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Portugues 3.indb - Einsteen 10

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PV2D-07-POR-34 Língua<br />

<strong>Portugues</strong>a 3<br />

Capítulo 1<br />

Literatura Colonial<br />

01.<br />

Classifi que as cantigas abaixo, usando o código:<br />

I. de amor III. de escárnio<br />

II. de amigo IV. de maldizer<br />

a) ( )<br />

Pela ribeira do riso salido (1)<br />

trebelhei (2), madre, con meu amigo:<br />

amor ei migo, que non ouvesse; (3)<br />

fi z por amigo que non fezesse! (4)<br />

Pela ribeira do rio levado<br />

trebelhei, madre, com meu amado:<br />

amor ei migo, que non ouvesse,<br />

fi z por amigo que non fezesse!<br />

João Zorro<br />

Vocabulário<br />

1. “Pela margem onde corre o rio”;<br />

2. “brinquei”;<br />

3. “Antes não tivesse tanto amor comigo”;<br />

4. “Fiz pelo meu amigo o que não devia ter feito”.<br />

b) ( )<br />

Ua donzela coitado<br />

d’amor por si me fez andar;<br />

e en sas feituras falar<br />

quero eu, come namorado:<br />

rostr’agudo como foron,<br />

barva no queix’eno granhon (1),<br />

e o ventre grand’e inchado.<br />

Sobrancelhas mesturadas,<br />

grandes e mui cabeludas,<br />

Sobre-los olhos merjudas;<br />

e as tetas pendoradas<br />

e mui grandes, per boa fé;<br />

a un palm’ e meio no pé<br />

e no cós três polegadas.<br />

Vocabulário: 1. bigode<br />

c) ( )<br />

Que razon cuidades vós, mia senhor,<br />

dar a Deus, quand’ant’El fordes, por mi,<br />

que matades, que vos non mereci<br />

outro mal se non que vos ei amor,<br />

aquel maior que vol’ eu poss’aver;<br />

ou que salva (1) lhi cuidades fazer<br />

da mia morte, pois per vós morto for?<br />

Vocabulário: 1. desculpa<br />

Pero Viviães<br />

D. Dinis<br />

d) ( )<br />

Pero Rodriguez, da vossa molher<br />

non creades mal que vos ome diga,<br />

ca entend’eu dela que ben vos quer<br />

e quem end’al disser, dirá nemiga (1);<br />

e direi-vos em que lhe entendi:<br />

en outro dia, quando a fodi,<br />

mostrou-xi-mi muito por voss’amiga.<br />

Vocabulário: 1. mentiras, falsidades.<br />

Leia o texto a seguir e responda à questão 02.<br />

Ai, madre, bem vos digo:<br />

mentiu-mh o meu amigo:<br />

sanhuda lh’and’eu’.<br />

Do que mh-ouve jurado,<br />

pois mentiu per seu grado,<br />

sanhuda lh’and’eu’.<br />

Non foi u ir avia.<br />

mais bem des aquel dia<br />

sanhuda lh’and’eu’.<br />

Martim Soares<br />

Non é de mi partido,<br />

mais por que mh-á mentido,<br />

sanhuda lh’and’eu’.<br />

In: PINA, Julieta Moreno. O tempo e a palavra.<br />

Porto, Portugal: Areal editores, 1991, p.33.<br />

Vocabulário<br />

Madre: mãe<br />

Sanhuda lh’and’eu’: ando zangada com ele<br />

Mentiu per seu grado: mentiu porque o quis fazer<br />

Non foi u ir avia: não foi aonde havia de ir<br />

Non é de mi partido: não rompi (o relacionamento)<br />

com ele<br />

02.<br />

O paralelismo é um recurso muito utilizado no gênero<br />

lírico de várias épocas e consiste na repetição de versos<br />

ou na correspondência de construções sintáticas.<br />

Transcreva da cantiga os versos que utilizam esse<br />

recurso e justifi que essa utilização.<br />

49


03. Unifesp<br />

Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.<br />

50<br />

Un cavalo non comeu<br />

á seis meses nen s’ergueu<br />

mais prougu’a Deus que choveu,<br />

creceu a erva,<br />

e per cabo si paceu,<br />

e já se leva!<br />

Seu dono non lhi buscou<br />

cevada neno ferrou:<br />

mai-lo bon tempo tornou,<br />

creceu a erva,<br />

e paceu, e arriçou,<br />

e já se leva!<br />

Seu dono non lhi quis dar<br />

cevada, neno ferrar;<br />

mais, cabo dum lamaçal<br />

creceu a erva,<br />

e paceu, e arriç’ar,<br />

e já se leva!<br />

CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.<br />

A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de:<br />

a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do<br />

cavalo, que dele não cuidara, mas, graças ao bom<br />

tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde<br />

recuperar-se sozinho.<br />

b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o<br />

cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva<br />

que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.<br />

c) escárnio, na qual se conta a divertida história do<br />

cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, alimentou-se,<br />

recuperou-se e pôde, então, fugir do<br />

dono que o maltratava.<br />

d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo<br />

não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do<br />

mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas<br />

mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.<br />

e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o<br />

cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixandoo<br />

entregue à própria sorte para obter alimento.<br />

04. Mackenzie-SP<br />

Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto<br />

afirmar que:<br />

a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo<br />

teocentrismo, o feudalismo e valores altamente<br />

moralistas.<br />

b) representou um claro apelo popular à arte, que<br />

passou a ser representada por setores mais baixos<br />

da sociedade.<br />

c) pode ser dividida em lírica e satírica.<br />

d) em boa parte de sua realização, teve influência<br />

provençal.<br />

e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por<br />

trovadores, expressam o eu lírico feminino.<br />

05.<br />

Ondas do mar de Vigo,<br />

se vistes meu amigo<br />

E ai Deus, se verrá cedo!<br />

Ondas do mar levado,<br />

se vistes meu amado!<br />

E ai Deus, se verrá cedo!<br />

Se vistes meu amigo,<br />

O porque eu sospiro!<br />

E ai Deus, se verrá cedo!<br />

Se vistes meu amado<br />

porque ei gran cuidado!<br />

E ai Deus, se verrá cedo!<br />

Cossante<br />

Ondas da praia onde vos vi,<br />

Olhos verdes sem dó de mim,<br />

Ai avatlântica!<br />

Ondas da praia onde morais,<br />

Olhos verdes intersexuais.<br />

Ai avatlântica!<br />

Olhos verdes sem dó de mim,<br />

Olhos verdes, de ondas sem fim,<br />

Ai avatlântica!<br />

Olhos verdes, de ondas sem fim,<br />

Por quem jurei de vos possuir,<br />

Ai avatlântica!<br />

Martim Codax<br />

Olhos verdes sem lei nem rei<br />

Por quem juro vos esquecer,<br />

Ai avatlântica!<br />

In Estrela da vida inteira, José Olympio/ INL, 1970.<br />

Manuel Bandeira<br />

Aponte semelhanças entre a cantiga de Martim Codax<br />

e o poema do poeta modernista Manuel Bandeira.<br />

06.<br />

I. ( )<br />

Rui Queimado morreu com amor<br />

em seus cantares, par Sancta Maria,<br />

por a dona que gran ben queria,<br />

e, por se meter por mais trovador,<br />

porque lh’ela non quis [o] ben fazer,<br />

fez-s’el en seus cantares morrer,<br />

mas ressurgiu depois ao tercer dia!<br />

Esto fez el por ua sa senhor<br />

que quer gran ben, e mais vos en diria:<br />

porque cuida que faz i maestria,<br />

enos cantares que fez a sabor<br />

de morrer i e desi d’ar viver;<br />

esto faz el que x’o pode fazer,<br />

mas outro’omem per ren non [n] o faria. (...)<br />

P. Garcia Burgalês


PV2D-07-POR-34<br />

II. ( )<br />

En gran coita, senhor,<br />

que pelor que mort’ é,<br />

vivo, per bõa fé,<br />

e polo vosso amor<br />

esta coita sofr’eu<br />

por vés, senhor, que eu<br />

vi pelo meu gran mal<br />

III. ( )<br />

Vaiamos, irmã, vaiamos dormir<br />

nas ribas do lago, u eu andar vi<br />

a las aves meu amigo.<br />

Vaiamos, irmã, vaiamos folgar<br />

nas ribas do lago, eu vi andar<br />

a las aves meu amigo<br />

IV. ( )<br />

Ua donzela coitado<br />

d’amor por si me faz andar,<br />

e en sas feituras falar<br />

quero eu, come namorado:<br />

rostr’agudo como foron,<br />

barva no queix’e eno granhon,<br />

e o ventre grand’e inchado.<br />

Sobrancelhas mesturadas,<br />

grandes e mui cabeludas,<br />

sobre-los olhos merjudas;<br />

e as tetas pendoradas<br />

e mui grandes, por boa fé;<br />

a un palm’e meio no pé<br />

e nos cós três polegadas.<br />

V. ( )<br />

Pero eu dizer quysesse,<br />

creo que non saberia<br />

dizer, nen er poderia,<br />

per poder que eu ouvesse<br />

a coyta que o coytado<br />

sofre que é namorado,<br />

nen er sey quen mh-o crevesse.<br />

Relacione:<br />

a) Cantiga de amor<br />

b) Cantiga de amigo<br />

c) Cantiga de escárnio<br />

d) Cantiga de maldizer<br />

D. Dinis<br />

Fernando Esguio<br />

Pero Viviães<br />

D. Dinis<br />

07.<br />

Uma das afirmativas abaixo, feitas sobre os romances<br />

de cavalaria, não está correta nem pode ser justificada<br />

em hipótese nenhuma. Qual é ela?<br />

a) A Demanda do Santo Graal pertence ao ciclo de<br />

Carlos Magno e aos doze pares de França.<br />

b) Não se sabe quem é o autor do Amadis de Gaula,<br />

romance datado do início do século XVI.<br />

c) Um dos importantes ciclos de cavalaria é o do rei<br />

Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.<br />

d) Os romances de cavalaria têm sua origem nas canções<br />

de gesta (poemas com temas guerreiros).<br />

e) A penetração do romance de cavalaria em Portugal<br />

aconteceu no século XIII, durante o reinado de<br />

Afonso III.<br />

08.<br />

A Sant’lag’en romaria ven<br />

el-rei, madr’, e praz-me (1) de coraçon<br />

por duas cousas, se Deus me perdon,<br />

eu que tenho que me faz Deus gran ben:<br />

ca vere’i (2) el’rei nunca vi<br />

e meu amigo, que ven con el i.<br />

Vocabulário: 1. me dá prazer; 2. aí<br />

Através das cantigas trovadorescas, podemos conhecer<br />

muita coisa sobre a Idade Média. Sobre a estrofe<br />

acima, responda:<br />

a) A que fato comum da Idade Média ela faz referência?<br />

b) Qual a importância de tal fato para a compreensão<br />

da sociedade medieval?<br />

09. UniCOC-SP<br />

Ondas do mar de Vigo,<br />

Se vistes meu amigo!<br />

E ai, Deus, se verrá cedo!<br />

Ondas do mar levado,<br />

Se vistes meu amado!<br />

E ai, Deus, se verrá cedo!<br />

Se vistes meu amigo,<br />

O por que eu sospiro!<br />

E ai, Deus, se verrá cedo!<br />

Se vistes meu amigo,<br />

Poer que hei gran cuidado!<br />

E ai, Deus, se verrá cedo!<br />

Martim Codax<br />

Com relação ao texto, é incorreto dizer que:<br />

a) justifica a presença de recursos estilísticos que<br />

contribuem para o caráter musical do poema o<br />

fato de, no contexto em que ele foi produzido, a<br />

literatura ser veiculada literalmente.<br />

b) a musicalidade do texto é adequada, estilisticamente,<br />

à expressão de conteúdos emotivos.<br />

51


c) sua musicalidade advém apenas da regularidade<br />

das rimas emparelhadas e da presença do refrão.<br />

d) pertence ao gênero lírico.<br />

e) pertence a um estilo de época vinculado, ideologicamente,<br />

ao teocentrismo.<br />

<strong>10</strong>.<br />

São características da cantiga de amigo:<br />

a) amor platônico e sentimento feminino.<br />

b) amor cortês e queixa da ausência do amado.<br />

c) amor de mulher e sentimento espontâneo.<br />

d) queixas do poeta e diversificação de assuntos.<br />

11.<br />

Assinale a alternativa incorreta.<br />

a) Na cantiga de amor, encontramos a purificação do<br />

apelo erótico, isto é, a idealização do amor.<br />

b) Na cantiga de amigo, o “eu lírico” é feminino e canta<br />

a saudade do amigo (namorado) que partiu.<br />

c) A cantiga de maldizer utiliza muitas vezes o erotismo.<br />

d) A cantiga de escárnio é uma sátira direta e de<br />

humor picante.<br />

12. Unicamp-SP<br />

Texto I<br />

Noutro dia, quando m’eu espedi (1)<br />

de mia senhor, e quando mi’houv’a ir (2)<br />

e me non falou foi que non morri,<br />

que, se mil vezes podesse morrer,<br />

meor (3) coita me fora de sofrer!<br />

52<br />

Vocabulário: 1. despedi; 2. tive de ir; 3. menor.<br />

Texto II<br />

Toda gente homenageia<br />

Januária na janela<br />

Até o mar faz maré cheia<br />

Pra chegar mais perto dela<br />

O pessoal desce na areia<br />

E batuca por aquela<br />

Que, malvada, se penteia<br />

E nem escuta quem apela.<br />

Os dois textos lidos são bastante separados no tempo.<br />

O primeiro foi escrito por um nobre, D. João Soares<br />

Coelho, trovador de grande produção que viveu no<br />

século XIII, em Portugal. O segundo é uma letra de<br />

música escrita pelo compositor brasileiro contemporâneo<br />

Chico Buarque de Hollanda. Apesar da distância,<br />

ambos os textos abordam uma mesma postura da<br />

amada a que se referem.<br />

a) Que postura é essa?<br />

b) Aponte os versos em que a postura se evidencia,<br />

em cada um dos textos.<br />

c) Qual o efeito dessa postura, para o trovador, no<br />

texto I?<br />

13.<br />

Leia atentamente o poema abaixo. Trata-se de uma<br />

homenagem que o poeta modernista Manuel Bandeira<br />

(1886-1968) presta ao Trovadorismo.<br />

Mha senhor, com’oje dia son,<br />

Atan cuitad’e sen cor assi!<br />

E par Deus non sei que farei i,<br />

Ca non dormho á mui gran sazon.<br />

Mha senhor, ai meu lum’e meu ben,<br />

Meu coraçon non sei o que ten.<br />

Noit’e dia no meu coraçon<br />

Nulha ren se non a morte vi,<br />

E pois tal coita non mereci,<br />

Moir’eu logo, se Deus mi perdon.<br />

Mha senhor, ai meu lum’e meu ben,<br />

Meu coraçon non sei o que ten.<br />

Aponte no poema elementos formais e temáticos<br />

que caracterizem o texto como uma referência ao<br />

Trovadorismo.<br />

14.<br />

Senhor, quando vos vi<br />

e que fui vosco falar,<br />

sabed’agora per mi<br />

que tanto fui desejar<br />

vosso ben; e pois é si,<br />

que pouco posso duar,<br />

e moiro-m’assi de chan;<br />

porque mi fazedes mal,<br />

e de vós non ar ei al,<br />

mia morte tenho na man.<br />

D. Dinis<br />

Quais são os indícios que nos permitem classificar a<br />

cantiga anterior como de amor?<br />

15. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo<br />

em Portugal.<br />

a) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema<br />

do ponto de vista feminino.<br />

b) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento<br />

entre senhor e vassalo na sociedade feudal:<br />

distância e extrema submissão.<br />

c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas<br />

cantigas de amor galego-portuguesas.<br />

d) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação<br />

entre a poesia e a música.<br />

e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em<br />

livros ou coletâneas que receberam o nome de<br />

cancioneiros.


PV2D-07-POR-34<br />

16.<br />

Queixa<br />

Um amor assim delicado<br />

Você pega e despreza<br />

Não o devia ter despertado<br />

Ajoelha e não reza<br />

Dessa coisa que mete medo<br />

Pela sua grandeza<br />

Não sou o único culpado<br />

Disso eu tenho a certeza<br />

Princesa<br />

Surpresa<br />

Você me arrasou<br />

Serpente<br />

Nem sente que me envenenou<br />

Senhora, e agora<br />

Me diga onde eu vou<br />

Senhora<br />

Serpente<br />

Princesa<br />

Um amor assim delicado<br />

Nenhum homem daria<br />

Talvez tenha sido pecado<br />

Apostar na alegria<br />

Você pensa que eu tenho tudo<br />

E vazio me deixa<br />

Mas Deus não quer<br />

Que eu fique mudo<br />

E eu te grito essa queixa<br />

Um amor assim violento<br />

Quando torna-se mágoa<br />

É o avesso de um sentimento<br />

Oceano sem água<br />

Ondas: desejos de vingança<br />

Nessa desnatureza<br />

Batem forte sem esperança<br />

Contra a tua dureza<br />

Princesa<br />

Surpresa<br />

Você me arrasou<br />

Serpente<br />

Nem sente que me envenenou<br />

Senhora, e agora<br />

Me diga onde eu vou<br />

Senhora<br />

Serpente<br />

Princesa<br />

Princesa<br />

Surpresa<br />

Você me arrasou<br />

Serpente<br />

Nem sente que me envenenou<br />

Senhora, e agora<br />

Me diga onde eu vou<br />

Amiga<br />

Me diga<br />

VELOSO, Caetano: In Cores, nomes. LP Polygram nº. 6328381, 1982.<br />

A cultura trovadoresca deixou claras influências na<br />

cultura de língua portuguesa. Aponte na canção dada<br />

características que a aproximem de uma das cantigas<br />

trovadorescas.<br />

17.<br />

No mundo non me sei parelha(1)<br />

mentre(2) me for como me vai,<br />

ca já moiro por vós – e ai,<br />

mia senhor branca e vermelha,<br />

queredes que vos retraia(3)<br />

quando vos eu vi en saia!<br />

Mau dia me levantei<br />

que vos enton non vi fea!<br />

E, mia senhor, des aquel dia, ai,<br />

me foi a mi mui mal,<br />

e vós, filha de don Paai<br />

Moniz, e ben vos semelha(4)<br />

d’haver eu por vós guarvaia(5)<br />

pois eu, mia senhor, d’alfaia<br />

nunca de vós houve nen hei<br />

valia dua correa.(6)<br />

Vocabulário: 1. igual; 2. enquanto; 3. retrate; 4. bem<br />

vos parece; 5. roupa luxuosa; 6. coisa sem valor.<br />

Esta é a primeira cantiga medieval portuguesa de que<br />

se tem notícia. Sua classificação não é tão simples<br />

quanto possa parecer em uma primeira leitura.<br />

a) Quais são os argumentos que podem ser usados<br />

para defender a hipótese de se tratar de uma<br />

cantiga de amor?<br />

b) Que outro tipo de classificação ela pode ter? Justifique<br />

sua resposta.<br />

18.<br />

Don Meendo, vós veestes<br />

falar migo noutro dia;<br />

e na fala que fezestes<br />

perdi eu do que tragia.<br />

Ar(1) querredes falar migo<br />

e non querrei eu, amigo.<br />

Vocabulário: 1. novamente.<br />

a) A cantiga anterior é de escárnio ou de maldizer?<br />

Justifique sua resposta.<br />

b) Qual a crítica que o autor faz ao satirizado?<br />

19. Vunesp<br />

Estava a formosa seu fio torcendo<br />

Paráfrase de Cleonice Berardinelli<br />

Estava a formosa seu fio torcendo<br />

Sua voz harmoniosa, suave dizendo<br />

Cantigas de amigo.<br />

Estava a formosa sentada, bordando,<br />

Sua voz harmoniosa, suave cantando<br />

Cantigas de amigo<br />

– Por Jesus, senhora, vejo que sofreis<br />

De amor infeliz, pois tão bem dizeis<br />

Cantigas de amigo.<br />

53


54<br />

Por Jesus, senhora, eu vejo que andais<br />

Com penas de amor, pois tão bem cantais<br />

Cantigas de amigo.<br />

– Abutre comestes, pois que adivinhais<br />

In: Cantigas de trovadores medievais em português moderno.<br />

Rio de Janeiro. Org. Simões, 1953.<br />

I. O paralelismo é um dos recursos estilísticos mais<br />

comuns na poesia lírico-amorosa trovadoresca.<br />

Consiste na ênfase de uma idéia central, às vezes<br />

repetindo expressões idênticas, palavra por palavra,<br />

em séries de estrofes paralelas. A partir dessas<br />

observações, responda às questões abaixo.<br />

a) O poema se estrutura em quantas séries de estrofes<br />

paralelas? Identifique-as.<br />

b) Que idéias centrais são enfatizadas em cada série<br />

paralelística?<br />

II. Considerando-se que o último verso da cantiga<br />

caracteriza um diálogo entre personagens; considerando-se<br />

ainda que a palavra abutre grafava-se<br />

avuytor, em português arcaico, e considerando-se<br />

que, de acordo com a tradição popular da época,<br />

era possível fazer previsões e descobrir o que está<br />

oculto, comendo carne de abutre, mediante essas<br />

três considerações:<br />

a) identifique a personagem que se expressa em<br />

discurso direto, no último verso do poema;<br />

b) interprete o significado do último verso, no contexto<br />

do poema.<br />

20.<br />

Leia o texto a seguir e indique as diferenças e as<br />

semelhanças entre este texto e as cantigas de amor<br />

e de amigo.<br />

Cantiga sua partindo-se<br />

João Ruiz de Castelo Branco<br />

Senhora, partem tão tristes<br />

meus olhos por vós, meu bem,<br />

que nunca tão tristes vistes<br />

outros nenhuns por ninguém.<br />

Tão tristes, tão saudosos,<br />

tão doentes da partida,<br />

tão cansados, tão chorosos,<br />

da morte mais desejosos<br />

cem mil vezes que da vida.<br />

Partem tão tristes os tristes,<br />

tão fora d’esperar bem,<br />

que nunca tão tristes vistes<br />

outros nenhuns por ninguém.<br />

In S. Spina. Presença da literatura portuguesa.<br />

São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1969.<br />

Texto para as questões de 21 a 23.<br />

O trecho a seguir pertence a uma das crônicas de<br />

Fernão Lopes. Nele, D. João, Mestre de Avis, sabendo<br />

que Castela estava prestes a invadir Portugal (Revolução<br />

de Avis), manda recados a cidades e aldeias, no<br />

sentido de que o povo o ajude a defender a terra.<br />

(...) Entre os lugares a que seu recado chegou foi a<br />

cidade do Porto, onde suas cartas não foram ouvidas<br />

em vão. Mas, como foram vistas, com o coração, muito<br />

prestes logo se ajuntaram todos, especialmente o povo<br />

miúdo, que alguns outros dessa comunal gente, duvidando,<br />

receavam muito de poer em tal feito mão.<br />

Então aqueles que chamavam arraia miúda disseram a<br />

um, por nome chamado Álvaro da Veiga, que levasse a<br />

bandeira pela vila, em voz e nome do Mestre de Avis;<br />

e ele refusou de a levar, mostrando que o não devia<br />

de fazer, o qual logo foi chamado traidor, que era da<br />

parte da Rainha, dando-lhe tantas cutiladas, e assim de<br />

vontade, que era sobeja cousa de ver. Este morto, não<br />

se fez mais naquele dia; mas juntaram-se todos o outro<br />

seguinte, com sua bandeira tendida, na Praça, tendo<br />

ordenado que a levasse um bom homem do lugar,<br />

que chamavam Afonso Anes Pateiro: e, se a levar não<br />

quisesse, que o matassem logo, como o outro.<br />

Afonso Anes soube desta parte, por alguns deles que<br />

eram seus amigos, e bem cedo pela manhã, primeiro que<br />

o convidassem pera tal obra, foi-se à praça da cidade,<br />

onde já todos eram juntos pera a trazer pelo lugar, e<br />

antes que lhe nenhum dissesse que a levasse, deitou ele<br />

mão da bandeira, dizendo ele altas vozes, que o ouviram<br />

todos: Portugal, Portugal, pelo Mestre de Avis! (...)<br />

21.<br />

O registro da ação popular revela-nos um Fernão<br />

Lopes:<br />

a) medieval. d) humanista.<br />

b) regiocêntrico. e) satírico.<br />

c) lírico.<br />

22.<br />

O trecho lido é teocêntrico ou antropocêntrico? Justifique.<br />

23.<br />

Após a leitura do texto anterior, responda às questões<br />

a seguir.<br />

a) Que característica de Fernão Lopes é evidenciada<br />

no texto?<br />

b) O texto lido pode ser caracterizado como teocêntrico<br />

ou antropocêntrico? Justifique.<br />

24. Vunesp<br />

Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela<br />

mão, e saíram ambos da câmara a uma grande casa que<br />

era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e<br />

Lourenço Martins mais acerca. E chegando-se o Mestre<br />

com o Conde acerca duma fresta, sentiram os seus que<br />

o Mestre lhe começava a falar passo, e estiveram todos<br />

quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão<br />

baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas<br />

eram. Porém afirmam que foram desta guisa:<br />

– Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem<br />

a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de minha<br />

desonra e morte!<br />

– Eu, Senhor? disse ele. Quem vos tal cousa disse,<br />

mentiu-vos mui grã mentira.<br />

O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que<br />

de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo<br />

comprido e enviou-lhe um golpe à cabeça; porém<br />

não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais<br />

não houvera.


PV2D-07-POR-34<br />

Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram<br />

isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe dar; e<br />

ele movendo para se acolher à câmara da Rainha,<br />

com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais acerca,<br />

meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu<br />

em terra, morto.<br />

Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre<br />

disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado<br />

de lhe mais dar.<br />

O texto transcrito anteriormente é de Fernão Lopes e<br />

pertence à Crônica de D. João I. As crônicas de Fernão<br />

Lopes caracterizam-se por tentarem reproduzir a verdade<br />

histórica como se esta tivesse sido testemunhada.<br />

Por outro lado, é com Fernão Lopes que a língua<br />

portuguesa inicia o percurso da sua modernidade.<br />

Nestes termos, assinale, nas alternativas a seguir<br />

indicadas, a que melhor caracteriza o trecho transcrito<br />

da Crônica de D. João I.<br />

a) Narração realista e dinâmica que quase nos faz<br />

visualizar os acontecimentos.<br />

b) Fidelidade absoluta aos acontecimentos históricos.<br />

c) Utilização de uma linguagem elevada, de acordo<br />

com a reprodução dos fatos históricos.<br />

d) Preocupação em mencionar os nomes de todas<br />

as pessoas presentes à morte do Conde.<br />

e) Exaltação do feito heróico do Mestre ao matar o<br />

inimigo do Reino.<br />

25.<br />

Apesar das diferenças entre os dois estilos, alguns<br />

temas permanecem sendo explorados na poesia do<br />

Humanismo. Leia os dois textos a seguir (o texto I é<br />

uma cantiga de amor e o texto II é uma poesia palaciana)<br />

e aponte a semelhança temática entre eles.<br />

Texto I<br />

Ir-vos queredes, mia Senhor,<br />

e fiqu’end’ (1) eu con gran pesar,<br />

que nunca soube ren (2) amar<br />

ergo (3) vós, dês quando vos vi.<br />

E pois que vos ides d’aqui,<br />

senhor fremosa, que farei?<br />

Nuno Fernandes Torneol<br />

Vocabulário: 1. por isso; 2. outra coisa; 3. exceto.<br />

Texto II<br />

Ó meu bem, pois te partiste<br />

dante meus olhos, coitado,<br />

os ledos me farão triste,<br />

os tristes desesperado.<br />

Diogo de Miranda<br />

26.<br />

Segundo é fama, el-rei de Castela trazia até cinco mil<br />

homens de lança (...) e muitos bons besteiros, que<br />

eram bem seis mil, segundo escrevem alguns.<br />

Fernão Lopes, Crônicas d’EI-Rei D. João, 1ª parte<br />

Conforme podemos depreender do texto acima, Fernão<br />

Lopes tinha especial interesse pela pesquisa histórica.<br />

Qual o significado desse interesse, no contexto do<br />

Humanismo?<br />

27. Mackenzie-SP<br />

Marque a alternativa incorreta a respeito do Humanismo.<br />

a) Época de transição entre a Idade Média e o Renascimento.<br />

b) O teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo.<br />

c) Fernão Lopes é o grande cronista da época.<br />

d) Garcia de Resende coletou as poesias da época,<br />

publicadas em 1516 com o nome de Cancioneiro<br />

geral.<br />

e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo<br />

assunto é religioso, desprovido de crítica social.<br />

28. Unicamp-SP<br />

Leia com atenção os fragmentos de poemas transcritos<br />

abaixo.<br />

Fragmento 1<br />

Trova à maneira antiga<br />

Francisco de Sá de Miranda, 1595<br />

Comigo me desavim,<br />

Sou posto em todo perigo;<br />

não posso viver comigo<br />

nem posso fugir de mim.<br />

(...)<br />

Que meio espero ou que fim<br />

do vão trabalho que sigo,<br />

pois que trago a mim comigo,<br />

tamanho imigo de mim?<br />

(imigo = inimigo)<br />

Fragmento 2<br />

Dispersão<br />

Mário de Sá-Carneiro, 1913<br />

Perdi-me dentro de mim<br />

Porque eu era labirinto,<br />

E hoje, quando me sinto,<br />

É com saudades de mim.<br />

(...)<br />

E sinto que a minha morte –<br />

Minha dispersão total –<br />

Existe lá longe, ao norte,<br />

Numa grande capital.<br />

Ambos os poemas tratam do tema das relações do eu<br />

consigo mesmo, mas desenvolvem-no de maneira diferente.<br />

Exponha em que consiste esse desenvolvimento<br />

diferenciado do tema, em cada poema.<br />

29. UEL-PR<br />

Não queiras ser tão senhora:<br />

casa, filha, e aproveite;<br />

não percas a ocasião.<br />

Queres casar por prazer<br />

No tempo de agora, Inês?<br />

(...)<br />

sempre eu ouvi dizer:<br />

Ou seja sapo ou sapinho,<br />

ou marido ou maridinho,<br />

tenha o que houver posses<br />

Este é o certo caminho.<br />

VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: SENAC, 1996. p. 82.<br />

55


Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre<br />

o Humanismo, é correto afirmar:<br />

a) O Humanismo procura retratar a realidade de<br />

forma ingênua, revelando uma visão idealizada<br />

do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e<br />

aproveite”.<br />

b) O fragmento citado trata o casamento como resultado<br />

de um envolvimento amoroso pleno.<br />

c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo,<br />

embora dirigido a um público palaciano, adota<br />

alguns padrões do discurso popular, como se<br />

observa nos quatro últimos versos.<br />

d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predomínio<br />

de uma visão idílica e idealizada em grande<br />

parte do discurso humanista.<br />

e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime<br />

à união conjugal uma motivação sentimental. Tal<br />

postura suplanta o lirismo amoroso presente em<br />

algumas cantigas trovadorescas.<br />

30. Mackenzie-SP<br />

Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em<br />

Portugal, (1) revela-nos, em sua obra lírica, (2) uma<br />

ambivalência típica desse período: (3) de um lado, a<br />

ideologia teocêntrica do mundo medieval; (4) de outro,<br />

influenciado pelo antropocentrismo emergente, (5) é o<br />

analista mordaz da sociedade portuguesa do século<br />

XVI. É essa ambivalência que o situa como autor de<br />

transição: (6) entre o Humanismo e o antropocentrismo.<br />

(7) Dos fragmentos destacados:<br />

a) todos estão corretos.<br />

b) todos estão incorretos.<br />

c) apenas 4 e 5 estão incorretos.<br />

d) apenas 2 e 7 estão incorretos.<br />

e) apenas 2, 5 e 7 estão incorretos.<br />

31. PUC–SP<br />

Esta questão refere-se às obras Auto da barca do inferno,<br />

de Gil Vicente, e Morte e vida severina (auto de<br />

natal pernambucano), de João Cabral de Melo Neto.<br />

Leia as alternativas a seguir e assinale a correta.<br />

a) As duas obras apresentam uma crítica à sociedade<br />

de suas épocas: a de Gil Vicente, a partir das almas<br />

que representam classes sociais e profissionais de<br />

Portugal, a de João Cabral, a partir de personagens<br />

representativas de tipos sociais do Nordeste.<br />

b) As duas obras apresentam construções poéticas<br />

diametralmente opostas, uma vez que uma emprega<br />

o verso decassílabo e a outra, a redondilha.<br />

c) As duas obras apresentam aspectos em comum,<br />

como o julgamento e a condenação, isto é, em ambas,<br />

as personagens são julgadas e condenadas<br />

após a morte.<br />

d) As duas obras apresentam o julgamento ocorrendo<br />

na consciência de cada personagem. Entretanto, a<br />

execução da justiça, em Auto da barca do inferno,<br />

é somente realizada pelo Diabo, e, em Morte e vida<br />

severina, pela miserabilidade da vida.<br />

56<br />

e) As duas obras apresentam estrutura de auto; assimilam,<br />

portanto, tradições populares e constroem<br />

a realidade por meio da crítica. Como autos, são<br />

representações teatrais que contêm vários atos.<br />

32. Fuvest-SP<br />

Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da<br />

barca do inferno, de Gil Vicente:<br />

I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem<br />

que reúne em si os vícios das diferentes<br />

categorias sociais anteriormente representadas.<br />

II. A descontinuidade das cenas é coerente com o<br />

caráter didático do auto, pois facilita o distanciamento<br />

do espectador.<br />

III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto<br />

não é gratuita nem artificial, mas resulta da acentuação<br />

de traços típicos.<br />

Está correto apenas o que se afirma em:<br />

a) I d) I e II<br />

b) II e) I e III<br />

c) II e III<br />

33. Mackenzie-SP<br />

Ninguém:<br />

Tu estás a fim de quê?<br />

Todo Mundo:<br />

A fim de coisas buscar<br />

que não consigo topar.<br />

Mas não desisto,<br />

porque o cara tem de teimar.<br />

Ninguém:<br />

Me diz teu nome primeiro.<br />

Todo Mundo:<br />

Eu me chamo Todo Mundo<br />

e passo o dia e o ano inteiro<br />

Correndo atrás de dinheiro,<br />

seja limpo ou seja imundo.<br />

Belzebu:<br />

Vale a pena dar ciência<br />

e anotar isto bem,<br />

Por ser fato verdadeiro:<br />

que Ninguém tem consciência,<br />

E Todo Mundo, dinheiro.<br />

No trecho, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu,<br />

com nova linguagem, parte de um texto de importante<br />

dramaturgo da língua portuguesa.<br />

Trata-se de:<br />

a) Gil Vicente. d) Sá de Miranda.<br />

b) Dom Diniz. e) Fernão Lopes.<br />

c) Luís Vaz de Camões.<br />

34. Fuvest-SP<br />

Indique a afirmação correta sobre o Auto da barca do<br />

inferno, de Gil Vicente.<br />

a) É intrincada a estruturação de suas cenas, que<br />

surpreendem o público com o inesperado de cada<br />

situação.


