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N<br />
"A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso<br />
que deve fazer do seu próprio conhecimento."<br />
Platão<br />
ovamente nos encontramos em mais uma edição. A<br />
cada Editorial, temos a oportunidade de chamar à<br />
reflexão nossos leitores sobre fatos de nosso<br />
cotidiano, que, se não forem evidenciados e<br />
exaustivamente abordados, passarão à condição de<br />
aceitáveis, normais.<br />
Normal, segundo o Dicionário Aulete, é o que não foge,<br />
em termos de comportamento, à regra da maioria das pessoas.<br />
A falta de compromisso das pessoas com a<br />
coletividade, como se não estivessem inseridas em uma<br />
sociedade, focando, apenas, seus interesses particulares,<br />
através das lentes do materialismo, onde o verbo “mais<br />
que perfeito” a ser conjugado é o “Ter”, e ter cada vez<br />
mais, franqueia toda sorte de oportunidades aos<br />
“espertinhos” de plantão.<br />
A exemplo da política que, apenas, gera interesse,<br />
se é que gera algum interesse ao brasileiro, no dia da<br />
votação. Passados alguns meses, muitos eleitores<br />
descomprometidos com o futuro do país - quando falamos<br />
futuro do país, referimo-nos ao nosso futuro - nem sequer<br />
lembram o nome do candidato em que votaram.<br />
Acompanhar sua atuação no desempenho do cargo, <strong>para</strong> o<br />
qual foi eleito, é pedir demais <strong>para</strong> um povo que troca seu<br />
voto por uma cesta básica ou um saco de cimento!<br />
Os escândalos de corrupção, envolvendo nossos<br />
políticos, se tornaram “normais”, aceitáveis. Já não mais<br />
criam indignação, não mais aborrecem. São tão normais,<br />
que despertaram o humorista dentro de cada um, como<br />
uma sucursal do “Casseta e Planeta”, e se passou a fazer<br />
piada de tudo isso. Muito inteligente, rir de si próprio!<br />
Queremos acreditar que nosso Grito de Alerta, um<br />
dia, desperte a consciência de alguns. Utopia ou não,<br />
continuaremos comprometidos com a solução e, jamais,<br />
por omissão, com o problema.<br />
As pessoas precisam, mais do que nunca,<br />
reeducar-se. A começar no seio de seus lares, como pais e<br />
mães, pautando suas ações na moralidade, na ética. Dando<br />
bons exemplos, mesmo nas pequenas ações praticadas,<br />
pois são, e sempre serão, referência <strong>para</strong> alguém,<br />
Capa – O Processo Pedagógico Maçônico......................Capa<br />
Editorial.....................................................................................2<br />
Destaques<br />
- A Bem da Ordem, da Verdade e do Conhecimento...3<br />
- O Evangelho de São João e o Salmo 133............................4<br />
Informe Cultural<br />
- O Homem Passa, Mas Seu Trabalho é Imortal............6<br />
a b<br />
principalmente <strong>para</strong> seus filhos.<br />
Esta edição de junho, assim como as anteriores, vem<br />
elucidar nossos leitores em vários temas. A matéria “A Bem da<br />
Ordem, da Verdade e do Conhecimento”, de autoria do Irmão<br />
Fernando Gueiros, é um belo exemplo disso, portanto,<br />
merecendo abrilhantar a coluna Destaques. Ainda,<br />
abrilhantando essa coluna e com o mesmo propósito e mérito,<br />
destaco a matéria “O Evangelho de São João e o Salmo 133”, de<br />
autoria do meu Confrade e Padrinho na Academia Maçônica de<br />
Letras de Mato Grosso do Sul, o acadêmico Jeová Neves<br />
Carneiro. Chamo especial atenção <strong>para</strong> a matéria de minha<br />
lavra, ilustrando a coluna Trabalhos, “O Processo Pedagógico<br />
Maçônico”, que visa conscientizar os <strong>Irmãos</strong> de que nossa<br />
Ordem, por ser uma Escola de Iniciação e ter suas instruções<br />
baseadas em símbolos, visa ao despertar do nosso mental<br />
abstrato, levando-nos a buscar sua interpretação nas<br />
entrelinhas, e não na letra que mata.<br />
Na coluna Os Grandes Iniciados, a matéria “Os<br />
Essênios”, de autoria de Giselda Sbragia, revela<br />
peculiaridades de uma das Escolas de Mistérios por onde<br />
passou Jeoshua Ben Pandira, Jesus, o Cristo, durante seu<br />
processo de Iniciações, período dos 14 aos 30 anos, até se<br />
manifestar como o Avatara da Era de Piscis.<br />
De autoria de Silvestre da Costa, a matéria que<br />
ilustra a coluna Reflexões, intitulada “Seja Feliz”, é a<br />
expressão mais sincera de nossa Revista Arte Real aos nossos<br />
diletos leitores. Como “Normal” é o que não foge, em termos<br />
de comportamento, à regra da maioria das pessoas,<br />
convocamos a todos a ecoarem nosso “Grito de Alerta”, na<br />
tentativa de reverter esse quadro caótico, a fim de que a<br />
dignidade, a honradez, o respeito ao próximo, o altruísmo, a<br />
moralidade, a ética, enfim, os bons exemplos voltem a ser os<br />
valores “Normais” de uma pátria, que, embora, ainda,<br />
desconheça tal fato, por força da Lei Divina, está destinada a<br />
ser o berço de uma nova civilização e da manifestação do<br />
Avatara da Era de Aquarius.<br />
Ah, sim! Você lembra em quem votou nas últimas<br />
eleições? Bem, deixa isso pra lá!<br />
Temos um encontro marcado na próxima edição!?<br />
Os Grandes Iniciados - Os Essênios.........................................7<br />
Ritos Maçônicos - Grande Priorato do Brasil.........................9<br />
Trabalhos - O Processo Pedagógico Maçônico.........................10<br />
- São João Padroeiro da Maçonaria.......................11<br />
- A Acolada na Consagração e na Investidura....13<br />
Reflexões - A Crise.....................................................................13<br />
- Seja Feliz.................................................................13
A Bem da Ordem, da Verdade e do Conhecimento<br />
em sido muito discutida a origem da Maçonaria,<br />
Ttema, aliás, caprichosa e excessivamente abordado,<br />
com relatos e com devaneios absurdos. Há,<br />
porventura, aqueles que acham que sua existência já era<br />
notada no Paraíso, no Éden, sendo o primeiro Maçom,<br />
Adão. Daí poder escalar todos os descendentes bíblicos é,<br />
apenas, pegar de lápis e papel e lá colocar que fulano,<br />
sicrano ou beltrano eram maçons. Aliás, o papel aceita<br />
qualquer espécie de texto, do lógico ao ilógico, do<br />
verossímil ao mais inverossímil.<br />
Pois, bem, o mais aceito e mais facilmente<br />
documentável é sua existência vir das corporações,<br />
formadas de hábeis e diversos trabalhadores, que deteriam<br />
seu mister em segredos pessoais, <strong>para</strong> assim valorizarem<br />
sua arte e seus nomes. Alguém, até hoje inominado,<br />
resolveu cooptar 2, 3 ou mais hábeis trabalhadores, <strong>para</strong>,<br />
juntos, desenvolverem seus conhecimentos e misteres,<br />
pois, assim, ficariam mais fortes ainda. Nascem as<br />
corporações, pois a idéia é de forte base.<br />
Essas corporações de trabalhadores manuais, por<br />
certo se espelharam em corporações, inúmeras, já<br />
existentes, de ordens religiosas, filosóficas, alquimistas,<br />
etc. Nelas, era mais facilmente recrutável o elemento<br />
humano, sem a especificidade de ser religioso, de ser<br />
alquimista, etc., talvez, por isso, tenha-se tornado maiores<br />
