: cmedeiros@ufam.edu.br<br />

2 Prof. Titular, Ph.D., Departamento de Engenharia Agrícola, <strong>UFV</strong>, E-mail: fcbaeta@mail.ufv.br<br />

3 Prof. Adjunto, D.S., Departamento de Zootecnia, <strong>UFV</strong>, E-mail: flavia@mail.ufv.br<br />

4 Prof. Adjunto, D.S., Departamento de Engenharia Agrícola, <strong>UFV</strong>, E-mail: e iftinoco@mail.ufv.br<br />

5 Prof. Titular, D.S., Departamento de Zootecnia, <strong>UFV</strong>, E-mail: lalbino@mail.ufv.br<br />

6 Prof. Adjunto, D.S., Departamento de Informática, <strong>UFV</strong>, E-mail: cecon@dpi.ufv.br<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13. n.4, 277-286, Out./Dez., 2005 277


INTRODUÇÃO<br />

As aves são animais classifica<strong>do</strong>s como<br />

homeotermos, pois apresentam a<br />

capaci<strong>da</strong>de de manter a <strong>temperatura</strong> interna<br />

constante. Além disso, podem ser<br />

considera<strong>da</strong>s um sistema termodinâmico<br />

aberto, por estarem em troca constante de<br />

energia com o ambiente (Baêta & Souza,<br />

1997).<br />

Entretanto, este mecanismo possui maior<br />

eficiência quan<strong>do</strong> a <strong>temperatura</strong> <strong>do</strong><br />

ambiente encontra-se dentro de certos<br />

limites. As aves não se ajustam,<br />

perfeitamente, em extremos de <strong>temperatura</strong>,<br />

poden<strong>do</strong>, inclusive, ter a vi<strong>da</strong> ameaça<strong>da</strong>.<br />

Dessa forma, é importante que estes<br />

animais sejam aloja<strong>do</strong>s em ambientes, onde<br />

seja possível o balanço térmico (Rutz,<br />

1994).<br />

De acor<strong>do</strong> com Curtis (1983) e Esmay &<br />

Dixon (1986), quan<strong>do</strong> as condições<br />

ambientais no interior <strong>da</strong> instalação não<br />

estão dentro de limites adequa<strong>do</strong>s (zona de<br />

termoneutrali<strong>da</strong>de), o ambiente térmico<br />

torna-se desconfortável, porém, o organismo<br />

animal ajusta-se fisiologicamente para<br />

manter sua homeotermia, seja para<br />

conservar ou dissipar calor. Para isso,<br />

ocorre dispêndio de energia, resultan<strong>do</strong> na<br />

redução <strong>da</strong> sua eficiência produtiva. Os<br />

autores afirmam que a faixa de <strong>temperatura</strong><br />

na zona de conforto térmico para frangos de<br />

corte cria<strong>do</strong>s em galpões convencionais é<br />

de 18 a 28°C com umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> varian<strong>do</strong><br />

de 50 a 70% e veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar em torno de<br />

1,0 a 2,5 m.s -1 . Contu<strong>do</strong>, Medeiros (2001)<br />

comenta que a máxima produtivi<strong>da</strong>de de<br />

frangos para as condições climáticas<br />

brasileiras é obti<strong>da</strong>, quan<strong>do</strong> a <strong>temperatura</strong><br />

está no intervalo de 21 e 29°C, com<br />

umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> de 50 a 80% e veloci<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> ar de 1,5 a 2,5 m.s -1 . Nesta situação, as<br />

aves Avian Farm machos apresentam, aos<br />

42 dias de i<strong>da</strong>de:2.300 g de peso médio;<br />

consumo diário de ração em torno de 150 g;<br />

conversão alimentar de 1,87; 3% de<br />

mortali<strong>da</strong>de; 41,5°C de <strong>temperatura</strong> retal; e<br />

freqüência respiratória de 47 resp.min -1 .<br />

Desde o início <strong>do</strong> século XX, o homem<br />

vem tentan<strong>do</strong> quantificar o ambiente<br />

térmico animal, utilizan<strong>do</strong> correlações nas<br />

278<br />

quais são emprega<strong>da</strong>s as variáveis:<br />

<strong>temperatura</strong>, umi<strong>da</strong>de, veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar e<br />

radiação. Em alguns casos, também são<br />

considera<strong>da</strong>s outras variáveis como a taxa<br />

metabólica, o tipo de isolamento, e outros.<br />

Esses estu<strong>do</strong>s tiveram início quan<strong>do</strong><br />

Houghten & Yaglou (1923) propuseram o<br />

Índice de Temperatura Efetiva – ITE,<br />

basea<strong>do</strong> na <strong>temperatura</strong>, umi<strong>da</strong>de e<br />

veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar, usan<strong>do</strong> humanos para<br />

comparar sensações térmicas instantâneas,<br />

experimenta<strong>da</strong>s em diferentes ambientes.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong>, diversos autores<br />

propuseram outros índices, como: o P4SR<br />

(Predicted Four Hour Sweat Rate) que é a<br />

estimativa <strong>da</strong> taxa de suor, por quatro<br />

horas, McArdle (1947); Índice de Estresse<br />

Calórico, Belding & Hatch (1955); Índice<br />

de Desconforto, mais tarde denomina<strong>do</strong><br />

Índice de Temperatura e Umi<strong>da</strong>de – ITU,<br />

Thom (1959); Índice de Humiture,<br />

Hevener (1959) e o Índice de<br />

Temperatura Aparente, Steadman (1979).<br />

To<strong>da</strong>via esses índices menciona<strong>do</strong>s<br />

foram desenvolvi<strong>do</strong>s, especificamente,<br />

para seres humanos. Buffington et al.<br />

(1981), trabalhan<strong>do</strong> com vacas leiteiras<br />

propuseram, com base no Índice de<br />

Temperatura e Umi<strong>da</strong>de, o Índice de<br />

Temperatura de Globo Negro e Umi<strong>da</strong>de<br />

– ITGU; Rosenberg et al. (1983)<br />

propuseram o Índice de Temperatura<br />

Baixa e Vento – ITBV e, a partir de<br />

estu<strong>do</strong>s em câmaras climáticas, Baêta<br />

(1985) propôs o Índice de Temperatura<br />

Equivalente, para ga<strong>do</strong> de leite.<br />

Desses índices, o mais emprega<strong>do</strong> até<br />

à déca<strong>da</strong> de 80 para avaliar o ambiente<br />

térmico animal foi o ITU e na déca<strong>da</strong> de<br />

90, o ITGU; sen<strong>do</strong> que este último<br />

apresenta a vantagem de incorporar em<br />

um único valor, chama<strong>do</strong> de <strong>temperatura</strong><br />

de globo negro, os <strong>efeitos</strong> <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong><br />

<strong>do</strong> ar, umi<strong>da</strong>de, ventilação e radiação.<br />

Como os índices foram, inicialmente,<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s para vacas leiteiras, o<br />

presente estu<strong>do</strong> teve como objetivos:<br />

determinar e analisar os <strong>efeitos</strong> de<br />

diversas combinações de <strong>temperatura</strong>,<br />

umi<strong>da</strong>de e veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar sobre o<br />

desempenho zootécnico, mortali<strong>da</strong>de,<br />

respostas fisiológicas e comportamento<br />

de frangos de corte.<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13, n.4, 277-286, Out./Dez., 2005


MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experimento foi desenvolvi<strong>do</strong> nos<br />

meses de maio, junho e julho, em câmaras<br />

climáticas <strong>do</strong> Laboratório de Bioclimatologia<br />

Animal <strong>do</strong> Departamento de Zootecnia <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de Federal de Viçosa. Foram<br />

utiliza<strong>do</strong>s 1.500 pintos de um dia, machos,<br />

Avian Farm, cria<strong>do</strong>s, até atingirem 21 dias de<br />

i<strong>da</strong>de, em galpão convencional com<br />

condições climáticas <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> galpão<br />

normais, sem uso de equipamentos para<br />

promoção de acondicionamento térmico. A<br />

partir <strong>do</strong>s 22 dias, foram seleciona<strong>da</strong>s 960<br />

aves, posteriormente agrupa<strong>da</strong>s em 48 aves<br />

por tratamento e aloja<strong>da</strong>s em câmaras<br />

climáticas, onde receberam água e ração ad<br />

libitum. As aves permaneceram nas câmaras,<br />

expostas aos mesmos pares de <strong>temperatura</strong><br />

e umi<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> tratamento, durante to<strong>do</strong><br />

o perío<strong>do</strong> até o abate, aos 42 dias de i<strong>da</strong>de.<br />