PV2D-07-POR-34<br />

b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições,<br />

mas nos indivíduos que as fazem viciosas.<br />

c) É complexa a crítica aos costumes da época, já<br />

que o autor é o primeiro a relativizar a distinção<br />

entre o Bem e o Mal.<br />

d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens<br />

populares, as mais ridicularizadas e as mais severamente<br />

punidas.<br />

e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo<br />

referência a qualquer exemplo de valor positivo.<br />

35. Unitau-SP<br />

Em relação a Gil Vicente, é incorreto dizer que:<br />

a) recebeu, no início de sua intensa atividade literária,<br />

influência de Juan del Encina.<br />

b) sua primeira produção teatral foi Auto dos Reis<br />

Magos.<br />

c) suas obras se caracterizaram, antes de tudo, por<br />

serem primitivas e populares.<br />

d) suas obras surgiram para entretenimento nos<br />

ambientes da corte portuguesa.<br />

e) seu teatro caracterizou-se por observações satíricas<br />

às camadas sociais da época.<br />

36. PUC-SP<br />

Ainda sobre a peça O Velho da horta, considerando o<br />

texto como um todo, é correto afirmar-se que:<br />

a) a reza do “Pai Nosso” que inicia a peça, prepara o<br />

leitor para o desenvolvimento de um texto fundamentalmente<br />

religioso, confirmado, inclusive, pela<br />

ladainha proferida pela alcoviteira.<br />

b) o velho relaciona-se, ao longo da peça, com quatro<br />

mulheres, das quais uma é a moça por quem se<br />

apaixona e com quem, correspondido, acaba se<br />

casando.<br />

c) a farsa tem como argumento a paixão de um velho<br />

por uma moça de muito bom parecer, por causa<br />

dela (e por via de uma alcoviteira) acaba gastando<br />

toda a sua fortuna.<br />

d) o texto se organiza a partir de uma estrutura versificatória<br />

que revela ritmo poético, marcado por<br />

versos livres e por ausência de esquema rímico.<br />

e) o diálogo estabelecido entre o velho e a moça cria<br />

condições para o arrebatamento amoroso de ambos<br />

e revela ausência de ironia e de menosprezo<br />

de qualquer natureza.<br />

37. UniCOC-SP<br />

Na Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente:<br />

a) retoma a análise do amor do velho apaixonado,<br />

desenvolvida em O Velho da horta.<br />

b) mostra a humilhação da jovem que não pode escolher<br />

seu marido, tema de várias peças desse autor.<br />

c) descreve a revolta de uma jovem confinada aos<br />

serviços domésticos.<br />

d) conta a história de uma jovem que assassina o<br />

marido para se livrar dos maus-tratos.<br />

e) aponta, quando Lianor narra as ações do clérigo,<br />

uma solução religiosa para a decadência moral de<br />

seu tempo.<br />

38. UniCOC-SP<br />

Considere as seguintes asserções sobre o teatro de<br />

Gil Vicente.<br />

I. Autos pastoris, autos de moralidade e farsas são<br />

gêneros cultivados pelo autor.<br />

II. O espírito crítico do teatro vicentino não poupa o<br />

clero corrupto, que é ridicularizado.<br />

III. As personagens do autor representam tipos sociais<br />

como alcoviteiras, velhos ridículos, maridos<br />

ingênuos, nobres pedantes, entre outros.<br />

Deve-se firmar que:<br />

a) I, II e III estão corretas.<br />

b) apenas I e III estão corretas.<br />

c) apenas II e III estão corretas.<br />

d) apenas I e II estão corretas.<br />

e) apenas II está correta.<br />

39.<br />

(...) Vêm quatro cavaleiros cantando. Trazem, cada<br />

um, a cruz de Cristo, por quem a mais por sua santa<br />

fé católica morreram em poder dos mouros.<br />

Diabo Cavaleiros, vós passais<br />

e não perguntais onde is?<br />

Cavaleiro Vós, satanás, presumis?<br />

Atentai com quem falais!<br />

Outro cavaleiro Vós que nos demandais?<br />

siquer conhece-nos bem.<br />

Morremos das partes d’além,<br />

E não queiras saber mais.<br />

Diabo Entrai cá! Que coisa é essa?<br />

Eu não posso entender isso!<br />

Cavaleiro Quem morre por Jesus Cristo<br />

não vai em tal barca como esta!<br />

Tornam a proseguir, cantando, seu caminho direto à<br />

barca da Glória, e tanto que chegam, diz o Anjo:<br />

Anjo Ó cavaleiros de Deus,<br />

a vós estou esperando,<br />

que morrestes pelejando<br />

por Cristo Senhor dos céus!<br />

Sois livre de todo o mal,<br />

santos por certo sem falha,<br />

que quem morre em tal batalha<br />

merece paz eternal.<br />

E assi embarcam.<br />

Considerando a leitura feita, responda ao que se<br />

pede:<br />

a) De que peça teatral de Gil Vicente foi extraído o<br />

trecho acima?<br />

b) Por que se pode dizer que Gil Vicente, nessa<br />

passagem, assume atitude medieval?<br />

40.<br />

Leia atentamente o trecho a seguir, da peça Auto da<br />

barca do inferno, de Gil Vicente. Nele, o personagem<br />

Parvo reage ao convite do Diabo para que entre na<br />

barca que o conduziria ao inferno.<br />

57


PARVO Ao Inferno, em hora-má?!<br />

Hiu! Hiu! Barca do cornudo,<br />

(...)<br />

Entrecosto de carrapato!<br />

Hiu! Hiu! Caga no sapato,<br />

Filho da grande aleivosa!<br />

Tua mulher é tinhosa<br />

e há de parir um sapo<br />

metido num guardanapo,<br />

neto de cagarrinhosa!<br />

Furta cebolas! Hiu! Hiu!<br />

Excomungado nas igrejas!<br />

Burrela, cornudo sejas!<br />

(...)<br />

Perna de cigarra velha,<br />

Caganita de coelha,<br />

Pelourinho de Pampulha,<br />

Rabo de forno de telha.<br />

a) Qual a reação do Parvo?<br />

b) Que estrato social o Parvo representa?<br />

c) Moralmente, como se pode caracterizá-lo?<br />

41. Fuvest-SP<br />

Todo o Mundo Folgo muito d’ enganar<br />

e mentir nasceu comigo.<br />

Ninguém Eu sempre verdade digo<br />

sem nunca me desviar.<br />

(Belzebu para Dinato)<br />

Belzebu Ora escreve lá, compadre,<br />

Não sejas tu preguiçoso!<br />

Dinato Quê?<br />

Belzebu Que Todo o Mundo é mentiroso<br />

E Ninguém diz a verdade.<br />

Auto da Lusitânia — Gil Vicente<br />

O texto afirma que:<br />

a) todo o mundo é mentiroso.<br />

b) Ninguém é mentiroso.<br />

c) Todo o Mundo diz a verdade.<br />

d) ninguém diz a verdade.<br />

e) Todo o Mundo é mentiroso.<br />

42. Umesp<br />

Assinale a alternativa em que se encontra uma afirmação<br />

incorreta sobre a obra de Gil Vicente.<br />

a) Sofre influência de Juan del Encina, principalmente<br />

no teatro pastoril de sua primeira fase.<br />

b) Seus personagens representam tipos de uma vasta<br />

galeria de estratos da sociedade portuguesa da<br />

época.<br />

c) Por viver em pleno Renascimento, apega-se aos<br />

valores greco-romanos, desprezando os princípios<br />

da Idade Média.<br />

d) Um dos maiores valores de sua obra é ter contrabalançado<br />

uma sátira contundente com o pensamento<br />

cristão.<br />

e) Suas obras-primas, como a Farsa de Inês Pereira,<br />

são escritas na terceira fase de sua carreira,<br />

período de maturidade intelectual.<br />

58<br />

43.<br />

Em 1531, um terremoto abalou Portugal. Alguns frades de<br />

Santarém interpretaram o fato de tal forma que descontentou<br />

o dramaturgo Gil Vicente. Ele então resolveu escrever<br />

uma carta ao rei D. João III, narrando o fato e mostrando<br />

sua posição. Segue-se o trecho inicial da carta:<br />

Os frades de cá não me contentaram, nem em<br />

púlpito, nem em prática, sobre esta tormenta da terra<br />

que ora passou; porque não bastava o espanto da<br />

gente, mais ainda eles lhes afirmavam duas cousas,<br />

que os mais fazia esmorecer. A primeira, que polos<br />

grandes pecados que em Portugal se faziam, a ira<br />

de Deus fizera aquilo, e não que fosse curso natural,<br />

nomeando logo os pecados por que fora; em que<br />

pareceu que estava neles mais soma de ignorância<br />

que de graça do Spírito Santo.<br />

a) Segundo Gil Vicente, que interpretação os frades<br />

deram ao terremoto?<br />

b) Como Gil Vicente interpreta o terremoto?<br />

c) Qual o sentido dessa oposição no contexto<br />

humanista?<br />

44. Fuvest-SP<br />

Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente.<br />

a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.<br />

b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.<br />

c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.<br />

d) Só escreveu peças em português.<br />

e) Representa o melhor do teatro clássico português.<br />

45.<br />

O tipo mais insistentemente observado e satirizado<br />

é o clérigo, e especialmente o frade. Trata-se de fato<br />

de uma classe numerosíssima, presente em todos os<br />

setores da sociedade portuguesa, na corte e no povo,<br />

na cidade e na aldeia.<br />

O texto crítico refere-se a qual autor? Além do frade, cite um<br />

outro tipo humano satirizado pelo autor em questão.<br />

46.<br />

O ditado popular que serviu de inspiração a Gil Vicente<br />

para escrever a peça Farsa de Inês Pereira é: Mais<br />

quero asno que me leve que cavalo que me derrube.<br />

Nesse ditado, a que deve ser associado o personagem<br />

Brás da Mata? Justifique sua resposta.<br />

47. PUC-SP<br />

O argumento da peça Farsa de Inês Pereira, de Gil<br />

Vicente, consiste na demonstração do refrão popular<br />

“Mais quero asno que me carregue que cavalo que me<br />

derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde<br />

ao provérbio, na construção da farsa.<br />

a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência<br />

desastrosa do primeiro casamento.<br />

b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo,<br />

animal nobre, que a derruba.<br />

c) O segundo casamento exemplifica o primeiro<br />

termo, asno que a carrega.<br />

d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro<br />

pretendente e segundo marido de Inês.<br />

e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem<br />

em diferentes momentos de sua vida conjugal.


PV2D-07-POR-34<br />

48.<br />

Leia as três afirmações a seguir a respeito da Farsa<br />

de Inês Pereira.<br />

I. Pode ser colocada como representante do teatro<br />

de costumes vicentino.<br />

II. Encaixa-se na tradição da farsa medieval sobre<br />

o adultério feminino desenvolvida por Gil<br />

Vicente.<br />

III. Inês Pereira é uma moça que vive na vila e pretende<br />

subir de condição.<br />

a) Todas estão corretas.<br />

b) Todas estão incorretas.<br />

c) Apenas I e II estão corretas.<br />

d) Apenas I e III estão corretas.<br />

e) Apenas II e III estão corretas.<br />

49.<br />

Leia o texto que segue para responder às três questões<br />

posteriores.<br />

Inês<br />

Renego deste lavrar<br />

e do primeiro que o usou<br />

ao diabo que o eu dou,<br />

que tão mau é de aturar;<br />

ó Jesus! Que enfadamento,<br />

que cegueira e que canseira!<br />

Eu hei de buscar maneira<br />

de viver a meu contento.<br />

Coitada, assim hei de estar<br />

encerrada nesta casa<br />

como panela sem asa<br />

que sempre está num lugar?<br />

Isto é vida que se viva?<br />

Hei de estar sempre cativa<br />

desta maldita costura?<br />

Com dois dias de amargura<br />

haverá quem sobreviva?<br />

Hei de ir para os diabos<br />

se continuo a coser.<br />

Oh! Como cansa viver<br />

sozinha, no mesmo lugar.<br />

Todas folgam, e eu não.<br />

Todas vêm e todas vão<br />

onde querem, menos eu.<br />

Hui! E que pecado é o meu,<br />

ou que dor de coração?<br />

a) Qual a reclamação de Inês Pereira nessa passagem?<br />

b) Que atitude ela tomaria para escapar de sua<br />

situação?<br />

c) Quais as conseqüências dessa atitude?<br />

50.<br />

No trecho abaixo, do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente,<br />

temos a chegada do fidalgo ao porto das almas.<br />

Anjo Que quereis?<br />

Fidalgo Que me digais,<br />

pois parti tão sem aviso,<br />

se a barca do paraíso<br />

é esta em que navegais.<br />

Anjo Esta é: que demandais?<br />

Fidalgo Que me deixeis embarcar,<br />

sou fidalgo de solar,<br />

é bem que me recolhais<br />

Anjo Não se embarca tirania<br />

neste batel divinal.<br />

Fidalgo Não sei porque haveis por mal<br />

que entre a minha senhoria.<br />

Anjo Pera vossa fantesia<br />

mui estreita é esta barca.<br />

a) Quais são as causas da condenação do Fidalgo<br />

ao inferno?<br />

b) Quais as razões que ele alega para ir para o céu?<br />

51.<br />

A cena seguinte, da peça Auto da barca do inferno,<br />

apresenta a chegada do parvo Joane no porto das<br />

almas.<br />

Anjo Quem és tu?<br />

Joane Samica alguém.<br />

Anjo Tu passarás, se quiseres;<br />

porque em todos os teus fazeres,<br />

per malícia non erraste,<br />

tua simpreza te abaste<br />

para gozar dos prazeres.<br />

A expressão “samica” quer dizer “talvez”. Assim, Joane<br />

diz ser “talvez alguém”. O que essa fala indica?<br />

a) A indecisão de Joane quanto à sua própria identidade.<br />

Ele está confuso depois da conversa mantida<br />

com o Diabo, momentos antes, que o convenceu<br />

a tornar-se um pecador. Por essa indecisão, é<br />

condenado ao purgatório.<br />

b) A presunção de Joane quanto à sua condição<br />

social. Apesar de simplório, ele disfarçava sua<br />

pobreza freqüentando a aristocracia e cometendo<br />

pequenos furtos para sustentar seus luxos. Por<br />

essa presunção, é condenado ao inferno.<br />

c) O desprezo de Joane pelo Anjo. Conhecedor de<br />

suas virtudes, ele acredita que seu lugar no céu<br />

está garantido, não necessitando da aprovação do<br />

Anjo para embarcar. Esse desprezo faz com que<br />

o Anjo se recuse a levá-lo.<br />

d) A desconfiança de Joane. Confundindo a barca do<br />

céu com a do inferno, ele imagina que o Anjo é o<br />

Diabo tentando enganá-lo: por isso, teme revelar<br />

sua identidade. Ludibriado pelo Diabo, acaba indo<br />

para o inferno.<br />

e) A modéstia e a simplicidade de Joane. Na sua<br />

humildade, não se considera em condições sequer<br />

de afirmar-se como alguém, daí a dúvida que expressa.<br />

Esse tipo de atributo é que o faz merecedor<br />

do céu.<br />

59


52. Unifesp<br />

Sobre a Farsa de Inês Pereira, é correto afirmar que<br />

é um texto de natureza:<br />

a) satírica, pertencente ao Humanismo português,<br />

em que se ridiculariza a ascensão social de<br />

Inês Pereira por meio de um casamento de<br />

conveniências.<br />

b) didático-moralizante, do Barroco português, no<br />

qual as contradições humanas entre a vida terrena<br />

e a espiritual são apresentadas a partir dos<br />

casamentos complicados de Inês Pereira.<br />

c) religiosa, pertencente ao Renascimento português,<br />

no qual se delineia o papel moralizante, com vistas<br />

à transformação do homem, a partir das situações<br />

embaraçosas vividas por Inês Pereira.<br />

d) reformadora, do Renascimento português, com forte<br />

apelo religioso, pois se apresenta a religião como<br />

forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras.<br />

e) cômica, pertencente ao Humanismo português,<br />

no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica<br />

a sociedade mercantil emergente, que prioriza os<br />

valores essencialmente materialistas.<br />

53. PUC-SP<br />

Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro,<br />

Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brísida Vaz,<br />

Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro<br />

Cavaleiros são personagens de Auto da barca do<br />

inferno, de Gil Vicente.<br />

Analise as informações a seguir e selecione a alternativa<br />

incorreta, cujas características não descrevam<br />

adequadamente a personagem.<br />

a) Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário;<br />

de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou<br />

melhor, leva a bolsa vazia.<br />

b) Frade representa o clero decadente e é subjugado<br />

por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a<br />

amante e as armas de esgrima.<br />

c) Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa<br />

o embarque dos condenados; é dissimulado e<br />

irônico.<br />

d) Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a<br />

morte pela fé; é austero e inflexível.<br />

e) Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação<br />

íntegra e exata das leis; leva papéis e<br />

processos.<br />

54.<br />

O trecho a seguir retrata a fala do Anjo no julgamento<br />

de quatro cavaleiros cristãos que tinham<br />

morrido nas guerras cristãs. Leia-o e responda o<br />

que se pede.<br />

Anjo: Ó Cavaleiros de Deus,<br />

a vós estou esperando,<br />

que morrestes pelejando<br />

por Cristo, Senhor dos Céus!<br />

Sois livres de todo mal,<br />

Santos por certo sem falha,<br />

que quem morre em tal batalha<br />

merece paz eternal.<br />

60<br />

a) Por que os cavaleiros são perdoados dos seus<br />

pecados? Justifique a sua resposta.<br />

b) Que atitude do autor se revela através dessa<br />

passagem?<br />

55.<br />

Velho – Oh coitado! A minha é!<br />

Mocinha – Agora, má-hora, é vossa!<br />

Vossa é a treva.<br />

Mas ela o noivo a leva.<br />

Vai tão leda, tão contente,<br />

uns cabelos como Eva;<br />

Aosadas que não se lhe atreva<br />

toda a gente!<br />

O noivo, moço tão polido,<br />

não tirava os olhos dela,<br />

e ela dele. Oh que estrela!<br />

É ele um par bem escolhido!<br />

Velho – Ó roubado,<br />

da vaidade engano,<br />

da vida e da fazenda!<br />

Ó velho, siso enleado!<br />

Que te meteu desastrado<br />

em tal contenda?<br />

Se os jovens amores<br />

os mais têm fins desastradas<br />

que farão as cãs lançadas<br />

no canto dos amadores?<br />

Que sentias,<br />

triste velho, em fim dos dias?<br />

Se a ti mesmo contemplaras,<br />

souberas que não sabias,<br />

e viras como não vias,<br />

e acertaras.<br />

Quero-me ir buscar a morte,<br />

pois que tanto mal busquei.<br />

Quatro filhas que criei<br />

eu as pus em pobre sorte.<br />

Vou morrer.<br />

Elas hão-de padecer,<br />

porque não lhes deixo nada;<br />

de quanta riqueza e haver<br />

fui sem razão despender,<br />

mal gastada.<br />

O trecho anterior é o diálogo final da peça O velho<br />

da horta, que narra a seguinte história: um velho rico<br />

apaixona-se por uma jovem e apela para uma alcoviteira<br />

que possa ajudá-lo a conquistar a amada. A<br />

alcoviteira vai enganando o velho que, ao final, nem<br />

conquistou a jovem e perdeu seu dinheiro. Ao terminar<br />

a narrativa, ele reconhece seu erro e lamenta o<br />

abandono a que deixara a família e, assim, as coisas<br />

voltam a seus devidos lugares. A par disso, responda<br />

às questões seguintes.


PV2D-07-POR-34<br />

I. Aponte o item que melhor caracteriza as atitudes<br />

de Gil Vicente diante da sociedade, através dessa<br />

peça.<br />

a) Medieval e anticlerical<br />

b) Moralista e antropocêntrica<br />

c) Satírica e teocêntrica<br />

d) Anticlerical e satírica<br />

e) Moralista e pessimista<br />

II. Conte as sílabas poéticas e marque a opção do<br />

metro dominante.<br />

a) 5 sílabas (redondilha menor)<br />

b) 6 sílabas<br />

c) 7 sílabas (redondilha maior)<br />

d) 8 sílabas<br />

e) 9 sílabas<br />

56. UniCOC-SP<br />

Leia atentamente as proposições a seguir.<br />

I. Os cancioneiros foram os principais trovadores do<br />

período conhecido como Trovadorismo.<br />

II. O humanismo é um período de transição que vai do<br />

final da Idade Média ao início da Idade Moderna.<br />

III. O caráter alegórico do teatro de Gil Vicente pode<br />

ser tomado como exemplo de crítica social.<br />

Assinale:<br />

a) se I, II e III forem corretas.<br />

b) se I e II forem corretas.<br />

c) se I, II e III forem incorretas.<br />

d) se II e III forem corretas.<br />

e) se somente I for correta.<br />

Capítulo 2<br />

58.<br />

A propósito do Renascimento cultural, julgue as afirmações.<br />

I. Um dos seus traços marcantes foi o racionalismo<br />

que atendia às aspirações da burguesia,<br />

no sentido de alcançar um domínio mais completo<br />

da natureza objetivando aumentar seus<br />

lucros.<br />

II. O Renascimento retirou da Igreja o monopólio<br />

da explicação das coisas do mundo, fato que<br />

culminou no empirismo científico dos séculos XVII<br />

e XVIII.<br />

III. A arte renascentista comprometia-se predominantemente<br />

com os valores católicos, pois objetivava<br />

legitimar o monopólio religioso católico.<br />

Assinale a alternativa correta.<br />

a) I e III.<br />

b) Apenas I.<br />

c) Apenas II.<br />

d) Nenhuma.<br />

e) Todas.<br />

57. Unicamp-SP<br />

Leia agora as seguintes estrofes, que se encontram<br />

em passagens diversas de Farsa de Inês Pereira, de<br />

Gil Vicente.<br />

Inês Andar! Pero Marques seja!<br />

Quero tomar por esposo<br />

quem se tenha por ditoso<br />

de cada vez que me veja.<br />

Por usar de siso mero,<br />

asno que leve quero,<br />

e não cavalo folão;<br />

antes lebre que leão,<br />

antes lavrador que Nero.<br />

Pero I onde quiserdes ir<br />

vinde quando quiserdes vir,<br />

estai quando quiserdes estar.<br />

Com que podeis vós folgar<br />

Que eu não deva consentir?<br />

Nota: folão, no caso, significa “bravo”, “fogoso”.<br />

a) A fala de Inês ocorre no momento em que aceita<br />

casar-se com Pero Marques, após o malogrado<br />

matrimônio com o escudeiro. Há um trecho<br />

nessa fala que se relaciona literalmente com<br />

o final da peça. Que trecho é esse? Qual é o<br />

pormenor da cena final da peça que ele está<br />

antecipando?<br />

b) A fala de Pero, dirigida a Inês, revela uma<br />

atitude contrária a uma característica atribuída<br />

ao seu primeiro marido. Qual é essa característica?<br />

c) Considerando o desfecho dos dois casamentos de<br />

Inês, explique por que essa peça de Gil Vicente<br />

pode ser considerada uma sátira moral.<br />

59.<br />

Considerando os traços identificadores do Renascimento,<br />

aponte a alternativa errada.<br />

a) Imitação dos clássicos antigos<br />

b) Preocupação com a técnica<br />

c) Racionalismo e universalismo<br />

d) Atitude apaixonada diante da natureza<br />

e) Equilíbrio, harmonia e concisão<br />

60.<br />

“Do que ao meu gado sobeja (1)<br />

Vou vivendo ano por ano;<br />

pouco ou muito que ele seja,<br />

a ninguém não faço dano,<br />

e não se há ao pouco enveja.”<br />

Vocabulário: 1. sobra<br />

Sá de Miranda<br />

No trecho anterior, o poeta clássico português Sá de<br />

Miranda expressa uma das noções mais caras do<br />

estilo.<br />

a) Que noção é essa?<br />

b) Como ela aparece no texto?<br />

61


61.<br />

O Classicismo teve início em Portugal, em 1527,<br />

quando o poeta Sá de Miranda levou para aquele país<br />

o chamado dolce stil nuovo. Quais eram as novidades<br />

formais básicas desse novo estilo?<br />

62. Unicamp-SP<br />

Cantiga sua, partindo-se<br />

João Roiz de Castelo Branco, 1516<br />

Senhora, partem tão tristes<br />

meus olhos por vós, meu bem,<br />

que nunca tão tristes vistes<br />

outros nenhuns por ninguém.<br />

62<br />

Tão tristes, tão saudosos,<br />

tão doentes da partida,<br />

tão cansados, tão chorosos,<br />

da morte mais desejosos<br />

cem mil vezes que da vida.<br />

Partem tão tristes os tristes,<br />

tão fora de esperar bem,<br />

que nunca tão tristes vistes<br />

outros nenhuns por ninguém.<br />

Soneto<br />

Aquela triste e leda madrugada,<br />

cheia toda de mágoa e de piedade,<br />

enquanto houver no mundo saudade,<br />

quero que seja sempre celebrada.<br />

Ela só, quando amena e marchetada<br />

saía, dando ao mundo claridade,<br />

viu apartar-se de uma outra vontade,<br />

que nunca poderá ver-se apartada.<br />

Ela só viu as lágrimas em fio,<br />

que duns e doutros olhos derivadas,<br />

se acrescentaram em grande e largo rio.<br />

Ela viu as palavras magoadas,<br />

que puderam tornar o fogo frio<br />

e dar descanso às almas condenadas.<br />

Camões<br />

Ambos os poemas desenvolvem o tema da dor da<br />

separação, mas tratam-no de forma diferente. Exponha<br />

em que consiste esse tratamento diferenciado do tema,<br />

em cada poema.<br />

63.<br />

Leia atentamente o texto a seguir e responda ao que<br />

se pede.<br />

História, coração, linguagem<br />

Dos heróis que cantaste, que restou<br />

senão a melodia do teu canto?<br />

As armas em ferrugem se desfazem,<br />

os barões nos jazigos dizem nada.<br />

É teu verso, teu rude e teu suave<br />

balanço de consoantes e vogais,<br />

teu ritmo de oceano sofreado<br />

que os lembra ainda e sempre lembrará.<br />

Tu és a história que narraste, não<br />

o simples narrador. Ela persiste<br />

mais em teu poema que no tempo neutro,<br />

universal sepulcro da memória.<br />

Bardo, foste os deuses mais as ninfas,<br />

as ondas em furor, céus em delírio,<br />

astúcias, pragas, guerras e cobiças,<br />

lodoso material fundido em ouro.<br />

***<br />

Luís, homem estranho, pelo verbo<br />

és, mais que amador, o próprio amor<br />

latejante, esquecido, revoltado,<br />

submisso, renascendo, reflorindo<br />

em cem mil corações multiplicado.<br />

***<br />

Camões – oh som de vida ressoando<br />

em cada tua sílaba fremente<br />

de amor e guerra e sonho entrelaçados...<br />

Carlos Drummond de Andrade. A paixão medida<br />

a) Qual é a relação entre Luís de Camões e o Classicismo?<br />

b) Retire referências do texto de Drummond relacionadas<br />

à obra de Camões.<br />

64.<br />

Conheça-me a mim mesmo: siga a veia<br />

Natural, não forçada; o juízo quero<br />

De quem com juízo e sem paixão me leia.<br />

Na boa imitação, e uso, que o fero<br />

Engenho abranda, ao inculto dá arte,<br />

No conselho do amigo douto espero.<br />

Muito, ó Poeta, o engenho, pode dar-te.<br />

Mas muito mais que o engenho, o tempo, e<br />

[ estudo;<br />

Não queiras de ti logo contentar-te.<br />

É necessário ser um tempo mudo!<br />

Ouvir, e ler somente: que aproveita<br />

Sem armas, com fervor cometer tudo?<br />

Caminha por aqui. Esta é a direita<br />

Estrada dos que sobem ao alto monte<br />

Ao brando Apolo, às nove Irmãs aceita.<br />

Do bom escrever, saber primeiro é fonte.<br />

Enriquece a memória de doutrina<br />

Do que um cante, outro ensine, outro te conte.<br />

(...)<br />

Corta o sobejo, vai acrescentando<br />

O que falta, o baixo ergue, o alto modera,<br />

Tudo a ua igual regra conformando.<br />

Ao escuro dá luz, e ao que pudera<br />

Fazer dúvida aclara: do ornamento<br />

Ou tira, ou põe: com o decoro o tempera.<br />

Sirva própria palavra ao bom intento,<br />

Haja juízo, e regra, e diferença<br />

Da prática comum ao pensamento.<br />

Antônio Ferreira<br />

O texto é uma carta em versos escrita por Antônio<br />

Ferreira (1528-1569), dirigida a Diogo Bernardes.<br />

Nela, o autor mostra a concepção de poesia de<br />

sua época. Aponte as características clássicas<br />

presentes no texto, transcrevendo os trechos que<br />

as explicitam.


