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(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi

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(91)<br />

MATIAS AIRES RAMOS DA SILVA DE EÇA<br />

quando se diz, que o amor é fogo, que é neve, que é<br />

alívio, que é pena, que é luz, que é sombra.<br />

O amor distingue-se das mais paixões, em ter<br />

por objetos um fim corporal, sujeito à sociedade; por<br />

isso dura por intervalos. A Providência para<br />

conservação do mundo, suscitou o amor, não só nos<br />

<strong>homens</strong>, mas em toda a natureza: ainda os insensíveis,<br />

parece que amam, e que sentem; a diferença deve de<br />

estar no modo de amar, e de sentir. As criaturas são<br />

mais perfeitas, à proporção que são capazes de mais<br />

amor; e assim o amor não só é o princípio da vida, mas<br />

também é um final de perfeição.<br />

(92) Dizer que o amor procede de uma certa conformidade<br />

de humores, e de gênio, mais é sutileza, que<br />

verdade; a filosofia nesta parte não foi mais feliz que<br />

em outras, donde a ciência consiste em saber mais<br />

têrmos, e palavras, e não em saber mais coisas.<br />

Digamos antes, que o amor procede da formosura; que<br />

origem lhe havemos de dar mais nobre? A razão mais<br />

fácil costuma ser às vêzes a mais certa; duvide-se<br />

embora da origem da formosura, porém não se duvide<br />

da do amor.<br />

(93) Cada coisa tem um limite certo, entre cuja extremidade<br />

se deve conter, e regular; porém êsse tal<br />

limite não é fácil de se achar, e no amor é quase<br />

impraticável, porque é uma paixão que não tem limite,<br />

e que só no excesso se mostra, e se acredita. Não há<br />

delírio, que os <strong>homens</strong> não desculpem, quan-

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