Para este tipo de estu<strong>do</strong>, diversos<br />

autores afirmaram que o delineamento<br />

composto central rotacional <strong>da</strong> Superfície de<br />

Resposta é o méto<strong>do</strong> de análise de<br />

resulta<strong>do</strong>s, que proporciona mais<br />

informações (Box & Wilson, 1951; Box,<br />

1954; Cochran & Cox, 1957; Henika, 1972;<br />

Giovani, 1983).<br />

Com base nesse delineamento, cuja<br />

codificação predefini<strong>da</strong> é -1,682; -1; 0; 1;<br />

1,682, estabeleceu-se a combinação entre<br />

as variáveis climáticas (16, 20, 26, 32 e<br />

36°C de <strong>temperatura</strong>; 20, 34, 55, 76 e 90%<br />

de umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> e 0,0; 0,6; 1,5; 2,4 e 3,0<br />

m.s -1 de veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar), resultan<strong>do</strong> 15<br />

tratamentos e 5 repetições <strong>do</strong> ponto central<br />

(0,0,0), que estão mostra<strong>do</strong>s no Quadro 1.<br />

Quadro 1. Tratamentos experimentais, variáveis climáticas combina<strong>da</strong>s e codifica<strong>da</strong>s pelo<br />

delineamento composto central rotacional<br />

Tratamentos<br />

Variáveis climáticas combina<strong>da</strong>s Variáveis codifica<strong>da</strong>s<br />

t (°C) u (%) v (m.s -1 ) t u v<br />

1 20 34 0,6 -1 -1 -1<br />

2 20 34 2,4 1 -1 -1<br />

3 20 76 0,6 -1 1 -1<br />

4 20 76 2,4 1 1 -1<br />

5 32 34 0,6 -1 -1 1<br />

6 32 34 2,4 1 -1 1<br />

7 32 76 0,6 -1 1 1<br />

8 32 76 2,4 1 1 1<br />

9 16 55 1,5 -1,682 0 0<br />

10 36 55 1,5 1,682 0 0<br />

11 26 20 1,5 0 -1,682 0<br />

12 26 90 1,5 0 1,682 0<br />

13 26 55 0,0 0 0 -1,682<br />

14 26 55 3,0 0 0 1,682<br />

15 26 55 1,5 0 0 0<br />

16 26 55 1,5 0 0 0<br />

17 26 55 1,5 0 0 0<br />

18 26 55 1,5 0 0 0<br />

19 26 55 1,5 0 0 0<br />

20 26 55 1,5 0 0 0<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13. n.4, 277-286, Out./Dez., 2005 279


Foram utiliza<strong>da</strong>s quatro câmaras<br />

climáticas, sen<strong>do</strong> que ca<strong>da</strong> uma foi<br />

dividi<strong>da</strong> em duas, por meio de um painel<br />

de madeira lamina<strong>da</strong>, possibilitan<strong>do</strong> a<br />

execução de <strong>do</strong>is tratamentos numa<br />

mesma câmara, desde que esses<br />

tratamentos possuíssem as mesmas<br />

<strong>temperatura</strong>s e umi<strong>da</strong>des <strong>relativa</strong>s, porém<br />

com diferentes veloci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> ar,<br />

reduzin<strong>do</strong> o tempo <strong>do</strong> experimento.<br />

A movimentação <strong>do</strong> ar no interior <strong>da</strong>s<br />

câmaras climáticas foi feita, utilizan<strong>do</strong>-se<br />

ventila<strong>do</strong>res comuns, equipa<strong>do</strong>s com<br />

difusores e feitos de papelão, a fim de<br />

distribuir uniformemente o ar na direção<br />

<strong>da</strong>s aves. A veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar foi aferi<strong>da</strong>,<br />

diariamente, no centro de ca<strong>da</strong> gaiola,<br />

empregan<strong>do</strong>-se anemômetro de hélice<br />

digital.<br />

As aves foram pesa<strong>da</strong>s antes de serem<br />

aloja<strong>da</strong>s nas câmaras climáticas, sen<strong>do</strong><br />

seleciona<strong>da</strong>s aquelas com pesos<br />

aproxima<strong>do</strong>s. Ca<strong>da</strong> tratamento foi<br />

composto de 48 aves, distribuí<strong>da</strong>s em 12<br />

gaiolas, resultan<strong>do</strong> em 4 aves por gaiola.<br />

Para a análise <strong>do</strong> comportamento<br />

animal, foram registra<strong>do</strong>s o desempenho<br />

zootécnico (ganho de peso e consumo de<br />

ração diário), mortali<strong>da</strong>de, parâmetros<br />

fisiológicos (<strong>temperatura</strong> retal e <strong>da</strong> pele,<br />

freqüência respiratória) e comportamento<br />

<strong>da</strong>s aves (tranqüili<strong>da</strong>de, tremor, dispersão,<br />

ofegação, prostração, sonolência), que<br />

foram classifica<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a escala de<br />