PV2D-07-POR-34<br />

65. Inatel-MG<br />

Uma das características a seguir não é própria do<br />

Renascimento cultural. Assinale-a.<br />

a) O racionalismo do homem<br />

b) A paixão pelos prazeres mundanos<br />

c) O repúdio aos ideais medievais<br />

d) A intensificação do monopólio cultural exercido<br />

pela Igreja<br />

e) O individualismo do homem<br />

66. Ufla-MG<br />

Amor é fogo que arde sem se ver;<br />

é ferida que dói e não se sente;<br />

é um contentamento descontente;<br />

é dor que desatina sem doer.<br />

É um não querer mais que bem querer;<br />

é um andar solitário entre a gente;<br />

é nunca contentar-se de contente;<br />

é um cuidar que ganha em se perder.<br />

É querer estar preso por vontade;<br />

é servir a quem vence, o vencedor;<br />

é ter com quem nos mata, lealdade.<br />

Mas como causar pode seu favor<br />

nos corações humanos amizade,<br />

se tão contrário a si é o mesmo Amor?<br />

Luís Vaz de Camões. Obras completas<br />

O poeta tenta definir o amor por meio do uso de antíteses,<br />

que se seguem umas às outras. Indique a que<br />

expressa, com mais ênfase, o tema do texto.<br />

a) “Um contentamento descontente”<br />

b) O próprio amor, pois é contrário a si mesmo.<br />

c) A invisibilidade do amor<br />

d) O fato de o amor ferir e não causar dor.<br />

e) Querer sempre mais, sem contentar-se.<br />

67. Vunesp<br />

Tanto de meu estado me acho incerto,<br />

Que em vivo ardor tremendo estou de frio;<br />

Sem causa, juntamente choro e rio,<br />

O mundo todo abarco e nada aperto.<br />

É tudo quanto sinto, um desconcerto;<br />

da alma um fogo me sai, da vista um rio;<br />

agora espero, agora desconfio,<br />

agora desvario, agora acerto.<br />

Estando em terra, chego ao céu voando,<br />

num’hora acho mil anos, e é de jeito<br />

que em mil anos não posso achar um’hora.<br />

Se me pergunta alguém por que assi ando,<br />

respondo que não sei; porém suspeito<br />

que só porque vos vi, minha Senhora.<br />

O soneto transcrito é de Luís de Camões. Nele se<br />

acha uma característica da poesia clássica renascentista.<br />

Assinale essa característica, em uma das<br />

alternativas.<br />

a) A suspeita de amor que o poeta declara na conclusão.<br />

b) O jogo de contradições e perplexidades que atormentam<br />

o poeta.<br />

c) O fato de todos perguntarem ao poeta porque<br />

assim anda.<br />

d) O fato de o poeta não saber responder a quem o<br />

interroga.<br />

e) A utilização de um soneto para relato das suas<br />

amarguras.<br />

Texto para as questões de 68 a 70.<br />

Texto I<br />

Amor é fogo que arde sem se ver;<br />

É ferida que dói e não se sente;<br />

É um contentamento descontente;<br />

É dor que desatina sem doer.<br />

É um não querer mais que bem querer;<br />

É solitário andar por entre a gente;<br />

É nunca contentar-se de contente;<br />

É cuidar que se ganha em se perder;<br />

Texto II<br />

Camões<br />

Amor é fogo? Ou é cadente lágrima?<br />

Pois eu naufrago em mar de labaredas<br />

Que lambem o sangue e a flor da pele acendem<br />

Quando o rubor me vem à tona d’água.<br />

E como arde, ai, como arde, Amor,<br />

Quando a ferida dói porque se sente,<br />

E o mover dos meus olhos sob a casca<br />

Vê muito bem o que devia não ver.<br />

Ilka Brunhilde Laurito<br />

68. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa correta.<br />

a) O texto I, com sua regularidade formal, recupera<br />

do texto II o rígido padrão da estética clássica.<br />

b) Os dois textos, ao negarem a concepção carnal<br />

do amor, enaltecem o platonismo amoroso.<br />

c) O texto I e o texto II são convergentes no que se<br />

refere à concepção do sentimento amoroso.<br />

d) O texto II contesta o texto I no que se refere ao<br />

ponto de vista sobre o amor.<br />

e) Os dois textos convergem quanto à forma e à<br />

linguagem, mas divergem quanto ao conteúdo.<br />

69. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa correta sobre o texto II.<br />

a) A liberdade formal dos quartetos, associada à<br />

contenção emotiva, é índice da influência parnasiana.<br />

b) Por seguir os princípios estéticos clássicos, sua<br />

expressão é de teor mais universalista que individualista.<br />

63


c) O caráter reflexivo das interrogativas iniciais impede<br />

que a linguagem seja marcada por índices<br />

de emotividade.<br />

d) Recupera, do estilo camoniano, a preferência por<br />

imagens paradoxais, como, por exemplo, “mar de<br />

labaredas.”<br />

e) Vale-se de recursos estilísticos conquistados pelos<br />

modernistas, por exemplo, versos decassílabos e<br />

expressão coloquial.<br />

70. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa correta sobre o texto I.<br />

a) Expressa as vivências amorosas do eu lírico em<br />

linguagem emotivo-confessional.<br />

b) Apresenta índices de linguagem poética marcada<br />

pelo racionalismo do século XVI.<br />

c) Conceitua o amor de forma unilateral, revelando<br />

o intenso sofrimento do coração apaixonado.<br />

d) Notam-se, em todos os versos, imagens poéticas<br />

contraditórias, criadas a partir de substantivos<br />

concretos.<br />

e) Conceitua positivamente o amor correspondido e,<br />

negativamente, o amor não correspondido.<br />

71.<br />

Em uma carta dirigida a Alcáçova Carneiro, secretário<br />

de Estado do rei D. João III, o poeta clássico português<br />

Antônio Ferreira expressa a seguinte opinião:<br />

64<br />

Santa alma, real zelo; a quem só guia<br />

Amor, justiça, e paz, cujos bons meios<br />

Em ti busca, em ti acha, em ti confia.<br />

São letras, justas armas, dois esteios<br />

Firmíssimos de Império só tenhamos.<br />

a) No texto, verificamos a valorização do trabalho<br />

intelectual. Quais os versos que expressam essa<br />

valorização?<br />

b) O que o poeta quis dizer com esses versos?<br />

c) Qual é a relação entre essa valorização e o<br />

Classicismo?<br />

72. UFRGS-RS<br />

Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões.<br />

Um mover de olhos, brando e piedoso,<br />

sem ver de quê; um riso brando e honesto,<br />

quase forçado, um doce e humilde gesto,<br />

de qualquer alegria duvidoso;<br />

um despejo quieto e vergonhoso;<br />

um desejo gravíssimo e modesto;<br />

uma pura bondade manifesta<br />

indício da alma, limpo e gracioso;<br />

um encolhido ousar, uma brandura;<br />

um medo sem ter culpa, um ar sereno;<br />

um longo e obediente sofrimento:<br />

Esta foi a celeste formosura<br />

da minha Circe, e o mágico veneno<br />

que pôde transformar meu pensamento.<br />

Em relação ao poema, considere as seguintes afirmações.<br />

I. O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e<br />

superior, idealizando a figura feminina.<br />

II. O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina,<br />

assumindo uma atitude de insensibilidade.<br />

III. O poeta sugere desejo erótico ao se referir à figura<br />

mitológica de Circe.<br />

Quais estão corretas?<br />

a) Apenas I.<br />

b) Apenas III.<br />

c) Apenas I e II.<br />

d) Apenas I e III.<br />

e) I, II e III.<br />

73. Unicamp-SP<br />

Leia o seguinte soneto de Camões:<br />

Oh! Como se me alonga, de ano em ano,<br />

a peregrinação cansada minha.<br />

Como se encurta, e como ao fim caminha<br />

este meu breve e vão discurso humano.<br />

Vai-se gastando a idade e cresce o dano;<br />

perde-se-me um remédio, que inda tinha.<br />

Se por experiência se adivinha,<br />

qualquer grande esperança é grande engano.<br />

Corro após este bem que não se alcança;<br />

no meio do caminho me falece,<br />

mil vezes caio, e perco a confiança.<br />

Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,<br />

se os olhos ergo a ver se inda parece,<br />

da vista se me perde e da esperança.<br />

a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expressa<br />

pelos verbos “alongar” e “encurtar”. A qual deles<br />

está associado o cansaço da vida e qual deles se<br />

associa à proximidade da morte?<br />

b) Por que se pode afirmar que existe também uma<br />

contraposição no interior do primeiro verso da<br />

segunda estrofe?<br />

c) A que termo se refere o pronome “ele” da última<br />

estrofe?<br />

74. UFPA<br />

O poema Os lusíadas traz à tona a descoberta do<br />

caminho marítimo para as Índias, apresentando informações<br />

que abarcam história, geografia, ciências,<br />

astronomia, mitologia etc. O episódio do Gigante<br />

Adamastor é um exemplo dessa variedade de assuntos<br />

que o poema apresenta e sobre ele não é correto<br />

afirmar o seguinte:<br />

a) Adamastor representa os medos de todos os<br />

navegadores que passaram, antes de Vasco da<br />

Gama, pela costa africana.<br />

b) O episódio é uma criação poética em que se<br />

destacam referências ao passado e ao futuro das<br />

conquistas portuguesas.


PV2D-07-POR-34<br />

c) Um dos momentos líricos, no episódio, é aquele<br />

do encontro do gigante com Thetys, relatado na<br />

estrofe 52.<br />

d) A “alta esposa de Peleu”, Thetys, cede aos apelos<br />

de Adamastor e isso facilita a passagem dos<br />

portugueses pelo cabo das Tormentas.<br />

e) O episódio faz menção ao casal amoroso, Sepúlveda<br />

e Leonor, o que ressalta a presença do lírico<br />

no poema épico camoniano.<br />

75.<br />

Está o lascivo e doce passarinho<br />

Com o biquinho as penas ordenando;<br />

O verso sem medida, alegre e brando,<br />

Expedindo no rústico raminho.<br />

O cruel caçador, que do caminho<br />

Se vem calado e manso desviando,<br />

Na pronta vista a seta endireitando,<br />

Lhe dá no estígio lago (1) eterno ninho.<br />

Desta arte o coração, que livre andava<br />

(Posto que já de longe destinado),<br />

onde menos temia, foi ferido.<br />

Porque o Frecheiro cego me esperava,<br />

Para que me tomasse descuidado,<br />

Em vossos claros olhos escondido.<br />

Vocabulário: 1. Inferno<br />

Luís Vaz de Camões<br />

a) Comente a forma do poema mostrado.<br />

b) Qual é a comparação feita no poema?<br />

c) Quem é o “Frecheiro cego”? A utilização dessa<br />

imagem indica que aspecto do Classicismo?<br />

76.<br />

Leia o trecho a seguir, retirado do canto III de Os<br />

lusíadas:<br />

“Tu, só tu, puro Amor, com força crua,<br />

Que os corações humanos tanto obriga,<br />

Deste causa à molesta morte sua,<br />

Como se fora pérfida inimiga.<br />

Se dizem, fero Amor, que a sede tua<br />

Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />

É porque queres, áspero e tirano,<br />

Tuas aras banhar com sangue humano.”<br />

CAMÕES, Luís de. In TUFANO, Douglas. De Camões a Pessoa.<br />

SP, Moderna, 1994, pp. 18.<br />

Com base no trecho e no seu conhecimento sobre<br />

a obra, responda por que o poeta atribui a culpa do<br />

assassinato ao amor.<br />

77. UFSCar-SP<br />

A questão adiante baseia-se no poema épico Os lusíadas,<br />

de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem,<br />

a seguir, três estrofes.<br />

Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)<br />

Que ficava nas praias, entre a gente,<br />

Postos em nós os olhos, meneando<br />

Três vezes a cabeça, descontente,<br />

A voz pesada um pouco alevantando,<br />

Que nós no mar ouvimos claramente,<br />

C’um saber só de experiências feito,<br />

Tais palavras tirou do experto peito:<br />

“Ó glória de mandar, ó vã cobiça<br />

Desta vaidade a quem chamamos Fama!<br />

Ó fraudulento gosto, que se atiça<br />

C’uma aura popular, que honra se chama!<br />

Que castigo tamanho e que justiça<br />

Fazes no peito vão que muito te ama!<br />

Que mortes, que perigos, que tormentas,<br />

Que crueldades neles experimentas!<br />

Dura inquietação d’alma e da vida<br />

Fonte de desamparos e adultérios,<br />

Sagaz consumidora conhecida<br />

De fazendas, de reinos e de impérios!<br />

Chamam-te ilustre, chamam-te subida,<br />

Sendo digna de infames vitupérios;<br />

Chamam-te Fama e Glória soberana,<br />

Nomes com quem se o povo néscio engana.<br />

Os versos de Camões foram retirados da passagem<br />

conhecida como O velho do Restelo. Nela, o velho:<br />

a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar<br />

os mares à procura de uma vida melhor.<br />

b) critica as navegações portuguesas por considerar<br />

que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.<br />

c) emociona-se com a saída dos portugueses que<br />

vão atravessar os mares até chegar às Índias.<br />

d) destrata os marinheiros por não o terem convidado<br />

a participar de tão importante empresa.<br />

e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos<br />

que eles podem encontrar para buscar fama em<br />

outras terras.<br />

78.<br />

Sobre Os lusíadas, é errado afirmar o seguinte.<br />

a) Trata-se de um poema de estrito interesse nacionalista,<br />

pois celebra fatos gloriosos da história<br />

portuguesa, que em nada se relacionam com a<br />

situação do mundo em sua época.<br />

b) São compostos segundo modelos da epopéia<br />

clássica da Antigüidade (Homero, Virgílio) e dos<br />

poemas épicos mais recentes do Renascimento<br />

italiano (Ariosto, sobretudo).<br />

c) O verso utilizado é o decassílabo clássico (especialmente<br />

o heróico) e as estrofes, de modelo<br />

italiano, são as oitavas-rimas.<br />

d) Os dez cantos do poema se dividem em proposição<br />

(os feitos heróicos portugueses), invocação (às<br />

Tágides), dedicatória (a D. Sebastião), narração<br />

(da viagem de Vasco da Gama) e epílogo (encerramento,<br />

em tom desalentado).<br />

e) Episódios importantes do poema, como os de Inês de<br />

Castro e do Gigante Adamastor, incluem-se na longa<br />

narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde.<br />

65


79. UFSCar-SP<br />

Partimo-nos assim do santo templo<br />

66<br />

Que nas praias do mar está assentado,<br />

Que o nome tem da terra, para exemplo,<br />

Donde Deus foi em carne ao mundo dado.<br />

Certifico-te, ó Rei, que se contemplo<br />

Como fui destas praias apartado,<br />

Cheio dentro de dúvida e receio,<br />

Que a penas nos meus olhos ponho o freio.<br />

Camões. Os Lusíadas, Canto 4.º 87<br />

O trecho faz parte do poema épico Os lusíadas, escrito<br />

por Luís Vaz de Camões e narra a partida de Vasco da<br />

Gama para a viagem às Índias.<br />

a) Em que estilo de época ou época histórica se situa<br />

a obra de Camões?<br />

b) Para dizer que o nome do templo é Belém, Camões<br />

faz uso de uma perífrase: Que o nome tem da<br />

terra, para exemplo,/Donde Deus foi em carne ao<br />

mundo dado. Em que outro trecho dessa estrofe,<br />

Camões usa outra perífrase?<br />

80. Fuvest-SP<br />

Tu, só tu, puro amor, com força crua,<br />

Que os corações humanos tanto obriga,<br />

Deste causa à molesta morte sua,<br />

Como se fora pérfida inimiga.<br />

Se dizem, fero Amor, que a sede tua<br />

Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />

É porque queres, áspero e tirano,<br />

Tuas aras banhar em sangue humano.<br />

Camões, Os lusíadas – episódio de Inês de Castro.<br />

Vocabulário:<br />

Molesta: lastimosa; funesta<br />

Pérfida: desleal; traidora<br />

Fero: feroz; sanguinário; cruel<br />

Mitiga: alivia; suaviza; aplaca<br />

Ara: altar; mesa para sacrifícios religiosos<br />

a) Considerando-se a forte presença da cultura da<br />

Antigüidade Clássica em Os lusíadas, a que se<br />

pode referir o vocábulo “Amor”, grafado com maiúscula,<br />

no 5º verso?<br />

b) Explique o verso “Tuas aras banhar em sangue<br />

humano”, relacionando-o à história de Inês de<br />

Castro.<br />

81. Unifap<br />

A que novos desastres determinas<br />

De levar estes reinos a esta gente?<br />

Que perigos, que mortes lhe destinas,<br />

Debaixo dalgum nome preminente?<br />

Os versos de Camões são parte do(a):<br />

a) invocação.<br />

b) proposição.<br />

c) episódio Batalha de Ourique.<br />

d) dedicatória.<br />

e) episódio O velho do Restelo.<br />

82. Vunesp<br />

Apontam-se, a seguir, algumas características atribuídas<br />

pela crítica à epopéia de Luís Vaz de Camões, Os<br />

lusíadas. Uma dessas características está incorreta.<br />

Trata-se de:<br />

a) concepção da história nacional como uma seqüência<br />

de proezas de heróis aristocráticos e<br />

militares.<br />

b) apologia dos poderes humanos, realçando o orgulho<br />

humanista de auto-determinação e do avanço<br />

no domínio sobre a natureza.<br />

c) efabulação mitológica.<br />

d) contraposição da experiência e da observação<br />

direta à ciência livresca da Antigüidade.<br />

e) eliminação do pan-erotismo, existente na parte<br />

lírica, em favor da ênfase mais objetiva na narração<br />

dos feitos lusitanos.<br />

83. Fuvest-SP<br />

No mar tanta tormenta, tanto dano,<br />

Tantas vezes a morte apercebida;<br />

Na terra, tanta guerra, tanto engano,<br />

Tanta necessidade aborrecida!<br />

Onde pode acolher-se um fraco humano,<br />

Onde terá segura a curta vida,<br />

Que não se arme e se indigne o Céu sereno<br />

Contra um bicho da terra tão pequeno?<br />

Nessa estrofe, Camões:<br />

a) exalta a coragem dos homens que enfrentam os<br />

perigos do mar e da terra.<br />

b) considera o quanto o homem deve confiar na<br />

providência divina que o ampara nos riscos e nas<br />

adversidades.<br />

c) lamenta a condição humana ante os perigos, os<br />

sofrimentos e as incertezas da vida.<br />

d) propõe uma explicação a respeito do destino do<br />

homem.<br />

e) classifica o homem como um bicho da terra, dada<br />

a sua agressividade.<br />

84. Mackenzie-SP<br />

Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que:<br />

a) quando a ação do poema começa, as naus portuguesas<br />

estão navegando em pleno oceano Índico,<br />

portanto, no meio da viagem.<br />

b) na invocação, o poeta se dirige às Tágides, musas<br />

do rio Tejo.<br />

c) na Ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz<br />

o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe<br />

desvenda “a máquina do mundo”.<br />

d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da<br />

Gama a fim de estabelecer contato marítimo com<br />

as Índias.<br />

e) é composto por sonetos decassílabos, mantendo,<br />

em 1<strong>10</strong>2 estrofes, o mesmo esquema de<br />

rima.


PV2D-07-POR-34<br />

85. FCC-SP<br />

Nem cinco sóis eram passados que de vós partíramos,<br />

quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós. Por<br />

uma bela noite dos idos de maio do ano traslato, perdíamos<br />

a muiraquitã; que outrem grafara muraquitã, e alguns<br />

doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam<br />

muyrakitan e até mesmo muraquéitã, não sorriais!<br />

Nesse fragmento da “Carta pras Icamiabas”, em Macunaíma,<br />

de Mário de Andrade, encontramos:<br />

a) uma paródia do estilo clássico lusitano.<br />

b) um elogio à eloqüência dos parnasianos.<br />

c) a valorização da linguagem utilizada pela estética<br />

do século XVIII.<br />

d) uma apologia ao estilo pretensioso e à oratória<br />

vazia de conteúdo.<br />

e) uma sátira aos romances indianistas do século<br />

XIX.<br />

86.<br />

(...) Não acabava, quando uma figura<br />

Se nos mostra no ar, robusta e válida,<br />

De disforme e grandíssima estatura;<br />

O rosto carregado, a barba esquálida,<br />

Os olhos encovados, e a postura<br />

Medonha e má e a cor terrena e pálida;<br />

Cheios de terra e crespos os cabelos,<br />

A boca negra, os dentes amarelos. (...)<br />

Forneça o nome do episódio em que a figura descrita<br />

na estrofe anterior aparece e informe o que essa figura<br />

personifica.<br />

87. UFPA<br />

Ó mar salgado, quanto do teu sal<br />

São lágrimas de Portugal!<br />

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,<br />

Quantos filhos em vão rezaram!<br />

Quantas noivas ficaram por casar<br />

Para que fosses nosso, ó mar!<br />

Esse poema de Fernando Pessoa retoma, no século<br />

XX, a temática da expansão ultramarina também<br />

utilizada por:<br />

a) Gil Vicente em seus autos.<br />

b) D. Dinis em seus poemas de amor.<br />

c) D. Dinis em seus poemas de amigo.<br />

d) Camões em sua épica.<br />

e) Bocage em seus sonetos.<br />

88.<br />

Em Os lusíadas, Camões:<br />

a) narra a viagem de Vasco da Gama às Índias.<br />

b) tem por objetivo criticar a ambição dos navegantes<br />

portugueses que abandonaram a pátria à mercê<br />

dos inimigos para buscar ouro e glória em terras<br />

distantes.<br />

c) afasta-se dos modelos clássicos, criando a epopéia<br />

lusitana, um gênero inteiramente original na<br />

época.<br />

d) lamenta que, apesar de ter dominado os mares e<br />

descoberto novas terras, Portugal acabe subjugado<br />

pela Espanha.<br />

e) tem como objetivo elogiar a bravura dos portugueses<br />

e o faz através da narração dos episódios mais<br />

valorosos da colonização brasileira.<br />

89.<br />

Pode-se afirmar que o Velho do Restelo é:<br />

a) personagem central de Os lusíadas.<br />

b) o mais fervoroso defensor da viagem de Gama.<br />

c) símbolo dos que valorizam a cobiça e a ambição.<br />

d) símbolo das forças contrárias às investidas marítimas<br />

lusas.<br />

e) a figura que incentiva a ideologia expansionista.<br />

90.<br />

A estrofe a seguir pertence ao canto X de Os lusíadas.<br />

Trata-se de uma fala da deusa Tétis ao capitão Vasco<br />

da Gama, na Ilha dos Amores.<br />

Aqui, só verdadeiros, gloriosos<br />

Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,<br />

Júpiter e Juno, fomos fabulosos<br />

Fingidos de mortal e cego engano.<br />

Só para fazer versos deleitosos<br />

Servimos; e, se mais o trato humano<br />

Nos pode dar, é só que o nome nosso<br />

Nestas estrelas pôs o engenho vosso.<br />

No trecho, Tétis:<br />

a) afirma que os deuses gregos e latinos são superiores<br />

aos deuses católicos.<br />

b) lamenta que os homens jamais se referem aos<br />

deuses em suas obras artísticas.<br />

c) afirma que os deuses gregos e latinos só existem<br />

na imaginação dos homens.<br />

d) mostra que a ambição dos homens se equipara<br />

aos poderes divinos.<br />

e) narra a decadência portuguesa após a viagem de<br />

Vasco da Gama.<br />

91.<br />

No mais, Musa, no mais, que a lira tenho<br />

Destemperada e a voz enrouquecida,<br />

E não do canto, mas de ver que venho<br />

Cantar a gente surda e endurecida.<br />

O favor com que mais se acende o engenho<br />

Não no dá a Pátria, não, que está metida<br />

No gosto da cubiça e na rudeza<br />

Dua austera, apagada e vil tristeza.<br />

Camões, Os lusíadas, X, 145<br />

a) Quem é a “gente surda e endurecida” a que se<br />

refere a estrofe?<br />

b) Qual a acusação que o poeta faz a essa gente?<br />

c) Como se pode entender essa acusação no panorama<br />

português da época?<br />

67


92.<br />

Sobre Os lusíadas, é correto afirmar que:<br />

a) os deuses pagãos presentes no poema representam<br />

a admiração de Camões pela grandeza do<br />

mundo antigo e sua descrença no cristianismo.<br />

b) Baco é favorável à empresa dos portugueses; Marte<br />

e Vênus se opõem a ela; Júpiter toma sempre<br />

o partido de Baco.<br />

c) o episódio da ilha dos Amores representa a merecida<br />

recompensa pelos grandes feitos portugueses,<br />

feitos que os elevam ao nível dos deuses<br />

antigos.<br />

d) o Velho do Restelo representa, no poema, a opinião<br />

progressista da sociedade portuguesa.<br />

e) o episódio sobre a morte de Inês de Castro é uma<br />

ficção camoniana absolutamente épica.<br />

93.<br />

A estrofe abaixo pertence ao poema Os lusíadas, de<br />

Camões.<br />

Assim lho aconselhara a mestra experta:<br />

Que andassem pelos campos espalhadas;<br />

Que, vista dos barões a presa incerta,<br />

Se fizessem primeiro desejadas.<br />

Algumas, que na forma descoberta<br />

Do belo corpo estavam confiadas,<br />

Posta a artificiosa fermosura,<br />

Nuas lavar se deixam na água pura.<br />

Assinale a parte do poema a que pertence a estrofe<br />

transcrita.<br />

a) Proposição.<br />

b) Invocação.<br />

c) Dedicatória.<br />

d) Narração.<br />

e) Epílogo.<br />

94. UFRGS-RS<br />

Assinale a alternativa incorreta.<br />

No canto V de Os lusíadas:<br />

a) Adamastor representa os perigos enfrentados pelos<br />

navegadores lusitanos na travessia do oceano<br />

Atlântico para o oceano Índico.<br />

b) os portugueses assistem à transformação do<br />

gigante Adamastor em penedo quando tentam<br />

ultrapassar a parte mais meridional da África.<br />

c) apesar das ameaças do gigante, os navegantes<br />

prosseguem, esperando ardentemente que os<br />

perigos e castigos profetizados sejam afastados.<br />

d) a nuvem negra que se desfaz, antes associada ao<br />

Cabo das Tormentas, abre novas esperanças em<br />

relação aos objetivos da viagem.<br />

e) a voz de “tom horrendo e grosso” do gigante<br />

Adamastor, ao dar lugar a um “medonho choro”,<br />

deixa ver aos navegadores que o perigo já fora<br />

afastado.<br />

95. UFRGS-RS<br />

Assinale a alternativa correta.<br />

No canto I de Os lusíadas, na passagem que narra o<br />

concílio dos deuses, Júpiter:<br />

68<br />

a) conclama os deuses a auxiliarem os portugueses<br />

na Ásia como recompensa pelos ásperos perigos<br />

da viagem.<br />

b) encontra acolhida a suas palavras entre os deuses<br />

maiores e menores.<br />

c) reconhece a grandeza do povo lusitano, que<br />

enfrenta o mar desconhecido em frágeis embarcações.<br />

d) aceita as justificativas de Baco para impedir a<br />

chegada dos navegadores portugueses à Índia.<br />

e) mostra dúvidas quanto à possibilidade de que os<br />

feitos do povo lusitano venham a suplantar a glória<br />

dos gregos e romanos.<br />

96. Fuvest-SP<br />

Responda às seguintes questões sobre Os lusíadas,<br />

de Camões:<br />

a) Identifique o narrador do episódio no qual está<br />

inserida a fala do Velho do Restelo.<br />

b) Compare, resumidamente, os principais valores<br />

que esse narrador representa, no conjunto de Os<br />

lusíadas, aos valores defendidos pelo Velho do<br />

Restelo, em sua fala.<br />

97. Fuvest-SP<br />

Em Os lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho<br />

do Restelo têm em comum:<br />

a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade<br />

clássica.<br />

b) a presença de recursos expressivos de natureza<br />

oratória.<br />

c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território<br />

essas personagens se recusavam a abandonar.<br />

d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e<br />

conquistador.<br />

e) o emprego de uma linguagem simples e direta,<br />

que se contrapõe à solenidade do poema épico.<br />

98. Mackenzie-SP<br />

Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que:<br />

a) é dividido em cinco partes e dez cantos.<br />

b) o Canto I contém a introdução, a invocação, a<br />

dedicatória e o início da narrativa.<br />

c) a pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama conta<br />

partes da história de Portugal.<br />

d) os deuses reúnem-se no Olimpo para decidir a<br />

sorte dos portugueses.<br />

e) no Canto X, a fala do Velho de Restelo acusa os<br />

portugueses de vaidade e cobiça excessivas.<br />

99. Unicamp-SP<br />

Mas um velho, de aspecto venerando,<br />

(...)<br />

A voz pesada um pouco alevantando,<br />

(...)<br />

Tais palavras tirou do experto* peito:<br />

– Ó glória de mandar, ó vã cobiça.<br />

Desta vaidade a quem chamamos Fama.<br />

Ó Fraudulento gosto, que se atiça<br />

Cua aura popular, que honra se chama.<br />

Camões, Os lusíadas, canto IV.