e mais numerosas, quanto mais diversos eram seus<br />
componentes.<br />
Estes se reuniam mais intensamente em tabernas.<br />
Estas tinham uma função social muito importante naquela<br />
época (período medieval); serviam <strong>para</strong> descontraídas<br />
reuniões de entidades associativas e de intelectuais, <strong>para</strong><br />
trocas de idéias e <strong>para</strong> o aperfeiçoamento.<br />
Quando e como resolveram dar a nomenclatura de<br />
Maçonaria, ou a primeira corporação a assumi-la, jamais<br />
me atreverei a dizer, pois, de todos os relatos, havidos de<br />
contemporâneos de menos de um século, nenhum tem a<br />
afirmativa concreta.<br />
Todavia, com certeza, podemos falar da Ordem<br />
Maçônica a partir de 1715, mais precisamente, a partir de<br />
1717, quando foi criada a primeira Potência Maçônica, em<br />
24 de junho (numa quinta-feira, dentro do solstício de<br />
verão e das festas de São João Batista), a qual se chamaria<br />
Grande Loja de Londres, formada por 04 lojas antigas,<br />
cujos nomes eram retirados das tabernas onde se reuniam:<br />
The Goose and Gridiron (O ganso e a grelha), The Aplle<br />
Tree (A Macieira), The Crown (A Coroa) e The Rummer<br />
and Crapes (O Copo e as Uvas).<br />
Outro fator, que viria sedimentar a Maçonaria, foi a<br />
criação do primeiro Templo Maçônico, com a pedra<br />
fundamental, lançada a 1º de Maio de 1775 (numa segundafeira),<br />
inaugurado e consagrado a 23 de Maio de 1776 (uma<br />
quinta-feira). Este Templo, ou Templos (pois eram vários) eram<br />
Fernando Gueiros<br />
chamados de Freemasons Hall. Já se haviam passados quase 59<br />
anos, desde a criação da Grande Loja Inglesa.<br />
Ainda, por curiosidade, no lançamento dessa Pedra<br />
Fundamental, foi colocada uma placa com a seguinte<br />
inscrição:<br />
“Anno Regni Georgii Tertii Quindecimo, Salutis<br />
Humanae, MDCCLXXV, Mensis Maii Die Primo, Hunc Primum<br />
Lapidem, Aulae Latomorum (Anglice, Free and Accepted Masons)<br />
Posuerit Honoratissimus Rob. Edv. Dom. Petre, Baro Petre, de<br />
Writlle, Summus Latomorum Angliae Magister; Assidentibus Viro<br />
Ornatissimo Rowlando Holt, Argimero, Summi Magistri<br />
Deputato; Viris Ornatissimis Joh, Hatch, Et Hen, Dagge, Summis<br />
Gubernatoribus; Plenoque Coram Fratrum Concursu; Quo Etiam<br />
Tempore Regum, Pricipiumque Virorum Favore, Studioque<br />
Sustentatum – Maximus Per Europam Honores Occupaverat<br />
Nomem Latomorum, Cui Insuper Nomini Summum Angliae<br />
Conventum Praeesse Fecerat Universa Fratrum Per Ordem<br />
Multitudo e Coelo Descendit”.<br />
Surgia, assim, a Maçonaria ordenada, com Leis e Diretriz.<br />
Outra mudança, que se tornaria fundamental <strong>para</strong> a Maçonaria<br />
Universal, e não, apenas, <strong>para</strong> a Inglesa, como assim pretendia, foi<br />
a criação da Potência Maçônica Francesa, dissociada da pretensão<br />
de uma Maçonaria obediente à lógica inglesa. Fez-se, a partir daí,<br />
uma Revolução Maçônica, diria, até, um cisma.<br />
Esta é a Maçonaria não-mitificada ou mistificada,<br />
todavia, ressalto ser fundamental entendê-la como um “ser<br />
vivente”. Ela pulsa, ela pensa, ela vibra. A Maçonaria está dentro<br />
de nós. Ai daquele que pensa estar dentro da Maçonaria! Ai<br />
daquele que pensa que Grau Honorífico significa sapiência<br />
máxima! Este, jamais, deveria passar do segundo grau, talvez,<br />
nem devesse ter sido elevado, quanto mais exaltado.<br />
Usa a Maçonaria e os Maçons a tripontuação, que<br />
significaria: O “Ne Varietur” (<strong>para</strong> que não se mude). A<br />
tripontuação foi muito usada no final dos textos canônicos<br />
por inúmeras editorias e editoras, <strong>para</strong> autenticá-los e <strong>para</strong>,<br />
nunca, nada ser mudado, permanecendo sua autenticidade.<br />
Usavam tanto o termo em latim "Ne Varietur", que alguns<br />
pensam ser francês, pronunciando Né Varieté, quanto a<br />
seqüência de três pontinhos (∴) Deverá haver, porventura,<br />
outras explicações, que espero aprender.<br />
"Saber hoje mais do que ontem.” ?<br />
a b
O Evangelho de São João e o Salmo 133<br />
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos habitem em união. É como<br />
o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que<br />
desce à orla de seus vestidos. Como o orvalho do Hermon, que desce sobre o monte de<br />
Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida <strong>para</strong> sempre!”<br />
egundo alguns autores, a Maçonaria nasceu, cresceu<br />
e floresceu à sombra da Igreja, inicialmente, a<br />
S Católica Romana, e, posteriormente, a Anglicana, a<br />
partir de 1539.<br />
A Maçonaria especulativa tem suas origens na<br />
Inglaterra, quando, em 24 de junho de 1717, ocorre a<br />
unificação da Maçonaria Inglesa, a partir da união de<br />
quatro Lojas Maçônicas, originando o Grande Loja de<br />
Londres, posteriormente, a<br />
Grande Loja Unida da<br />
Inglaterra, em 1813.<br />
Na Maçonaria, os<br />
ensinamentos internos<br />
sempre foram influenciados<br />
pela Igreja. Em 1290, o rei<br />
Eduardo I expulsou os<br />
Judeus da Inglaterra (Grã-<br />
Bretanha); com isso, tudo o<br />
que era relacionado ao<br />
Velho Testamento foi banido<br />
juntamente com os Judeus.<br />
Segundo Assis<br />
Carvalho & Salles Paschoal,<br />
o primeiro volume da Lei<br />
Sagrada, colocado em um<br />
Altar Maçônico, foi<br />
manuscrito do Evangelho, Segundo São João.<br />
A primeira Bíblia impressa é a Alemã, por Guttenberg,<br />
em 1534, e a primeira impressa em inglês é de 1545. Na<br />
Inglaterra, portanto, só constava o Novo Testamento. O<br />
Evangelho, Segundo São João, passou <strong>para</strong> a posteridade da<br />
Maçonaria como sendo o Volume da Lei Sagrada.<br />
Jeová Neves Carneiro*<br />
O retorno dos Judeus à Inglaterra ocorreu a partir do ano<br />
de 1756, logo o Salmo 133 só veio <strong>para</strong> a Maçonaria recentemente.<br />
O uso da Bíblia depende de cada Rito. No Rito de<br />
York, por exemplo, Ela é aberta, porém sem leitura. No Rito<br />
Alemão (Schröder), não se abre a Bíblia. No Rito Francês ou<br />
Moderno, foi abolido o uso da Bíblia na França. No Brasil,<br />
Ela retornou ao Triângulo dos Compromissos, em 08 de<br />
setembro de 1969, porém fechada.<br />
No Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), é aberta em<br />
São João, onde são lidos os<br />
primeiros versículos (1, 1-5).<br />
No Brasil, adotou-se o Salmo<br />
133. A adoção do Salmo 133<br />
partiu das Grandes Lojas,<br />
após a cisão de 1927;<br />
posteriormente, foi adotado<br />
por outras Potências.<br />
A leitura do<br />
Evangelho iniciava pelo<br />
primeiro capítulo e pelo<br />
primeiro versículo – “No<br />
início era o verbo, e o verbo<br />
estava com Deus, e o verbo<br />
era Deus. Ele estava no<br />
princípio com Deus. Todas as<br />
coisas foram feitas por Ele e,<br />
sem Ele, nada existiria. NEle estava a vida, e a vida era a Luz<br />
dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a<br />
compreenderam”.<br />
Esses versículos representam, na realidade, a vitória<br />
da Luz sobre as Trevas. Segundo alguns autores, são<br />
fundamentais <strong>para</strong> o Grau de Aprendiz.