intensi<strong>da</strong>de (pouquíssima, pouca, normal,<br />

bastante, muita, muitíssima).<br />

Para o ganho de peso, as aves foram<br />

pesa<strong>da</strong>s no início <strong>do</strong> experimento (22 dias<br />

de i<strong>da</strong>de) e no final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

experimental (42 dias de i<strong>da</strong>de); O<br />

consumo de ração, por ave, foi feito a<br />

partir <strong>da</strong> ração coloca<strong>da</strong> em recipientes<br />

plásticos com capaci<strong>da</strong>de para 15 kg de<br />

ração, correspondentes a ca<strong>da</strong> gaiola<br />

com grupos de quatro aves. A ração que<br />

caía <strong>do</strong> come<strong>do</strong>uro era recolhi<strong>da</strong>,<br />

diariamente, no final <strong>do</strong> ciclo. As<br />

quanti<strong>da</strong>des restantes nos come<strong>do</strong>uros,<br />

recipientes plásticos e aquela<br />

desperdiça<strong>da</strong> foram pesa<strong>da</strong>s e subtraí<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de inicial, obten<strong>do</strong>-se, assim,<br />

o valor total consumi<strong>do</strong>, que, dividi<strong>do</strong> pelo<br />

280<br />

número de aves por grupo, resultou no<br />

consumo individual médio.<br />

O número de aves mortas foi<br />

registra<strong>do</strong>, diariamente, para ca<strong>da</strong><br />

tratamento, sen<strong>do</strong> a porcentagem<br />

calcula<strong>da</strong> em relação ao número inicial de<br />

aves de ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de experimental. As<br />

determinações <strong>da</strong>s <strong>temperatura</strong>s retais e<br />

<strong>da</strong> pele, bem como a freqüência<br />

respiratória <strong>do</strong>s animais foram feitas em<br />

intervalos de seis em seis dias (28, 34 e<br />

40 dias de i<strong>da</strong>de), às nove horas <strong>da</strong><br />

manhã, em uma ave por grupo, escolhi<strong>da</strong><br />

ao acaso. Na medição <strong>da</strong> <strong>temperatura</strong><br />

retal, utilizou-se o termômetro de<br />

termistor, Digi-sensi, com ± 0,1°C de<br />

precisão, com o sensor (son<strong>da</strong> 400)<br />

introduzi<strong>do</strong> no reto <strong>da</strong>s aves, por um<br />

minuto; Para a <strong>temperatura</strong> <strong>da</strong> pele, foi<br />

utiliza<strong>do</strong> termômetro de superfície<br />

infravermelho Rayger ST6, com ± 1°C de<br />

precisão, o qual foi direciona<strong>do</strong> para a<br />

região peitoral <strong>da</strong> ave, devi<strong>do</strong> ser o centro<br />

de massa corporal. A freqüência<br />

respiratória foi obti<strong>da</strong>, a partir <strong>do</strong> número<br />

de movimentos peitorais durante<br />

determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de tempo. Nesse<br />

processo, utilizou-se um cronômetro<br />

digital para registro <strong>do</strong> tempo.<br />

O índice de <strong>temperatura</strong> de globo e<br />

umi<strong>da</strong>de (ITGU) é usa<strong>do</strong> para qualificação<br />

<strong>do</strong> ambiente térmico e foi obti<strong>do</strong> pela<br />

equação desenvolvi<strong>da</strong> por Buffington et<br />

al. (1981), que é <strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />

ITGU = tgn + 0,36 (tpo) – 330,08<br />

em que,<br />

tgn = <strong>temperatura</strong> de globo negro, K; e<br />

tpo = <strong>temperatura</strong> ponto de orvalho, K.<br />

O ITGU foi calcula<strong>do</strong> em função <strong>da</strong>s<br />

variáveis climáticas forneci<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong><br />

tratamento e aferi<strong>do</strong> pelos instrumentos,<br />

instala<strong>do</strong>s dentro <strong>da</strong>s câmaras climáticas.<br />

O comportamento animal foi registra<strong>do</strong>,<br />

por uma máquina fotográfica digital e<br />

classifica<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a escala de<br />

intensi<strong>da</strong>de anteriormente apresenta<strong>da</strong>.<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13, n.4, 277-286, Out./Dez., 2005


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Para ca<strong>da</strong> tratamento, composto <strong>da</strong><br />

combinação <strong>da</strong>s vaiáveis <strong>temperatura</strong> (t),<br />

umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> (u) e veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar<br />