PV2D-07-POR-34<br />

... e então uma grande voz se levanta, é um labrego**<br />

de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido<br />

a um valado***, que é púlpito dos rústicos. Ó glória de<br />

mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça,<br />

e tendo assim clamado, veio dar-lhe o quadrilheiro<br />

uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou<br />

por morto.<br />

José Saramago, Memorial do convento, p. 293.<br />

*experto – que tem experiência<br />

**labrego – indivíduo grosseiro, rude, tosco (...)<br />

***valado – elevação de terra que limita propriedade<br />

rústica<br />

Novo Dicionário Aurélio da Língua <strong>Portugues</strong>a.<br />

Confrontando os fragmentos, percebe-se que Memorial<br />

do convento dialoga com os clássicos. O episódio do<br />

Velho do Restelo, do Canto IV de Os lusíadas, refere-se<br />

ao engajamento voluntário dos portugueses na grande<br />

empresa que foi a descoberta de novos mundos. Já<br />

no Memorial do convento, entretanto, o recrutamento<br />

para Mafra deu-se, em geral, à força.<br />

a) Cite ao menos uma razão que levou “o rei infame”<br />

de Memorial do convento a tornar obrigatório<br />

o engajamento de todos os operários do reino,<br />

quaisquer que fossem suas profissões.<br />

b) Quem era esse “rei infame” a que se refere o<br />

trecho citado e em que século essa ação do<br />

romance se passa?<br />

c) Aponte, no trecho, ao menos uma passagem que<br />

indique a irreverência de Saramago em relação ao<br />

texto de Luís de Camões.<br />

<strong>10</strong>0. Mackenzie-SP<br />

Põe-me onde se use toda a feridade,<br />

Entre leões e tigres, e verei<br />

Se neles achar posso a piedade<br />

Que entre peitos humanos não achei.<br />

Ali, co’o amor intrínseco e vontade<br />

Naquele por quem morro, criarei<br />

Estas relíquias suas, que aqui viste,<br />

Que refrigério sejam da mãe triste.<br />

O trecho evidencia características:<br />

a) da poesia trovadoresca.<br />

b) do Barroco português.<br />

c) de um auto vicentino.<br />

d) da poesia lírica de Antero de Quental.<br />

e) da poesia épica camoniana.<br />

<strong>10</strong>1. Mackenzie-SP<br />

O tom pessimista apresentado por Camões no epílogo<br />

de Os lusíadas aparece em outro momento do<br />

poema.<br />

Isso acontece no episódio:<br />

a) do Gigante Adamastor.<br />

b) do Velho do Restelo.<br />

c) de Inês de Castro.<br />

d) dos Doze de Inglaterra.<br />

e) do Concílio dos Deuses.<br />

O trecho a seguir pertence a Os lusíadas. Leia-o e<br />

responda às questões <strong>10</strong>2 e <strong>10</strong>3.<br />

Cessem do sábio Grego e do Troiano<br />

As navegações grandes que fizeram;<br />

Cale-se de Alexandre e de Trajano<br />

A fama das vitórias que tiveram;<br />

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,<br />

A quem Neptuno e Marte obedeceram.<br />

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,<br />

Que outro valor mais alto se alevanta.<br />

<strong>10</strong>2. Vunesp<br />

Uma leitura atenta da estrofe citada revela que o conteúdo<br />

dos primeiros seis versos é retomado e sintetizado<br />

nos últimos dois versos. Interprete a estrofe de acordo<br />

com esta observação.<br />

<strong>10</strong>3. Vunesp<br />

A oitava apresentada constitui a terceira estrofe de Os<br />

lusíadas, de Luís de Camões, poema épico publicado<br />

em 1572, obra máxima do Classicismo português.<br />

O tipo de verso que Camões empregou é de origem<br />

italiana e foi introduzido na literatura portuguesa<br />

algumas décadas antes, por Sá de Miranda. Quanto<br />

ao conteúdo, o poema Os lusíadas toma como ponto<br />

de referência um episódio da história de Portugal.<br />

Baseado nesses comentários e em seus próprios<br />

conhecimentos, releia a estrofe citada e indique:<br />

a) o tipo de verso utilizado (pode mencionar simplesmente<br />

o número de sílabas métricas);<br />

b) o episódio da história de Portugal que serve de<br />

núcleo narrativo do poema.<br />

<strong>10</strong>4. Fuvest-SP<br />

I. Eis aqui se descobre a nobre Espanha,<br />

Como cabeça ali de Europa toda<br />

II. Eis aqui quase cume da cabeça<br />

De Europa toda, o reino Lusitano,<br />

Onde a terra se acaba e o mar começa<br />

III. A Europa jaz, posta nos cotovelos:<br />

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,<br />

E toldam-lhe românticos cabelos<br />

Olhos gregos, lembrando.<br />

O cotovelo esquerdo é recuado;<br />

O direito é em ângulo disposto.<br />

Aquele diz Itália onde é pousado;<br />

Este diz Inglaterra onde, afastado,<br />

A mão sustenta, em que se apóia o rosto.<br />

Fita, com olhar sphyngico e fatal,<br />

O Ocidente, futuro do passado.<br />

O rosto com que fita é Portugal.<br />

Os textos I e II iniciam respectivamente as estâncias<br />

17 e 20 do canto III de Os lusíadas, de Luís Vaz de<br />

Camões, e o texto III é um poema do livro Mensagem,<br />

de Fernando Pessoa.<br />

a) A que movimento literário pertence cada um dos<br />

autores?<br />

b) De que recurso comum aos dois textos se valem<br />

os autores para elaborar a descrição da Europa?<br />

69


<strong>10</strong>5. Fuvest-SP<br />

Já vai andando a récua dos homens de Arganil,<br />

acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão<br />

clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo,<br />

e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para<br />

refrigério e doce amparo desta cansada já velhice<br />

minha, não se acabavam as lamentações, tanto que<br />

os montes de mais perto respondiam, quase movidos<br />

de alta piedade (...)<br />

José Saramago. Memorial do convento.<br />

Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita<br />

textualmente palavras de um episódio de Os lusíadas,<br />

visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal<br />

que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio<br />

camoniano e o aspecto criticado são, respectivamente:<br />

a) O Velho do Restelo; a posição subalterna da mulher<br />

na sociedade tradicional portuguesa.<br />

b) Aljubarrota; a sangria populacional provocada<br />

pelos empreendimentos coloniais portugueses.<br />

c) Aljubarrota; o abandono dos idosos decorrente dos<br />

empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários.<br />

d) O Velho do Restelo; o sofrimento popular decorrente<br />

dos empreendimentos dos nobres.<br />

e) Inês de Castro; o sofrimento feminino causado<br />

pelas perseguições da Inquisição.<br />

<strong>10</strong>6. UniCOC-SP<br />

Podemos afirmar que, na época da expansão mercantilista,<br />

havia duas correntes de opinião em Portugal:<br />

uma fundada em valores medievais, mais preocupada<br />

com a agricultura e com princípios da velha nobreza<br />

fundiária; outra voltada para a renovação do perfil<br />

econômico do país, mais preocupada com o comércio<br />

e com os princípios da burguesia em ascensão.<br />

Na obra Os lusíadas, uma das cenas marcantes é a<br />

do Velho do Restelo. A partir das afirmações expostas,<br />

assinale a alternativa correta.<br />

a) O velho se identifica com a segunda corrente<br />

apresentada na afirmação.<br />

b) O velho se identifica com a primeira corrente<br />

apresentada na afirmação.<br />

c) O velho, como era uma pessoa estudada e de<br />

origem nobre, conhece bem a situação econômica<br />

de Portugal na época.<br />

d) O velho não se posiciona sobre as navegações.<br />

Seu discurso é sobre questões metafísicas.<br />

e) O velho, por sua idade e falta de sensatez, apresenta<br />

um discurso que não deve ser avaliado.<br />

<strong>10</strong>7. UniCOC-SP<br />

Lamentando o descaso dos portugueses, seus contemporâneos,<br />

para com a arte da poesia, diz Camões,<br />

em Os lusíadas:<br />

Por isso, e não por falta de natura,<br />

Não há também Virgílios nem Homeros;<br />

Nem haverá, se este costume dura,<br />

Pios Enéias nem Aquiles feros.<br />

Mas o pior de tudo é que a ventura<br />

Tão ásperos os fez, e tão austeros,<br />

Tão rudes e de engenho tão remisso,<br />

Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso.<br />

70<br />

1. Natura: talento, qualidade inata, índole, aptidão.<br />

2. Virgílios nem Homeros: referência aos dois poetas<br />

épicos da Antigüidade Clássica.<br />

3. Pios Enéias: Enéias generosos, piedosos; referência<br />

ao protagonista da Eneida, de Virgílio.<br />

4. Aquiles feros: Aquiles bravos, guerreiros; referência<br />

ao protagonista da Ilíada, de Homero.<br />

5. Ventura: destino, sorte, experiência de vida.<br />

6. Engenho: habilidade, capacidade.<br />

7. Tão remisso: acanhado, embotado, negligente,<br />

desleixado.<br />

A leitura atenta da estrofe transcrita de Os lusíadas<br />

permite concluir corretamente que:<br />

a) Camões antecipa uma das críticas que fará, mais<br />

tarde, no epílogo do poema, aos portugueses de<br />

sua época.<br />

b) o poeta retoma o mesmo tom ufanista da proposição,<br />

na qual, logo na apresentação do poema,<br />

revela seu descontentamento com a decadência<br />

de seu país.<br />

c) afastando-se do rigor formal dos decassílabos e<br />

da oitava-rima, o poeta vale-se de uma forma livre,<br />

criada por ele mesmo.<br />

d) há uma reclusa explícita da influência clássica<br />

de Virgílio e de Homero, exemplos negativos que<br />

fazem os portugueses “tão ásperos”, tão “austeros”<br />

e “tão rudes”.<br />

e) a citação de heróis da cultura greco-latina, como<br />

Aquiles e Enéias, revaloriza elementos tradicionais<br />

de cultura ibérica medieval, que remontam à época<br />

da dominação romana.<br />

<strong>10</strong>8.<br />

Dos episódios “Inês de Castro” e “O Velho do Restelo”,<br />

da obra Os lusíadas, de Luiz de Camões, não é<br />

possível afirmar que:<br />

a) “O Velho do Restelo”, numa antevisão profética,<br />

previu os desastres futuros que se abateriam<br />

sobre a pátria e que arrastariam a nação portuguesa<br />

a um destino de enfraquecimento e<br />

marasmo.<br />

b) “Inês de Castro” caracteriza, dentro da epopéia<br />

camoniana, o gênero lírico porque é um episódio<br />

que narra os amores impossíveis entre Inês e seu<br />

amado Pedro.<br />

c) Restelo era o nome da praia em frente ao templo<br />

de Belém, de onde partiam as naus portuguesas<br />

nas aventuras marítimas.<br />

d) Tanto “Inês de Castro” quanto “O Velho do Restelo”<br />

são episódios que ilustram poeticamente diferentes<br />

circunstâncias da vida portuguesa.<br />

e) O Velho, um dos muitos espectadores na praia,<br />

engrandecia com sua fala as façanhas dos navegadores,<br />

a nobreza guerreira e a máquina mercantil<br />

lusitana.


PV2D-07-POR-34<br />

Leia o texto a seguir e responda às questões de<br />

<strong>10</strong>9 a 111.<br />

As armas e os barões assinalados,<br />

Que, da Ocidental praia lusitana,<br />

Por mares nunca dantes navegados,<br />

Passaram muito além da Taprobana,<br />

Entre perigos e guerras esforçados,<br />

Mais do que prometia a força humana.<br />

Entre gente remota edificaram<br />

Novo reino, que tanto sublimaram:<br />

E também as memórias gloriosas<br />

Daqueles reis que foram dilatando<br />

A Fé, o Império, e as terras viciosas<br />

De África e Ásia andaram devastando,<br />

E aqueles que por obras valerosas<br />

Se vão da lei da morte libertando:<br />

Cantando espalharei por toda parte,<br />

Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.<br />

Cessem do sábio grego e do troiano<br />

As navegações grandes que fizeram;<br />

Cale-se de Alexandre e de Trajano<br />

A fama das vitórias que tiveram;<br />

Que eu canto o peito ilustre lusitano<br />

A quem Netuno e Marte obedeceram.<br />

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,<br />

Que outro valor mais alto se alevanta.<br />

Camões, Os lusíadas, I, pp. 1-3.<br />

<strong>10</strong>9.<br />

Quem são os “barões assinalados” a que se refere o<br />

poeta na primeira estrofe?<br />

1<strong>10</strong>.<br />

Na segunda estrofe, o poeta aponta dois dos motivos<br />

que, segundo ele, teriam levado os portugueses à<br />

expansão marítima.<br />

a) Aponte os versos em que esses motivos estão<br />

explicitados.<br />

b) Explique os sentidos desses versos.<br />

c) Aponte uma passagem da obra que desmente a<br />

visão expressa pelo poeta nesses versos.<br />

111.<br />

Na terceira estrofe, pode-se ler um verso que resume<br />

o conteúdo de todo o poema. Transcreva esse verso<br />

e explique-o.<br />

112. PUC-SP<br />

Tu só, tu, puro amor, com força crua<br />

Que os corações humanos tanto obriga,<br />

Deste causa à molesta morte sua,<br />

Como se fora pérfida inimiga.<br />

Se dizem, fero Amor, que a sede tua<br />

Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />

É porque queres, áspero e tirano,<br />

Tuas aras banhar em sangue humano.<br />

Estavas, linda Inês, posta em sossego,<br />

De teus anos colhendo doce fruito,<br />

Naquele engano da alma ledo e cego,<br />

Que a fortuna não deixa durar muito,<br />

Nos saudosos campos do Mondego,<br />

De teus fermosos olhos nunca enxuito,<br />

Aos montes ensinando e às ervinhas,<br />

O nome que no peito escrito tinhas.<br />

Os lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico<br />

na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos<br />

em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O<br />

episódio de Inês de Castro, do qual o trecho exposto faz<br />

parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano<br />

inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como<br />

um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:<br />

a) personifica e exalta o amor, mais forte que as<br />

conveniências e causa da tragédia de Inês.<br />

b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro<br />

e o casamento solene e festivo de ambos.<br />

c) tem como tema básico a vida simples de Inês de<br />

Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.<br />

d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando<br />

aos montes o nome que no peito escrito tinha.<br />

e) relata em versos livres a paixão de Inês pela<br />

natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono<br />

português.<br />

113. Fuvest-SP<br />

Considere as seguintes afirmações sobre a fala do<br />

Velho do Restelo, em Os lusíadas:<br />

I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas,<br />

encontra-se refletida e sintetizada a experiência<br />

das perdas que causaram, experiência esta já acumulada<br />

na época em que o poema foi escrito.<br />

II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e<br />

às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito<br />

atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber<br />

só de experiências feito”.<br />

III. A condenação enfática que aí se faz à empresa<br />

das navegações e conquistas revela que Camões<br />

teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou<br />

o feito quanto o exaltou.<br />

Está correto apenas o que se afirma em:<br />

a) I. d) I e II.<br />

b) II. e) I e III.<br />

c) III.<br />

114.<br />

Um dos mais famosos sonetos de Camões assim se<br />

inicia:<br />

Transforma-se o amador na cousa amada,<br />

Por virtude do muito imaginar;<br />

Não tenho logo mais que desejar,<br />

Pois em mim tenho a parte desejada.<br />

Você diria que no quarteto apresentado podemos<br />

perceber a visão platônica que Camões tem do amor?<br />

Por quê?<br />

71


115.<br />

Camões distinguiu-se, na literatura portuguesa, entre<br />

outras razões:<br />

a) por ter sido o primeiro escritor clássico de Portugal.<br />

b) por ter sido o maior caricaturista da sociedade<br />

portuguesa do século XVI.<br />

c) por ter criado o teatro popular.<br />

d) por ter escrito a melhor interpretação poética dos<br />

valores espirituais, morais e cívicos que distinguiam<br />

a civilização portuguesa.<br />

116.<br />

Quais são os temas da lírica camoniana?<br />

117.<br />

Sobre a lírica de Camões, é correto afirmar que:<br />

a) é composta inteiramente segundo modelos do<br />

Classicismo renascentista.<br />

b) é composta com versos de “medida nova”, totalmente<br />

adaptada à técnica renascentista.<br />

c) tem em seu centro a tentativa de compreensão da<br />

natureza, do amor e do mundo.<br />

d) tem como elemento fundamental a visão sensual<br />

do amor, sempre carregada do sentido físico,<br />

erótico.<br />

e) mostra uma atitude puramente emocional, sem a<br />

reflexão e o racionalismo próprios do Classicismo.<br />

118.<br />

Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que:<br />

a) está escrita em medida velha e medida nova, isto<br />

é, em versos redondilhos e versos decassílabos,<br />

respectivamente.<br />

b) apresenta-se no estilo clássico e no estilo maneirista,<br />

sendo este último uma transição para o<br />

Barroco.<br />

c) expressa-se em temática variada, contendo<br />

principalmente temas como o “desconcerto do<br />

mundo”, “a mutabilidade das coisas” e o “ideal de<br />

perfeição”.<br />

d) estabelece, através da introspecção, um amplo<br />

painel da sociedade portuguesa do início do século<br />

XVI.<br />

e) busca, além da universalização, uma visão platônica<br />

do conceito amoroso.<br />

119. Mackenzie-SP<br />

Desde seu descobrimento, escreveu-se sobre o Brasil.<br />

Alguns escritores, após tal evento, compuseram textos<br />

com o propósito fundamental de retratar não só a terra<br />

recém-descoberta como também as características de<br />

seus habitantes. Trata-se, pois, de uma literatura de<br />

teor informativo, apesar de se encontrarem, às vezes,<br />

algumas passagens onde se mostram elementos<br />

artísticos.<br />

Aponte a alternativa em que se encontra o nome de um<br />

texto que não se encaixe nessa tendência.<br />

a) Carta do descobrimento<br />

b) Tratado da terra do Brasil<br />

c) Tratado descritivo do Brasil<br />

d) Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal<br />

contra as de Holanda<br />

e) História da província de Santa Cruz, a que vulgarmente<br />

chamamos Brasil<br />

72<br />

120. Mackenzie-SP<br />

Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que:<br />

a) boa parte de sua realização se encontra na poesia<br />

de inspiração clássica.<br />

b) sua temática é variada, encontrando-se desde<br />

temas abstratos até tradicionais.<br />

c) no aspecto formal, é toda construída em versos<br />

decassílabos em oitava rima.<br />

d) sonda o sombrio mundo do eu, da mulher, da<br />

natureza e de Deus.<br />

e) muitas vezes, o poeta procura conceituar o amor,<br />

lançando mão de antíteses e paradoxos.<br />

121. Fuvest-SP<br />

Qual a diferença mais significativa entre a poesia épica<br />

e a lírica: o tipo de verso empregado ou o conteúdo?<br />

Justifique sua resposta.<br />

122.<br />

Cara minha inimiga, em cuja mão<br />

Pôs meus contentamentos a ventura,<br />

Faltou-te a ti na terra sepultura,<br />

Por que me falta a mim consolação.<br />

Eternamente as águas lograrão<br />

A tua peregrina fermosura;<br />

Mas, enquanto me a mim a vida dura,<br />

Sempre viva em minha alma te acharão.<br />

E, se os meus rudes versos podem tanto<br />

Que possam prometer-te longa história<br />

Daquele amor tão puro e verdadeiro,<br />

Celebrada serás sempre em meu canto;<br />

Porque, enquanto no mundo houver memória,<br />

Será minha escritura teu letreiro.<br />

Luís de Camões<br />

a) Aponte e explique a antítese que há no início do<br />

poema.<br />

b) Neste poema, há referência a um acontecimento<br />

que parece ter relação com um dado da biografia<br />

de Camões: a perda da amada. Segundo o poema,<br />

em que circunstâncias se deu essa morte? Quais<br />

os versos que se referem a ela?<br />

c) Qual o tipo de verso empregado? Trata-se da<br />

medida velha ou da nova?<br />

d) Por que se trata de um soneto? Qual seu esquema<br />

de rimas?<br />

123.<br />

Soneto do amor total<br />

Amo-te tanto, meu amor... não cante<br />

O humano coração com mais verdade...<br />

Amo-te como amigo e como amante<br />

Numa sempre diversa realidade.<br />

Amo-te a fim de um calmo amor prestante<br />

E te amo além, presente na saudade.<br />

Amo-te, enfim, com grande liberdade<br />

Dentro da eternidade e a cada instante.


PV2D-07-POR-34<br />

Amo-te como um bicho, simplesmente<br />

De um amor sem mistério e sem virtude<br />

Com um desejo maciço e permanente.<br />

E de amar assim, muito e amiúde<br />

É que um dia em teu corpo de repente<br />

Hei de morrer de amar mais do que pude.<br />

Vinícius de Moraes. Livro dos sonetos.<br />

A crítica costuma apontar Vinícius de Moraes como<br />

um dos herdeiros da lírica camoniana. Aponte semelhanças<br />

entre as duas obras tanto do ponto de vista<br />

temático quanto formal.<br />

124.<br />

A terra<br />

Esta terra, Senhor, me aparece que da ponta<br />

que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra<br />

o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista,<br />

será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e<br />

cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas<br />

partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas<br />

brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de<br />

arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia-palma, muito<br />

chã e muito formosa. (...)<br />

Nela até agora não pudemos saber que haja ouro,<br />

nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem<br />

lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares,<br />

assim frios e temperados como os de Entre-Douro e<br />

Minho.(...)<br />

Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa<br />

que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo,<br />

por bem das águas que tem.<br />

Caminha, Pero Vaz de. A carta de Caminha.<br />

Carta de Pero Vaz<br />

A terra é mui graciosa,<br />

Tão fértil eu nunca vi.<br />

A gente vai passear,<br />

No chão espeta um caniço,<br />

No dia seguinte nasce<br />

Bengala de castão de oiro.<br />

Tem goiabas, melancias,<br />

Banana que nem chuchu.<br />

Quanto aos bichos, tem-nos muitos,<br />

De plumagens mui vistosas.<br />

Tem macaco até demais.<br />

Diamantes tem à vontade,<br />

Esmeralda é para os trouxas.<br />

Reforçai, senhor, a arca,<br />

Cruzados não faltarão,<br />

Vossa perna encanareis,<br />

Salvo o devido respeito.<br />

Ficarei muito saudoso<br />

Se for embora daqui.<br />

MENDES, Murilo. História do Brasil.<br />

Os dois textos, representantes de dois períodos literários<br />

distantes, revelam duas perspectivas diferentes.<br />

Indique:<br />

a) a diferença entre o texto original e o segundo, em<br />

função da descrição da terra;<br />

b) o período literário a que corresponde cada texto.<br />

125. UFBA<br />

As manifestações literárias no Brasil do século XVI<br />

foram, fundamentalmente:<br />

a) relatos de viajantes e missionários estrangeiros e<br />

escritos catequéticos de Anchieta.<br />

b) poemas épicos indianistas e poesia lírica de caráter<br />

religioso.<br />

c) teatro de sátira política e crônicas sobre o cotidiano<br />

das pequenas cidades.<br />

d) obras de caráter pedagógico, de circulação<br />

restrita.<br />

e) cartas dos colonos aos familiares da metrópole e<br />

documentos de protesto contra a escravização dos<br />

negros.<br />

126. Fuvest–SP<br />

Na lírica de Camões:<br />

a) método usado para a composição dos sonetos é<br />

a redondilha maior.<br />

b) encontram-se sonetos, sátiras, odes e autos.<br />

c) cantar a Pátria é o centro das preocupações.<br />

d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos<br />

poetas brasileiros do século XX.<br />

e) a mulher é vista em seus aspectos físicos, despojada<br />

de espiritualidade.<br />

127. Unicamp-SP<br />

Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e<br />

não se sente;<br />

É um contentamento descontente; / É dor que<br />

desatina sem doer;<br />

Lírica de Camões, seleção, prefácio e notas<br />

de Massaud Moisés<br />

Terror de te amar num sítio frágil como o mundo.<br />

Mal de te amar neste lugar de imperfeição<br />

Onde tudo nos quebra e emudece<br />

Onde tudo nos mente e nos separa.<br />

Sophia M. B. Andresen, Terror de amar, em<br />

Antologia poética.<br />

Dos dois textos transcritos, o primeiro é de Luís Vaz<br />

de Camões (século XVI) e o segundo, de Sophia M.B.<br />

Andresen (século XX).<br />

Compare-os, discutindo, através de critérios formais<br />

e temáticos, aspectos em que ambos se aproximam<br />

e aspectos em que ambos se distanciam.<br />

128. Vunesp<br />

Língua <strong>Portugues</strong>a<br />

Última flor do Lácio, inculta e bela<br />

És, a um tempo, esplendor e sepultura:<br />

Ouro nativo, que na ganga impura<br />

A bruta mina entre os cascalhos vela...<br />

Amo-te assim desconhecida e obscura,<br />

Tuba de alto clangor, lira singela,<br />

que tens o trom e o silvo da procela<br />

E o arrolo da saudade e da ternura!<br />

73


74<br />

Amo o teu viço agreste e o teu aroma<br />

De virgens selvas e de oceano largo!<br />

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,<br />

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”<br />

E em que Camões chorou, no exílio amargo,<br />

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!<br />

Olavo Bilac, Tarde (1919)<br />

Língua<br />

(a Violeta Gervaiseau)<br />

Gosto de sentir a minha língua roçar<br />

A língua de Luís Camões.<br />

Gosto de ser e de estar<br />

E quero me dedicar<br />

A criar confusões de prosódia<br />

E uma profusão de paródias<br />

Que encurtem dores<br />

E furtem cores como camaleões.<br />

Gosto do Pessoa na pessoa<br />

Da rosa no Rosa,<br />

E sei que a poesia está para a prosa<br />

Assim como o amor está para a amizade.<br />

E quem há de negar que esta lhe é superior?<br />

E deixa os portugais morrerem à míngua,<br />

“Minha pátria é minha língua”<br />

– Fala Mangueira!<br />

Flor do Lácio Sambódromo<br />

Lusamérica latim em pó<br />

O que quer<br />

O que pode<br />

Esta língua?<br />

Caetano Veloso, em Velô (1984)<br />

Além de Luís de Camões, que aparece mencionado<br />

nos dois textos, o poema de Caetano menciona outros<br />

dois escritores. Cite pelo menos uma obra importante<br />

de cada um destes dois literatos.<br />

129.<br />

Leia o texto seguinte, retirado de um poema de Camões.<br />

Aquela cativa<br />

Que me tem cativo,<br />

Porque nela vivo<br />

Já não quer que viva.<br />

Eu nunca vi rosa<br />

Em suaves molhos<br />

Que para meus olhos<br />

Fosse mais fermosa.<br />

a) Qual o tipo de verso empregado no poema?<br />

b) Trata-se de um poema tipicamente clássico? Justifique<br />

sua resposta.<br />

c) A expressão “cativo(a)” quer dizer “escravo(a)”.<br />

Sabendo disso, responda: o que o poeta quis dizer<br />

nos dois primeiros versos?<br />

130.<br />

O culto à natureza, característica da Literatura Brasileira,<br />

tem sua origem nos textos da Literatura de Informação.<br />

Assinale o fragmento da Carta de Caminha<br />

que já revela a mencionada característica:<br />

a) Viu um deles umas contas de rosário, brancas;<br />

acenou que lhas dessem, folgou muito com elas,<br />

e lançou-as ao pescoço.<br />

b) Assim, quando o batel chegou à foz do rio, estavam<br />

ali dezoito ou vinte homens pardos, todos<br />

nus, sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas<br />

vergonhas.<br />

c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frio e<br />

temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque,<br />

neste tempo de agora, assim os achávamos<br />

como os de lá. Águas são muitas e infindas. De<br />

tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la,<br />

dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.<br />

d) Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me<br />

parece que será salvar esta gente. E esta deve<br />

ser a principal semente que Vossa Alteza em ela<br />

deve alcançar.<br />

e) Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão<br />

traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram<br />

para a terra, como quem diz que os havia ali.<br />

131. Unama-PA<br />

Seguimos nosso caminho por este mar de longo<br />

Até a oitava da Páscoa<br />

Topamos aves<br />

E houvemos vista de terra<br />

Os selvagens<br />

Mostraram-lhes uma galinha<br />

Quase haviam medo dela<br />

E não queriam pôr a mão<br />

E depois a tomaram como espantados<br />

primeiro chá<br />

Depois de dançarem<br />

Diogo Dias<br />

Fez o salto real<br />

as meninas da gare<br />

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis<br />

Com cabelos mui pretos pelas espáduas<br />

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas<br />

Que de nós as muito bem olharmos<br />

Não tínhamos nenhuma vergonha.<br />

Oswald de Andrade, Poesias reunidas<br />

A terra é tão fermosa<br />

e de tanto arvoredo<br />

tamanho e tão basto<br />

que o homem não dá conta.<br />

No clarão matutino<br />

os tucanos rombudos<br />

eram como figuras<br />

a lápis encarnado<br />

e que houvessem fugido<br />

do caderno escolar<br />

em que Deus aprendia<br />

desenho, em menino.<br />

Tupis em alvoroço,<br />

Tribos guerreiras, mansas,<br />

troféus verdes na ponta<br />

dos chuços e das lanças.<br />

Jequitiranabóias.


PV2D-07-POR-34<br />

Colar de osso ao pescoço,<br />

vermelhas araçóias,<br />

cocares multicores.<br />

Cada qual com o seu sol<br />

de plumas à cabeça.<br />

Guerreiros da manhã<br />

que haviam já descido<br />

dos Andes à procura<br />

da Noite, que estaria<br />

para os lados do Atlântico.<br />

..........................................<br />

Cassianos Ricardo, Martim Cererê<br />

Os excertos mostrados, de poetas da 1ª fase do Modernismo,<br />

têm seu referencial na origem e na formação<br />

da Literatura Brasileira. Assinale a alternativa que<br />

identifica esse referencial.<br />

a) Literatura dos jesuítas — Auto de São Lourenço<br />

b) Literatura dos viajantes — Carta do Descobrimento<br />

c) Literatura dos viajantes — Tratado da terra do<br />

Brasil<br />

d) Seiscentismo — Prosopopéia<br />

e) Seiscentismo — Sermão da sexagésima<br />

Capítulo 3<br />

134. UniCOC-SP<br />

É correto afirmar que a estética barroca se valeu de:<br />

a) um acentuado equilíbrio em suas manifestações<br />

artísticas, em que o homem se sente capaz de<br />

igualar as capacidades dos deuses, que sempre<br />

o favorecem.<br />

b) uma insatisfação em relação à vida de sua época,<br />

dando destaque ao sofrimento amoroso e à religiosidade<br />

inata do homem.<br />

c) uma linguagem rebuscada, entremeada de inversões<br />

e figuras, mostrando um homem em conflito<br />

entre o pecado e o perdão divino.<br />

d) um requinte formal, de uma linguagem castiça em<br />

sonetos que muitas vezes procuravam descrever<br />

objetos raros e preciosos, como vasos e taças.<br />

e) uma postura bastante otimista, pois o cientificismo<br />

da época valoriza especialmente a ação humana.<br />

135. UniCOC-SP<br />

Texto 1<br />

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,<br />

Muda-se o ser, muda-se a confiança;<br />

Todo o mundo é composto de mudança,<br />

Tomando sempre novas qualidades.<br />

Continuamente vemos novidades,<br />

Diferentes em tudo da esperança;<br />

Do mal ficam as mágoas na lembrança,<br />

E do bem (se algum houve...) as saudades.<br />

132. UFV–MG<br />

Sobre José de Anchieta, é incorreto afirmar que:<br />

a) cultivou especialmente os autos, buscando, na alegoria,<br />

tornar mais acessíveis às mentes indígenas<br />

os conceitos e os dogmas do cristianismo.<br />

b) no teatro, o Auto de São Lourenço destaca-se<br />

como obra catequética de influência medieval.<br />

c) na poesia lírica, encontram-se suas mais belas<br />

composições, expressivas de uma fé profunda.<br />

d) apesar de pautada na língua e na cultura do índio,<br />

sua produção literária não se caracteriza como<br />

literatura já tipicamente brasileira.<br />

e) sua obra teatral, marcadamente alegórica e antireligiosa,<br />

moldou-se nos padrões renascentistas.<br />

133. Ufla-MG<br />

Todas as alternativas sobre o Padre José de Anchieta<br />

são corretas, exceto:<br />

a) Foi o mais importante jesuíta em atividade no Brasil<br />

do século XVI.<br />

b) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa,<br />

com seus sermões barrocos.<br />

c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha<br />

sobre a gramática da língua dos nativos.<br />

d) Escreveu tanto uma literatura de caráter informativo<br />

como de caráter pedagógico.<br />

e) Suas peças apresentam sempre o duelo entre<br />

anjos e diabos.<br />

O tempo cobre o chão de verde manto,<br />

Que já coberto foi de neve fria,<br />

E em mim converte em choro o doce canto.<br />

E afora este mudar-se cada dia,<br />

Outra mudança faz de mor espanto:<br />

Que não se muda já como soía.<br />

Luís Vaz de Camões<br />

Texto 2<br />

É a vaidade, Fábio, nesta vida,<br />

Rosa, que da manhã lisonjeada,<br />

Púrpuras mil, com ambição dourada,<br />

Airosa rompe, arrasta presumida.<br />

É planta, que de abril favorecida,<br />

Por mares de soberba desatada,<br />

Florida galeota empavesada<br />

Sulca ufana, arrasta destemida.<br />

É nau, enfim, que em breve ligeireza,<br />

Com presunção de Fênix generosa,<br />

Galhardias apresta, alentos preza:<br />

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa,<br />

De que importa, se aguarda sem defesa<br />

Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?<br />

Gregório de Matos<br />

75


Assinale a alternativa correta sobre os textos dados.<br />

a) O texto 1 é claro exemplo de poesia neoclássica,<br />

enquanto o texto 2 é nitidamente barroco.<br />

b) A temática de ambos é a mesma: o desconcerto<br />

do mundo.<br />

c) Enquanto o texto 1 aborda a temática do desconcerto<br />

do mundo, o texto 2 combate a vaidade e o<br />

culto da aparência.<br />

d) O texto 1 é exemplo de poema cuja temática é a<br />

frustração amorosa, assunto sutilmente abordado<br />

no texto 2.<br />

e) O texto 2 é um caso de poesia encomiástica, em<br />

que se presta homenagem a alguém, no caso a<br />

Fábio, possivelmente um amigo do poeta.<br />

136. UFPB<br />

Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.<br />

76<br />

Soneto da separação<br />

De repente do riso fez-se o pranto<br />

Silencioso e branco como a bruma<br />

E das bocas unidas fez-se a espuma<br />

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.<br />

De repente da calma fez-se o vento<br />

Que dos olhos desfez a última chama<br />

E da paixão fez-se o pressentimento<br />

E do momento imóvel fez-se o drama.<br />

De repente, não mais que de repente<br />

Fez-se de triste o que se fez amante<br />

E de sozinho o que se fez contente.<br />

Fez-se do amigo próximo o distante<br />

Fez-se da vida uma aventura errante<br />

De repente, não mais que de repente.<br />

Vinícius de Moraes<br />

Um dos recursos instaurados pela contemporaneidade<br />

poética é a “liberdade de expressão”, que possibilitou,<br />

inclusive, a permanência de modelos clássicos do<br />

fazer poético. Em Soneto da separação, observa-se<br />

o resgate da forma fixa, além do uso da antítese para<br />

expressar a angústia da separação.<br />

a) Retire do poema duas antíteses.<br />

b) Que estilo de época acrescenta à presença de<br />

antíteses o exagero expressivo como reflexo de<br />

um intenso conflito espiritual?<br />

137. Fuvest-SP<br />

Leia atentamente o texto.<br />

Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem<br />

a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que<br />

saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China,<br />

ao Japão; os que semeiam sem sair são os que se<br />

contentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão,<br />

mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em<br />

casa, pagar-lhes-ão a semeadura: aos que vão buscar<br />

a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e<br />

hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah!<br />

pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço:<br />

os de lá, com mais passos...<br />

Padre Antônio Vieira<br />

Todas as características barrocas citadas podem ser<br />

identificadas no texto, exceto:<br />

a) gosto pelas antíteses.<br />

b) jogo de palavras.<br />

c) contraposição de espírito e matéria.<br />

d) jogo de idéias.<br />

e) raciocínio rebuscado.<br />

138. Fuvest-SP<br />

O cultismo e o conceptismo, aspectos contrastantes<br />

fundidos no Barroco, relacionam-se respectivamente<br />

a todas as oposições a seguir, exceto:<br />

a) forma e conteúdo. d) vida e morte.<br />

b) sentidos e inteligência. e) fantasia e raciocínio.<br />

c) imaginação e razão.<br />

139.<br />

Ofendido vos tem minha maldade,<br />

É verdade, Senhor, que hei delinqüido,<br />

Delinqüido vos tenho, e ofendido,<br />

Ofendido vos tem minha maldade.<br />

Maldade que encaminha a vaidade,<br />

Vaidade que todo me há vencido,<br />

Vencido que ver-me e arrependido,<br />

Arrependido a tanta enormidade.<br />

Gregório de Matos<br />

Que aspectos da arte barroca são encontrados no<br />

trecho exposto?<br />

140. UFPE<br />

Discreta e formosíssima Maria<br />

Enquanto estamos vendo a qualquer hora<br />

Em tuas faces a rosada Aurora,<br />

Em teus olhos e boca, o sol e o dia:<br />

............................................................<br />

Goza, goza da flor da mocidade<br />

Que o tempo trata a toda ligeireza<br />

E imprime em toda flor sua pisada.<br />

Gregório de Matos<br />

Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora,<br />

A lua nas janelas bate em cheio.<br />

Boa-noite, Maria! É tarde...é tarde...<br />

Não me apertes assim contra teu seio.<br />

.........................................................<br />

Mas não me digas descobrindo o peito<br />

Mar de amor onde vagam meus desejos<br />

Castro Alves<br />

Nos versos acima, o lirismo barroco, em Gregório de<br />

Matos, e o romântico, em Castro Alves, apresentam<br />

pontos de divergência e convergência, apesar de pertencerem<br />

a movimentos literários diferentes, distanciados<br />

por séculos. As convergências se devem a que:<br />

a) a visão do amor, fundamentada na religiosidade<br />

contra-reformista, elimina a expressão do amor<br />

físico, sublimando o sentimento.<br />

b) as relações amorosas são apresentadas de uma<br />

maneira sensual e ardente.


