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(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi

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REFLEXÕES SÔBRE A VAIDADE DOS HOMENS<br />

grande, de maior, e de excelente, e as submissões, que<br />

indicam o respeito, fazem uma parte essencial das<br />

glórias dêste mundo; a primeira não consiste mais do<br />

que em palavras; a segunda tôda se compõe de gesto.<br />

Que importa à felicidade do homem, que os outros,<br />

quando lhe falam, articulem mais um som, que outro, e<br />

que nas reverências que introduziu a lisonja, se dobrem<br />

mais, ou menos? A <strong>vaidade</strong> nos faz crer felizes à<br />

proporção, que ouvimos esta, ou aquela voz, e que<br />

vemos êste, ou aquele culto: a vida civil se reduz a um<br />

cerimonial composto de genuflexões, e de palavras.<br />

Só a <strong>vaidade</strong> sabe dar existência às coisas que (49) a não<br />

têm, e nos faz idólatras de uns nadas, que não têm mais corpo,<br />

que o que recebem do nosso modo de entender, e nos induz a<br />

buscarmos êsses mesmos nadas, como meios de nos<br />

distinguir; sendo que nem Deus, nem a natureza nos distinguiu<br />

nunca. Na lei universal ninguém ficou isento da dor, nem da<br />

tristeza; to<strong>dos</strong> nascem sujeitos ao mesmo princípio, que é a<br />

vida, e ao mesmo fim, que é a morte: a to<strong>dos</strong> compreende o<br />

efeito <strong>dos</strong> elementos; to<strong>dos</strong> sentem o ardor do sol, e o rigor do<br />

frio; a fome, e a sêde, o gosto, e a pena, é comum a tudo<br />

aquilo que respira: o Autor do mundo fêz ao homem sôbre<br />

uma mesma idéia uniforme, e igual, e na ordem com que<br />

dispôs a natureza, não conheceu exceções, nem privilégios:<br />

nunca o homem pode ser mais nem menos do que homem; e<br />

por mais que a <strong>vaidade</strong> lhe esteja sugerindo uns certos<br />

atributos, ou certas qualidades, que o fazem parecer maior, e<br />

mais considerável, que os mais <strong>homens</strong>, essas mesmas<br />

qualidades, ainda sendo verdadeiras, sempre

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