(v), foram calcula<strong>do</strong>s o Índice de<br />

Temperatura de Globo Negro e Umi<strong>da</strong>de<br />

(ITGU), assim como as respostas<br />

produtivas (ganho de peso diário - GPD,<br />

consumo de ração diária - CRD) e<br />

fisiológicas (Mortali<strong>da</strong>de - MORT,<br />

<strong>temperatura</strong> retal - TR, <strong>temperatura</strong> <strong>da</strong><br />

pele - TP e freqüência respiratória - FR)<br />

observa<strong>da</strong>s, o que está apresenta<strong>do</strong> no<br />

Quadro 2.<br />

No Quadro 3, apresenta-se a<br />

intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s padrões<br />

comportamentais de frangos de corte,<br />

em seus respectivos ambientes térmicos,<br />

durante o perío<strong>do</strong> de 22 a 42 dias de<br />

i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s aves, cria<strong>da</strong>s em câmaras<br />

climáticas.<br />

Os ambientes foram classifica<strong>do</strong>s de<br />

acor<strong>do</strong> com as <strong>temperatura</strong>s e com o<br />

ITGU. Ambientes frios apresentam<br />

<strong>temperatura</strong>s varian<strong>do</strong> de 16 a 20°C e<br />

ITGU de 59 a 67. Para os ambientes<br />

considera<strong>do</strong>s confortáveis, a <strong>temperatura</strong><br />

foi de 26°C e o ITGU variou de 69 a 77.<br />

Nos ambientes considera<strong>do</strong>s quentes, a<br />

<strong>temperatura</strong> variou de 32 a 36°C e o<br />

ITGU de 78 a 88. Nota<strong>da</strong>mente, foram<br />

observa<strong>do</strong>s comportamentos distintos<br />

para ca<strong>da</strong> ambiente, sen<strong>do</strong> este fato<br />

bastante conheci<strong>do</strong> pelos pesquisa<strong>do</strong>res<br />

desde a déca<strong>da</strong> de 60.<br />

Nos Quadros 2 e 3, consideran<strong>do</strong> os<br />

ambientes térmicos que compreendem a<br />

região central como sen<strong>do</strong> confortáveis<br />

(ITGU de 69 a 77), observou-se que o<br />

comportamento <strong>da</strong>s aves para os<br />

ambientes considera<strong>do</strong>s frios (ITGU de<br />

59 a 67) é, na ver<strong>da</strong>de, um conjunto de<br />

reações que vão sen<strong>do</strong> coloca<strong>da</strong>s em<br />

prática à medi<strong>da</strong> que a <strong>temperatura</strong> <strong>do</strong> ar<br />

decresceu de 26 para 16 o C.<br />

Quadro 2. Respostas produtivas e fisiológicas de frangos de corte machos submeti<strong>do</strong>s a<br />

diferentes ambientes térmicos<br />

Tratamentos ITGU Resposta animal<br />

T(°C); u(%), v(m.s -1 )<br />

GPD<br />

(g.dia -1 CRD<br />

) (g.dia -1 CA MORT TR TP FR<br />

)<br />

(%) (°C) (°C) (resp.min -1 )<br />

T9 (16; 55; 1,5) 59 66,05 144,64 2,19 14,6 40,9 36,6 45<br />

T2 (20; 34; 2,4) 63 69,77 143,81 2,06 14,6 41,1 39,0 48<br />

T1 (20; 34; 0,6) 64 74,00 145,35 1,96 10,4 41,0 38,8 46<br />

T3 (20; 76; 0,6) 67 76,53 145,10 1,90 10,4 41,0 38,5 48<br />

T4 (20; 76; 2,4) 67 74,66 146,77 1,97 10,4 41,1 38,4 49<br />

T11 (26; 20; 1,5) 69 76,75 146,08 1,90 2,1 41,0 39,0 45<br />

T15 (26; 55; 1,5) 73 77,09 140,18 1,82 2,1 41,1 39,6 45<br />

T14 (26; 55; 3,0) 73 79,00 144,78 1,83 8,3 41,0 39,1 47<br />

T13 (26; 55; 0,0) 74 74,50 136,48 1,83 0,0 41,2 40,1 41<br />

T12 (26; 90; 1,5) 77 76,13 135,45 1,78 6,3 41,4 39,9 45<br />

T5 (32; 34; 0,6) 78 65,10 123,15 1,89 0,0 41,7 40,6 82<br />

T6 (32; 34; 2,4) 78 70,15 132,10 1,88 0,0 41,7 40,3 72<br />

T7 (32; 76; 0,6) 85 62,42 121,05 1,94 2,1 42,2 40,9 108<br />

T8 (32; 76; 2,4) 86 63,97 122,90 1,92 0,0 42,1 40,8 105<br />

T10 (36; 55; 1,5) 88 25,00 79,78 3,19 0,0 43,0 43,4 110<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13. n.4, 277-286, Out./Dez., 2005 281


