(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi
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MATIAS AIRES RAMOS DA SILVA DE EÇA<br />
violência, sempre se fazem com lágrimas, e também<br />
por isso raras vêzes se cumpre; porque o coração, e a<br />
vontade não prometeram nada: aquilo que só exteriormente<br />
se promete, só exteriormente se guarda; as<br />
palavras sem tenção não formam sacramento; o que se<br />
faz por temor, não obriga: um sacrifício involuntário, é<br />
sacrifício de sangue, e Deus não se agrada já <strong>dos</strong><br />
holocaustos.<br />
(118) Mas que grande diferença vai de uma mulher,<br />
que professou por fôrça, a uma que professa por<br />
vontade! Esta deixou verdadeiramente o mundo; a<br />
outra apenas mudou nêle de lugar: ambas entraram no<br />
templo, porém uma só entrou para o profanar ; uma foi<br />
chamada por Deus, a outra foi mandada pelos <strong>homens</strong>;<br />
uma foi para achar um espôso divino, a outra foi<br />
porque não achou um espôso humano: ambas foram<br />
para a religião, porém só uma ficou sendo religiosa;<br />
ambas professaram, porém coisas contrárias; porque o<br />
que uma professou, não quis professar a outra; ambas<br />
disseram o mesmo, porém uma só disse de boca, o que<br />
a outra também disse do coração; uma fêz o sacrifício,<br />
a outra só fêz a cerimônia; uma fêz o que a outra representou<br />
; uma fêz o que mostrava que fazia, a outra só<br />
fêz a forma, ou a figura: ambas se obrigaram aos três<br />
votos, porém uma foi com tenção de os observar, e a<br />
outra foi sem tenção nenhuma de os cumprir; e isto é<br />
porque uma deixou os seus pensamento fora, e a outra<br />
nem os deixou, nem os levou: ambas iam para jurar<br />
guerra ao amor e à <strong>vaidade</strong>, porém uma ainda queria<br />
paz com a <strong>vaidade</strong>, e com o amor; esta ainda tinha os<br />
ídolos inteiros, e a outra, ou os não tinha, ou os tinha já<br />
quebra<strong>dos</strong>: finalmente