Salmo 133: “Oh! Quão bom e quão suave é que os<br />
irmãos habitem em união. É como o óleo precioso sobre a<br />
cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que<br />
desce à orla de seus vestidos. Como o orvalho do Hermon,<br />
que desce sobre o monte de Sião, porque ali o Senhor<br />
ordena a bênção e a vida <strong>para</strong> sempre!”.<br />
Quando da abertura dos trabalhos no Grau de<br />
Aprendiz, o Mestre de Cerimônias conduz o Irmão Orador<br />
ao Altar dos Juramentos, <strong>para</strong> a abertura do Livro da Lei e<br />
leitura do Salmo 133, que exulta a união entre os irmãos.<br />
Salmo, do grego psalmos, tem o significado de<br />
instrumento musical feito de cordas. SALMO foi o nome<br />
dado aos hinos, destinados aos serviços corais do templo ou<br />
sinagogas de Israel. Em outras palavras, salmo significa<br />
cântico com o acompanhamento de um instrumento de<br />
cordas.<br />
O Livro dos Salmos é uma coleção de 150<br />
composições poéticas, as quais, através dos gêneros<br />
literários, apresentam conteúdo exclusivamente religioso.<br />
Manifestam os mais variados sentimentos e<br />
circunstâncias, júbilo e pranto, triunfos e derrotas,<br />
tranquilidade e angústia, agradecimento e louvor, sempre<br />
com profunda suavidade.<br />
O SALMO 133, Cântico dos Degraus de Davi,<br />
também, conhecido como o Salmo dos Peregrinos, é a<br />
peregrinação que faz o irmão <strong>para</strong> refrigerar sua alma,<br />
<strong>para</strong> fortalecer o seu corpo espiritual.<br />
Descrevendo os termos citados no Salmo 133, tais<br />
como o óleo (“... é como o óleo precioso...”), era um<br />
perfume raríssimo, cuja fórmula era segredo da tribo de<br />
Levi, à base de óleo de oliva, mirra, canela aromática,<br />
cálamo aromático, cássia e várias especiarias, era <strong>para</strong> ser<br />
usado unicamente pelo Sacerdote; como “... a barba de<br />
Arão...”, pois a barba era considerada símbolo da<br />
austeridade moral. Os Israelitas, a que pertencia Arão,<br />
evidenciavam especial estima pela barba; a ela conferiam<br />
forte merecimento, que externava, pela sua aparência, sua<br />
própria dignidade; como “... Arão...”, por ser Ele membro<br />
da tribo de Levi, irmão de Moisés e seu principal<br />
colaborador, quando da libertação do jugo dos egípcios,<br />
possuindo um peso próprio na tradição bíblica, devido ao<br />
seu caráter de patriarca e fundador da classe sacerdotal<br />
dos judeus; como “... que desce à orla de seus vestidos...”,<br />
já que essas vestes se revestiam de especial significado<br />
litúrgico e ritualístico, pertencendo àqueles que tinham por<br />
missão exercitar atos religiosos; “... o orvalho...”, porque<br />
representa todo o esplendor da natureza, com suas gotículas,<br />
os nutrientes da terra ávida de alimento; como “...do<br />
Hermon...”, uma vez que o Hermon é o ponto culminante do<br />
Maciço rochoso, situado ao sul-sudeste do Líbano, do qual se<br />
se<strong>para</strong> por um vale profundo e extenso, onde se cultivam<br />
cereais e frutos em abundância, em função do referido<br />
orvalho, que desce do topo desse monte, formando inúmeros<br />
regatos; como “...monte de Sião...”, já que tal monte é<br />
chamado de Monte de Deus; o Senhor o escolheu <strong>para</strong> sua<br />
morada, constituindo um refúgio seguro e inabalável; como<br />
“... porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida <strong>para</strong><br />
sempre...”, pois a benção é a invocação das graças de Deus<br />
sobre o ser que a recebe. Para os Semitas, ela possui força<br />
própria, por isso é capaz de despertar a sua potencialidade<br />
energética, carregada de energia dinâmica e magia.<br />
Meus irmãos, após esse breve relato sobre o Salmo<br />
133, conclui-se não ser simplesmente, a leitura que vai<br />
produzir os efeitos almejados por Davi; as palavras escritas<br />
devem ser analisadas, e seu conteúdo compreendido em<br />
todo o seu significado!<br />
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos<br />
habitem em união!”.<br />
Pertinente essa peça do Ir∴Jeová, subsídio aos<br />
"puristas" do R∴E∴A∴A∴. Vale a pena ilustrar a instrução<br />
com um texto do Castellani:<br />
"No verdadeiro Rito Escocês Antigo e Aceito, a<br />
abertura (e leitura) do Livro da Lei é feita no Evangelho de<br />
São João, 1, 1-5, já que esse texto, que mostra a vitória da Luz<br />
sobre as trevas, é fundamental <strong>para</strong> o 1° Grau, no Real<br />
Escocismo, em todo o mundo. Um costume, que,<br />
introduzido pelas Grandes Lojas brasileiras, a partir da sua<br />
instalação (em 1927, após cisão no Grande Oriente do Brasil),<br />
acabou sendo seguido pelo Grande Oriente, atingindo, até,<br />
algumas Obediências no exterior: a leitura do Salmo 133 (da<br />
Fraternidade), embora muito bonito e sugestivo, não é usado<br />
no original Rito Escocês."<br />
O Rito Escocês Antigo e Aceito História - Doutrina -<br />
Prática - Editora "A Trolha" Ltda. 2ª Edição - 1996, pg. 236, n. 8. ?<br />
*Membro Efetivo da AMLMS - Academia Maçônica de Letras de<br />
MS - Titular da Cadeira Vitalícia nº 20<br />
a b
O Homem Passa, Mas Seu Trabalho é Imortal<br />
O<br />
Sul de Minas, através da 14ª Inspetoria Litúrgica<br />
do Supremo Conselho do Grau 33º do R∴E∴A∴<br />
A∴ da Maçonaria <strong>para</strong> a República Federativa do<br />
Brasil, sente-se devidamente orgulhoso, por ter sido o<br />
palco de uma justa e merecida homenagem prestada a um<br />
Irmão que dedicou sua vida à Maçonaria e à causa<br />
DeMolay.<br />
Antes mesmo de falarmos da homenagem,<br />
faremos uma breve apresentação do homenageado. Sim,<br />
breve, porque, se fôssemos abordar, apenas, suas virtudes,<br />
nos obrigaria lançarmos uma edição especial. Trata-se do<br />
querido e saudoso Maçom e DeMolay João Alexandre<br />
Rangel de Carvalho, 33º. Em sua curta trajetória de trinta e<br />
sete anos de existência nesse plano terreno, pôde angariar<br />
uma seleta plêiade de amigos e <strong>Irmãos</strong>.<br />
Quis o G∴A∴D∴U∴ que, na última segundafeira<br />
de 2008, dia 29 de dezembro, fosse o dia de seu<br />
embarque rumo ao Oriente Eterno. Em meio às<br />
comemorações natalinas e de final de ano, semana, em que<br />
nos despedíamos do Ano Velho e nos preparávamos <strong>para</strong><br />
um esperançoso Ano Novo, nossos corações ficaram<br />
partidos, porque não dizer dilacerados, com a abrupta<br />
notícia do passamento do nosso querido Irmão João<br />
Alexandre.<br />
A notícia repercutiu de forma<br />
estonteante, pegando a todos de<br />
surpresa. Na Internet, roubou a atenção<br />
e a alegria de todos nós. Durante<br />
semanas, foi o assunto principal em<br />
todas as listas maçônicas e de<br />
DeMolays de todo o Brasil. Já<br />
passados quase seis meses do fato,<br />
ainda, é difícil lembrar o episódio<br />
sem não nos emocionarmos.<br />
Apesar de sua pouca idade,<br />
dedicou mais de 23 anos de intensa vida<br />
à Ordem, marcada por dedicação,<br />
profissionalismo, respeito ao próximo e muita<br />
alegria.<br />
Deixou um vasto currículo que preenche quase<br />
trinta laudas, compreendendo diversos cursos e cargos<br />
ocupados. Uma infinita lista de premiações, comendas,<br />
diplomas, honrarias, participação em Encontros,<br />
Congressos, Seminários no Brasil e no exterior, na<br />
Maçonaria Simbólica e Filosófica, na Ordem DeMolay, na<br />
Ordem Internacional das Filhas de Jó e na Ordem<br />
Internacional Estrela do Oriente. Além das Ordens<br />
Maçônica e ParaMaçônica, também, foi atuante no Rotary<br />
Clube do Rio de Janeiro, Jacarepaguá, onde foi presidente.<br />
Em 25 de novembro de 2005, a Câmara Municipal<br />
da Cidade do RJ o condecorou com a Medalha “Pedro<br />
Ernesto”, em reconhecimento a seus relevantes serviços.<br />
Francisco Feitosa<br />
Professor Licenciado em Inglês e detentor de grande<br />
fluência na mesma, assessorou o Soberano Grande<br />
Comendador, como interlocutor, em quase todas as suas<br />
viagens ao exterior.<br />
Quando falamos dele, logo, vem-nos à lembrança seu<br />
peculiar sorriso, a alegria e a confiança com que encarava os<br />
mais difíceis desafios.<br />
Quando deixamos o Rio de Janeiro, há quase três<br />
anos, optando por melhor qualidade de vida,<br />
escolhemos morar no Sul de Minas Gerais.<br />
Assim que começamos a visitar as Lojas da<br />
região, a fim de estreitarmos os laços<br />
fraternais com nossos <strong>Irmãos</strong> mineiros,<br />
sabedores de nossa condição de Grande<br />
Inspetor Geral da Ordem, 33º, logo,<br />
sondaram-nos quanto à possibilidade<br />
da reativação de alguns Corpos<br />
Filosóficos existentes e da retomada<br />
dos estudos filosóficos, adormecidos<br />
por décadas, o que obrigava os <strong>Irmãos</strong> a<br />
se deslocarem cerca de 200 km, <strong>para</strong><br />
darem continuidade aos estudos do Rito<br />
Escocês, restando-lhes, ainda, a opção de fazêlos<br />
em um Supremo Conselho, que não o nosso..<br />
Tarefa difícil, sabíamos, principalmente, porque, na<br />
oportunidade, a região tinha a vacância de seu Inspetor<br />
Litúrgico. Tratava-se da 10ª Inspetoria, que abrangia todo o Sul<br />
de Minas, cujo território, <strong>para</strong> se ter uma idéia da dimensão, é<br />
bem maior do que todo o do estado do Rio de Janeiro.<br />
Consultamos nosso saudoso Irmão, então, Secretário<br />
Executivo do Supremo Conselho, quanto à possibilidade de nos<br />
ajudar nessa hercúlea empreitada <strong>para</strong> a reativação desses Altos<br />
Corpos, assunto, prontamente levado por ele ao conhecimento<br />
do Soberano Grande Comendador. E, ainda, naquele ano, na<br />
Reunião da Plenária da GLMMG, em setembro, em Belo<br />
Horizonte, foi empossado o Irmão Jorge Alfredo Félix Buttrós,<br />
33º, suprindo a vacância daquela Inspetoria.