Quadro 3. Intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s padrões comportamentais observa<strong>do</strong> nas aves expostas a<br />

diferentes ambientes térmicos<br />

Tratamentos<br />

t (ºC); u (%); v (m.s -1 )<br />

282<br />

Ambiente<br />

Comportamento <strong>da</strong>s aves<br />

Térmico Tranqüili<strong>da</strong>de Tremor Dispersão Ofegação Prostração Alimentação Sonolência<br />

T9 (16; 55; 1,5) muitíssima muito nenhuma - - pouca pouca<br />

T2 (20; 34; 2,4) muita bastante pouquíssima - - muita pouca<br />

T3 (20; 76; 0,6)<br />

frio<br />

muita normal pouquíssima - - bastante pouca<br />

T1 (20; 34; 0,6) bastante normal pouca - - bastante pouca<br />

T4 (20; 76; 2,4)<br />

bastante pouco pouca - - bastante pouca<br />

T11 (26; 20; 1,5) bastante - normal - - normal bastante<br />

T14 (26; 55; 3,0) bastante - normal - - normal bastante<br />

T15 (26; 55; 1,5)<br />

confortável<br />

bastante - normal - - normal bastante<br />

T13 (26; 55; 0,0) bastante - normal - - normal bastante<br />

T12 (26; 90; 1,5)<br />

bastante - normal - - normal muita<br />

T5 (32; 34; 0,6) normal - bastante pouca pouca modera<strong>da</strong> modera<strong>da</strong><br />

T6 (32; 34; 2,4) pouca - bastante normal normal modera<strong>da</strong> modera<strong>da</strong><br />

T7 (32; 76; 0,6)<br />

quente<br />

pouca - muita bastante bastante pouca pouca<br />

T8 (32; 76; 2,4) pouca - muita bastante bastante pouca pouca<br />

T10 (36; 55; 1,5)<br />

pouquíssima - muitíssima muita muita pouquíssima pouquíssima<br />

Neste contexto, a primeira reação <strong>da</strong><br />

ave é desviar a energia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

alimentação (145,13 g.dia -1 ) para a<br />

produção de mais calor, para aquecimento<br />

<strong>do</strong> corpo. Conseqüentemente, o ganho de<br />

peso é reduzi<strong>do</strong> (72,20 g.dia -1 ) e a<br />

eficiência alimentar diminui em torno de<br />

10%. Em segui<strong>da</strong>, elas ficam trêmulas e<br />

amontoam-se (Figura 1a), aumentam a<br />

freqüência respiratória de 45 para 47<br />

respirações.min -1 e fazem a<br />

vasoconstrição periférica para aumentar a<br />

pressão sangüínea, acelerar os<br />

movimentos cardíacos e fazer com que a<br />

transferência <strong>do</strong> calor oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong> núcleo<br />

corporal para a periferia seja mais rápi<strong>da</strong>.<br />

Contu<strong>do</strong>, como o ar ambiente também é<br />

muito frio, este processo vai sen<strong>do</strong><br />

prejudica<strong>do</strong> e, aos poucos, deixa de ser<br />

emprega<strong>do</strong>; então, a ave parte para o<br />

aumento <strong>do</strong> isolamento térmico, a partir <strong>do</strong><br />

eriçamento <strong>da</strong>s penas e <strong>da</strong> pele (Figura<br />

1b).<br />

(a) (b)<br />

Figura 1. Aves com pouco empenamento e amontoa<strong>da</strong>s (a) e aves bem empena<strong>da</strong>s (b)<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13, n.4, 277-286, Out./Dez., 2005


Com a presença de ventilação, a situação<br />

ambiental piora, uma vez que ocorre a<br />

aceleração na dissipação <strong>do</strong> calor corporal, o<br />

que leva a uma sensação de frio ca<strong>da</strong> vez<br />

mais intenso. Com a diminuição <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de<br />