PV2D-07-POR-34<br />

c) o tema do Carpe diem faz referência ao aproveitamento<br />

da vida e da beleza, na sua brevidade;<br />

esse tema aparece em ambos como uma reflexão<br />

sobre a transitoriedade das coisas.<br />

d) utilizando o discurso direto, os poetas descrevem<br />

suas amadas recorrendo a metáforas alusivas a<br />

elementos da natureza.<br />

e) em ambos os poemas, as mulheres são descritas<br />

como figuras contraditórias, simultaneamente<br />

angelicais e demoníacas.<br />

141.<br />

Assinale a alternativa incorreta.<br />

O Barroco surgiu como reação aos ideais da Idade<br />

Média e à valorização demasiada da Antigüidade<br />

Clássica, apresentando:<br />

a) a fusão do teocentrismo com o antropocentrismo.<br />

b) predomínio do equilíbrio em todas as formas artísticas.<br />

c) estilo rebuscado como manifestação de angústia.<br />

d) predomínio de forma, cor e riqueza, em detrimento<br />

de conteúdo.<br />

e) a fusão do pecado com o perdão.<br />

142. Fuvest-SP<br />

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.<br />

Depois da luz, se segue a noite escura,<br />

Em tristes sombras morre a formosura,<br />

Em contínuas tristezas e alegria.<br />

Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos<br />

Guerra, a principal característica do Barroco é:<br />

a) o culto da Natureza.<br />

b) a utilização de rimas alternadas.<br />

c) a forte presença de antíteses.<br />

d) o culto do amor cortês.<br />

e) o uso de aliterações.<br />

143.<br />

Duas atitudes diferentes, dois diferentes processos:<br />

a atitude sensual de rebusca do mais pulcro e<br />

fulgurante para o encanto dos olhos; a atitude intelectual,<br />

que formula o conceito engenhoso, para<br />

deliciado pasmo do espírito dialético. De comum,<br />

apenas o objetivo de surpreender pela singularidade<br />

espantosa.<br />

Hernâni Cidade<br />

Quais são os dois processos a que se refere o crítico<br />

português, respectivamente?<br />

144.<br />

Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos<br />

construtivos do Barroco, assinale a única alternativa<br />

incorreta.<br />

a) O cultismo opera através de analogias sensoriais,<br />

valorizando a identificação dos seres por metáforas.<br />

O conceptismo valoriza a atitude intelectual,<br />

a argumentação.<br />

b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do<br />

Barroco que não se excluem. É possível localizar<br />

no mesmo autor e até no mesmo texto os dois<br />

elementos.<br />

c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da<br />

linguagem, pelo abuso no emprego de figuras<br />

semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo<br />

valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza<br />

no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos,<br />

paradoxos.<br />

d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também<br />

conhecido como gongorismo e seu mais ardente<br />

defensor, no Sermão da Sexagésima, propõe a<br />

primazia da palavra sobre a idéia.<br />

e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos<br />

poetas foram os de Gôngora e Marini, e o conceptismo<br />

de Quevedo foi o que maiores influências<br />

deixou em Gregório de Matos.<br />

145.<br />

Explique o conceito de “cultismo”, recurso tão encontrado<br />

nos textos barrocos. Utilize, para isso, os seguintes<br />

versos de Gregório de Matos:<br />

O todo sem a parte não é o todo;<br />

A parte sem o todo não é parte;<br />

Mas se a parte faz o todo, sendo parte,<br />

Não se diga que é parte, sendo o todo.<br />

Em todo o Sacramento está Deus todo,<br />

E todo assiste inteiro em qualquer parte,<br />

E feito em partes todo em toda a parte,<br />

Em qualquer parte sempre fica todo.<br />

146. Ufla-MG<br />

Assinale a alternativa que contém características<br />

incompatíveis com o estilo de época conhecido por<br />

Barroco.<br />

a) Contradições, sobrenatural humanizado, céu e<br />

terra ligados.<br />

b) Gosto pela polêmica, pelo panfleto, colisão de cores<br />

e excesso de relevos.<br />

c) Sentido de universalidade, racionalismo e objetividade.<br />

d) As coisas, pessoas e ações não são descritas, mas<br />

apenas evocadas e refletidas através da visão das<br />

personagens.<br />

e) Largo sentimento de grandiosidade e esplendor, de<br />

pompa e grandeza heróica, expressos na tendência<br />

ao exagero e ao hiperbólico.<br />

147. Uniube-MG<br />

Castigada, desfeita, malograda, [a mariposa]<br />

Por ousada, por débil, por briosa,<br />

Ao raio, ao resplendor, à luz formosa,<br />

Cai triste, fica vã, morre abrasada.<br />

O texto lembra que na estética barroca foram freqüentes:<br />

a) a tendência ao narrativo, a impessoalidade da<br />

expressão e do léxico, a concisão.<br />

b) a economia de recursos de estilo, o uso de léxico<br />

não-poético, a reiteração das idéias.<br />

c) a prolixidade, a tendência ao descritivo, a reiteração<br />

das idéias.<br />

d) o uso intenso de metáforas, a extrema contenção,<br />

a economia de recursos expressivos.<br />

e) o uso de contrastes, a impessoalidade da expressão,<br />

o uso de léxico não-poético.<br />

77


148. FCC-BA<br />

78<br />

Teme o fim, flor ufana, que a temê-lo<br />

A própria formosura te convida.<br />

A vós divinos olhos, eclipsados,<br />

De tanto sangue e lágrimas cobertos,<br />

Pois, para perdoar-me, estais despertos<br />

E, por não condenar-me, estais fechados.<br />

O texto barroco, conforme lembram os excertos mostrados,<br />

não raro:<br />

a) se angustia com a fatuidade e a brevidade da existência<br />

e busca a redenção pela religiosidade.<br />

b) traz ao leitor uma visão paradisíaca da existência,<br />

abençoada pelo sacrifício da divindade.<br />

c) é fortemente moralista e exorta o homem a desprezar<br />

os prazeres e a vida terrena, porque a<br />

divindade o espreita, sempre vigilante.<br />

d) é densamente espiritualizado, fortemente religioso<br />

e descompromissado com a observação da<br />

realidade física e com os aspectos materiais do<br />

mundo.<br />

e) é fortemente emocionado e, por conseqüência,<br />

valoriza a capacidade do indivíduo de fruir os<br />

aspectos positivos que o mundo lhe oferece.<br />

149. USF-SP<br />

Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,<br />

Te lembrar hoje Deus por sua Igreja;<br />

De pó te fez espelho, em que se veja<br />

A vil matéria, de que quis formar-te.<br />

Conforme sugere o excerto, o poeta barroco não raro<br />

expressa:<br />

a) o medo de ser infeliz; uma imensa angústia em<br />

face da vida, a que não consegue dar sentido; a<br />

desilusão diante da falência de valores terrenos e<br />

divinos.<br />

b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero<br />

e vão; o sentimento de nulidade diante do poder<br />

divino.<br />

c) a percepção de que não há saídas para o homem;<br />

a certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça<br />

espiritual.<br />

d) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela<br />

à vontade de fruir até as últimas conseqüências o<br />

lado material da vida.<br />

e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses<br />

imprimem a seu destino e à vida na terra.<br />

150. ESPM-SP<br />

Considere os versos:<br />

Mui grande é Vosso amor e meu delito;<br />

Porém pode ter fim todo o pecar,<br />

E não o Vosso amor, que é infinito.<br />

Essa razão me obriga a confiar<br />

Que, por mais que pequei, neste conflito<br />

Espero em Vosso amor de me salvar.<br />

Esses versos que o poeta barroco Gregório de Matos<br />

dirige a Cristo apresentam uma visão sofismática típica<br />

da época. Assinale a opção em que ocorre o mesmo<br />

tipo de argumentação.<br />

a) O amor divino pode salvar o ser humano do conflito<br />

de confiar na infinitude do pecado.<br />

b) Como o amor de Cristo é muito maior que o pecado<br />

do indivíduo, a salvação é certa.<br />

c) A razão que o poder divino impõe ao ser humano<br />

faz com que ele confie no amor e na salvação.<br />

d) O amor de Cristo, infinito, faz o poeta desejar o fim<br />

do ato de pecar.<br />

e) O conflito divino induz o ser humano a buscar o<br />

amor infinito com a salvação.<br />

151. Cefet-PR<br />

Queimada veja eu a terra,<br />

onde o torpe idiotismo<br />

chama aos entendidos néscios,<br />

aos néscios chama entendidos.<br />

Queimada veja eu a terra,<br />

Onde em casa, e nos corrilhos<br />

Os asnos me chamam d’asno,<br />

Parece coisa de riso.<br />

Eu sei de um clérigo zote<br />

Parente em grau conhecido<br />

Destes, que não sabem musa, mau grego e pior latim<br />

Famoso em cartas, e dados<br />

(...)<br />

Ambicioso, avarento,<br />

Das próprias negras amigo.<br />

No fragmento poético-satírico mostrado, o poeta<br />

Gregório de Matos, ao sair da Bahia colonial, escreve<br />

sobre essa sociedade e seus integrantes. Podemos<br />

afirmar que, nesse fragmento, o poeta:<br />

a) demonstra grande apreço pela sociedade baiana.<br />

b) reforça o preconceito em relação ao elemento<br />

negro.<br />

c) fortalece uma visão positiva do consórcio das<br />

raças.<br />

d) usa de antítese, característica da linguagem barroca,<br />

para exaltar os baianos.<br />

e) descreve de modo imparcial o meio colonial baiano.<br />

152.<br />

Que é terra, homem, e em terra hás de tornar-te,<br />

Te lembra hoje Deus por sua Igreja;<br />

De pó te faz espelho em que se veja<br />

A vil matéria de que quis formar-te.<br />

Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,<br />

E como o teu baixel sempre fraqueja<br />

Nos mares da vaidade, onde peleja,<br />

Te põe à vista a terra, onde salvar-te.<br />

Alerta, alerta pois, que o vento berra.<br />

E se assopra a vaidade, e incha o pano,<br />

Na proa a terra tens, amaina, e ferra.<br />

Todo o lenho mortal, baixel humano<br />

Se busca a salvação, tome hoje terra,<br />

Que a terra de hoje é porto soberano.<br />

O poema acima desenvolve uma metáfora.<br />

a) De que metáfora se trata?<br />

b) Qual o desenvolvimento que o poema dá a ela?


PV2D-07-POR-34<br />

153.<br />

Dê argumentos que permitam considerar o padre<br />

Antônio Vieira como um expoente tanto da literatura<br />

portuguesa quanto da literatura brasileira.<br />

154. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa incorreta.<br />

a) Julgada em bloco, a literatura brasileira do quinhentismo<br />

é uma típica manifestação barroca.<br />

b) Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o<br />

dualismo barroco: mistura de religiosidade e sensualismo,<br />

misticismo e erotismo, valores terrenos<br />

e aspirações espirituais.<br />

c) A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo<br />

nascido pela mão dos jesuítas, com intenção<br />

doutrinária.<br />

d) Com Antônio Vieira, a estética barroca atinge o<br />

seu ponto alto em prosa no Brasil.<br />

e) Não se deve dizer que a literatura seiscentista<br />

brasileira seja inferior por ser barroca, mas sim<br />

que é uma literatura barroca de qualidade inferior,<br />

com exceções raras.<br />

155.<br />

Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os<br />

pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se<br />

de uma parte está branco, da outra há de estar negro;<br />

se de uma parte está dia, da outra há de estar noite; se<br />

de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra;<br />

se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer<br />

subiu. Aprendamos do céu o estilo da disposição, e<br />

também o das palavras.<br />

No excerto, Padre Vieira, condenando o abuso de ____<br />

______, critica alguns excessos do estilo ________.<br />

a) antíteses – barroco<br />

b) metáforas – arcádico<br />

c) metonímias – romântico<br />

d) antíteses – arcádico<br />

e) metonímias – barroco<br />

156. PUC-MG<br />

O texto a seguir, de padre Antônio Vieira, pertence ao<br />

estilo barroco. Comprove a afirmação, identificando,<br />

no trecho, três características do estilo.<br />

Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo<br />

pode proceder de um de três princípios: ou da parte do<br />

pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus.<br />

Para uma alma se converter por meio de um<br />

sermão, há de haver três concursos: há de concorrer<br />

o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer<br />

o ouvinte com o entendimento, percebendo; há<br />

de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um<br />

homem ver a si mesmo, são necessárias três coisas:<br />

olhos, espelhos e luz. Logo, há mister luz, há mister<br />

espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de<br />

uma alma senão entrar um homem dentro de si e ver-se<br />

a si mesmo? Para essa vista são necessários olhos,<br />

é necessária luz e é necessário espelho. O pregador<br />

concorre com o espelho, que é doutrina; Deus concorre<br />

com a luz, que é a graça; o homem concorre com os<br />

olhos, que é o conhecimento.<br />

157. PUC-RJ<br />

01 Navegava Alexandre em uma poderosa armada<br />

pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse<br />

trazido à sua presença um pirata que por ali andava<br />

roubando os pescadores, repreendeu-o muito<br />

05 Alexandre de andar em tão mau ofício; porém,<br />

ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu<br />

assim. – Basta, senhor, que eu, porque roubo em<br />

uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em<br />

uma armada, sois imperador? – Assim é. O roubar<br />

<strong>10</strong> pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar<br />

com pouco poder faz os piratas, o roubar com<br />

muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem<br />

distinguir as qualidades e interpretar as significações,<br />

a uns e outros definiu com o mesmo nome:<br />

15<br />

Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem<br />

animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de<br />

Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o<br />

ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm<br />

o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.<br />

Fragmento do Sermão do bom ladrão, de Pe. Antônio Vieira.<br />

Uma das mais importantes características da obra do<br />

Padre Antônio Vieira refere-se à presença constante<br />

em seus sermões das dimensões social e política,<br />

somadas à religiosa. Comente esta afirmativa em<br />

função do texto acima.<br />

158.<br />

Assinale a alternativa incorreta.<br />

a) Em seus sermões, de estilo conceptista, o Padre<br />

Antônio Vieira segue os moldes da parenética<br />

medieval.<br />

b) Caracteriza o Barroco a tentativa de unir os valores<br />

medievais aos renascentistas.<br />

c) O poema épico Prosopopéia foi escrito em versos<br />

decassílabos e oitava-rima e é considerado o<br />

marco inicial do Barroco no Brasil.<br />

d) Apesar de ser conhecido como poeta satírico,<br />

Gregório de Matos também escreveu poesia lírica<br />

e religiosa.<br />

e) O cultismo caracteriza-se como uma seqüência<br />

de raciocínios lógicos, usando uma retórica<br />

aprimorada, que despreza a linguagem rebuscada.<br />

159. Fuvest-SP<br />

A respeito do padre Antônio Vieira, pode-se afirmar<br />

que:<br />

a) embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana,<br />

não se ocupou de problemas locais.<br />

b) procurava adequar os textos bíblicos às realidades<br />

de que tratava.<br />

c) dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse<br />

por assuntos mundanos.<br />

d) em função de seu zelo para com Deus, utilizava-O<br />

para justificar todos os acontecimentos políticos e<br />

sociais.<br />

e) mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.<br />

79


160. UFRGS-RS<br />

Assinale a alternativa que preenche adequadamente as<br />

lacunas do texto a seguir, na ordem em que aparecem.<br />

Padre Antônio Vieira é um dos principais autores<br />

do _____________, movimento em que o homem é<br />

conduzido pela ______________ e que tem, entre<br />

suas características, o ______________, com seus<br />

jogos de palavras, de imagens e de construção, e o<br />

_____________ com o uso de silogismo, processo<br />

racional de demonstrar uma asserção.<br />

a) gongorismo – exaltação vital – cultismo – preciosismo<br />

b) conceptismo – fé – preciosismo – gongorismo<br />

c) Barroco – depressão vital – conceptismo – cultismo<br />

d) Conceptismo – depressão vital – gongorismo<br />

– preciosismo<br />

e) Barroco – fé – cultismo – conceptismo<br />

161.<br />

Da mesma maneira, uma coisa é o semeador, e outra<br />

o que semeia; uma coisa é o pregador, e outra o<br />

que prega. O semeador e o pregador é nome; o que<br />

semeia e o que prega é ação; e as ações são as que<br />

dão o ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser<br />

pregador de nome, não importa nada; as ações, a<br />

vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o<br />

mundo. O melhor conceito que o pregador leva ao<br />

púlpito, qual cuidais que é? É o conceito que de sua<br />

vida têm os ouvintes.<br />

Padre Antônio Vieira, Sermão da sexagésima.<br />

Assinale a alternativa que indique a idéia básica do<br />

texto apresentado.<br />

a) Vieira defende a separação entre as atividades<br />

religiosas e as agrícolas, para as quais, naquele<br />

tempo, era dedicado o tempo dos padres.<br />

b) Vieira defende que os religiosos da época deviam<br />

dividir seu tempo entre a pregação e o trabalho<br />

agrícola.<br />

c) Vieira despreza a atividade do pregador, que considerava<br />

extremamente improdutiva e inútil para a<br />

vida nacional.<br />

d) Vieira afirma que as atitudes do pregador, na vida<br />

pessoal, devem estar totalmente desligadas de<br />

sua pregação ao púlpito.<br />

e) Vieira afirma que as atitudes do pregador, na vida<br />

pessoal, devem coincidir com sua pregação no<br />

púlpito.<br />

Texto para as questões de 162 a 164.<br />

Tão inteiramente conhecia Cristo a Judas, como a<br />

Pedro, e aos demais; mas notou o Evangelista com<br />

especialidade a ciência do Senhor, em respeito de<br />

Judas, porque em Judas mais que em nenhum outro<br />

campeou a fineza de seu amor. Ora vede: definindo<br />

S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit<br />

causam, nec fructum: “O amor fino não busca causa<br />

nem fruto”. Se amo porque me amam, tem o amor causa;<br />

se amo para que me amem, tem fruto: e amor fino<br />

não há de ter por quê, nem para quê. Se amo porque<br />

me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para<br />

que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois<br />

como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo,<br />

amo, ut amem: amo, porque amo, e amo, para amar.<br />

80<br />

Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama<br />

para que o amem, esse só é fino. E tal foi a fineza de<br />

Cristo, em respeito a Judas, fundada na ciência que<br />

tinha dele e dos mais discípulos.<br />

Vieira, Sermões.<br />

162. Vunesp<br />

O Padre Antônio Vieira (1608-1697), em cuja prosa<br />

coexistem os princípios barrocos do cultismo e do<br />

conceptismo, é considerado um dos maiores oradores<br />

de todos os tempos, em língua portuguesa. Em seus<br />

sermões, serve-se freqüentemente do simbolismo das<br />

Sagradas Escrituras para desenvolver argumentos<br />

de raciocínio complexo, mas sempre de modo claro e<br />

preciso. No fragmento transcrito, Vieira aborda fundamentalmente<br />

o tema do “amor”. Releia o texto dado e,<br />

a seguir, responda: quantas e quais são as espécies<br />

de “amor”, segundo Vieira?<br />

163. Vunesp<br />

Verifique no texto as menções feitas por Vieira ao<br />

amor de Cristo pelos apóstolos e, a seguir, justifique<br />

como se dá o amor de Cristo a Judas, de acordo com<br />

a argumentação de Vieira.<br />

164. Vunesp<br />

Em sua argumentação insistente e repetitiva, Vieira<br />

sintetiza a sua teoria do amor com a frase: “O amor<br />

fino não busca causa nem fruto”. Lendo atentamente a<br />

seqüência do texto em pauta, percebemos que os vocábulos<br />

causa e fruto dessa frase apresentam relação<br />

contextual, respectivamente, com os conectivos porque<br />

e para que em orações como: “porque me amam” e<br />

“para que me amem”. Partindo desse comentário:<br />

a) explique a relação textual acima mencionada;<br />

b) justifique-a em função da teoria de amor proposta<br />

por Vieira.<br />

165. ENEM<br />

A respeito de Padre Antônio Vieira, o crítico literário<br />

Affonso Ávila afirma: “Mas o uso de jogos vocabulares<br />

do mesmo teor prosseguirá ao longo do discurso,<br />

embora diluídos em meio ao vigor persuasório da<br />

composição e atenuados ora por formas de gradação<br />

mais paronomásica ou trocadilhesca, ora pela empostação<br />

mais sóbria de antítese e de paradoxo”. Nos<br />

trechos a seguir, extraídos de Os sermões, de Padre<br />

Vieira, assinale a opção que não seja exemplo de nenhuma<br />

das características citadas por Affonso Ávila.<br />

a) O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece<br />

um monge; com aqueles seus raios estendidos<br />

parece uma estrela...<br />

b) Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão,<br />

saiu a semear o que semeia.<br />

c) Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos<br />

distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos vivos<br />

dos mortos, assim como se distingue o pó do pó.<br />

d) Ah dia do juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-voseis<br />

com mais paço; os de lá, com mais passos.<br />

e) Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam<br />

cidades e reinos; os outros furtam debaixo<br />

do seu risco, estes sem temor nem perigo; os<br />

outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e<br />

enforcam.


PV2D-07-POR-34<br />

166. PUC-SP<br />

Há de tomar o pregador uma só matéria, há de<br />

defini-la para que se conheça, há de dividi-la para<br />

que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de<br />

declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exemplo,<br />

há de amplificá-la com as causas, com os efeitos,<br />

com as circunstâncias, com as conveniências que se<br />

hão de seguir, com os inconvenientes que se devem<br />

evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer<br />

às dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a<br />

força da eloqüência os argumentos contrários, e depois<br />

disto há de colher, há de apertar, há de concluir, há de<br />

persuadir, há de acabar.<br />

Esse trecho do Sermão da Sexagésima, de autoria do<br />

Padre Antônio Vieira, aponta as partes que compõem<br />

o discurso argumentativo e ilustra o Barroco, em seu<br />

estilo conceptista.<br />

Em que consiste esse estilo? Exemplifique-o com o<br />

texto dado.<br />

Texto para as questões de 167 a 169.<br />

Sermão do Mandato<br />

Começando pelo amor. O amor essencialmente é<br />

união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali<br />

caminha, e só ali pára. Tudo são palavras de Platão,<br />

e de Santo Agostinho. Pois se a natureza do amor é<br />

unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim<br />

é, quando o amor não é extremado e excessivo. As<br />

causas excessivamente intensas produzem efeitos<br />

contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz<br />

emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega:<br />

a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata.<br />

Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo,<br />

divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz<br />

Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio?<br />

Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas;<br />

a morte é separação da alma: pois se o efeito do<br />

amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode<br />

ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão<br />

explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão<br />

do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor<br />

forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz<br />

efeitos contrários. É união, e produz apartamentos.<br />

Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como<br />

Sansão: afetuoso , deixa-se atar; forte, forte rompe<br />

ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas<br />

vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e<br />

forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta extremos<br />

mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os<br />

extremos mais unidos.<br />

Antônio Vieira. Sermão do Mandato.<br />

167.<br />

Mencione e explique uma característica do estilo barroco<br />

que Vieira explora com insistência no seguinte<br />

trecho: O amor é união de almas; a morte é separação<br />

da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da<br />

morte é separar, como pode ser o amor semelhante<br />

à morte?<br />

168.<br />

Vieira, em seu sermão, afirma que uma mesma causa<br />

pode produzir efeitos contrários, conforme a presença<br />

ou não de determinado fator. Com base nesta constatação:<br />

a) determine o fator que, segundo afirma Vieira, é<br />

responsável por fazer com que uma mesma causa<br />

produza efeitos contrários;<br />

b) indique o fenômeno físico que Vieira apresenta<br />

como uma das provas do que afirma.<br />

169.<br />

Identifique as partes em que se dividem os sermões de<br />

Vieira, indicando o conteúdo de cada uma delas.<br />

170. UFRGS-RS<br />

Sobre a obra de Gregório de Matos, é correto afirmar<br />

que:<br />

a) os vícios da colônia são criticados e as autoridades<br />

públicas são ridicularizadas.<br />

b) sua infância e sua família são temas recorrentes<br />

em seus poemas.<br />

c) a escravidão é denunciada como instituição perversa<br />

e desnecessária.<br />

d) o elogio da mulher amada está inserido em um<br />

quadro bucólico e pastoril.<br />

e) o ideal da racionalidade resulta na sintaxe simples<br />

e na ordem direta das frases.<br />

171. UEL-PR<br />

Incêndio em mares d’água disfarçado,<br />

Rio de neve em fogo convertido.<br />

Nesses versos de Gregório de Matos, ocorre um<br />

procedimento comum ao estilo da poesia barroca,<br />

qual seja:<br />

a) a imitação direta dos elementos naturais.<br />

b) a submissão da sintaxe às regras da clareza.<br />

c) a interpenetração de elementos contrastantes.<br />

d) a ordem casual e descontrolada das palavras.<br />

e) a exaltação da paisagem nativa.<br />

172. UFRGS-RS<br />

Sobre a poesia de Gregório de Matos Guerra, é correto<br />

afirmar que:<br />

a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por<br />

pastores e ninfas examinados sob uma perspectiva<br />

satírica e irônica.<br />

b) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e<br />

amoroso de um pastor que corteja sua amada com<br />

promessas de vida amena e burocrática.<br />

c) expõe em sintaxe complexa e com metáforas<br />

antitéticas os dilemas do amor e do espírito no<br />

quadro da Contra-Reforma.<br />

d) privilegia o cenário urbano para denunciar as<br />

arbitrariedades da Inquisição e o racismo dos<br />

portugueses instalados na colônia.<br />

e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem<br />

intrigas e conspirações envolvendo nobres burocratas,<br />

monges e prostitutas.<br />

81


173. Fatec-SP<br />

No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu:<br />

Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de<br />

Prata, cuidei, que a esta cidade tonta, e fátua*, mandava<br />

a inquisição alguma estátua, vendo tão espremida<br />

salvajola* visão de palha sobre um mariola*.<br />

Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco.<br />

Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.<br />

O papel passou de mão em mão.<br />

“A difamação é o teu deus”, disseram, sorrindo.<br />

Ana Miranda, Boca do inferno.<br />

*fátua: tola; *salvajola: variante de “selvagem”; *mariola: velhaco<br />

O techo ilustra:<br />

a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na<br />

vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu<br />

origem à alcunha do poeta, “Boca do inferno”.<br />

b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para<br />

a temática filosófica, em linguagem marcada pelos<br />

recursos da estética barroca.<br />

c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada<br />

à descrição fiel da sociedade da época, utilizando<br />

recursos expressivos característicos do barroco<br />

português.<br />

d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada<br />

pela crítica aos comportamentos e às<br />

autoridades baianas da época colonial.<br />

e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa,<br />

no conjunto de sua obra, uma fuga aos<br />

moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da<br />

época, costumes e personalidades.<br />

174. PUC-SP<br />

“Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da<br />

dama a quem queria bem.”<br />

82<br />

Soneto<br />

Ardor em firme coração nascido;<br />

Pranto por belos olhos derramado;<br />

Incêndio em mares de águas disfarçado;<br />

Rio de neve em fogo convertido:<br />

Tu, que em um peito abrasas escondido;<br />

Tu, que em um rosto corres desatado;<br />

Quando fogo, em cristais aprisionado;<br />

Quando cristal em chamas derretido.<br />

Se és fogo como passas bradamente,<br />

Se és neve, como queimas com porfia?<br />

Mas ai, que andou Amor em ti prudente!<br />

Pois para temperar a tirania,<br />

Como quis que aqui fosse a neve ardente,<br />

Permitiu parecesse a chama fria.<br />

Considere atentamente as seguintes afirmações sobre<br />

o poema de Gregório de Matos:<br />

I. O par fogo e água, que figura amor e contentação,<br />

passa por variações contrastantes até evoluir para<br />

o oximoro.<br />

II. O poema evidencia a “fórmula da ordem barroca”<br />

ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se<br />

em oposição, oposição em simetria e simetria em<br />

identidade.<br />

III. O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o<br />

conflito vivido pelo homem do século XVII.<br />

De acordo com o poema, pode-se concluir que:<br />

a) são corretas todas as afirmações.<br />

b) são corretas apenas as afirmações I e II.<br />

c) são corretas apenas as afirmações I e III.<br />

d) é correta apenas a afirmação II.<br />

e) é correta apenas a afirmação III.<br />

175. UEL-PR<br />

Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente<br />

as lacunas do texto inicial.<br />

Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de<br />

um lado lisonjeia a vaidade dos fidalgos e poderosos,<br />

de outro investe contra os governadores, os “falsos fidalgos”.<br />

O fato é que seus poemas satíricos constituem<br />

um vasto painel .................., que .............................<br />

compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados<br />

pela expressividade.<br />

a) do Brasil do século XIX – Gregório de Matos<br />

b) da sociedade mineira do século XVIII – Cláudio<br />

Manuel da Costa<br />

c) da Bahia do século XVII – Gregório de Matos<br />

d) do ciclo da cana-de-açúcar – Antônio Vieira<br />

e) da exploração do ouro em Minas – Cláudio Manuel<br />

da Costa<br />

176. UEL-PR<br />

Identifique a afirmação que se refere a Gregório de<br />

Matos.<br />

a) No seu esforço de criação da comédia brasileira,<br />

realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores<br />

no Romantismo e mesmo no restante do<br />

século XIX.<br />

b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado<br />

e o presente: ainda tem os torneios verbais do<br />

quinhentismo português, mas combina-os com a<br />

paixão das imagens pré-românticas.<br />

c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida<br />

o mais liberal, o que mais claramente manifestou<br />

as idéias da ilustração francesa.<br />

d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os<br />

vícios, os ridículos, os desmandos do poder local,<br />

valendo-se para isso do engenho artificioso que<br />

caracterizava o estilo da época.<br />

e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na<br />

Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que<br />

seu talento não se restringia ao lirismo amoroso.<br />

177. Fuvest-SP<br />

A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em<br />

amorosa e religiosa.<br />

a) Quais são os dois modos contrastantes de ver a<br />

mulher, em sua lírica amorosa?<br />

b) Como aparece em sua lírica religiosa a idéia de<br />

Deus e do pecado?