Sua influência foi fundamental, nos auxiliando na<br />
reativação da Excelsa Loja de Perfeição Visconde do Rio<br />
Branco, no Oriente de São Lourenço, fato, ocorrido em<br />
março de 2008, com a presença de Comitivas do Supremo<br />
Conselho do RJ e BH. Observando a enorme dificuldade,<br />
<strong>para</strong> se administrar uma Região tão abrangente, foi um<br />
dos responsáveis direto pela divisão do Sul de Minas, em<br />
duas Regiões Litúrgicas, assessorando o Soberano Grande<br />
Comendador na criação da 14ª Inspetoria Litúrgica de<br />
MG, <strong>para</strong> a qual fomos empossado, em julho de 2008,<br />
abarcando a mesma 15 cidades. Com isso, facilitou, em<br />
muito, nosso trabalho, o que nos fez dar um salto<br />
qualitativo nos estudos do Rito, na região.<br />
Novamente nos socorremos do nosso saudoso<br />
Irmão, quando da reativação do Sublime Capítulo Rosa-<br />
Cruz Tufy Matuck, no Oriente de Caxambu, adormecido<br />
há mais de uma década.<br />
Lamentavelmente, o ano de<br />
2008 não foi, apenas, de vitórias. O<br />
Senhor dos Mundos o chamou<br />
<strong>para</strong> o Oriente Eterno, deixando<br />
uma lacuna que, até então, não se<br />
sabe como preenchê-la.<br />
Em reconhecimento ao belo<br />
exemplo de dedicação e<br />
profissionalismo, a 14ª Inspetoria<br />
Litúrgica, demonstrando sua<br />
eterna gratidão, ao fundar o<br />
Conselho de Cavaleiros Kadosch,<br />
prestando uma justa homenagem, escolheu como seu<br />
Patrono nosso querido e saudoso Irmão João Alexandre<br />
Rangel de Carvalho.<br />
O Conselho foi fundado na cidade Sul Mineira de<br />
Conceição do Rio Verde, no dia 18 de março de 2009, em<br />
homenagem à Ordem DeMolay, como reconhecimento por<br />
sua brilhante trajetória, ocupando quase todos os cargos,<br />
desde quando nela ingressou aos 14 anos de idade. O<br />
Conselho funciona no Templo da ARLS Justiça e Caridade<br />
nº 16, gentilmente cedido por seus valorosos Obreiros.<br />
Como seu primeiro presidente foi escolhido nosso<br />
Poderoso Irmão Francisco de Assis Chagas, 33º.<br />
No dia 16 de maio último, foi realizada a Sessão<br />
Magna de Instalação, Posse e Sagração do Templo, além da<br />
Iniciação de cinco <strong>Irmãos</strong> ao Grau 19. Antes, porém, foi<br />
realizada uma cerimônia pública, com a presença dos pais<br />
do Patrono, vindos, exclusivamente, do RJ <strong>para</strong> o evento, o<br />
nosso Irmão João Baptista de Carvalho, 33º, e a Cunhada<br />
Celis Maria de Carvalho. Na oportunidade, foram prestadas<br />
as homenagens ao Patrono, com entrega de placas<br />
comemorativas do evento aos seus pais e descerramento da<br />
cortina da Galeria de fotos do Supremo Conselho, onde se<br />
destaca a foto do Patrono do Conselho, e, também, com o<br />
discurso “João Alexandre: o que, por atuações valorosas,<br />
tornou-se imortal”, uma síntese comovente do perfil nobre<br />
desse emérito benfeitor, elaborado e proferido por quem o<br />
conheceu e, com ele, conviveu no Rio de Janeiro, o Irmão<br />
João Geraldo de Freitas Camanho, 33º.<br />
Representando a Ordem DeMolay, registramos as<br />
presenças de nossos Sobrinhos Marcelo e Gustavo,<br />
companheiros inseparáveis do homenageado. Nosso<br />
Soberano Grande Comendador,<br />
impossibilitado de se fazer presente,<br />
porém sensibilizado com a justa<br />
homenagem, nomeou o Membro<br />
Efetivo e Soberano Grande Inspetor<br />
Litúrgico da 1ª Região, nosso querido<br />
Irmão Carlos Roberto Roque, 33º, que<br />
muito nos tem contribuído <strong>para</strong> o<br />
sucesso desta Inspetoria, <strong>para</strong><br />
presidir, mais uma vez, uma Comitiva<br />
de <strong>Irmãos</strong> de BH e representá-lo.<br />
As cerimônias pública e<br />
maçônica foram banhadas de muita<br />
emoção. Sua presença, embora em outro plano, pôde ser<br />
perfeitamente sentida. O carinho, com que tudo foi<br />
realizado, demonstrou enorme gratidão de todos em poder<br />
homenagear um Irmão singular, que, ainda, em vida, tornouse<br />
imortal por sua conduta, carisma e dedicação a tudo em<br />
que se propôs a fazer.<br />
Imortalizar o João, dando-lhe o nome ao Conselho de<br />
Cavaleiros Kadosch, não foi mais do que uma obrigação da<br />
14ª Inspetoria, por tudo que recebeu desse Irmão.<br />
Sei que a Ordem DeMolay e a Maçonaria Universal,<br />
em especial nosso Supremo Conselho, uniram-se a nós nessa<br />
merecida homenagem e, assim como nós, sentem-se<br />
honrados com essa justa e merecida homenagem.<br />
O homem passa, mas seu trabalho é imortal! ?<br />
a b<br />
Os Essênios<br />
Os essênios fazem parte de uma seita de judeus, que viviam numa área próxima<br />
de Qumrân, entre os quais Cristo teria passado sua juventude, até a idade de<br />
trinta anos. O termo essênio deriva de uma palavra síria, significando médico,<br />
pois eles tinham como objetivo a cura dos doentes da mente, da alma e do corpo. Era<br />
uma associação de iniciados nos mistérios da lei de Moisés, o grande manu do povo<br />
hebreu.<br />
Os historiadores admitem que se originaram do Egito, ou, ainda, mais ao<br />
Oriente, pois a maneira como jejuavam, meditavam ou oravam, em muito, assemelhava-<br />
Giselda Sbragia
se à usada por todos os homens sagrados do Oriente longínquo.<br />
O objetivo maior dos essênios era tornarem-se templos do<br />
Espírito Santo, o que só podia ser atingido mediante o progresso<br />
gradual da santidade, alcançado através da observância estrita<br />
dos Mandamentos e das Leis levíticas de pureza, contidas no<br />
Pentateuco, mortificando a carne e seus desejos e sendo<br />
humildes e pobres, já que isso os levaria à comunhão mais<br />
próxima com Deus. O rigor crescente na observância das rígidas<br />
Leis mosaicas obrigou os essênios a se retirarem totalmente do<br />
convívio de seus confrades judeus, <strong>para</strong> formarem uma<br />
comunidade à parte e viverem se<strong>para</strong>dos do mundo, já que o<br />
contato com qualquer pessoa, que não as praticasse, ou com<br />
qualquer coisa, que pertencesse a tal pessoa, tornava-os<br />
impuros.<br />
Eles se dividiam internamente em duas categorias: uma<br />
de homens celibatários e outra de homens casados. Estes<br />
últimos, jamais, podiam ocupar os<br />
postos mais elevados da irmandade.<br />
Ao se se<strong>para</strong>rem da nação judaica, o<br />
que quer que uma pessoa possuísse<br />
era depositado no tesouro comum, do<br />
qual as necessidades de toda a<br />
comunidade eram atendidas, por<br />
igual, por despenseiros nomeados<br />
pela irmandade. Não havia distinção<br />
entre eles; ricos e pobres, amos e<br />
servos viviam em paz entre si e<br />
reprovavam a escravidão e a guerra.<br />
Eram governados por um presidente<br />
eleito por toda a comunidade, que,<br />
também, agia como juiz.<br />
Como era contrário às leis da<br />