<strong>relativa</strong>, as trocas de calor entre o animal e o<br />

ambiente por via latente são aumenta<strong>da</strong>s e,<br />

em condições de frio, o animal apresenta<br />

desenvolvimento mais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

empenamento, melhoran<strong>do</strong> o isolamento<br />

térmico e bloquean<strong>do</strong> a transferência de<br />

calor. Ressalta-se, ain<strong>da</strong>, que as aves<br />

passam o tempo to<strong>do</strong> emitin<strong>do</strong> sons (pian<strong>do</strong>),<br />

sen<strong>do</strong> estes diferentes <strong>da</strong>queles observa<strong>do</strong>s<br />

em ambientes considera<strong>do</strong>s confortáveis. Por<br />

fim, nessa situação, a mortali<strong>da</strong>de alcançou<br />

valores eleva<strong>do</strong>s (12,1%), sen<strong>do</strong> que o<br />

diagnóstico para a maioria <strong>da</strong>s mortes foi a<br />

ascite.<br />

A síndrome ascítica (SA), também<br />

conheci<strong>da</strong> como síndrome <strong>da</strong> hipertensão<br />

pulmonar, é uma condição patológica<br />

caracteriza<strong>da</strong> pelo extravasamento de líqui<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s vasos sanguíneos e seu acúmulo na<br />

cavi<strong>da</strong>de ab<strong>do</strong>minal, devi<strong>do</strong> a um déficit de<br />

oxigenação tecidual, que culmina na hipóxia<br />

sistêmica e aumento <strong>do</strong> débito cardíaco.<br />

Segun<strong>do</strong> Wildeman & Tackett (2000), o<br />

rápi<strong>do</strong> crescimento <strong>da</strong>s aves e o ambiente<br />

frio são considera<strong>do</strong>s os principais fatores<br />

predisponentes no desenvolvimento <strong>da</strong> SA.<br />

Em ambientes considera<strong>do</strong>s confortáveis,<br />

ITGU de 69 a 77, as aves apresentaram-se<br />

bastante tranqüilas, sem tremor, com<br />

dispersão normal (Figura 2a), com bom<br />

consumo de ração, bom ganho de peso,<br />

excelente conversão alimentar, bastante<br />

sonolentas (Figura 2b), freqüência<br />

respiratória considera<strong>da</strong> normal e fezes<br />

pastosas.<br />

O ambiente caracteriza-se por apresentar<br />

<strong>temperatura</strong> <strong>do</strong> ar amena (26°C). Nessas<br />

condições, a umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> e a veloci<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> ar têm pouca influência no desempenho<br />

<strong>do</strong> animal e em suas ativi<strong>da</strong>des fisiológicas.<br />

Praticamente, não ocorre desvio <strong>da</strong> energia<br />

alimentar para aquecimento <strong>do</strong> corpo ou<br />

combate <strong>do</strong> estresse; conseqüentemente, o<br />

ganho de peso diário atinge altos valores, em<br />

torno de 76,69 g.dia -1 .ave -1 , para um<br />

consumo de ração em torno de 140,59 g.dia -<br />

1 -1<br />

.ave , resultan<strong>do</strong> uma conversão alimentar<br />

em torno de 1,83.<br />

Quanto aos parâmetros fisiológicos,<br />

observou-se que a <strong>temperatura</strong> retal<br />

apresenta-se dentro de uma faixa<br />

considera<strong>da</strong> normal 41,1°C; freqüência<br />

respiratória em torno de 45 respirações.min -1 ;<br />

e mortali<strong>da</strong>de em torno de 3,8%. Conforme<br />

diagnóstico, ocorreu principalmente, morte<br />

súbita, devi<strong>do</strong> ao rápi<strong>do</strong> crescimento<br />

corporal em detrimento <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong>s<br />

órgãos; entretanto o valor observa<strong>do</strong> é<br />

considera<strong>do</strong> como normal pelo fornece<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>s animais.<br />

Nos ambientes considera<strong>do</strong>s quentes<br />

(ITGU de 78 a 88), observou-se que à<br />

medi<strong>da</strong> que a <strong>temperatura</strong> <strong>do</strong> ar é eleva<strong>da</strong> de<br />

26 para 36°C, umi<strong>da</strong>de <strong>relativa</strong> de 34 para<br />