PV2D-07-POR-34<br />

178.<br />

Fragmento I<br />

A nossa Sé da Bahia,<br />

como ser um mapa de festas,<br />

é um presépio de bestas,<br />

se não for estrebaria:<br />

Fragmento II<br />

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,<br />

Recobrai-a; e não queirais, Pastor divino,<br />

Perder na Vossa ovelha a Vossa glória.<br />

Fragmento III<br />

Não vira em minha vida a formosura,<br />

Ouvia falar nela cada dia,<br />

E ouvida, me incitava e me movia<br />

A querer ver tão bela arquitetura.<br />

Relacione os textos de poemas de Gregório de Matos<br />

Guerra aos gêneros.<br />

Fragmento I ( ) Amoroso<br />

Fragmento II ( ) Sacro<br />

Fragmento III ( ) Satírico<br />

179. UFV-MG<br />

A cidade da Bahia<br />

Triste Bahia! Oh, quão dessemelhante<br />

Estás e estou do nosso antigo estado!<br />

Pobre te vejo a ti, e tu a mim empenhado<br />

Rica te vi eu já, tu a mim abundante.<br />

A ti tocou-te a máquina mercante,<br />

Que em tua larga barra tem entrado<br />

A mim foi-me tocando e tem tocado<br />

Tanto negócio e tanto negociante.<br />

Deste em dar tanto açúcar excelente<br />

Pelas drogas inúteis que, abelhuda,<br />

Simples aceitas do sagaz brichote.<br />

Oh, se quisera Deus que, de repente,<br />

Um dia amanheceras tão sisuda,<br />

Que fora de algodão o teu capote!<br />

As afirmações a seguir estão corretas em relação ao<br />

texto, exceto:<br />

a) Fixa, de maneira vivaz, a paisagem física de sua<br />

bela cidade, templos, praças e ruas.<br />

b) Além da temática, nota-se, no texto, como marca<br />

tempo/ espaço, certa atmosfera lingüística, própria<br />

da Bahia seiscentista (máquina mercante, brichote<br />

etc.).<br />

c) Poema satírico, com forte dose de realismo na<br />

descrição do ambiente moral da cidade.<br />

d) Compara, em tom de ironia e desencanto, sua<br />

própria situação à daquele outrora próspero núcleo<br />

colonial.<br />

e) A obra satírica de Gregório de Matos (de que o soneto<br />

é fragmento) é um espelho, visão e denúncia<br />

de sua época.<br />

180.<br />

Num Brasil colonial, pode-se dizer que Gregório de<br />

Matos Guerra e suas obras:<br />

a) funcionaram como nosso primeiro jornal.<br />

b) estão desvinculados do contexto da época tanto<br />

local como universalmente.<br />

c) surgem de maneira postiça, sem relação com os<br />

valores do tempo.<br />

d) pregaram com veemência a idéia de emancipação<br />

política.<br />

e) surgem como anunciantes de uma nova era para<br />

o mundo, cheia de harmonia e de paz.<br />

181.<br />

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado<br />

Da vossa alta clemência me despido;<br />

Porque, quanto mais tenho delinqüido,<br />

Vos tenho a perdoar mais empenhado.<br />

Se basta a vos irar tanto um pecado,<br />

A abrandar-vos sobeja um só gemido;<br />

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,<br />

Vos tem para o perdão lisonjeado.<br />

Se uma ovelha perdida e já cobrada<br />

Glória tal e prazer tão repentino<br />

Vos deu, como afirmais na sacra história,<br />

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada.<br />

Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,<br />

Perder na vossa ovelha a vossa glória.<br />

Na terceira estrofe há a menção de um episódio bíblico<br />

que se liga diretamente à quase ameaça da última<br />

estrofe. Indique o episódio e explique tal ligação.<br />

182.<br />

Anjo no nome, Angélica na cara!<br />

Isso é ser flor e Anjo juntamente;<br />

Ser Angélica flor, e Anjo florente,<br />

Em quem, senão em vós, se uniformara:<br />

Quem vira uma tal flor, que a não cortara,<br />

Do verde pé, da rama florescente;<br />

E quem um Anjo vira tão luzente,<br />

Que por seu Deus o não idolatrara?<br />

Se pois como Anjo sois dos meus altares,<br />

Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,<br />

Livrara eu de diabólicos azares.<br />

Mas vejo, que por bela, e por galharda,<br />

Posto que os Anjos nunca dão pesares,<br />

Sois Anjo que me tenta, e não me guarda.<br />

A imagem da mulher é propositadamente contraditória.<br />

Como se percebe tal contradição? Qual é a relação<br />

entre essa contradição e o estilo barroco?<br />

83


183.<br />

Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta<br />

características da obra do poeta barroco Gregório de<br />

Matos. Assinale-a.<br />

a) Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão<br />

e da pureza espiritual.<br />

b) Poesia com força crítica poderosa, pessoal e<br />

social, chegando à irreverência e à obscenidade.<br />

c) Destaca a beleza física da amada e a sua transitoriedade.<br />

d) Realça a beleza da flora, da fauna e da paisagem<br />

brasileiras, em manifestação nativista.<br />

e) Tentativa de conciliar elementos contraditórios,<br />

busca da unidade sob a diversidade.<br />

184. UEBA<br />

A respeito de Gregório de Matos, é correto afirmar<br />

que:<br />

a) as poesias atribuídas a ele dividem-se em amorosas,<br />

religiosas, encomiásticas, satíricas e fesceninas.<br />

b) embora conhecido como “Boca do Inferno”, escreveu<br />

poesias satíricas sem nenhum poder de crítica,<br />

cujos versos não passam de meros “destemperos<br />

verbais”.<br />

c) nas poesias amorosas e religiosas, afastou-se<br />

do português erudito, chegando a criar um estilo<br />

notadamente brasileiro.<br />

d) não foi um poeta cultista, como era de se esperar;<br />

enveredou pelo conceptismo para poder expressar<br />

as tensões do espírito barroco.<br />

e) por desprezar a contribuição da linguagem brasileira,<br />

criou uma poesia, no geral, monótona,<br />

salvando-se apenas nos poemas fesceninos<br />

(obscenos).<br />

185. Unimep-SP<br />

Há, em Gregório de Matos, ressonância da poesia de<br />

Camões. Os versos camonianos: Amor é fogo que arde<br />

sem se ver / É ferida que dói e não se sente; / É um<br />

contentamento descontente; / É dor que desatina sem<br />

doer influenciaram que versos do poeta brasileiro?<br />

a) Ardor em firme coração nascido<br />

Pranto por belos olhos derramado;<br />

Incêndio em mares d’água disfarçado.<br />

b) E quer meu mal, dobrando os meus tormentos,<br />

Que esteja morto para as esperanças,<br />

E que ande vivo para os sentimentos.<br />

c) Ó tu do meu amor fiel traslado<br />

Mariposa, entre chamas consumida,<br />

Pois se à força do ardor perdes a vida,<br />

A violência do fogo me há prostrado.<br />

d) Ontem, a amar-vos me dispus; e logo<br />

Senti dentro de mim tão grande chama,<br />

Que vendo arder-me na amorosa flama.<br />

e) Essas luzes de amor ricas, e belas<br />

Vê-las basta uma vez, para admirá-las,<br />

Que vê-las outra vez, irá ofendê-las.<br />

84<br />

Sonetos de Gregório de Matos para as questões<br />

186 a 188.<br />

Soneto I<br />

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,<br />

Depois da Luz, se segue a noite escura,<br />

Em tristes sombras morre a formosura,<br />

Em contínuas tristezas a alegria.<br />

Porém se acaba o Sol, por que nascia?<br />

Se formosa a Luz é, por que não dura?<br />

Como a beleza assim se transfigura?<br />

Como o gosto da pena assim se fia?<br />

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,<br />

Na formosura não se dê constância,<br />

E na alegria sinta-se tristeza.<br />

Começa o mundo enfim pela ignorância,<br />

E tem qualquer dos bens por natureza<br />

A firmeza somente na inconstância.<br />

Soneto II<br />

Discreta, e formosíssima Maria,<br />

Enquanto estamos vendo a qualquer hora<br />

Em tuas faces a rosada Aurora,<br />

Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:<br />

Enquanto com gentil descortesia<br />

O ar, que fresco Adônis te namora,<br />

Te espalha a rica trança voadora,<br />

Quando vem passear-te pela fria:<br />

Goza, goza da flor da mocidade,<br />

Que o tempo trota a toda ligeireza,<br />

E imprime em toda a flor sua pisada.<br />

Oh não aguardes, que a madura idade<br />

Te converta essa flor, essa beleza<br />

Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.<br />

186.<br />

Identifique a temática comum aos dois sonetos – a<br />

qual é também comum na arte barroca.<br />

187.<br />

Identifique, nos dois textos, exemplos de antíteses.<br />

188.<br />

Encontre, no soneto I, argumentos que justificam o<br />

conselho dado pelo eu lírico a Maria, no texto II.<br />

189.<br />

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,<br />

Depois da Luz se segue a noite escura,<br />

Em tristes sombras morre a formosura,<br />

Em contínuas tristezas a alegria.<br />

Porém se acaba o Sol, por que nascia?<br />

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?<br />

Como a beleza assim se transfigura?<br />

Como o gosto da pena assim se fia?


PV2D-07-POR-34<br />

Mas no Sol e na Luz falte a firmeza,<br />

Na formosura não se dê constância,<br />

E na alegria sinta-se tristeza.<br />

Começa o mundo enfim pela ignorância,<br />

E tem qualquer dos bens por natureza<br />

A firmeza somente na inconstância.<br />

O soneto anterior é um dos mais conhecidos de Gregório<br />

de Matos Guerra. O tema do poema e a linguagem<br />

utilizada para expressar esse tema são típicos do estilo<br />

barroco. Responda às questões.<br />

a) Qual o tema do soneto?<br />

b) Aponte uma figura de linguagem utilizada no texto.<br />

c) O que o poeta quis dizer nos dois últimos versos?<br />

190. UFRJ<br />

A certa personagem desvanecida<br />

Soneto<br />

Um soneto começo em vosso gabo:<br />

Contemos esta regra por primeira,<br />

Já lá vão duas, e esta é a terceira,<br />

Já este quartetinho está no cabo.<br />

Na quinta torce agora a porca o rabo;<br />

A sexta vá também desta maneira:<br />

Na sétima entro já com grã canseira,<br />

E saio dos quartetos muito brabo.<br />

Agora nos tercetos que direi?<br />

Direi que vós, Senhor, a mim me honrais<br />

Gabando-vos a vós, e eu fico um rei.<br />

Nesta vida um soneto já ditei;<br />

Se desta agora escapo, nunca mais<br />

Louvado seja Deus, que o acabei.<br />

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. (org.) José Miguel Wisnik.<br />

No mundo barroco, predominam os contrastes. Partindo<br />

das idéias contidas no 1º e nos dois últimos versos<br />

do soneto de Gregório de Matos, explique a oposição<br />

básica que confere ao texto feição satírica.<br />

Leia os textos a seguir e responda às questões<br />

191 e 192.<br />

Texto I<br />

Largo em sentir, em respirar sucinto,<br />

Peno, e calo, tão fino e tão atento,<br />

Que fazendo disfarce do tormento,<br />

Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.<br />

O mal que fora encubro, ou que desminto,<br />

Dentro no coração é que o sustento:<br />

Com que para penar é sentimento,<br />

Para não se entender, é labirinto.<br />

Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;<br />

Da tempestade é o estrondo efeito:<br />

Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.<br />

Mas oh! Do meu segredo alto conceito!<br />

Pois não chegam a vir à boca os tiros<br />

Dos combates que vão dentro do peito.<br />

Gregório de Matos Guerra. Sonetos.<br />

Texto II<br />

O tempo não pára<br />

Disparo como um sol. Sou forte sou por acaso<br />

Minha metralhadora cheia de mágoas<br />

Eu sou um cara<br />

Cansado de correr na direção contrária<br />

Sem pódio de chegada ou beijo de namorada<br />

Eu sou mais um cara<br />

Mas se você achar que eu tô derrotado<br />

Saiba que ainda estou rolando os dados<br />

Porque o tempo ... o tempo não pára<br />

Dias sim ...dias não eu vou sobrevivendo sem um<br />

[arranhão<br />

Da caridade de quem me detesta<br />

A tua piscina tá cheia de ratos<br />

Tuas idéias não correspondem aos fatos<br />

O tempo não pára<br />

Eu vejo o futuro repetir o passado<br />

Eu vejo um museu de grandes novidades<br />

O tempo não pára.... não pára... não... não pára<br />

Eu não tenho data pra comemorar<br />

Às vezes os meus dias são de par em par<br />

Procurando agulha num palheiro<br />

Nas noites de frio é melhor nem nascer<br />

Nas de calor se escolhe é matar ou morrer<br />

E assim nos tornamos brasileiros<br />

Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro<br />

Transformam um país inteiro num puteiro<br />

Pois assim se ganha mais dinheiro<br />

Cazuza<br />

191. UFF-RJ<br />

As estéticas literárias não se confinam a determinados<br />

tempos e a determinados autores na expressão<br />

do sentimento e da visão de mundo. De uma forma<br />

ou de outra, os poetas Gregório de Matos e Cazuza<br />

(séculos XVI e XX, respectivamente) discutem<br />

as contradições que, atemporalmente, cercam a<br />

existência humana.<br />

Transcreva dois versos seguidos do texto I e dois<br />

versos seguidos do texto II que comprovem o<br />

caráter contraditório da visão de mundo de cada<br />

autor.<br />

192. UFF-RJ<br />

O poeta Gregório de Matos e o compositor Cazuza,<br />

como homens de seus tempos, apresentam, em certos<br />

aspectos, atitudes distintas em relação aos conflitos<br />

existenciais. O primeiro reconhece a existência dos<br />

conflitos que o atormentam. O segundo, além de<br />

reconhecer conflitos pessoais, expõe as mazelas que<br />

cercam o ser humano em geral. Transcreva, de cada<br />

autor (texto I e texto II), dois versos seguidos que<br />

confirmem tal afirmativa.<br />

85


Leia os textos abaixo e responda às questões 193<br />

e 194.<br />

Texto I<br />

86<br />

Bela Floralva, se Amor<br />

me fizesse abelha um dia,<br />

em todo o tempo estaria<br />

picando na vossa flor:<br />

e quando a vosso rigor<br />

quisesse dar-me de mão<br />

por guardar a flor, então,<br />

tão abelhudo eu andara,<br />

que em vós logo me vingara<br />

com vos meter o ferrão.<br />

Texto II<br />

Que falta nesta cidade?......................Verdade.<br />

Que mais por sua desonra?..................Honra.<br />

Falta mais que se lhe ponha?.............Vergonha.<br />

O demo a viver se exponha<br />

por mais que a fama a exalta<br />

numa cidade onde falta<br />

Verdade, Honra, Vergonha.<br />

(...)<br />

E nos Frades há manqueiras?.............Freiras.<br />

Em que ocupam os serões?..................Sermões.<br />

Não se ocupam em disputas?..............Putas.<br />

Com palavras dissolutas<br />

me concluís na verdade,<br />

que as lidas todas de um frade<br />

são Freiras, Sermões e Putas.<br />

O açúcar já se acabou?.......................Baixou.<br />

E o dinheiro se extinguiu?..................Subiu.<br />

Logo já convalesceu?..........................Morreu.<br />

À Bahia aconteceu<br />

o que a um doente acontece,<br />

cai na cama, o mal lhe cresce,<br />

Baixou, Subiu, e Morreu.<br />

A Câmara não acode?.........................Não pode.<br />

Pois não tem todo o poder?.................Não quer.<br />

É que o governo a convence?............Não vence.<br />

Quem haverá que tal pense,<br />

que uma Câmara tão nobre<br />

por ver-me mísera e pobre<br />

Não pode, Não quer, Não vence.<br />

193.<br />

O texto I é um tipo específico de sátira. Indique o nome<br />

que recebe e por quê.<br />

194.<br />

Que tipo de crítica evidencia-se no texto II? Cite segmentos<br />

do texto que comprovem, sua resposta.<br />

195. UFU–MG<br />

Leia o poema a seguir.<br />

Definição do Amor<br />

(...)<br />

Uma ferida sem cura,<br />

uma chaga, que deleita,<br />

um frenesi dos sentidos,<br />

desacordo das potências.<br />

Uma dor, que se não cala,<br />

pena, que sempre atormenta,<br />

manjar, que não enfastia,<br />

um brinco, que sempre enleva.<br />

O Amor é finalmente<br />

um embaraço de pernas,<br />

uma união de barrigas,<br />

um breve tremor de artérias.<br />

Uma confusão de bocas,<br />

uma batalha de veias,<br />

um rebuliço de ancas,<br />

quem diz outra coisa, é besta.<br />

Gregório de Matos, Antologia poética.<br />

Marque a alternativa correta.<br />

a) O Gregório de Matos barroco abandona o estilo<br />

clássico, de tema e tratamento nobres e superiores,<br />

optando por temas prosaicos, e redimensiona<br />

a forma literária elevada para composições mais<br />

populares, o que implica na conservação do decassílabo,<br />

como no poema acima.<br />

b) No soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, Camões<br />

não alcança a definição exata do Amor, definindo-o<br />

pelas indefinições, por considerá-lo um sentimento<br />

contraditório. Nesse sentido, os versos acima são<br />

uma paráfrase ao famoso poema camoniano.<br />

c) A vertente maneirista da obra poética de Gregório<br />

de Matos é pautada pelas tensões oriundas da<br />

Contra-Reforma, que alertava sobre a fragilidade<br />

humana e a conseqüente necessidade de valorizar<br />

o espiritual. A vertente barroca é voltada para o<br />

prazer, o riso e a festa: as delícias da vida terrena.<br />

O poema em questão é da vertente maneirista.<br />

d) A partir do verso “O amor é finalmente”, o poeta<br />

afasta as antíteses que corroboram as contradições<br />

do amor espiritualizado, resumindo o amor<br />

aos aspectos físicos desse sentimento.<br />

196. Mackenzie–SP<br />

“Quem deixa a Deus por Deus não o perde, antes o<br />

assegura. Deus é Caridade; e, assim, a alma que por<br />

respeito da Caridade se priva de Deus, aparta-se donde<br />

na verdade fica, e fica donde parece que se aparta.”<br />

Assinale a afirmativa correta a respeito do texto acima.<br />

a) O tratamento dado à temática religiosa mostra que<br />

o fragmento pertence ao Trovadorismo, estilo de<br />

época da Idade Média.<br />

b) A temática religiosa e o jogo de antíteses presentes<br />

nesse fragmento dissertativo identificam seu estilo<br />

barroco conceptista.<br />

c) O enfoque maniqueísta do narrador, associado à<br />

linguagem emotiva, justifica classificar o fragmento<br />

como romântico.<br />

d) A linguagem descritiva e a ausência de argumento<br />

dogmático caracterizam o estilo renascentista do<br />

fragmento.<br />

e) A linguagem pleonástica na construção de efeitos<br />

sinestésicos caracteriza o estilo cultista desse<br />

fragmento narrativo.


PV2D-07-POR-34<br />

Capítulo 4<br />

197.<br />

Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que<br />

se pede.<br />

O ledo passarinho, que gorjeia<br />

D’alma exprimindo a cândida ternura,<br />

O rio transparente, que murmura,<br />

E por entre pedrinhas serpenteia:<br />

O Sol, que o céu diáfano passeia,<br />

A Lua, que lhe deve a formosura,<br />

O sorriso da aurora alegre e pura,<br />

A rosa, que entre os zéfiros ondeia:<br />

A serena, amorosa Primavera,<br />

O doce autor das glórias que consigo,<br />

A deusa das paixões, e de Citera:<br />

Quanto digo, meu bem, quanto não digo,<br />

Tudo em tua presença degenera,<br />

‘Nada se pode comparar contigo’.<br />

Explique o último verso do soneto, à luz do Arcadismo.<br />

198. UFU-MG<br />

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.<br />

Sossegadamente fitemos o seu curso e<br />

[aprendamos<br />

Que a vida passa, e não estamos de mãos<br />

[enlaçadas.<br />

(Enlacemos as mãos.)<br />

(...)<br />

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena<br />

[cansarmo-nos.<br />

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos<br />

[como o rio.<br />

Mais vale saber passar silenciosamente<br />

E sem desassossegos grandes.”<br />

Ricardo Reis/Fernando Pessoa<br />

Enquanto pasta alegre o manso gado,<br />

Minha bela Marília, nos sentemos<br />

À sombra deste cedro levantado.<br />

Um pouco meditemos<br />

Na regular beleza,<br />

Que em tudo quanto vive nos descobre<br />

A sábia natureza.<br />

Tomás Antônio Gonzaga<br />

Marque a afirmativa incorreta.<br />

a) Ricardo Reis e Tomás Antônio Gonzaga são<br />

considerados neoclássicos porque resgatam elementos<br />

da tradição literária greco-romana. Uma<br />

das características do neoclassicismo é tomar a<br />

natureza como modelo, procedimento observado<br />

nos versos destes poetas.<br />

b) Os poetas sentam-se e meditam à beira do rio<br />

e à sombra do cedro. Ricardo Reis e Tomás A.<br />

Gonzaga valem-se desses elementos, rio e cedro,<br />

como imagens comparativas do fluir incessante da<br />

vida.<br />

c) Ricardo Reis trabalha com a consciência da efemeridade<br />

da vida: tudo é breve. Dessa consciência,<br />

surge a necessidade de se aproveitar o tempo<br />

presente (carpe diem), convite que o poeta faz à<br />

amada.<br />

d) Aproveitar o tempo, para Ricardo Reis, é simplesmente<br />

viver, deixar a vida decorrer, sem nada desejar,<br />

como se percebe no verso “Desenlacemos as<br />

mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.”<br />

199. UFRGS-RS<br />

Leia as afirmações abaixo sobre o Arcadismo brasileiro.<br />

I. Os poetas árcades colocavam-se como pastores<br />

para realizarem, dessa forma, o ideal de uma vida<br />

simples em contato com a natureza.<br />

II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha reproduzido<br />

muito dos modelos europeus, apresentou características<br />

próprias, como a incorporação do elemento<br />

indígena e a sátira política.<br />

III. O tema do carpe diem, em que o poeta expressa<br />

o desejo de aproveitar intensamente o momento<br />

presente, fugaz e passageiro, foi ignorado pelos<br />

árcades brasileiros, excessivamente racionalistas.<br />

Quais estão corretas?<br />

a) Apenas I. d) Apenas II e III.<br />

b) Apenas III. e) I, II e III.<br />

c) Apenas I e II.<br />

200. Fuvest-SP<br />

I. Porque não merecia o que lograva,<br />

Deixei, como ignorante, o bem que tinha,<br />

Vim sem considerar aonde vinha,<br />

Deixei sem atender o que deixava.<br />

II. Se a flauta mal cadente<br />

Entoa agora o verso harmonioso,<br />

Sabei, me comunica este saudoso<br />

Influxo a dor veemente;<br />

Não o gênio suave,<br />

Que ouviste já no acento agudo e grave.<br />

III. Da delirante embriaguez de bardo<br />

Sonhos em que afoguei o ardor da vida,<br />

Ardente orvalho de febris pranteios,<br />

Que lucro à alma descrida?<br />

Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem,<br />

de um amor almejado e passado ou perdido. Avaliando<br />

atentamente os recursos poéticos utilizados em cada<br />

uma delas, podemos dizer que os movimentos literários<br />

a que pertencem I, II e III são, respectivamente:<br />

a) barroco – arcadismo – romantismo.<br />

b) barroco – romantismo – parnasianismo.<br />

c) romantismo – parnasianismo – simbolismo.<br />

d) romantismo – simbolismo – modernismo.<br />

e) parnasianismo – simbolismo – modernismo.<br />

87


201. Fatec-SP<br />

Voltaram à baila os deuses esquecidos, as ninfas<br />

esquivas, as náiades, as oréadas e os pastores<br />

enamorados, as pastoras insensíveis e os rebanhos<br />

numerosos das bucólicas de Teócrito e Virgílio.<br />

Ronald de Carvalho, Pequena história de literatura<br />

brasileira.<br />

O trecho acima refere-se ao seguinte movimento<br />

literário:<br />

a) Romantismo. d) Parnasianismo.<br />

b) Barroco. e) Naturalismo.<br />

c) Arcadismo.<br />

202. FEI-SP<br />

A poesia desta época, localizada em fins do século<br />

XVIII e início do XIX, caracteriza-se pelo lirismo. Fiéis<br />

ao espírito bucólico e pastoril, os poetas adotavam<br />

pseudônimos e, em seus textos, falavam e agiam<br />

como pastores, tratando de pastoras suas amadas. O<br />

mundo greco-romano vem completar o quadro lírico<br />

das composições da época.<br />

Assinale a alternativa que contém o período literário a<br />

que se refere o trecho acima:<br />

a) Romantismo. d) Arcadismo.<br />

b) Simbolismo. e) Barroco.<br />

c) Parnasianismo.<br />

203. ITA-SP<br />

As opções a seguir referem-se aos textos A, B, C e D.<br />

88<br />

Texto A ( )<br />

Ah! enquanto os destinos impiedosos<br />

não voltam contra nós a face irada,<br />

façamos, sim, façamos, doce amada,<br />

os nossos breves dias mais ditosos.<br />

Texto B ( )<br />

Ó não aguardes, que a madura idade<br />

te converte essa flor, essa beleza,<br />

em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.<br />

Texto C ( )<br />

Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,<br />

E rompe em profundíssimos suspiros,<br />

Lendo na testa da fronteira gruta<br />

De sua mão já trêmula gravado<br />

O alheio crime e a voluntária morte.<br />

Texto D ( )<br />

O todo sem a parte não é todo;<br />

A parte sem o todo não é parte;<br />

Mas se a parte faz o todo, sendo parte,<br />

Não se diga que é parte, sendo todo.<br />

Preencha os parênteses anteriores dos textos dados,<br />

obedecendo à seguinte convenção:<br />

I. Gregório de Matos<br />

II. Tomás Antônio Gonzaga<br />

III. Basílio da Gama<br />

IV. Cláudio Manuel da Costa<br />

Preenchidos os parênteses, a seqüência correta é:<br />

a) II – I – III – I<br />

b) IV – I – II – II<br />

c) I – II – II – I<br />

d) I – IV – III – I<br />

e) II – IV – III – IV<br />

204. Ufla-MG<br />

Leia com atenção os juízos estéticos transcritos abaixo<br />

e marque:<br />

Juízo I. Intérprete dos anseios do homem seiscentista<br />

solicitado por ideais em conflitos. O fusionismo é a sua<br />

tendência dominante – tentativa de conciliar, incorporando<br />

contrários.<br />

Juízo II. Procurando libertar a língua de termos espúrios,<br />

restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o<br />

rigor de sentido, é a revitalização do pastoralismo e<br />

bucolismo.<br />

a) se o primeiro se referir ao barroco e o segundo, ao<br />

arcadismo.<br />

b) se o primeiro se referir ao arcadismo e o segundo,<br />

ao barroco.<br />

c) se ambos se referirem ao barroco.<br />

d) se ambos se referirem ao arcadismo.<br />

e) se ambos se referirem à literatura dos jesuítas no<br />

Brasil.<br />

205. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa que não apresenta um trecho<br />

do Arcadismo brasileiro.<br />

a) Se sou pobre pastor, se não governo<br />

Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;<br />

Se em frio, calma, e chuvas inclementes<br />

Passo o verão, outono, estio, inverno;<br />

b) Destes penhascos fez a natureza<br />

O berço em que nasci! oh quem cuidara,<br />

Que entre penhas tão duras se criara<br />

Uma alma terna, um peito sem dureza!<br />

c) Musas, canoras musas, este canto<br />

Vós me inspirastes, vós meu tenro alento<br />

Erguestes brandamente àquele assento<br />

Que tanto, ó musas, prezo, adoro tanto.<br />

d) Meu ser evaporei na lida insana<br />

Do tropel das paixões que me arrastava,<br />

Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava<br />

Em mim, quase imortal, a essência humana!<br />

e) Não vês, Nise, este vento desabrido,<br />

Que arranca os duros troncos ? Não vês esta,<br />

Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta,<br />

Entre o horror de um relâmpago incendido?