pureza levítica comprar qualquer coisa de quem não as<br />
praticasse, tinham de conseguir o suprimento de todas as suas<br />
necessidades entre eles próprios.<br />
Sendo o celibato a regra do Essenismo, as fileiras da<br />
irmandade tinham de ser preenchidas por recrutas da<br />
comunidade judaica em geral. Preferiam adotar crianças,<br />
educadas com o máximo cuidado, ensinando-lhes as práticas da<br />
Ordem. Cada candidato adulto tinha de passar por um<br />
noviciado de dois estágios, que se estendia por três anos, antes<br />
que pudesse, afinal, ser admitido na Ordem. Ao entrar no<br />
primeiro estágio, que durava doze meses, o noviço tinha de<br />
entregar todas as suas posses ao tesouro comum. Então, recebia<br />
uma cópia dos regulamentos da irmandade, bem como uma pá,<br />
a fim de enterrar seus excrementos; um avental, usado nas<br />
purificações, e um manto branco, <strong>para</strong> vestir durante as<br />
refeições, como símbolos da pureza. Durante esse período, não<br />
era admitido às refeições comuns. Se, ao término desse estágio, a<br />
comunidade julgasse que o noviço se tinha saído<br />
apropriadamente durante o ano de provação, era admitido no<br />
segundo estágio, que durava dois anos, e chamado de<br />
a b<br />
postulante. Durante esse período de dois anos, era admitido a um<br />
convívio mais próximo com a irmandade e partilhava de seus ritos<br />
de purificação. Mas, ainda, não era aceito nas refeições comuns,<br />
nem em qualquer ofício. Se passasse satisfatoriamente pelo<br />
segundo estágio de provação, o postulante tornava-se associado ou<br />
membro completo da sociedade, quando era recebido na<br />
irmandade e partilhava da refeição comum.<br />
Antes, porém, de ser admitido a um convívio íntimo,<br />
tinha de vincular-se por um juramento dos mais solenes (sendo<br />
esta a única vez em que os essênios usavam um juramento), <strong>para</strong><br />
observar três coisas:<br />
1. Amor a Deus;<br />
2. Justiça misericordiosa <strong>para</strong> com todos os homens;<br />
3. Pureza de caráter, o que implicava humildade, amor à<br />
verdade, ódio à falsidade, rigorosa discrição quanto aos estranhos,<br />
a fim de não divulgar as doutrinas secretas a pessoa alguma.<br />
Os três estágios, que consistiam<br />
no candidato, no postulante e no<br />
associado, eram subdivididos em<br />
quatro ordens, distinguidas umas das<br />
outras pelo grau de santidade. Tais<br />
distinções eram tão marcantes e sérias,<br />
que, se uma pessoa, pertencente a um<br />
grau mais elevado de pureza, tocasse<br />
uma de ordem inferior, imediatamente,<br />
tornava-se impura e só poderia<br />
reconquistar sua pureza por meio de<br />
purificações.<br />
A partir do início do noviciado<br />
até a obtenção do mais alto estado<br />
espiritual, havia oito estágios diferentes,<br />
que marcavam o crescimento gradual<br />
da santidade. Assim, depois de aceito como noviço e de ter<br />
recebido o avental, símbolo da pureza, o candidato obtinha:<br />
1. o estado de pureza exterior ou corporal por batismos;<br />
2. o estágio que impunha a abstinência de relações sexuais,<br />
ou <strong>para</strong> o grau de santidade que lhe permitia praticar o celibato;<br />
3. o estágio de pureza interior ou espiritual;<br />
4. o estágio em que se exige o banimento de toda ira e<br />
malícia e o cultivo de um espírito humilde e modesto;<br />
5. Isto o levava ao ponto culminante de santidade;<br />
6. Nessa culminância, tornava-se o templo do Espírito<br />
Santo e podia profetizar;<br />
7. o estágio que o habilitava a efetuar curas milagrosas e a<br />
ressuscitar os mortos;<br />
8. finalmente, atingia a posição de Elias, o precursor do<br />
Messias.<br />
O símbolo dos essênios era composto por certo número de<br />
ferramentas de artífices, empregadas na construção de um templo<br />
dedicado ao Deus Vivo. O fato de possuí-las como símbolo<br />
evidencia que a Ordem foi a responsável pela criação da moderna<br />
Franco-Maçonaria. ?
Grande Priorato do Brasil*<br />
Ordens Unidas Religiosas, Militares e Maçônicas do Templo,<br />
de São João de Jerusalém, Palestina, Rodes e Malta<br />
Cavaleiros Templários e Cavaleiros de Malta - O<br />
título completo é: Ordens Unidas Religiosas,<br />
Militares e Maçônicas do Templo e de São João de<br />
Cavaleiro Templário: o Grau comemora as ações de<br />
um grupo de Cavaleiros aos quais foi concedido um lugar de<br />
hospedagem dentro dos sagrados recintos do Templo de<br />
Jerusalém, Palestina, Rodes e Malta. As Ordens se Salomão, por Baldwin II, Rei de Jerusalém, em 1118. O<br />
governam por um Grande Priorato.<br />
Candidato <strong>para</strong> a Armadura tem o caráter e vai vestido de<br />
Considerando esse título impressionante e a união de<br />
duas Ordens, que eram rivais, apesar de não inimigas,<br />
realmente, deve apreciar-se que nenhuma demanda se faz a<br />
qualquer conexão histórica com as Ordens Militares medievais.<br />
Apesar das referências mais antigas da atividade de Cavaleiro<br />
Maçônico Templário nas Ilhas Britânicas, encontram-se, na<br />
Irlanda, os arquivos conhecidos mais antigos na Inglaterra; estão<br />
em Portsmouth, fechados em 1777. Na maioria<br />
dos casos, esses rituais parecem ter sido<br />
trabalhados baixo a autoridade de Cartas<br />
Patentes, existentes de certos Capítulos do Real<br />
Arco, como Graus acessórios, e não estavam<br />
maçonicamente organizados em qualquer<br />
sentido estrito da palavra. Somente, em 1791,<br />
constituiu-se um Grande Conclave com Sete<br />
Acampamentos Independentes, quando Thomas<br />
Dunckerley foi instalado como Grão-Mestre.<br />
A expansão ao princípio foi sumamente<br />
lenta, particularmente, baixo a Grão Maestria de SAR, o Duque<br />
de Sussex (1812-1843), que não desejou convocar o Grande<br />
Conclave, e, por conseguinte, a atividade foi pequena até<br />
depois de sua morte. A razão <strong>para</strong> essa inatividade era,<br />
possivelmente, devida ao estado delicado dos assuntos<br />
maçônicos, imediatamente depois da União. As condições<br />
normais restauraram-se em 1845; o ritual foi estandardizado e<br />
houve um crescimento firme das Ordens Unidas. Atualmente,<br />
entra-se nas Ordens por convite, sendo altamente valorado. Os<br />
Graus praticados em mais de 490 Preceptorias, dependentes<br />
do Grande Priorato de Inglaterra, são:<br />
1. Cavaleiro do Templo (Cavaleiro Templário);<br />
2. (a) Cavaleiro de São Paulo ou o Passo do<br />
Mediterrâneo;<br />
(b) Cavaleiro de Malta.<br />
peregrino, exigindo-se dele sofrer um período de<br />
peregrinação e guerra, assim como assumir os votos de um<br />
Cruzado. Tendo-se comportado valentemente, institui-lhe<br />
que a penitência e a meditação são partes vitais na<br />
pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> a Cavalaria Cristã. Finalmente, recebe-o,<br />
