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(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi

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MATIAS AIRES RAMOS DA SILVA DE EÇA<br />

precioso das nossas esperanças: venturoso, e claro pre-sagio,<br />

pois se fez entender até pela mesma fórma exterior.<br />

Chegou finalmente o tempo, em que os acertos de Vossa<br />

Magestade persuadem, que há huma arte de reinar, essa não<br />

podem os Monarcas aprender, Deos a infunde, não em to<strong>dos</strong>,<br />

mas naquelles só, a quem as virtudes mais sublimes fizeraõ<br />

merecer hum favor celeste: isto dizem as resoluções de Vossa<br />

Magestade; ellas mostraõ que naô foraõ aprendidas, inspiradas<br />

sim. Por isso as primeiras acções de Vossa Magestade não se<br />

distinguem das que se vão seguindo; todas são iguaes, e todas<br />

grandes; aquelles preludios, ou ensayos, não cedem na<br />

perfeição a nenhuma parte da obra: daqui vem o parecermos,<br />

que Vossa Magestade não só nasceo para reinar, mas que já<br />

sabia reinar quando nasceo.<br />

Pelas maões da idade recebem os Soberanos a experiencia<br />

de mandar. Vossa Magestade sem depender <strong>dos</strong> annos, logo com<br />

o poder, recebeo a sciencia de usar delle: o que os mais devem<br />

ao exercicio, Vossa Magestade só o deve à Omnipotencia; por<br />

isso as disposições de Vossa Magestade todas são justas, porque<br />

com ellas se justifica Deos. Aos outros Reys servem os <strong>homens</strong><br />

por força do preceito; a Vossa Magestade servem por obrigação<br />

da ley, e tambem por obrigação do amor; destes dous vínculos,<br />

não sey qual he mayor, mas he certo, que hum delles he violento<br />

às vezes, o outro he suave sempre; por que as cadeas, ainda as<br />

que são mais prezadas, ficaõ sendo leves, quando he o amor<br />

quem as faz, e as supporta. To<strong>dos</strong> sabem, Senhor, que antes que<br />

as nossas vozes acclamassem a Vossa Magestade já o tinhão<br />

acclamado os nossos corações; nestes levantou o mesmo amor o<br />

primeiro throno a que Vossa Magestade subio; e se he certa<br />

aquella memoravel profecia, que promette a hum Rey de<br />

Portugal o ser senhor de toda a terra, já podemos crer que<br />

chegou o tempo de cumprirse, e esta fé deve fundarse nas<br />

virtudes de Vossa Magestade: e em quanto não chega a feliz<br />

hora de vermos na maõ de Vossa Magestade o Cetro universal,<br />

já vemos que Vossa Magestade he digno delle; sendo que he<br />

mais glorioso o merecer, do que o alcançar. A Real Pessoa de<br />

Vossa Magestade guarde Deos infinitos annos.<br />

MATHIAS AIRES RAMOS DA SILVA DE EÇA.

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