PV2D-07-POR-34<br />

206. UFV-MG<br />

Leia o texto a seguir e faça o que se pede.<br />

Ornemos nossas testas com as flores<br />

E façamos de feno um brando leito;<br />

Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />

Gozemos do prazer de sãos amores.<br />

Sobre as nossas cabeças,<br />

Sem que o possam deter, o tempo corre,<br />

E para nós o tempo, que se passa,<br />

Também, Marília, morre.<br />

Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV.<br />

Todas as alternativas a seguir apresentam características<br />

do Arcadismo, presentes na estrofe anterior,<br />

exceto:<br />

a) o ideal de ÁUREA MEDIOCRIDADE, que leva<br />

o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe<br />

média.<br />

b) tema do CARPE DIEM – uma proposta para se<br />

aproveitar a vida, desfrutando o ócio com dignidade.<br />

c) o ideal de uma existência tranqüila, sem extremos,<br />

espelhada na pureza e amenidade da natureza.<br />

d) a fugacidade do tempo, a fatalidade do destino, a<br />

necessidade de envelhecer com sabedoria.<br />

e) a concepção da natureza como permanente reflexo<br />

dos sentimentos e paixões do eu lírico.<br />

207. UFV-MG<br />

Leia o fragmento de texto a seguir e faça o que se<br />

pede.<br />

Esprema a vil calúnia muito embora<br />

Entre as mãos denegridas, e insolentes,<br />

Os venenos das plantas,<br />

E das bravas serpentes.<br />

Chovam raios e raios, no seu rosto<br />

Não hás de ver, Marília, o medo escrito:<br />

O medo perturbador,<br />

Que infunde o vil delito.<br />

[...]<br />

Eu tenho um coração maior que o mundo.<br />

Tu, formosa Marília, bem o sabes:<br />

Eu tenho um coração maior que o mundo.<br />

Tu, formosa Marília, bem o sabes:<br />

Um coração .... e basta,<br />

Onde tu mesma cabes.<br />

Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Parte II, Lira II.<br />

Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga,<br />

Marília de Dirceu, assinale a alternativa falsa.<br />

a) A interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo<br />

o poeta dentro dos padrões poéticos clássicos,<br />

impede-o de abordar problemas pessoais.<br />

b) A interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto<br />

para o poeta celebrar sua inocência e seu<br />

destemor diante das acusações feitas contra ele.<br />

c) A revelação sincera de si próprio e a confissão<br />

do padecimento que o inquieta levam o poeta a<br />

romper com o decálogo arcádico, prenunciando a<br />

poética romântica.<br />

d) A desesperança, o abatimento e a solidão, presentes<br />

nas liras escritas depois da prisão do autor,<br />

revelam contraste com as primeiras, concentradas<br />

na conquista galante da mulher amada.<br />

e) Embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto<br />

é um monólogo – só Gonzaga fala e raciocina.<br />

208. UFV-MG<br />

Leia a estrofe de Tomás Antônio Gonzaga e faça o<br />

que se pede.<br />

Os teus olhos espalham a luz divina,<br />

A quem a luz do sol em vão se atreve;<br />

Papoila ou rosa delicada e fina<br />

Te cobre as faces, que são cor da neve.<br />

Os teus cabelos são uns fios de ouro;<br />

Teu lindo corpo bálsamo vapora.<br />

Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,<br />

Para glória de amor igual Tesouro.<br />

Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV. Parte I, Lira I.<br />

Sobre a personagem central feminina, podemos<br />

afirmar que:<br />

a) Marília é mostrada, ao mesmo tempo, como pessoa<br />

e como encarnação do Amor, como categoria<br />

absoluta.<br />

b) Apesar da beleza deslumbrante da amada, não<br />

se verifica, na construção dessa personagem,<br />

qualquer idealização clássica da mulher.<br />

c) O poeta dirige-se a Marília unicamente como sua<br />

noiva e futura esposa.<br />

d) A beleza luxuriante de Marília contrasta com o ideal<br />

de serena fruição dos prazeres sadios da vida.<br />

e) Marília, pela sua intensa sensualidade, representa<br />

o ideal de amante e não o de noiva ou esposa.<br />

209. UFV-MG<br />

Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:<br />

a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses<br />

e frases tortuosas, que refletem o conflito<br />

entre matéria e espírito.<br />

b) não apresentou novidades, sendo mera imitação<br />

do que se fazia na Europa.<br />

c) além das características européias, desenvolveu temas<br />

ligados à realidade brasileira, sendo importante<br />

para o desenvolvimento de uma literatura nacional.<br />

d) apresenta já completa ruptura com a literatura<br />

européia, podendo ser considerado a primeira<br />

fase verdadeiramente nacionalista da literatura<br />

brasileira.<br />

e) presente sobretudo em obras de autores mineiros<br />

como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da<br />

Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se<br />

como expressão da angústia metafísica<br />

e religiosa desses poetas, divididos entre a busca<br />

da salvação e o gozo material da vida.<br />

89


2<strong>10</strong>. UFV-MG<br />

Fazendo um paralelo entre Romantismo e Arcadismo,<br />

podemos concluir que:<br />

a) o Arcadismo prenuncia o Romantismo porque já<br />

apresenta ruptura radical com os cânones literários<br />

clássicos.<br />

b) o Arcadismo antecede o Romantismo na evasão<br />

da realidade pelo sonho, pela fantasia e pelo<br />

mergulho nas profundezas do “eu”.<br />

c) o Romantismo prolonga aspectos do Arcadismo na<br />

idealização da natureza, da mulher e do amor.<br />

d) o Romantismo dá continuidade ao Arcadismo na<br />

atração pelos conflitos entre a alma e a matéria.<br />

e) o Arcadismo e o Romantismo perseguem o ideal de<br />

expressão livre de esquemas preestabelecidos.<br />

211. UEL-PR<br />

90<br />

Sou Pastor; não te nego; os meus montados<br />

São esses, que aí vês; vivo contente<br />

Ao trazer entre a relva florescente<br />

A doce companhia dos meus gados.<br />

Os versos acima são exemplos:<br />

a) do espírito harmonioso da poesia arcádica.<br />

b) do estilo tortuoso do período barroco.<br />

c) do refinamento e da ostentação da poesia parnasiana.<br />

d) do intento nacionalista na poesia romântica.<br />

e) do humor e do lirismo dos primeiros modernistas.<br />

212. Mackenzie-SP<br />

Uma das afirmações a seguir não se refere ao<br />

Neoclassicismo nem se relaciona com seu contexto<br />

histórico-social. Aponte-a.<br />

a) “O poeta que não seguir os Antigos perderá de todo<br />

o norte, e não poderá jamais alcançar aquela força,<br />

energia e majestade que nos retratam o famoso e<br />

angélico semblante da Natureza. Devemos imitar<br />

e seguir os antigos: assim no-lo ensina Horácio,<br />

no-lo dita a razão; e o confessa todo o mundo<br />

literário.”<br />

b) “Este é o chamado Século das Luzes, na medida<br />

exata em que se opõe a um certo obscurantismo<br />

do século anterior e propaga a ciência, o saber<br />

e o progresso: Iluminismo, Ilustração, Enciclopedismo.”<br />

c) “Nomear um objeto significa suprimir as três quartas<br />

partes do gozo de uma poesia, que consiste no<br />

prazer de adivinhar pouco a pouco. Sugerir, eis o<br />

sonho.”<br />

d) “... recriam, em seus textos, as paisagens campestres<br />

de outras épocas, com pastores e pastoras<br />

cantando e vivendo uma existência sadia e<br />

amorosa, preocupados apenas em cuidar de seus<br />

rebanhos.”<br />

e) “A arte deveria ser universal, isto é, preocupar-se<br />

com problemas, verdades e situações eternas do<br />

homem, do homem de todos os tempos, e não<br />

se limitar a sentimentos de ordem individual ou a<br />

situações puramente pessoais.”<br />

213. Mackenzie-SP<br />

Assinale a alternativa em que os versos evidenciam<br />

ideais do Arcadismo.<br />

a) Meu canto de morte,<br />

Guerreiros, ouvi:<br />

Sou filho das selvas,<br />

Nas selvas cresci;<br />

Guerreiros, descendo<br />

Da tribo tupi.<br />

b) Torno a ver-vos, ó montes; o destino<br />

Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;<br />

Onde um tempo os gabões deixei grosseiros<br />

Pelo traje da Corte rico, e fino.<br />

c) São uns olhos verdes, verdes,<br />

Uns olhos de verde-mar,<br />

Quando o tempo vai bonança;<br />

Uns olhos cor de esperança,<br />

Uns olhos por que morri;<br />

Que ai de mi!<br />

Nem já sei qual fiquei sendo<br />

Depois que os vi!<br />

d) Hão de chorar por ela os cinamomos,<br />

Murchando as flores ao tombar do dia.<br />

Dos laranjais hão de cair os pomos,<br />

Lembrando-se daquela que os colhia.<br />

e) Longe do estéril turbilhão da rua,<br />

Beneditino, escreve! No aconchego<br />

Do claustro, na paciência e no sossego,<br />

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!<br />

214. Mackenzie-SP<br />

I. Já se afastou de nós o Inverno agreste,<br />

Envolto nos seus úmidos vapores;<br />

A fértil Primavera, a mãe das flores,<br />

O prado ameno de boninas veste.<br />

Varrendo os ares, o subtil Nordeste<br />

Os torna azuis; as aves de mil cores<br />

Adejam entre Zéfiros e Amores,<br />

E toma o fresco Tejo a cor celeste.<br />

II. Oh retrato da morte, oh noite amiga,<br />

Por cuja escuridão suspiro há tanto!<br />

Calada testemunha de meu pranto,<br />

De meus desgostos secretária antiga!<br />

Pois manda amor que a ti somente os diga,<br />

Dá-lhes pio agasalho no teu manto;<br />

Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto<br />

Dorme a cruel, que a delirar me obriga.<br />

Os quartetos anteriores apresentam diferentes características,<br />

embora pertençam à obra do mesmo autor.<br />

Nos dois primeiros, há típicas atitudes árcades, enquanto<br />

que os dois últimos prenunciam o movimento<br />

literário posterior.


PV2D-07-POR-34<br />

Assinale a alternativa em que aparece o nome do<br />

respectivo autor.<br />

a) Antero de Quental.<br />

b) Almeida Garrett.<br />

c) Manuel Maria du Bocage.<br />

d) Antônio Feliciano de Castilho.<br />

e) Cesário Verde.<br />

215. PUC-MG<br />

Texto I<br />

Discreta e formosíssima Maria,<br />

Enquanto estamos vendo claramente<br />

Na vossa ardente vista o sol ardente,<br />

e na rosada face a aurora fria;<br />

Enquanto pois produz, enquanto cria<br />

Essa esfera gentil, mina excelente<br />

No cabelo o metal mais reluzente,<br />

E na boca a mais fina pedraria.<br />

Gozai, gozai da flor da formosura,<br />

Antes que o frio da madura idade<br />

Tronco deixe despido o que é verdura.<br />

Que passado o zenith da mocidade,<br />

Sem a noite encontrar da sepultura,<br />

É cada dia ocaso da beldade.<br />

Gregório de Matos.<br />

Texto II<br />

Minha bela Marilia, tudo passa;<br />

A sorte deste mundo é mal segura;<br />

Se vem depois dos males a ventura,<br />

Vem depois dos prazeres a desgraça.<br />

Estão os mesmos deuses<br />

Sujeitos ao poder do ímpio Fado:<br />

Apolo já fugiu do Céu brilhante,<br />

Já foi pastor de gado.<br />

Ah! enquanto os Destinos impiedosos<br />

Não voltam contra nós a face irada,<br />

Façamos, sim façamos, doce amada,<br />

Os nossos breves dias mais ditosos,<br />

Um coração, que frouxo<br />

A grata posse de seu bem difere,<br />

A si, Marília, a si próprio rouba,<br />

E a si próprio fere.<br />

Ornemos nossas testas com as flores;<br />

E façamos de feno um brando leito,<br />

Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />

Gozemos do prazer de sãos Amores.<br />

Sobre as nossas cabeças,<br />

Sem que o possam deter, o tempo corre;<br />

E para nós o tempo, que se passa,<br />

Também, Marília, morre.<br />

Tomás Antônio Gonzaga.<br />

O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparandoos,<br />

é correto afirmar, exceto:<br />

a) os barrocos e árcades expressam sentimentos.<br />

b) as construções sintáticas barrocas revelam um<br />

interior conturbado.<br />

c) o desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos<br />

dois textos.<br />

d) os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada<br />

que os barrocos.<br />

e) a fugacidade do tempo é temática comum aos dois<br />

estilos.<br />

216. UFMG<br />

Leia o soneto que segue, de Cláudio Manuel da<br />

Costa.<br />

Pastores, que levais ao monte o gado,<br />

Vede lá como andais por essa serra;<br />

Que para dar contágio a toda a terra,<br />

Basta ver-se o meu rosto magoado:<br />

Eu ando (vós me vedes) tão pesado;<br />

E a pastora infiel, que me faz guerra,<br />

É a mesma, que em seu semblante encerra<br />

A causa de um martírio tão cansado.<br />

Se a quereis conhecer, vinde comigo,<br />

Vereis a formosura, que eu adoro;<br />

Mas não; tanto não sou vosso inimigo:<br />

Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;<br />

Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,<br />

Chorareis, ó pastores, o que eu choro.<br />

Todas as alternativas contêm afirmações corretas<br />

sobre esse soneto, exceto:<br />

a) O poema opõe um estilo de vida simples a um<br />

estilo de vida dissimulado.<br />

b) A palavra “guerra” enfatiza a recusa da pastora a<br />

corresponder aos afetos do poeta.<br />

c) O sentido da visão é o predominante em todas as<br />

estrofes do poema.<br />

d) A expressão “para dar contágio a toda a terra”<br />

revela a intensidade do sofrimento do pastor.<br />

217. UEL-PR<br />

Destes penhascos fez a natureza<br />

O berço em que nasci: oh quem cuidara<br />

Que entre penhas tão duras se criara<br />

Uma alma terna, um peito sem dureza.<br />

Os versos anteriores constituem exemplo da:<br />

a) sátira de Gregório de Matos aos poderosos da<br />

Bahia.<br />

b) lírica amorosa de Tomás Antônio Gonzaga.<br />

c) paisagem bucólica idealizada na poesia de Cláudio<br />

Manuel da Costa.<br />

d) da sátira de Tomás Antônio Gonzaga ao governador<br />

de Minas.<br />

e) ambivalência cultural na poesia de Cláudio Manuel<br />

da Costa.<br />

91


218. ITA-SP<br />

92<br />

Torno a ver-vos, ó montes; o destino<br />

Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;<br />

Onde um tempo os gabões deixei grosseiros<br />

Pelo traje da Corte rico, e fino.<br />

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,<br />

Os meus fiéis, meus doces companheiros,<br />

Vendo correr os míseros vaqueiros<br />

Atrás de seu cansado desatino.<br />

Se o bem desta choupana pode tanto,<br />

Que chega a ter mais preço, e mais valia,<br />

Que da Cidade o lisonjeiro encanto;<br />

Aqui descanse a louca fantasia;<br />

E o que té agora se tornava em pranto,<br />

Se converta em afetos de alegria.<br />

Dadas as asserções:<br />

I. O poema manifesta o conflito do poeta, homem<br />

nativista provinciano, ligado à terra natal, cuja<br />

formação superior deu-se na metrópole.<br />

II. O poema mostra como o autor soube explorar a<br />

característica principal do Arcadismo: a celebração<br />

da vida urbana pelo intelectual, consciente das<br />

dificuldades da vida no campo.<br />

III. O poema manifesta a preocupação do poeta com<br />

os problemas sociais da época: transferência de<br />

riquezas da colônia para a metrópole, oriundas<br />

da pecuária e empobrecimento do homem do<br />

campo.<br />

Está(ão) correta(s):<br />

a) Apenas a I. d) I e III.<br />

b) Apenas a II. e) II e III.<br />

c) I e II.<br />

219. UFV-MG<br />

Considere as afirmações a respeito do Arcadismo brasileiro.<br />

Todas as alternativas estão corretas, exceto:<br />

a) Foi o movimento literário que se desenvolveu<br />

no século XVIII, quando o “saber” assumiu uma<br />

importância fundamental.<br />

b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Iluminismo,<br />

por uma forte preocupação com a ciência<br />

e com o raciocínio.<br />

c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Barroco,<br />

retomando a simplicidade e o bucolismo dos<br />

clássicos.<br />

d) Empreendeu uma minuciosa análise do personagem,<br />

revelando-nos claramente os traços de seu<br />

corpo e de sua alma.<br />

e) Vivenciou uma expressiva transformação social,<br />

sendo fortemente marcado pelos ideais políticofilosóficos<br />

do enciclopedismo francês.<br />

220. UEL-PR<br />

Sou pastor; não te nego; os meus montados<br />

São esses, que aí vês; vivo contente<br />

Ao trazer entre a relva florescente<br />

A doce companhia do meu gado.<br />

Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa,<br />

exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica:<br />

a) valorização das circunstâncias biográficas do<br />

poeta.<br />

b) imaginação delirante de paisagens exóticas.<br />

c) valorização das classes humildes, opostas às<br />

aristocráticas.<br />

d) representação da natureza amena e do sentimento<br />

bucólico.<br />

e) representação da natureza como espelho das<br />

fortes paixões.<br />

221. UFV-MG<br />

Sobre o Arcadismo, anotamos:<br />

1. desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas<br />

assumem postura de pastores e transformam<br />

a realidade num quadro idealizado.<br />

2. composição do poema “Vila Rica” por Cláudio<br />

Manoel da Costa, o Glauceste Satúrnio.<br />

3. predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva<br />

da busca do transcendente.<br />

4. propagação de manuscritos anônimos de teor<br />

satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás<br />

Antônio Gonzaga.<br />

5. presença de metáforas da mitologia grega na poesia<br />

lírica, divulgando as idéias dos inconfidentes.<br />

Considerando as anotações anteriores, assinale a<br />

alternativa correta.<br />

a) Apenas 1 e 3 são verdadeiras.<br />

b) Apenas 2 e 4 são falsas.<br />

c) Apenas 2 e 5 são verdadeiras.<br />

d) Apenas 3 e 5 são falsas.<br />

e) Todas são verdadeiras.<br />

222. UFES<br />

Destes penhascos fez a natureza<br />

O berço, em que nasci! oh queima cuidara,<br />

Que entre penhas tão duras se criara<br />

Uma alma terna, um peito sem dureza!<br />

Amor , que vence os tigres, por empresa<br />

Tomou logo render-me; ele declara<br />

Contra o meu coração guerra tão rara,<br />

Que não me foi bastante a fortaleza.<br />

Pois mais que eu mesmo conhecesse o dano,<br />

A que dava ocasião minha brandura,<br />

Nunca pude fugir ao cego engano:<br />

Vós, que ostentais a condição mais dura,<br />

Temei, penhas, temei; que Amor tirano,<br />

Onde há mais resistência, mas se apura.<br />

Cláudio Manuel da Costa<br />

ruaruaruasol<br />

ruaruasolrua<br />

ruasolruarua<br />

solruaruarua<br />

ruaruaruas<br />

Ronaldo Azeredo


PV2D-07-POR-34<br />

Considerando as obras supracitadas como ilustrativas<br />

da poesia árcade e da poesia concreta, assinale a<br />

opção cuja ordem preenche corretamente as afirmativas<br />

seguintes:<br />

1. “O __________ é, pois, consciência de integração:<br />

de ajustamento a uma ordem natural, social e<br />

literária, decorrendo disso a estética da imitação,<br />

por meio da qual o espírito reproduz as formas<br />

naturais, não apenas como elas aparecem à razão,<br />

mas como as conceberam e recriaram os bons<br />

autores da Antigüidade.”<br />

2. “Os elementos de composição característicos da<br />

poesia _________ são a organização geométrica do<br />

espaço e o jogo de semelhanças de significantes.”<br />

3. “Os ___________ se recusavam a uma exploração<br />

mais completa da psicologia humana, assim<br />

como se tinham negado a uma concepção mais<br />

imaginativa da linguagem.”<br />

4. “Talvez se pudesse concluir que um poema ___<br />

_______ seja definido mais ou menos assim: um<br />

tipo de composição poética centrada na utilização<br />

de poucos elementos dispostos no papel de modo<br />

a valorizar a distribuição espacial, o tamanho e a<br />

forma dos caracteres tipográficos e as semelhanças<br />

fônicas entre as palavras.”<br />

5. “A poesia __________ significou o reconhecimento<br />

do poema como objeto também espacial, e da<br />

necessidade de procedimentos composicionais<br />

compatíveis com essa realidade.”<br />

a) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. concretistas; 4. concreto;<br />

5. árcade.<br />

b) 1. Concretismo; 2. concreta; 3. concretistas;<br />

4. árcade; 5. concreta.<br />

c) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. árcades; 4. concreto;<br />

5. concreta.<br />

d) 1. Concretismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. árcade;<br />

5. concreta.<br />

e) 1. Arcadismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. concreto;<br />

5. árcade.<br />

223.<br />

Olha, Marília, as flautas dos pastores<br />

Que bem que soam, como estão cadentes!<br />

Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes<br />

Os zéfiros brincar por entre as flores?<br />

Vê como ali beijando-se os Amores<br />

Incitam nossos ósculos ardentes!<br />

Ei-las de planta em planta as inocentes,<br />

As vagas borboletas de mil cores!<br />

Naquele arbusto o rouxinol suspira,<br />

Ora nas folhas a abelhinha pára,<br />

Ora nos ares sussurrando gira:<br />

Que alegre campo! Que manhã tão clara!<br />

Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,<br />

Mais tristeza que a morte me causara.<br />

Indique, nas duas primeiras estrofes, características<br />

neoclássicas.<br />

224. Mackenzie-SP<br />

Leia a posteridade, ó pátrio Rio.<br />

Em meus versos teu nome celebrado,<br />

– Por que vejas uma hora despertado<br />

O sono vil do esquecimento frio:<br />

Não vês nas tuas margens o sombrio,<br />

Fresco assento de um álamo copado;<br />

Não vês ninfa cantar, pastar o gado<br />

Na tarde clara do calmoso estio.<br />

Turvo banhando as pálidas areias<br />

Nas porções do riquíssimo tesouro<br />

O vasto campo da ambição recreias.<br />

Que de seus raios o planeta louro ,<br />

Enriquecendo o influxo em tuas veias,<br />

Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.<br />

O bucolismo presente no texto foge ao modelo árcade.<br />

Explique.<br />

225.<br />

Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que<br />

se pede.<br />

Ó retrato da morte, ó Noite amiga<br />

Por cuja escuridão suspiro há tanto!<br />

Calada testemunha de meu pranto,<br />

De meus desgostos secretária antiga!<br />

Pois manda Amor, que a ti somente os diga,<br />

Dá-lhes pio agasalho no teu manto;<br />

Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto<br />

Dorme a cruel, que a delirar me obriga:<br />

E vós, ó cortesãos da escuridade,<br />

Fantasmas vagos, mochos piadores,<br />

Inimigos, como eu, da claridade!<br />

Em bandos acudi aos meus clamores,<br />

Quero a vossa medonha sociedade,<br />

Quero fartar meu coração de horrores.<br />

Que traços do texto dado prenunciam o Romantismo, levando<br />

o soneto a classificar-se como pré-romântico?<br />

226. ESPM-SP<br />

Ah! Marília, que tormento<br />

Não tens de sentir saudosa!<br />

Não podem ver os teus olhos<br />

A campina deleitosa,<br />

Nem a tua mesma aldeia,<br />

Que tiranos não proponham<br />

À inda inquieta idéia<br />

Uma imagem de aflição.<br />

93


Os seguintes elementos indicam que são de um poeta<br />

arcádico os versos anteriores:<br />

a) “sentir saudosa” e “teus olhos”.<br />

b) “Marília e “campina deleitosa”.<br />

c) “sentir saudosa” e “tormento”.<br />

d) “tiranos” e “inquieta idéia”.<br />

e) “imagem de aflição” e “não tens de sentir”.<br />

Texto para as questões 227 e 228.<br />

Texto I<br />

Olha, Marília, as flautas dos pastores,<br />

Que bem que soam, como estão cadentes!<br />

Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes<br />

Os Zéfiros brincar por entre as flores?<br />

Bocage<br />

Texto II<br />

Ah! Não roubou tudo a negra sorte:<br />

Inda tenho este abrigo, inda me resta<br />

O pranto, a queixa, a solidão, e a morte.<br />

Bocage<br />

227. Mackenzie-SP<br />

No texto I, encontra-se representação da natureza<br />

que:<br />

a) se caracteriza como o locus amoenus (lugar aprazível),<br />

motivo poético desenvolvido pela estética<br />

árcade.<br />

b) corresponde a um quadro harmonioso, seguindo<br />

modelo típico das cantigas de amor medievais.<br />

c) é resultado de uma concepção romântica, característica<br />

do mal do século.<br />

d) é expressão da religiosidade cristã que marcou os<br />

ideais iluministas.<br />

e) corresponde a um padrão estético que reflete a cosmovisão<br />

dos escritores naturalistas do século XIX.<br />

228. Mackenzie-SP<br />

Sobre os textos I e II é correto afirmar:<br />

a) ambos indicam, por meio do vocativo, a presença<br />

da mulher amada.<br />

b) em I, concretiza-se poeticamente a alegria por<br />

meio da personificação.<br />

c) ambos expressam um lamento frente àquilo que<br />

a negra sorte pode roubar do ser humano.<br />

d) em II, o pranto, a queixa, a solidão, e a morte<br />

apresentam-se como algo indesejável.<br />

e) em I, a recorrência de exclamação é índice de<br />

contenção emotiva.<br />

229. Cefet-MG<br />

94<br />

Fatigado de calma se acolhia<br />

Junto o rebanho à sombra dos salgueiros,<br />

E o sol, queimando os ásperos outeiros<br />

Com violência maior no campo ardia.<br />

Não pertence ao estilo literário dos versos acima a<br />

seguinte característica:<br />

a) ideal de simplicidade.<br />

b) aceitação de regras e modelos.<br />

c) crítica ao êxodo urbano.<br />

d) ânsia de integração na natureza: bucolismo.<br />

e) arte vista como recriação idealizada da Ordem<br />

Natural.<br />

230. Mackenzie-SP<br />

Leia o texto abaixo e assinale a alternativa incorreta.<br />

E, se entre versos mil de sentimento<br />

Encontrardes alguns, cuja aparência<br />

Indique festival contentamento,<br />

Crede, ó mortais, que foram com violência<br />

Escritos pela mão do Fingimento,<br />

Cantados pela voz da Dependência.<br />

Bocage<br />

a) As expressões “mão do Fingimento” e “voz da<br />

Dependência” são referências metonímicas que<br />

revelam a crítica do poeta ao estilo árcade.<br />

b) O padrão formal dos textos de Bocage é típico da<br />

estética setecentista.<br />

c) A obra desse poeta divide-se em duas fases:<br />

árcade e romântica.<br />

d) No texto, a expressão “festival contentamento”<br />

faz referência à idealização que marca a visão de<br />

mundo do estilo árcade.<br />

e) Embora a primeira fase da produção poética do<br />

autor ainda se prenda ao imaginário árcade, trilhou<br />

caminhos próprios, resgatando para a poesia lírica<br />

portuguesa a linguagem emotiva e confessional.<br />

231.<br />

Alguém há de cuidar que é frase inchada,<br />

Daquela que lá se usa entre essa gente<br />

Que julga que diz muito e não diz nada.<br />

Glauceste Satúrnio (pseudônimo de Cláudio M. de Costa)<br />

A doutrina literária do Arcadismo impunha que os<br />

poetas criassem seus textos de modo a atender a<br />

muitas convenções. Qual delas está sendo defendida<br />

no trecho acima?<br />

a) Inutilia truncat (corta o inútil)<br />

b) Fugere urbem (fugir da cidade)<br />

c) Aurea mediocritas (equilíbrio de ouro)<br />

d) Locus amoenus (lugar sossegado)<br />

e) Mimesis (imitação dos clássicos)<br />

232.<br />

Leia o texto abaixo.<br />

Importa, porém, distinguir dois momentos ideais na literatura<br />

dos Setecentos para não incorrer no equívoco de apontar<br />

contrastes onde houve apenas uma justaposição:<br />

a) momento poético que nasce de um encontro,<br />

embora ainda amaneirado, com a natureza e<br />

os afetos comuns do homem, refletidos através<br />

da tradição clássica e de formas bem definidas,<br />

julgadas dignas de imitação (...);<br />

b) o momento ideológico, que se impõe no meio do<br />

século, e traduz a crítica da burguesia culta aos<br />

abusos da nobreza e do clero (...).<br />

A.Bosi. História concisa da literatura brasileira.<br />

Assinale a alternativa em que os dois termos preencham<br />

as lacunas, respectivamente.<br />

a) Barroco – Ilustração<br />

b) Renascimento – Classicismo<br />

c) Iluminismo – Arcádia<br />

d) Classicismo – Iluminismo<br />

e) Arcádia – Ilustração


PV2D-07-POR-34<br />

233. Fuvest-SP<br />

E em arte aos de Minerva se não rendem<br />

Teus alvos, curtos dedos melindrosos.<br />

Indique a característica presente nos versos acima,<br />

de autoria de Bocage.<br />

a) Uso de pseudônimos.<br />

b) Rompimento com os clássicos.<br />

c) Recurso à mitologia greco-romana.<br />

d) Predominância do subjetivismo.<br />

e) Tema pastoril.<br />

234.<br />

Incultas produções da mocidade<br />

Exponho a vossos olhos, ó leitores.<br />

Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,<br />

Que elas buscam piedade e não louvores.<br />

Ponderai da Fortuna a variedade<br />

Nos meus suspiros, lágrimas e amores;<br />

Notai dos males seus a imensidade,<br />

A curta duração dos seus favores.<br />

E se entre versos mil de sentimento<br />

Encontrardes alguns, cuja aparência<br />

Indique festival contentamento,<br />

Crede, ó mortais, que foram com violência<br />

Escritos pela mão do Fingimento,<br />

Cantadas pela voz da Dependência.<br />

Bocage<br />

Nesse poema, o poeta, que adotou o pseudônimo Elmano<br />

Sadino, traduz sua insatisfação com os modelos<br />

árcades que adotou em parte de sua obra.<br />

a) Dois versos referem-se a dois aspectos da poesia<br />

árcade que discutem o momento de composição<br />

de um poema. Identifique-os e dê uma possível<br />

explicação para eles.<br />

b) Sua insatisfação se revela em indícios de ruptura<br />

com o Arcadismo. Localize no poema passagens<br />

que sustentem essa afirmação.<br />

235. Fuvest-SP<br />

Bocage foi:<br />

a) o poeta mais representativo do Arcadismo em<br />

Portugal.<br />

b) o poeta mais representativo do Arcadismo no<br />

Brasil.<br />

c) um poeta pré-romântico.<br />

d) o escritor-chave para a compreensão do Barroco.<br />

e) um cronista medieval.<br />

236.<br />

Indique a alternativa incorreta.<br />

a) O Arcadismo foi uma tendência literária dominante<br />

dentro do Neoclassicismo do século XVIII.<br />

b) As academias em que se reuniam os poetas árcades<br />

eram chamadas Arcádias por referência a uma<br />

região da Grécia ligada ao pastoreio e à poesia.<br />

c) A primeira característica do Arcadismo é sua oposição<br />

ao Humanismo, defendendo, por isso, uma<br />

linguagem rebuscada e labiríntica.<br />

d) Do ponto de vista filosófico, o Arcadismo se liga<br />

ao pensamento racionalista da época, ou seja, ao<br />

movimento enciclopedista.<br />

e) Alguns poetas árcades já revelam traços prenunciadores<br />

do Romantismo.<br />

237. Unifesp<br />

Leia os versos do poeta português Bocage.<br />

Vem, oh Marília, vem lograr comigo<br />

Destes alegres campos a beleza,<br />

Destas copadas árvores o abrigo.<br />

Deixa louvar da corte a vã grandeza;<br />

Quanto me agrada mais estar contigo,<br />

Notando as perfeições da Natureza!<br />

Nestes versos:<br />

a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa<br />

da fugacidade do tempo.<br />

b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características<br />

pré-românticas do autor.<br />

c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia<br />

de se aproveitar o tempo presente.<br />

d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta,<br />

portanto, inacessíveis a ele.<br />

e) o poeta propõe, em linguagem clara, que se<br />

aproveite o presente de forma simples junto à<br />

natureza.<br />

238. FGV-SP<br />

Assinale a alternativa que apresenta erro na correlação<br />

autor-obra-época, relativamente à literatura<br />

portuguesa.<br />

a) Pe. Antônio Vieira – Sermão da Quarta-feira de<br />

Cinzas – Século XVII.<br />

b) Gil Vicente – Auto da Barca do Inferno – Século<br />

XVI.<br />

c) Manuel Maria Barbosa du Bocage – Nova Arcádia<br />

– Século XVIII.<br />

d) Camilo Peçanha – Clepsidra – Século XIX/XX.<br />

e) Almeida Garrett – Viagens na Minha Terra – Século<br />

XIX.<br />

239. ESPM-SP<br />

Em todas as alternativas abaixo, há versos característicos<br />

do Arcadismo, exceto em:<br />

a) Eu vi o meu semblante numa fonte:<br />

Dos anos inda não está cortado;<br />

Os Pastores, que habitam este monte,<br />

Respeitam o poder do meu cajado;<br />

b) Ah! enquanto os Destinos impiedosos<br />

Não voltam contra nós a face irada,<br />

Façamos, sim façamos, doce amada,<br />

Os nossos breves dias mais ditosos;<br />

c) Os teus cabelos são uns fios d’ouro;<br />

Teu lindo corpo bálsamos vapora.<br />

Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,<br />

Para glória de Amor igual tesouro;<br />

95


d) Se estou, Marília, contigo,<br />

Não tenho um leve cuidado;<br />

Nem me lembra se são horas<br />

De levar à fonte o gado;<br />

e) Ó florestas! ó relva amolecida,<br />

A cuja sombra, em cujo doce leito<br />

É tão macio descansar nos sonhos!<br />

Arvoredo do vale! derramai-me<br />

Sobre o corpo estendido na indolência<br />

O tépido frescor e o doce aroma!<br />

240.<br />

Assinale qual a explicação que não corresponde à<br />

regra árcade indicada:<br />

a) Fugere urbem: os árcades defendiam uma vida simples<br />

e natural, junto ao campo, distante dos centros<br />

urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento<br />

do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo<br />

o qual a civilização corrompe os costumes do<br />

homem, que nasce naturalmente bom.<br />

b) Aureas mediocritas: outro traço presente advindo<br />

da poesia horaciana é a idealização de uma vida<br />

pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa<br />

e triste na cidade.<br />

c) Locus amoenus: na poesia árcade, as situações<br />

são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de<br />

si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso,<br />

por exemplo, quase sempre é um pastor que<br />

confessa o seu amor por uma pastora.<br />

d) Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida<br />

enquanto é possível – tema já bastante explorado<br />

pelo Barroco – é retomado pelos árcades e faz<br />

parte do convite amoroso.<br />

e) Inutilia truncat: eliminar os excessos, optando<br />

por uma linguagem simples sem muitos torneios<br />

verbais.<br />

Texto para as questões 241 a 243.<br />

Já sobre o coche de ébano estrelado<br />

Deu meio giro a noite escura e feia;<br />

Que profundo silêncio me rodeia<br />

Neste deserto bosque, à luz vedado!<br />

96<br />

Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,<br />

O Tejo adormeceu na lisa areia;<br />

Nem o mavioso rouxinol gorjeia,<br />

Nem pia o mocho, às trevas costumado:<br />

Só eu velo, só eu, pedindo à sorte<br />

Que o fio, com que está minha alma presa<br />

À vil matéria lânguida me corte:<br />

Consola-me este horror, esta tristeza;<br />

Porque a meus olhos se afigura a morte<br />

No silêncio total da natureza.<br />

Bocage<br />

Vocabulário<br />

coche de ébano: carruagem de madeira escura<br />

jaz: está ou parece morto<br />

mocho: coruja<br />

lânguida: doentia<br />

241. Mackenzie-SP<br />

De acordo com o texto, é correto afirmar que:<br />

a) “a noite escura e feia” é a razão da tristeza do eu<br />

lírico.<br />

b) a natureza, para o eu lírico, é, nesse contexto,<br />

expressão da morte.<br />

c) a perspectiva da morte iminente torna o eu lírico<br />

angustiado.<br />

d) “a alma” está caracterizada como “matéria lânguida”.<br />

e) “a noite escura e feia” transformou-se em noite<br />

iluminada e silenciosa.<br />

242. Mackenzie-SP<br />

Está presente no texto o seguinte traço característico<br />

da poesia de Bocage:<br />

a) temática religiosa.<br />

b) idealização do locus amoenus.<br />

c) quebra dos padrões formais clássicos.<br />

d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da<br />

idéia.<br />

e) linguagem emotivo-racional.<br />

243. Mackenzie-SP<br />

Nesse poema, a referência à cultura mitológica (Zéfiro)<br />

revela influência da estética:<br />

a) romântica.<br />

b) simbolista.<br />

c) trovadoresca.<br />

d) árcade.<br />

e) parnasiana.<br />

Texto para as questões de 244 a 246.<br />

1<br />

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,<br />

Que viva de guardar alheio gado;<br />

De tosco trato, de expressões grosseiro,<br />

Dos frios gelos e dos sóis queimado.<br />

Tenho próprio casal, e nele assisto;<br />

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;<br />

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,<br />

E mais as finas lãs, de que me visto.<br />

Graças, Marília bela,<br />

Graças à minha Estrela!<br />

2<br />

Eu vi o meu semblante numa fonte:<br />

Dos anos inda não está cortado;<br />

Os pastores que habitam este monte<br />

Respeitam o poder do meu cajado.<br />

Com tal destreza toco a sanfoninha,<br />

Que inveja até me tem o próprio Alceste:<br />

Ao som dela concerto a voz celeste<br />

Nem canto letra, que não seja minha.<br />

Graças, Marília bela,<br />

Graças à minha Estrela!