arma-o e proclama-o como um Cavaleiro do Templo.<br />
Cavaleiro de São Paulo ou o Passo do Mediterrâneo:<br />
O Ritual dessa curta "passagem" de Grau nos informa que se<br />
constituiu por volta de 1367, em consequência<br />
de certa batalha, que envolve os Cavaleiros de<br />
São João de Rodes, ao cruzar o Rio Ofanto,<br />
tingido com o sangue de seus inimigos<br />
vencidos. Através da vitória, os Cavaleiros<br />
conseguiram o reconhecimento <strong>para</strong> passar por<br />
todo litoral mediterrâneo sem serem<br />
incomodados. O grau trabalhado atualmente se<br />
confina nas leituras dos Fatos dos Apóstolos.<br />
Cavaleiro de São João de Jerusalém,<br />
Palestina, Rodes e Malta: Esse Grau de Cavalaria Cristã<br />
relata a história dos Cavaleiros de Malta e sua longa luta<br />
contra o infiel. Abarca o período de tempo, desde que<br />
deixaram Jerusalém, até que chegaram a seu último destino<br />
na Ilha de Malta. Atrai-se a atenção de todos os candidatos à<br />
presença de cinco Oficiais, que assumem o papel de pessoal<br />
do Estado Maior do Grão-Mestre, enquanto outros<br />
representam as cabeças das oito repartições, em que,<br />
antigamente, estava dividida a Ordem. O ritual tem um<br />
significado esotérico óbvio, tratando da ressurreição mística.<br />
Qualificação:<br />
Cavaleiro Templário: ser Mestre Maçom e Maçom do<br />
Real Arco.<br />
Cavaleiro de Malta: ser Cavaleiro do Templo<br />
*Matéria publicada no site www.madras.com.br ?<br />
a b
A<br />
s instruções maçônicas se utilizam de uma<br />
metodologia de aprendizagem muito especial.<br />
Muitas vezes, não é suficiente lê-las <strong>para</strong><br />
compreendê-las. O processo é mais que analítico e envolve,<br />
além da instrução escrita, um conjunto de outros fatores,<br />
sem os quais não poderemos, de fato, captar sua<br />
verdadeira essência.<br />
Observa-se que toda instrução deve ser ministrada<br />
dentro de nossos Templos, em Loja aberta. Se tivéssemos<br />
que nos ater, apenas, ao que está escrito em nossos rituais,<br />
bastava, apenas, lê-los em nossa casa, pesquisar o assunto,<br />
fazer peças de arquitetura e enviar à Loja, como uma<br />
monografia. Processo, inclusive, utilizado em outras<br />
Ordens. Essa possibilidade de<br />
ensino a distância não existe<br />
na Maçonaria, justamente,<br />
porque se fazem necessários,<br />
além da instrução escrita,<br />
outros aspectos<br />
importantíssimos que<br />
compõem o processo<br />
pedagógico maçônico.<br />
Um desses aspectos é o<br />
Símbolo, que, no sentido lato,<br />
é a representação de um<br />
aspecto da verdade, que<br />
independe da estática da fé,<br />
mas decorre da cinética do<br />
raciocínio. É certo dizer,<br />
portanto, que símbolo, à luz<br />
da Ciência Iniciática das<br />
Idades, é a síntese de um aspecto da Verdade Única. E, por<br />
esta mesma razão, sua forma gráfica, numérica, pictórica<br />
ou qualquer outra, atravessa incólume as idades, sem<br />
sofrer, intrinsecamente, as modificações aparentes das<br />
idéias, descobertas e invenções, pois, como síntese de algo<br />
real e imutável, assim, permanece através dos séculos.<br />
Os símbolos, existentes em nossos Templos, têm<br />
uma finalidade mais ampla do que a decorativa. Todo<br />
símbolo, através de seu arquétipo, é uma vertente de<br />
energia. O Maçom interage com essa energia, essa<br />
informação oculta, que o símbolo emana. O estudo de<br />
nossas instruções, por si só, tem, apenas, uma atuação no<br />
intelecto, aspecto físico, enquanto o decifrar de um<br />
símbolo provoca, paulatinamente, um desenvolvimento no<br />
aspecto psíquico. As instruções, ministradas no Templo,<br />
em Loja aberta, sob a influência do egrégora milenar de<br />
nossa Ordem, completam o processo, atuando no plano<br />
mental, espiritual.<br />
Esse entendimento foi se perdendo e, hoje, é pouco<br />
transmitido aos AAp∴ e CComp∴ por nossos Mestres.<br />
Infelizmente, muitas vezes, os cargos de 1º e de 2º<br />
Vigilantes passam a ser, apenas, um caminho natural <strong>para</strong><br />
O Processo Pedagógico Maçônico<br />
Francisco Feitosa<br />
se chegar ao Veneralato. E as preocupações desses, que são<br />
diretamente responsáveis pelas instruções, lamentavelmente,<br />
têm sido bem outras.<br />
Para alcançarmos o perfeito entendimento de uma<br />
instrução maçônica, precisaremos fazer uso desse conjunto<br />
de fatores que estrutura esse especial processo pedagógico.<br />
Assim procedendo, nos tornaremos portadores das “Chaves”<br />
que abrirão as portas do perfeito entendimento. As<br />
chamadas Chaves do Conhecimento Iniciático.<br />
Utilizando-nos das mesmas, iremos interpretar um<br />
diálogo entre o Ven∴Mestre e o 1º Vig∴, sobre determinada<br />
Instrução do primeiro Grau, quando este responde àquele o<br />
que representam as doze Colunas que ladeiam o Ocidente:<br />
“os doze Signos do Zodíaco, isto é, as doze Constelações que o Sol<br />
percorre no espaço de um ano solar”.<br />
A Iniciação maçônica se<br />
expressa no caminhar do Iniciado<br />
através dessas Casas Zodiacais,<br />
que em nosso Templo,<br />
fisicamente, ladeiam o Ocidente,<br />
mas, em verdade, formam um<br />
cinturão zodiacal, como um<br />
círculo. Nascendo em Áries, 0º<br />
com relação ao equador celeste -<br />
eixo central do Templo cruzando<br />
desde a porta do Templo ao<br />
Trono do Ven∴ Mestre,<br />
percorrendo o lado Norte até<br />
Virgem, concluindo o Grau de<br />
Ap∴ e retornando a 0º. Daí tem<br />
início o Grau de Comp∴ que<br />
perpassará as colunas do lado sul, iniciando em 0º - Libra,<br />
símbolo da balança e do equilíbrio - atingindo seu ápice e<br />
chegando a Peixes, em 0º, novamente, portanto ao Mestrado,<br />
após vivenciar os equinócios e solstícios.<br />
Essas colunas, iniciando em Áries, formam um<br />
calendário astrológico, símile do calendário judaico religioso,<br />
que inicia em 21 de março. É o início do ano solar, embora a<br />
compreensão deste seja bem mais ampla.<br />
Início de um ciclo e começo de um grande trabalho<br />
de transformação moral. Os primeiros raios da Luz da<br />
Sabedoria começam a iluminar a mente do Aprendiz. Com<br />
essa Luz, nele se projetando, poderá observar, em sua<br />
silhueta, as deformações morais e iniciar o infinito trabalho<br />
de desbaste da Pedra Bruta. No Norte do Templo, não existe<br />
janela, pois a Luz vai, e não vem daquela direção.<br />
No período do equinócio de outono e do solstício de<br />
inverno, temos pouca incidência de Luz, com dias menores e<br />
noites longas. Com isso, o Aprendiz tende a meditar (diria<br />
eu, ”me ditar”), a conversar consigo mesmo. Refletindo,<br />
poderá iluminar a trilha da Iniciação com sua Luz Interior,<br />
embora, ainda, de muito pouco brilho. Essa fria e tenebrosa<br />
trilha produzirá os reflexos de sua própria imperfeição.
