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(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi

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mação! Não pode haver justiça, quando esta se exercita<br />

por algum fim, que não seja por ela só; nem pode ser<br />

justo nunca, quem tem por objeto principal, a glória de<br />

o parecer. Tudo o que se busca por ostentação, buscase<br />

por qualquer meio que for, isto é, ou justo, ou<br />

injusto; quem procura a voz da fama, que lhe importa a<br />

figura do instrumento que há de fazer aquêle som; o<br />

que o fizer mais espantoso, e o espalhar mais longe,<br />

êsse é o que convém; nem importa que a voz seja<br />

sonora, e certa, o ponto é que seja forte. Quem é muito<br />

sensível à <strong>vaidade</strong> do nome e à <strong>vaidade</strong> da opinião,<br />

comumente é insensível à realidade da coisa; esta fica<br />

desprezada, se se pode desprezar com segurança, e sem<br />

receio; quando só se quer o efeito, não se procura, nem<br />

atente a causa; por isso a quem deseja o aplauso da<br />

virtude, esta fica sendo indiferente; e a quem deseja o<br />

aplauso da justiça, também esta fica sendo menos<br />

importante. Daqui vem, que a justiça costuma fazer-se<br />

para soar: aquela que soa mais, (ou pela grande da<br />

matéria, ou do sujeito) essa é a mais agradável a quem<br />

a faz; porque dela se forma a voz da fama, e<br />

juntamente nasce dela o nome, e reputação de justo. A<br />

<strong>vaidade</strong> não se contenta, com o que as coisas são, mas<br />

com o que parecem, contanto que pareçam grandes;<br />

nem faz caso do que a coisa é, mas do que se diz que é:<br />

estima o merecimento não segundo a qualidade dêle,<br />

mas segundo o efeito, que faz na estimação das gentes:<br />

não faz distinção entre o louvor extorquido, e o louvor<br />

merecido justamente, basta-lhe que seja louvor; e isto é<br />

porque a <strong>vaidade</strong> não se formaliza da verdade do<br />

princípio; o que quer é, que os <strong>homens</strong> se admirem;<br />

que tomem uma exalação por uma estrela, importa<br />

pouco: daqui vem, que uma ação ilustre, mas feita em<br />

segrêdo, a <strong>vaidade</strong> a tem

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