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(Brasil) - Reflexões sobre a vaidade dos homens - iPhi

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REFLEXÕES SÔBRE A VAIDADE DOS HOMENS<br />

que víamos as coisas, já se distingue, olhando com<br />

especialidade para algumas e com indiferença para as<br />

mais; como se estas fôssem destinadas para entreter as<br />

nossas primeiras atenções, sendo só umas o para que<br />

nos dirigia o fim da natureza.<br />

Êsses primeiros anos to<strong>dos</strong> se compõem de (100) amor, e<br />

de esperança: êstes dois afetos tomam a melhor parte de nós,<br />

ou escolhem para si aquele tempo em que vivemos com mais<br />

vida; no seu princípio, e no seu progresso é o amor uma<br />

paixão cheia de entusiasmo, e de furor, depois perde<br />

totalmente a violência: por isso amamos mais, quando<br />

sabemos amar menos, isto é, quando amamos quase por instinto<br />

; e com efeito o amor não se introduz por discurso, e se<br />

alguma vez discorre, é sinal que está perto de acabar; porque o<br />

amor só é prudente quando acaba, não porque então o seja em<br />

si, mas porque então não porque então o seja em si, mas<br />

porque então quer.<br />

Culpa-se o amor de vário, e de inconstante, (101) sendo<br />

que as mais das vêzes seria maior a sua culpa, se fôsse<br />

constante, e firme: o amor só quando deixa de amar se<br />

emenda, só quando é vário se justifica, e só quando é<br />

inconstante se desculpa: quando começa, parece que não é<br />

êrro o amor; porque mal se pode evitar aquele primeiro<br />

instante que nos atrai; aquela primeira luz que nos assombra;<br />

aquêle primeiro agrado que nos engana: o nosso arbítrio, ou a<br />

nossa reflexão, vem depois, como remédio que

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