No lado Sul do Templo, há janelas que permitem buscava. Vencer o quartenário dos elementos é chegar ao<br />
alguns raios de Luz iluminarem, mais diretamente, a Mestrado, transformando-se em um Sol, <strong>para</strong> iluminar o<br />
mente e o coração do Comp∴, revelando-lhe os caminho de novos AAp∴ e CComp∴. Isso está muito<br />
primeiros mistérios da fonte inesgotável do saber<br />
bem relacionado à entrada triunfante do Mestre Jesus,<br />
maçônico. As Colunas deste lado do Templo estão<br />
em Jerusalém, montando um animal, um jumento. Nessa<br />
ligadas às Casas Zodiacais de Libra a Peixes. No<br />
alegoria, Ele, como uma 5ª Essência, mostra o domínio<br />
período do equinócio de primavera e do solstício<br />
sobre o quaternário da matéria.<br />
de verão, temos maior incidência de Luz, com<br />
“O Mestre aponta o caminho; o discípulo o segue<br />
dias maiores e noites mais curtas. A Luz<br />
sozinho, até encontrar, novamente, o Mestre, mas, dessa<br />
representa a retirada dos primeiros véus,<br />
vez, dentro de si mesmo.” (JHS.)<br />
desvelando, aos poucos, o mundo da<br />
O Mestre é um Sol latente no Iniciado,<br />
espiritualidade. Afastada a<br />
que surgirá gradativamente,<br />
ignorância moral pelos raios<br />
quando o mesmo perpassar as<br />
de Luz da Sabedoria, cada<br />
doze Casas Zodiacais, que tanto<br />
vez mais intensos, o seu<br />
valem como os Doze Trabalhos<br />
caminhar não mais palmilha o<br />
de Hércules ou, ainda, as doze<br />
solo, nem lhe exige uma só direção,<br />
pétalas do Chacra Cardíaco, que o<br />
porém a alvura do seu avental lhe<br />
Maçom, em direção ao Mestrado, terá<br />
recorda, constantemente, que,<br />
que superar e sublimar.<br />
ainda, ignora, por certo, o caminho que deve<br />
Após esta brevíssima interpretação sobre<br />
seguir.<br />
a resposta do 1º Vig∴ ao Ven∴ M∴, utilizando-nos<br />
Após perpassar todas as Casas do Zodíaco,<br />
deste conjunto de fatores, que compõe o processo<br />
o iniciado vence o quaternário dos elementos, aos pedagógico de nossa Ordem, percebemos que, de posse<br />
quais esses signos<br />
das Chaves do Conhecimento Iniciático, poderemos<br />
estão, diretamente, ligados. Com isso, encontra o 5º defrontar e decifrar os arquétipos da simbologia maçônica.<br />
elemento e, conseqüentemente, a 5ª Essência, que tanto Ficaremos por <strong>aqui</strong>! ?<br />
a b<br />
C<br />
omecemos por fazer algumas distinções: o São João, de<br />
que ouvimos falar, é o São João Batista, que batizou<br />
Jesus e teve sua cabeça decepada por ser fiel aos seus<br />
princípios. Esse Santo tem seu dia de comemoração, também,<br />
associado aos mistérios celestes, pois se comemora,<br />
exatamente, no dia do equinócio de inverno, ou seja, o dia<br />
mais curto do ano.<br />
O solstício de inverno, no hemisfério sul, ocorre a<br />
21 de junho, enquanto o de verão acontece a 21 de<br />
dezembro, invertendo-se no hemisfério norte, onde o de<br />
verão é em 21 de junho, e o de inverno, em 21 de<br />
dezembro. Por influência da Igreja, mentora das<br />
corporações, essas datas solsticiais acabaram confundindose<br />
com as dedicadas a São João, o Batista (24 de junho), e<br />
São João, o Evangelista (27 de dezembro), que não são,<br />
exatamente, as mesmas dos solstícios. E, graças a isso, os<br />
dois foram considerados patronos das corporações, hábito<br />
que chegou, em alguns casos, à Maçonaria dos Aceitos,<br />
também, chamada de “Especulativa”.<br />
O Batista, filho de Zacarias e Isabel, foi o precursor<br />
de Jesus, anunciando a vinda do Messias e batizando-O,<br />
no rio Jordão. Anatematizou Herodes e foi encarcerado<br />
por este. Depois, Herodíade, amante de Herodes, mandou<br />
que sua filha, Salomé, exigisse, dele, a cabeça do João<br />
São João – Padroeiro da Maçonaria<br />
Guilherme Rehder*<br />
Batista, que acabaria,<br />
então, sendo degolado, no<br />
ano 28 ou 29 da era atual.<br />
O Evangelista,<br />
filho de Zebedeu, foi,<br />
como seu irmão Tiago,<br />
um dos apóstolos de<br />
Jesus. Era um dos<br />
companheiros constantes<br />
de Jesus e um dos<br />
preferidos por Ele. Foi o<br />
primeiro a reconhecê-Lo<br />
ressuscitado na Galiléia.<br />
Depois do ano 58,<br />
instalou-se em Éfeso, de onde continuou sua pregação, tendo<br />
sido o último apóstolo a morrer, no fim do primeiro século<br />
da era cristã, sob o reinado de Trajano.<br />
De acordo com laguns historiadores, é em<br />
homenagem ao S. João Batista que as Lojas do Rito Escocês<br />
se dizem “Lojas de S. João”. E é em homenagem ao<br />
Evangelista, que, tradicionalmente, no Rito Escocês, abre-se o<br />
Livro da Lei Sagrada no Evangelho de São João, cap. 1, v. 1 a<br />
5, mostrando o triunfo da Luz sobre as trevas, texto básico<br />
<strong>para</strong> o Grau de Aprendiz.
Está feita a confusão: alguns historiadores<br />
associaram São João Batista como Patrono da Maçonaria,<br />
talvez, por ser o mais famoso e conhecido. Outros, o<br />
Evangelista, pelo fato de o mesmo ter sua data de<br />
comemoração associada ao solstício de verão, que ocorre<br />
em dezembro (data esta, em que eram eleitas às gestões<br />
das Lojas e, nesse solstício, a Maçonaria, também,<br />
realizava comemorações pela passagem do sol). Qual<br />
seria, então, o padroeiro? O Evangelista ou o<br />
Batista? E, se nenhum desses dois é Patrono da Maçonaria,<br />
quem o é? A quem nós abrimos nossas Lojas e<br />
trabalhamos sobre sua proteção? Atentai, belos IIr∴, há<br />
um terceiro São João, dentre tantos outros, o qual,<br />
dificilmente, é lembrado, não pelos Maçons, mas pelos<br />
profanos. No ano de 550 da era cristã, nasceu um menino<br />
na Ilha de Chipre, ao sul da Itália. Motivado por sua<br />
formação cristã e caridosa, o mesmo se encaminha <strong>para</strong><br />
Jerusalém, com a intenção de montar um hospital que<br />
atendesse aos peregrinos que iam à Terra<br />
Santa, <strong>para</strong> visitar o Santo Sepulcro. Este é<br />
São João Esmoler, filho do rei de Chipre,<br />
que abandonou a pátria e renunciou seu<br />
trono, <strong>para</strong> seguir <strong>para</strong> Jerusalém, a fim de<br />
socorrer aos peregrinos e aos valeiros.<br />
Nessa ocasião, ocorriam as<br />
sagradas Cruzadas, lideradas pelas<br />
Ordens de Cavalaria, em cujos métodos e<br />
conduta São João Esmoler, se inspirou.<br />
Veio a falecer no ano de 619, na cidade de<br />
Amatonto, na Ilha de Chipre. A história<br />
terminaria <strong>aqui</strong>, se fôssemos meros<br />
profanos, mas, <strong>para</strong> nós Maçons, iniciados<br />
na Arte Real, livres pensadores e<br />
perseguidores da verdade, a história não termina. Pois,<br />
ainda, resta-nos a pergunta: por que dedicar as Lojas a<br />
Ele? O que Ele fez em Jerusalém? Porque voltou a sua<br />
pátria? Ao sair de sua terra natal, levou o quinhão da<br />
fortuna de seu pai, que lhe era de direito, e, ao invés de<br />
viver uma vida sossegada, se deslocou <strong>para</strong> Jerusalém,<br />
onde construiu, com enorme dificuldade, um hospital<br />
<strong>para</strong> socorrer os enfermos.<br />
A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares, logo, foi<br />
transformada na Ordem dos Cavaleiros de Jerusalém, que,<br />
agora, não só tomava conta dos hospitais, mas também ia em<br />
socorro dos doentes e dos necessitados aonde quer que os<br />
mesmos se encontrassem. Essa Ordem sobreviveu durante<br />
anos, ganhando enorme respeito dos Templários da época.<br />
São João retornaria a sua pátria na Ilha de Chipre,<br />
por saber que a mesma estava à mercê de invasão dos turcos<br />
e o seu povo necessitava de ajuda. Nesse momento, a Ordem<br />
dos Cavaleiros de Jerusalém já andava com as suas próprias<br />
pernas.<br />
Em Jerusalém, também, fundou a Ordem dos<br />
Cavaleiros de Malta, que tinha a dupla função de proteger os<br />
hospitais, ajudando os enfermos e feridos, e de lutar pela<br />
manutenção da paz e preservação da independência de sua<br />
pátria.<br />
Os Cavaleiros de Malta foram conhecidos por seus<br />
atos como grandes defensores dos oprimidos e daqueles que<br />
precisavam de ajuda, assim como já eram os Cavaleiros de<br />
Jerusalém.<br />
Após a morte de São João e sua<br />
posterior canonização, a Ordem de Cavalaria<br />
Templária associaria, fortemente, São João de<br />
Jerusalém como seu patrono e, ao se lançar<br />
em campo <strong>para</strong> as batalhas, sempre se<br />
colocava sobre a proteção do mesmo.<br />
A Maçonaria copiou grande parte de<br />
seus ensinamentos e do modo de agir dos<br />
Templários e, também, associou São João<br />
