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(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi

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REFLEXÕES SÔBRE A VAIDADE DOS HOMENS<br />

águas de uma fonte; já não são aquelas, que vieram de<br />

um rochedo sombrio e cavernoso; mudado o nome, e o<br />

teatro, agora estão formando a imensidade do Oceano:<br />

já não servem de animar o prado, nem de triste<br />

companhia a um amante solitário; já não servem de<br />

espelho às verdes ramas, nem o seu sussurro serve já<br />

de líquido instrumento ao canto singular das aves;<br />

finalmente já não são cristais as suas águas, são ondas.<br />

Desta mesma sorte são os <strong>homens</strong>: assim saem, assim<br />

buscam, e assim chegam ao estado da grandeza; a<br />

<strong>vaidade</strong>, que os leva, e acompanha, logo lhes tira da<br />

memória o lugar de que vieram, e os que andaram, e só<br />

lhes mostra aquele adonde estão: há muitas coisas que<br />

não queremos, ou não podemos ver nem na sua origem<br />

nem no seu progresso; a excelência do fim nos ocupa<br />

inteiramente, e impede, que vejamos a fatalidade ou<br />

indignidade <strong>dos</strong> seus meios; até o nosso pensamento<br />

parece que se deixa penetrar de atenção e de respeito, a<br />

fortuna não escolhe os <strong>homens</strong>, favorece ao primeiro<br />

que encontra, porque to<strong>dos</strong> para a fortuna são iguais, e<br />

valem o mesmo; por isso o império do destino é<br />

absoluto, sem regras, nem preceitos; a <strong>vaidade</strong> nos<br />

ensina, que to<strong>dos</strong> os meios, e caminhos são bons,<br />

quando se alcança; a glória do sucesso regula-se pela<br />

qualidade da vitória, e não pela qualidade do vencedor;<br />

importa menos saber, quem é o que venceu, ou como<br />

venceu, do que saber sòmente quem venceu: os<br />

<strong>homens</strong> só na razão de <strong>homens</strong> têm igual direito uns<br />

para subirem, e outros para descerem; o merecimento<br />

só se pesa naqueles que caem, e não nos que sobem. Os<br />

caminhos exa-minam-se aquêles por onde se não<br />

chegou, e os meios são desaprova<strong>dos</strong>, quando por êles<br />

se não conseguiu; a fortuna costuma haver os<br />

merecimento por justifica<strong>dos</strong> ; a desgraça não é assim,<br />

porque os deixa du-

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