76% e a veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ar reduzi<strong>da</strong> de 2,4<br />

para 0,6 m.s -1 , o ambiente tornava-se ca<strong>da</strong><br />

vez mais desagradável. As aves ficam<br />

agita<strong>da</strong>s e se dispersam para aumentar a<br />

dissipação <strong>do</strong> calor corporal para o<br />

ambiente; têm a <strong>temperatura</strong> retal<br />

aumentava em 1,3°C (de 41,7 para 43°C), a<br />

<strong>temperatura</strong> <strong>da</strong> pele em 2,8°C (de 40,6<br />

para 43,4°C) e a freqüência respiratória em<br />

28 resp.min -1 (de 82 para 110 resp.min -1 ).<br />

Nessa condições, as aves abrem as asas,<br />

visan<strong>do</strong> o aumento <strong>da</strong> área de dissipação<br />

de calor, diminuem o consumo de ração em<br />

43,37 g.dia -1 (de 123,15 para 79,78 g.dia -1 )<br />

para reduzir a produção de calor<br />

metabólico, e, conseqüentemente, têm o<br />

ganho de peso prejudica<strong>do</strong> em 40,01 g.dia -1<br />

(de 65,10 para 25,00 g.dia -1 ). Com o passar<br />

<strong>do</strong> tempo, param de movimentar-se, ficam<br />

bastante ofegantes (Figura 3a), prostra<strong>da</strong>s<br />

(Figura 3b) e têm a freqüência respiratória<br />

ca<strong>da</strong> vez mais aumenta<strong>da</strong>, chegan<strong>do</strong> a 110<br />

respirações.min -1 , a fim de dissipar mais<br />

calor por via latente, o que leva à alteração<br />

<strong>do</strong> equilíbrio áci<strong>do</strong>-básico e aumento <strong>do</strong> pH<br />

<strong>do</strong> sangue.<br />

Em condições severas de calor, o<br />

animal aumenta, consideravelmente, o<br />

consumo de água, as fezes ficam<br />

líqui<strong>da</strong>s e ocorre aumento <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de na<br />

cama, com conseqüente redução de seu<br />

poder de absorção, elevan<strong>do</strong> as<br />

concentrações de amônia no ar, que<br />

pode atingir níveis perigosos. Com a<br />

permanência dessas condições, o animal<br />

apresenta polipnéia e pode chegar à<br />

morte.<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13. n.4, 277-286, Out./Dez., 2005 283


À medi<strong>da</strong> que o ambiente térmico vai<br />

tornan<strong>do</strong>-se ca<strong>da</strong> vez mais estressante,<br />

sem que a <strong>temperatura</strong> retal chegue a<br />

pontos letais, o animal percebe o risco<br />

de vi<strong>da</strong> e deixa de priorizar o acúmulo<br />

de energia e a reprodução passan<strong>do</strong> a<br />

concentrar-se somente em sua<br />

sobrevivência, razão pela qual, neste<br />

284<br />

experimento, a mortali<strong>da</strong>de nas<br />

condições <strong>do</strong> experimento foi<br />

<strong>relativa</strong>mente baixa (0,4%).<br />

Os comportamentos apresenta<strong>do</strong>s<br />

pelas aves neste trabalho já tinham<br />

si<strong>do</strong>, anteriormente, observa<strong>do</strong>s por<br />

Curtis (1983), Esmay & Dixon (1986),<br />

Rutz (1994) e Baêta & Souza (1997).<br />

(a) (b)<br />

Figura 2. Aves tranqüilas e normalmente dispersas (a); e aves sonolentas (b)<br />

(a) (b)<br />

Figura 3. Aves ofegantes (a); aves prostra<strong>da</strong>s (b)<br />

Engenharia na Agricultura, Viçosa, MG, v.13, n.4, 277-286, Out./Dez., 2005


CONCLUSÕES<br />

Com base nos resulta<strong>do</strong>s de<br />

desempenho, parâmetros zootécnicos e<br />

comportamento animal nos diferentes<br />

ambientes térmicos, verificou-se que nos<br />

ambientes considera<strong>do</strong>s confortáveis (ITGU<br />

de 69 a 77), as aves mantiveram-se bastante<br />

tranqüilas, normalmente dispersas, boa<br />

alimentação satisfatória, muito sonolentas e<br />

apresentaram a maior produtivi<strong>da</strong>de e<br />

melhores parâmetros zootécnicos. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, o conjunto de variáveis ambientais t,<br />

u, e v mais recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>, para frangos<br />

adultos destina<strong>do</strong>s ao corte, seria de 26°C,<br />

55% e 1,5 m.s -1 .<br />

Nos ambientes considera<strong>do</strong>s frios (ITGU<br />

de 59 a 67), as aves apresentaram redução<br />

de 14% no ganho de peso diário e aumento<br />

de 12,1% <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de, além de alterações<br />

consideráveis nos parâmetros fisiológicos.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, nos ambientes considera<strong>do</strong>s<br />

quentes (ITGU de 78 a 88), não houve<br />

mortali<strong>da</strong>de, porém, houve redução de 67%<br />

no ganho de peso diário e 43% na ingestão<br />

de alimentos.<br />

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