como seu padroeiro, pois os ideais desse<br />
nobre homem, que foi elevado à condição de<br />
santo, combinavam com a doutrina maçônica<br />
de amor incondicional ao próximo e sua<br />
elevada determinação em lutar pela<br />
liberdade.<br />
Por isso, todas as Lojas são abertas e dedicadas, a São<br />
João de Jerusalém, sendo conhecidas como Lojas de São João.<br />
Pelo amor dele, que nos contagiou, trabalhamos <strong>para</strong><br />
socorrer àqueles que necessitam, como ele o fez, e levar a luz<br />
do conhecimento e da verdade a toda a humanidade.<br />
Sejamos como São João, pois, assim pode-se vislumbrar um<br />
futuro melhor <strong>para</strong> a nossa sociedade.<br />
*Guilherme Augusto Corrêa Rehder - ARLS Templários da<br />
Arca Sagrada nº 90 – GOSC ?<br />
a b
Acolada na Consagração e Investidura<br />
Cerimônia de sentido translato, provindo do simbolismo contido em cerimônias de<br />
conferências <strong>para</strong> doações e dotes recebidos pelos descendentes dos ascendentes, ainda,<br />
em vida, a fim de igualar às dos legítimos herdeiros, e que passou, por analogia, a ser<br />
utilizada pelas antigas Ordens de Cavalaria nas Cerimônias de Admissão e Recepção de um novo<br />
membro ou sua Colação de Grau Superior. Tal cerimônia consistia na aplicação de três pancadas.<br />
uma em cada ombro e uma na cabeça seguida de um ósculo da paz.<br />
Raimundo Pereira<br />
O Ósculo da Paz era uma prática dos antigos cristãos em atenção ao contido nos<br />
fechos das Epístolas de São Paulo, que diziam: “SALUTATE INVECEM IN OSCULO<br />
SANCTO” (Saudai-vos uns aos outros com o Santo Ósculo).<br />
A Ordem Maçônica adotou, em suas cerimônias de Consagração e Investidura, a<br />
Acolada, procedimento análogo ao realizado pelas Antigas Ordens de Cavalaria, que<br />
consiste na aplicação da Bateria do Grau com o malhete na lâmina da espada sobre a<br />
cabeça do recipiendário, seguida do Ósculo e do Tríplice Abraço fraternais pelo Venerável<br />
ou substituto, habilitado a Oficiar Iniciação nos Graus Simbólicos, após o juramento do<br />
iniciando e precedendo as proclamações. Nos Graus Filosóficos, a Acolada é executada<br />
pelo Presidente do Corpo, praticando a Bateria do Grau com a espada sobre o ombro direito do recipiendário, à<br />
semelhança das antigas Ordens de Cavalaria. Antigamente, os Maçons saudavam-se à moda dos antigos cristãos, com o<br />
Ósculo da Paz; na atualidade, esse procedimento caiu em desuso, deixando, lamentavelmente, de ser um uso e costume<br />
tradicional de nossa Sublime Instituição. ?<br />
a b<br />
N<br />
A Crise<br />
ão pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor bênção que<br />
pode ocorrer com as pessoas e países, porque traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o<br />
dia, da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.<br />
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".<br />
Albert Einstein<br />
Quem atribui a ela seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas<br />
do que às soluções. A verdadeira crise é a da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a<br />
esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise, não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem<br />
crise, não há mérito. É nela que aflora o melhor de cada um. Falar dela é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em<br />
vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora: a tragédia de não querer lutar <strong>para</strong> superá-la". ?<br />
a b<br />
Seja Feliz<br />
Silvestre da Costa<br />
O<br />
universo inteiro conspira <strong>para</strong> que as pessoas se encontrem e resgatem algo uma com as outras. Discutir o que cada um<br />
nos traga, não nos mostrará nada, e, ainda, far-nos-á perder tempo demais, desperdiçando o de conhecer a alma dessa<br />
pessoa. Conhecer a alma significa conhecer o que sentem, o que, realmente, desejam de nós ou o que buscam no mundo,<br />
pois, só assim, poderemos tê-las por inteiro em nossa vida. A amizade é algo que importa muito na vida do ser humano; sem esse<br />
vínculo, não teremos harmonia nem paz.
Preste bastante atenção em todas as pessoas, elas<br />
poderão estar trazendo a sua tão esperada felicidade.<br />
Quando sentir que alguém não lhe agrada, dê uma<br />
segunda chance de conhecê-la melhor, você poderá ter<br />
muitas surpresas, cedendo mais uma oportunidade.<br />
Ninguém conhece ninguém; nada, nessa vida, acontece<br />
por acaso, pois ninguém chega até nós e permanece em<br />
nossa vida por uma simples coincidência.<br />
As pessoas, que entram em nossas vidas, sempre<br />
entram por alguma razão, algum propósito. Pessoas nos<br />
encontram ou nós as encontramos meio sem querer; não<br />
há programação da hora em que as encontraremos. Assim,<br />
tudo o que podemos pensar é que existe um destino, onde<br />
cada um encontra o importante <strong>para</strong> si mesmo.<br />
Ainda que a pessoa, que entrou em nossas vidas,<br />
não nos ofereça nada, não entrou por acaso, não está<br />
passando por nós, apenas, por passar.<br />
Precisamos de amigos <strong>para</strong> nos ensinar a<br />
compartilhar, a nos conduzir, a nos alegrar e, também, a<br />
cumprir nossa maior missão <strong>aqui</strong> na Terra: “amar ao<br />
próximo como a si mesmo“. Para que isso aconteça, é<br />
preciso que nos aceitemos em primeiro lugar, depois,<br />
olhemos <strong>para</strong> o próximo e enxerguemos o nosso reflexo.<br />
Quando sentir que alguém é especial <strong>para</strong> você,<br />
diga-lhe o que você sente e terá feito um momento de<br />
felicidade na vida desse alguém. Há pessoas que entram<br />
na nossa vida de maneira tão estranha, que nos intrigam<br />
até. Mas cada uma delas é especial, mesmo que o<br />
momento seja breve; com certeza, elas nos deixarão<br />
alguma coisa de bom. Não deixe de observar a sua vida,<br />
comece a recordar todas quantas já passaram por você e o<br />
que cada uma já deixou.<br />
Não deixe <strong>para</strong> fazer as coisas amanhã, poderá ser<br />
A<br />
tarde demais. Faça, hoje, tudo o que tiver vontade. Abrace a<br />
sua esposa, os seus filhos, seus pais, os seus irmãos, a sua<br />
namorada, seus amigos, dê um grande sorriso <strong>para</strong> todos,<br />
até <strong>para</strong> o seu inimigo, se o tiver. Se estiver amando, ame pra<br />
valer, viva cada minuto desse amor, sem medir esforços.<br />
Você estará buscando a sua própria identidade, que<br />
foi sendo construída aos poucos, de momentos que<br />
aconteceram em sua vida e que, até hoje, interferem em seu<br />
caminho. Passamos por vários momentos em nossa vida, que<br />
nos marcam de uma forma surpreendente, nos transformam,<br />
nos comovem, nos ensinam e, muitas vezes, machucam-nos<br />
profundamente.<br />
Seja alegre todas as manhãs, mesmo que o dia não<br />
prometa nada de novo, pois, só assim, você está passando pelo<br />
planeta Terra, sem deixar nenhum resquício de magoa, porque,<br />
um dia, quer queira, quer não, irá prestar contas de tudo <strong>aqui</strong>lo<br />
que fez por egoísmo, pirraça, má fé ou por ignorância total, e do<br />
que não fez por omissão. SEJA FELIZ, pois. ?<br />
a b<br />
rte Real é uma Revista maçônica virtual, de publicação mensal, fundada em 24 de fevereiro de 2007,<br />
com registro na ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica – 005-JV, que se apresenta<br />
como mais um canal de informação, integração e incentivo à cultura maçônica, sendo distribuída, diretamente,<br />
via Internet, <strong>para</strong> mais de 12.657 e-mails de <strong>Irmãos</strong> de todo o Brasil e, também, do exterior, além de uma<br />
vasta redistribuição em listas de discussões, sites maçônicos e listas particulares de nossos leitores.<br />
Ao completar dois anos de idade, no último 24 de fevereiro, sua Revista Arte Real, de cara nova, sente-se<br />
muito honrada em poder contribuir, de forma muito positiva, com a cultura maçônica, incentivando o<br />
estudo e a pesquisa no seio das Lojas e fazendo muitos <strong>Irmãos</strong> repensarem quanto à importância do<br />
momento a que chamamos de “¼ de Hora de Estudos”. Obrigado por prestigiar esse altruístico trabalho.<br />
Editor Responsável, Diagramação, Editoração Gráfica e Distribuição: Francisco Feitosa da Fonseca - M∴I∴ - 33º<br />
Revisor: João Geraldo de Freitas Camanho - M∴I∴ − 33º<br />
Colaboradores nesta edição:<br />
Albert Einstein – Fernando Gueiros – Giselda Sbragia – Guilherme Rehder<br />
– Jeová Neves Carneiro – Raimundo Silva Pereira – Silvestre da Costa<br />
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