(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi
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REFLEXÕES SÔBRE A VAIDADE DOS HOMENS<br />
à estátua de Júpiter, diante da qual to<strong>dos</strong> se prostram,<br />
não por amor do ídolo, mas por causa do raio, que tem<br />
na mão; olha para a benignidade como para um modo,<br />
ou artifício de atrair a si a inclinação <strong>dos</strong> outros, e por<br />
isso virtude mercenária: olha para a lealdade como<br />
para um ato, que precisamente resulta de uma<br />
submissão necessária: e ultimamente olha para a fama<br />
como para um objeto vago, e incerto, e que na<br />
realidade vale menos do que custa a conseguir.<br />
Com os anos não diminui em nós a <strong>vaidade</strong>, e (31) se<br />
muda, é só de espécie. A cada passo, que damos no discurso<br />
da vida, se nos oferece um teatro nôvo, composto de<br />
representações diversas, as quais sucessivamente vão sendo<br />
objetos da nossa atenção, e da nossa <strong>vaidade</strong>. Assim como nos<br />
lugares, há também horizonte na idade, e continuamente imos<br />
deixando uns, e entrando em outros, e em to<strong>dos</strong> êles a mesma<br />
<strong>vaidade</strong>, que nos cega, nos guia. Nem sempre fomos<br />
suscetíveis das mesmas impressões; nem sempre somos<br />
sensíveis ao mesmo sentimento; sempre fomos vai<strong>dos</strong>os, mas<br />
nem sempre domina em nós o mesmo gênero de <strong>vaidade</strong>.<br />
Há vícios, que raramente deixamos, se êles pri- (32)<br />
meiro nos não deixam; e quando com o tempo seguirmos o<br />
exercício de obrar bem, não é porque o conhecimento, ou a<br />
experiência nos determine, mas porque continuamente os anos<br />
nos vão fazendo incapazes de obrar mal; e assim virtudes há,<br />
que