PV2D-07-POR-34<br />

3<br />

Mas tendo tantos dotes da ventura,<br />

Só apreço lhes dou, gentil pastora,<br />

Depois que o teu afeto me segura<br />

Que queres do que tenho ser Senhora.<br />

É bom, minha Marília, é bom ser dono<br />

De um rebanho, que cubra monte e prado;<br />

Porém, gentil pastora, o teu agrado<br />

Vale mais que um rebanho e mais que um trono.<br />

Graças, Marília bela,<br />

Graças à minha Estrela!<br />

4<br />

(...)<br />

Irás a divertir-se na floresta,<br />

Sustentada, Marília, no meu braço;<br />

Aqui descansarei a quente sesta,<br />

Dormindo um leve sono em teu regaço;<br />

Enquanto a luta jogam os pastores,<br />

E emparelhados correm nas campinas,<br />

Toucarei teus cabelos de boninas,<br />

Nos troncos gravarei os teus louvores.<br />

Graças, Marília bela,<br />

Graças à minha Estrela!<br />

244.<br />

Identifique, estrofe por estrofe, as características<br />

árcades mais evidentes.<br />

245.<br />

Indique, na terceira estrofe, um traço pré-romântico.<br />

246.<br />

Há um termo em letra maiúscula que remete a um princípio<br />

da cultura clássica. Qual é e o que significa?<br />

247. PUCCamp-SP<br />

Pode-se afirmar que Marília de Dirceu e as Cartas<br />

chilenas são, respectivamente:<br />

a) altas expressões do lirismo amoroso e da sátira<br />

política, na literatura do século XVIII.<br />

b) exemplos da poesia biográfica e da literatura<br />

epistolar cultivadas no século XVII.<br />

c) exemplos do lirismo amoroso e da poesia de combate,<br />

cultivados sobretudo pelos poetas românticos<br />

da chamada “terceira geração”.<br />

d) altas expressões do lirismo e da sátira da nossa<br />

poesia barroca.<br />

e) expressões menores da prosa e da poesia do<br />

nosso Arcadismo, cultivadas no interior das Academias.<br />

248. UFPA<br />

Tomás Antônio Gonzaga expressou, através de alguns<br />

de seus poemas, toda a sua revolta pelos reveses da<br />

sua sorte. Tal fato:<br />

a) torna-o um poeta pré-barroco.<br />

b) vai de encontro aos princípios do Arcadismo.<br />

c) desvincula-o dos princípios românticos indo ao encontro<br />

dos valores modernos que ele professou.<br />

d) rompe com a orientação parnasiana de seus versos.<br />

e) transforma-o em um poeta elegíaco.<br />

249. UFPA<br />

A pastora Marília, conforme nos é apresentada nas<br />

liras de Tomás Antônio Gonzaga, carece de unidade de<br />

enfoques; por isso é muito difícil precisar, por exemplo,<br />

seu tipo físico. Esta imprecisão da pastora:<br />

a) é suficiente para seu autor ser apontado como<br />

pré-romântico.<br />

b) é fundamental para situar o leitor dentro do drama<br />

amoroso do autor.<br />

c) reflete o caráter genérico e impessoal que a poesia<br />

neoclássica deveria assumir.<br />

d) é responsável pela atmosfera de mistério, essencial<br />

para a poesia neoclássica.<br />

e) mostra a intenção do autor em não revelar o objeto<br />

do seu amor.<br />

250.<br />

Texto I<br />

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,<br />

Que viva de guardar alheio gado;<br />

De tosco trato, de expressões grosseiro,<br />

Dos frios gelos e dos sóis queimado.<br />

Tenho próprio casal, e nele assisto;<br />

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;<br />

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,<br />

E mais as finas lãs, de que me visto.<br />

Texto II<br />

Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,<br />

Fui honrado Pastor da tua Aldeia;<br />

Vestia finas lãs e tinha sempre<br />

A minha choça do preciso cheia.<br />

Tiraram-me o casal e o mesmo gado.<br />

Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.<br />

Os dois textos são de autoria de Tomás Antônio<br />

Gonzaga e fazem parte da obra Marília de Dirceu,<br />

respectivamente da primeira e da segunda partes.<br />

Os dois poemas mostram dois momentos diferentes<br />

da vida de Gonzaga. Aponte de que maneira essas<br />

diferenças aparecem nos textos.<br />

251. UEBA<br />

Assinale a alternativa correta a respeito do Arcadismo<br />

brasileiro.<br />

a) Estilo de época que coincidiu com o ciclo do açúcar<br />

na Bahia, da mesma forma que o Barroco coincidiu<br />

com o ciclo do ouro em Minas Gerais.<br />

b) Sob a influência da Contra-Reforma, o Arcadismo<br />

brasileiro não conseguiu libertar-se do estilo barroco,<br />

só produzindo obras de inspiração religiosa.<br />

c) O estilo árcade é amaneirado à moda dos cultistas,<br />

antítese do estilo natural dos escritores<br />

clássicos.<br />

d) Entre as características árcades, destacam-se<br />

o bucolismo, a simplicidade formal e a busca do<br />

equilíbrio.<br />

e) Tentando fugir à forte influência barroca, o Arcadismo<br />

brasileiro confundiu-se com o Romantismo,<br />

sobrepondo à racionalidade o sentimentalismo.<br />

97


252. Mackenzie-SP<br />

Leia as três afirmações que se seguem, referentes à<br />

obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, e<br />

assinale a alternativa correta.<br />

I. É uma obra composta por vários sonetos, que<br />

aparecem numa seqüência numerada.<br />

II. É uma coletânea de poesias amorosas, revestidas<br />

de sentimentalidade e simplicidade.<br />

III. Divide-se em duas partes: a primeira, anterior à prisão<br />

do poeta, e a segunda, posterior à mesma.<br />

a) II e III são corretas.<br />

b) Todas são corretas.<br />

c) I e III são corretas.<br />

d) I e II são corretas.<br />

e) Todas são incorretas.<br />

253. UFOP-MG<br />

Com relação a Marília de Dirceu, de Tomás Antônio<br />

Gonzaga, assinale a alternativa incorreta.<br />

a) As liras que compõem o livro são quase sempre<br />

poemas de lirismo amoroso que invocam a pastora<br />

Marília, amada do pastor Dirceu.<br />

b) Apesar de invocarem com grande freqüência o<br />

tema do amor, as liras não apresentam a atmosfera<br />

atormentada dos conflitos da paixão, antes<br />

exaltam a serenidade e a naturalidade na relação<br />

amorosa.<br />

c) Muitas das liras são dedicadas à tarefa de demonstrar<br />

à bem-amada a ordem e a harmonia das coisas<br />

naturais.<br />

d) Tendo sido Gonzaga um inconfidente, escreveu<br />

esse livro para descrever a situação geral da<br />

Colônia, oprimida pela exploração ferrenha da<br />

metrópole portuguesa.<br />

e) Algumas liras são destinadas a afirmar a dignidade<br />

e a valia do pastor Dirceu. Grande parte delas foi<br />

escrita no período em que Gonzaga esteve preso<br />

e, assim, revela-se, sob o disfarce do pastor, a<br />

presença dos dramas pessoais do autor, caído em<br />

desgraça, no momento da produção dos poemas.<br />

254. Unicamp-SP<br />

Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e<br />

Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a<br />

passagem do tempo, dela extraindo uma “filosofia de<br />

vida”. Leia-os com atenção.<br />

Texto I<br />

Minha bela Marília, tudo passa;<br />

a sorte deste mundo é mal segura;<br />

se vem depois dos males a ventura,<br />

vem depois dos prazeres a desgraça.<br />

..........................................................<br />

Que havemos de esperar, Marília bela?<br />

que vão passando os florescentes dias?<br />

As glórias, que vêm tarde, já vêm frias,<br />

e pode enfim mudar-se a nossa estrela.<br />

Ah! não, minha Marília,<br />

Aproveite-se o tempo, antes que faça<br />

o estrago de roubar ao corpo as forças<br />

e ao semblante a graça.<br />

Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu.<br />

98<br />

Texto II<br />

Quando, Lídia, vier o nosso outono<br />

Com o inverno que há nele, reservemos<br />

Um pensamento, não para a futura<br />

Primavera, que é de outrem,<br />

Nem para o estio, de quem somos mortos,<br />

Senão para o que fica do que passa<br />

O amarelo atual que as folhas vivem<br />

E as torna diferentes.<br />

Ricardo Reis. Odes.<br />

a) Em que consiste a “filosofia de vida” que a passagem<br />

do tempo sugere ao eu lírico do poema de<br />

Tomás Antônio Gonzaga?<br />

b) Os dois poetas valorizam o momento presente,<br />

embora o façam de maneira diferente. Em que<br />

consiste essa diferença?<br />

255.<br />

Vou retratar a Marília,<br />

A Marília, meus amores;<br />

Porém como? se eu não vejo<br />

Quem me empreste e as finas cores:<br />

Dar-mas a terra não pode<br />

Não, que a sua cor mimosa<br />

Vence o lírio, vence a rosa,<br />

O jasmim e as outras flores.<br />

Ah! socorre, Amor, socorre<br />

Ao mais grato empenho meu!<br />

Voa sobre os astros, voa,<br />

Traze-me as tintas do Céu.<br />

Por que o poeta se julga impotente para retratar a<br />

amada?<br />

256. UFPB<br />

Considere o trecho seguinte:<br />

Tenho próprio casal e nele assisto;<br />

dá-me vinho, legume, fruta, azeite;<br />

das brancas ovelhinhas tiro o leite,<br />

e mais as finas lãs, de que me visto.<br />

(…) É bom, minha Marília, é bom ser dono<br />

de um rebanho, que cubra monte e prado;<br />

porém, gentil pastora, o teu agrado<br />

vale mais que um rebanho e mais que um trono.<br />

O fragmento acima demonstra que o seu autor, Tomás<br />

Antônio Gonzaga, vinculou-se ao Arcadismo e foi, ao<br />

mesmo tempo, um antecipador do movimento romântico.<br />

Justifique.<br />

Texto para as questões 257 e 258.<br />

Ornemos nossas testas com as flores,<br />

e façamos de feno um brando leito;<br />

prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />

gozemos do prazer de sãos amores (...)<br />

(...) aproveite-se o tempo, antes que faça<br />

o estrago de roubar ao corpo as forças<br />

e ao semblante a graça.<br />

Tomás Antônio Gonzaga


PV2D-07-POR-34<br />

257. Mackenzie-SP<br />

Nos versos acima:<br />

a) o eu lírico, ao lamentar as transformações notadas<br />

em seu corpo e alma pela passagem do tempo,<br />

revela-se amoroso homem de meia-idade.<br />

b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de<br />

amigo”, está expresso o estado de alma de quem<br />

sente a ausência do ser amado.<br />

c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu<br />

lírico, a mulher a quem se poderiam fazer convites<br />

amorosos mais ousados.<br />

d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística,<br />

o ponto de vista dominante é o do amante que<br />

vê seus sentimentos antagônicos refletidos na<br />

natureza.<br />

e) a natureza é o espaço onde o amado se sente à<br />

vontade para expressar diretamente à amada suas<br />

inclinações sensuais.<br />

258. Mackenzie-SP<br />

Quanto ao estilo, os versos:<br />

a) revelam a presença não só de formas mais exageradas<br />

de inversão sintática — hipérbatos —, como<br />

também de comparações excessivas, resíduos do<br />

estilo cultista.<br />

b) comprovam a predileção pelo verso branco e pela<br />

ordem direta da frase, característicos da naturalidade<br />

desejada pelos poetas do Arcadismo.<br />

c) denotam — pela singeleza do vocabulário, pela<br />

sintaxe quase prosaica — a vontade de alcançar<br />

a simplicidade da linguagem, em oposição à artificialidade<br />

do Barroco.<br />

d) organizam-se em torno de antíteses, na busca<br />

de caracterizar, em atitude pré-romântica, o amor<br />

ideal e a pureza do lavor da terra.<br />

e) constroem-se pelo desdobramento contínuo de<br />

imagens, compondo um quadro em que a emoção<br />

é tratada de modo abstrato, de acordo com a<br />

convenção árcade.<br />

259. UFPE<br />

Texto 1<br />

Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão,<br />

e vós que roubais em uma armada sois imperador? Assim<br />

é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza.<br />

O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao<br />

inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu<br />

trato, são outros... ladrões de maior calibre e mais alta<br />

esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes<br />

roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de<br />

seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se<br />

furtam, são enforcados, e estes furtam e enforcam.<br />

Pe. Antônio Vieira. Sermão do bom ladrão.<br />

Texto 2<br />

Que havemos de esperar, Marília bela?<br />

Que vão passando os florescentes dias?<br />

As glórias que vêm tarde já vêm frias;<br />

E pode enfim mudar-se a nossa estrela.<br />

Ah! Não, minha Marília,<br />

Aproveite-se o tempo, antes que faça<br />

O estrago de roubar ao corpo as forças<br />

E ao semblante a graça.<br />

Tomás Antônio Gonzaga. Lira XIV<br />

Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas<br />

abaixo.<br />

1. A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O<br />

tema dos versos anteriores é o carpe diem (gozar<br />

a vida presente), escrito numa linguagem amena,<br />

sem arroubos, própria do Arcadismo.<br />

2. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares,<br />

a linguagem arcádica, no poema de Gonzaga,<br />

diferencia-se da linguagem rebuscada usada pelo<br />

Barroco.<br />

3. O texto de Vieira, sendo barroco, está pleno de<br />

metáforas, de linguagem figurada, de termos inusitados<br />

e eruditos, sendo de difícil compreensão.<br />

4. Vieira adota a tendência barroca conceptista que<br />

leva para o texto o predomínio das idéias, do raciocínio,<br />

da lógica, procurando adequar os textos<br />

religiosos à realidade circundante.<br />

Está(ão) correta(s) apenas:<br />

a) 1, 2 e 3. d) 1, 2 e 4.<br />

b) 1. e) 2, 3 e 4.<br />

c) 2.<br />

260.<br />

Dê o título das duas obras mais importantes e o<br />

nome dos seus respectivos autores, do Arcadismo<br />

brasileiro.<br />

261. UFRGS-RS<br />

Leia os excertos abaixo, extraídos de Marília de Dirceu<br />

(Lira XIV), de Tomás Antônio Gonzaga.<br />

01. Minha bela Marília, tudo passa;<br />

02. A sorte deste mundo é mal segura;<br />

03. Se vem depois dos males a ventura,<br />

04. Vem depois dos prazeres a desgraça.<br />

05. Ornemos nossas testas com as flores<br />

06. E façamos de feno um brando leito;<br />

07. Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />

08. Gozemos do prazer de sãos Amores.<br />

09. Sobre as nossas cabeças,<br />

<strong>10</strong>. Sem que o possam deter, o tempo corre;<br />

11. E para nós o tempo, que se passa,<br />

12. Também, Marília, morre.<br />

13. Ah, não, minha Marília,<br />

14. Aproveite-se o tempo, antes que faça<br />

15. O estrago de roubar ao corpo as forças,<br />

16. E ao semblante a graça.<br />

Considere as seguintes afirmações sobre esses<br />

excertos.<br />

I. Os versos chamam a atenção para a passagem<br />

do tempo e expressam um convite aos prazeres<br />

de um amor sadio.<br />

II. Os versos de 05 a 12 descrevem uma cena amorosa<br />

ambientada na paisagem mineira da cidade<br />

então chamada de Vila Rica.<br />

III. Marília é um nome literário adotado para a referida<br />

noiva do poeta inconfidente, cujo nome verdadeiro<br />

era Maria Dorotéia de Seixas Brandão.<br />

99


Quais estão corretas?<br />

a) Apenas I.<br />

b) Apenas II.<br />

c) Apenas III.<br />

d) Apenas I e III.<br />

e) I, II e III.<br />

262. UFRGS-RS<br />

1. Nise? Nise? onde estás? Aonde espera<br />

Achar-te uma alma, que por ti suspira (…)<br />

2. Glaura! Glaura! não respondes?<br />

E te escondes nestas brenhas?<br />

Dou às penhas meu lamento;<br />

Ó tormento sem igual!<br />

3. Minha bela Marília, tudo passa;<br />

A sorte deste mundo é mal segura;<br />

Se vem depois dos males a ventura,<br />

Vem depois dos prazeres a desgraça.<br />

Os poetas árcades brasileiros tinham as suas musas<br />

inspiradoras, a quem se dirigiam freqüentemente em<br />

seus poemas. Pelas musas evocadas nos versos<br />

acima, pode-se dizer que seus autores são, respectivamente:<br />

a) Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Tomás<br />

Antônio Gonzaga.<br />

b) José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa<br />

e Alvarenga Peixoto.<br />

c) Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Alvarenga<br />

Peixoto.<br />

d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga<br />

e Frei Santa Rita Durão.<br />

e) José Basílio da Gama, Frei Santa Rita Durão e<br />

Tomás Antônio Gonzaga.<br />

263. PUC-SP<br />

Encontra-se alusão a um importante ciclo econômico<br />

do século XVIII, na segunda passagem de Cláudio<br />

Manuel da Costa:<br />

a) Árvores aqui vi tão florescentes<br />

Que aziam perpétua a primavera:<br />

Nem troncos vejo agora decadentes.<br />

b) Turvo banhado as pálidas areias<br />

Nas porções do riquíssimo tesouro<br />

.......................................................<br />

O vasto campo da ambição recreias.<br />

c) De um ramo desta faia pendurado<br />

Vejo o instrumento estar do pastor Fido.<br />

d) O mel dourado dos carvalhos duros.<br />

e) Não vês nas tuas margens o sombrio<br />

Fresco assento de um álamo copado.<br />

264. Mackenzie-SP<br />

A respeito do Arcadismo brasileiro, é incorreto afirmar<br />

que:<br />

a) assume uma postura de imitação dos ideais renascentistas.<br />

b) um de seus conceitos básicos é que, na Natureza,<br />

reside toda a beleza, pureza e espiritualidade.<br />

<strong>10</strong>0<br />

c) seu início é assinalado pela publicação de Obras<br />

poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.<br />

d) revestiu-se de aspectos religiosos ligados à temática<br />

medieval.<br />

e) é comum o aparecimento de referências a figuras<br />

mitológicas clássicas.<br />

265. Vunesp<br />

Altéia<br />

Aquele amor amante,<br />

Que nas úmidas ribeiras<br />

Deste cristalino rio<br />

Guiava as brancas ovelhas;<br />

Aquele, que muitas vezes<br />

Afinando a doce avena,<br />

Parou as ligeiras águas,<br />

Moveu as bárbaras penhas;<br />

Cláudio Manuel da Costa<br />

Sobre uma rocha sentado<br />

Caladamente se queixa:<br />

Que para formar as vozes,<br />

Teme, que o ar as perceba.<br />

Poemas de Cláudio Manuel da Costa.<br />

São Paulo, Cultrix, 1966, p. 156.<br />

Nesse fragmento do romance Altéia, de Cláudio Manuel<br />

da Costa, acumulam-se características peculiares<br />

do Arcadismo. Releia o texto que lhe apresentamos<br />

e, a seguir:<br />

a) aponte duas dessas características;<br />

b) justifique sua resposta com, pelo menos, duas<br />

citações do texto.<br />

266. Vunesp<br />

Leia atentamente o texto abaixo e assinale a alternativa<br />

incorreta.<br />

Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi<br />

às águas do Mondego, se prosperassem por muito<br />

tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço<br />

de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria<br />

dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me<br />

ao ócio, e sepultar-me na ignorância! Que<br />

menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes<br />

rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles<br />

metais, que têm atraído a este clima os corações de<br />

toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da<br />

Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia<br />

dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros,<br />

primeiro que arrebate as idéias de um Poeta, deixa<br />

ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que<br />

lhes tem pervertido as cores.<br />

Costa, Cláudio M. da. Fragmento do Prólogo ao Leitor.<br />

In: Candido, A. & Castello, J. A. Presença da literatura brasileira.<br />

São Paulo, Difusão Européia do Livro,1971,<br />

vol. I, p. 138.<br />

a) O poeta estabelece uma conexão entre as diferenças<br />

ambientais e o seu reflexo na produção<br />

literária.<br />

b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a<br />

sua formação intelectual européia, mas deseja<br />

exprimir a realidade tosca de seu país.


PV2D-07-POR-34<br />

c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre<br />

o academicismo árcade europeu e a realidade<br />

brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima<br />

do poeta.<br />

d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no<br />

texto, há um questionamento do contexto sobre<br />

a validade de adotar esse modelo literário no<br />

Brasil.<br />

e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder,<br />

na Europa, contemplar as praias da Arcádia de<br />

onde retirava suas inspirações poéticas.<br />

267. Vunesp<br />

Filinto Elísio (1734-1819) é um poeta neoclássico<br />

português. Sintetize o principal conselho dado por ele<br />

em consonância com a poética do Neoclassicismo para<br />

que um poeta consiga escrever bem.<br />

Em defesa da Língua<br />

Lede, que é tempo, os clássicos honrados;<br />

Herdai seus bens, herdai essas conquistas,<br />

Que em reinos dos romanos e dos gregos<br />

Com indefesso estudo conseguiram.<br />

Vereis então que garbo, que facúndia<br />

Orna o verso gentil, quanto sem eles<br />

É delambido e peco o pobre verso.<br />

.............................................................<br />

Abra-se a antiga, veneranda fonte<br />

Dos genuínos clássicos e soltem-se<br />

As correntes da antiga, sã linguagem.<br />

Rompam-se as minas gregas e latinas<br />

(Não cesso de o dizer, porque é urgente);<br />

Cavemos a facúndia, que abasteça<br />

Nossa prosa eloqüente e culto verso.<br />

Sacudamos das falas, dos escritos<br />

Toda a frase estrangeira e frandulagem<br />

Dessa tinha, que comichona afeia<br />

O gesto airoso do idioma luso.<br />

Quero dar, que em francês hajam formosas<br />

Expressões, curtas frases elegantes;<br />

Mas índoles dif’rentes têm as línguas;<br />

Nem toda a frase em toda a língua ajusta.<br />

Ponde um belo nariz, alvo de neve,<br />

Numa formosa cara trigueirinha<br />

(Trigueiras há, que às louras se avantajam):<br />

O nariz alvo, no moreno rosto,<br />

Tanto não é beleza, que é defeito<br />

Nunca nariz francês na lusa cara,<br />

Que é filha de latina, e só latinas.<br />

Feições lhe quadram. São feições parentas.<br />

In: Elísio, Filinto. Poesias. Lisboa: Livraria Sá<br />

da Costa-Editora, 1941, pp. 44 e 51.<br />

268. UEL-PR<br />

O uso de pseudônimos pastoris, como Dirceu (Tomás<br />

Antônio Gonzaga) ou Glauceste Satúrnio (Cláudio<br />

Manuel da Costa), e o tratamento de “pastoras”, dado<br />

às musas inspiradoras, são índices que revelam, nos<br />

poetas árcades:<br />

a) a busca da harmonia entre campo e cidade, que<br />

se torna possível quando seus habitantes se encontram.<br />

b) a idealização da vida campestre, considerada a<br />

verdadeira fonte da poesia.<br />

c) a valorização da vida urbana, em detrimento dos<br />

ideais de integração na natureza.<br />

d) a preocupação em usar uma linguagem requintada,<br />

que amenizasse os rigores da natureza hostil.<br />

e) a preocupação em exaltar as atividades agrárias,<br />

mais que as pseudo-intelectuais.<br />

269. Cesesp-PE<br />

I. “O momento ideológico, na literatura do Setecentos,<br />

traduz a crítica da burguesia culta aos abusos<br />

da nobreza e do clero.”<br />

II. “O momento poético, na literatura do Setecentos,<br />

nasce de um encontro, embora ainda amaneirado,<br />

com a natureza e os afetos comuns do homem.”<br />

III. “Façamos, sim, façamos, doce amada,<br />

Os nossos breves dias mais ditosos.”<br />

A característica que está presente nestes versos é o<br />

carpe diem (gozar a vida).<br />

a) Só a proposição I é correta.<br />

b) Só a proposição II é correta.<br />

c) Só a proposição III é correta.<br />

d) São corretas as proposições I e II.<br />

e) Todas as proposições são corretas.<br />

270. UEL-PR<br />

No prefácio de suas Obras poéticas, escreveu Cláudio<br />

Manuel da Costa:<br />

Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde<br />

o som das águas inspirava a harmonia dos versos.<br />

Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que<br />

arrebate as idéias de um Poeta, deixa ponderar a<br />

ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem<br />

pervertido as cores.<br />

Afirma o poeta, portanto, que:<br />

a) a natureza de sua região natal guarda harmoniosa<br />

correspondência com a Arcádia.<br />

b) a inspiração, que brota harmoniosa da natureza<br />

arcádica, é perturbada pela realidade das águas<br />

turvas dos rios em mineração.<br />

c) a harmonia dos versos arcádicos é embalada pelo<br />

som dos ribeiros de sua terra, graças à mineração<br />

que lhes turva as águas.<br />

d) é preciso esquecer a harmonia dos versos arcádicos,<br />

em vista da beleza maior dos inspiradores<br />

rios de mineração.<br />

e) a beleza natural dos rios da Arcádia e dos de sua<br />

terra é afetada pela ambição econômica, que<br />

perverte a uns e a outros.<br />

271. Mackenzie-SP<br />

A respeito de Cláudio Manuel da Costa, é correto<br />

afirmar que:<br />

a) é o nosso maior representante da poesia barroca.<br />

b) as liras de Marília de Dirceu espelham o maior<br />

momento de sua criação poética.<br />

c) desenvolveu-se exclusivamente a tendência épica<br />

em sua obra.<br />

d) em seus sonetos, segue a lírica de Camões.<br />

e) não se encontra em seus poemas qualquer preocupação<br />

com a natureza brasileira.<br />

<strong>10</strong>1


272. Vunesp<br />

Leia os textos a seguir.<br />

Convite à Marília<br />

Já se afastou de nós o Inverno agreste<br />

A fértil Primavera, a mãe das flores,<br />

O prado ameno de boninas veste.<br />

<strong>10</strong>2<br />

Varrendo os ares, o sutil Nordeste<br />

Os torna azuis; as aves de mil cores<br />

Adejam entre Zéfiros e Amores,<br />

E toma o fresco Tejo a cor celeste.<br />

Vem, ó Marília, vem lograr comigo<br />

Destes alegres campos a beleza,<br />

Destas copadas árvores o abrigo.<br />

Deixa louvar da corte a vã grandeza:<br />

Quanto me agrada mais estar contigo,<br />

Notando as perfeições da Natureza!<br />

Bocage, Obras de Bocage.<br />

Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.<br />

Bye bye Brasil<br />

Mulher Nordestina – Meu Santo, minha família foi<br />

embora, meu santo. Filho, nora, neto… Fiquei só com<br />

o meu velho que morreu na semana passada. Agora,<br />

quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde é<br />

que eles foram, meu santo?<br />

Lord Cigano – E eu sei lá? Como é que eu vô<br />

saber? Quer dizer… eu sei…eu… Eu tô vendo. Eu<br />

estou vendo a sua família, eles estão a muitas léguas<br />

daqui.<br />

Mulher Nordestina – Vivos?<br />

Lord Cigano – É, vivos, se acostumando ao<br />

lugar novo.<br />

Mulher Nordestina – A gente se acostuma com<br />

tudo… Onde é que eles estão agora, meu santo?<br />

Lord Cigano – Ah, pêra aí, deixa eu ver! Eu tô<br />

vendo: eles estão num vale muito verde onde chove<br />

muito, as árvores são muito compridas e os rios são<br />

grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, que ninguém<br />

precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os<br />

jovens não perdem sua força. É uma terra tão verde…<br />

Altamira!<br />

Diálogo do filme Bye bye Brasil (1979). Produzido por Lucy Barreto.<br />

Escrito e dirigido por Carlos Diegues.<br />

Os escritores clássicos gregos e latinos produziram<br />

certas fórmulas de expressão que, retomadas ao longo<br />

dos tempos, chegaram até nossa modernidade. Uma<br />

dessas fórmulas é a chamada tópica do lugar ameno,<br />

ou seja, a evocação literária de um recanto ideal, delicado,<br />

geralmente bucólico, cuja paz e tranqüilidade<br />

servem de palco ao idílio dos amantes e ao sossego<br />

da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno à<br />

felicidade perdida. Tomando por base este comentário,<br />

releia os textos em pauta, e, a seguir:<br />

a) aponte, na seqüência de Bye Bye Brasil, dois elementos<br />

da paisagem descrita por Lord Cigano que<br />

caracterizam Altamira como um lugar ameno;<br />

b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em<br />

que se estabelece relação opositiva com a tópica<br />

do lugar ameno.<br />

273. Centec-BA<br />

Quando o poeta neoclássico pinta uma paisagem como<br />

um “estado de alma”, podemos dizer que estamos<br />

diante de uma paisagem:<br />

a) tipicamente neoclássica.<br />

b) sugestivamente simbolista.<br />

c) rebuscadamente barroca.<br />

d) prenunciadora do Parnasianismo.<br />

e) antecipadamente romântica.<br />

274. Vunesp<br />

Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio,<br />

pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio<br />

resolve, espera, teme, vacila, gela e cora,<br />

consulta o seu amor e o seu dever ignora.<br />

Voa a farpada seta da mão, que não se engana;<br />

Mas ai, que já não vives, ó mísera Indiana!<br />

Nesses versos de Silva Alvarença, poeta árcade e<br />

ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em<br />

que a heroína morre. Assinale a alternativa correta em<br />

que se mencionam o nome da heroína (1), o título da<br />

obra (2) e o nome do autor (3).<br />

a) (1) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão.<br />

b) (1) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias.<br />

c) (1) Lindóia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama.<br />

d) (1) Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar.<br />

e) (1) Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A.<br />

Gonzaga.<br />

275.<br />

Aponte a alternativa em que houver erro.<br />

a) O padre Antônio Vieira, embora sacerdote, foi nacionalista<br />

(pregou contra os holandeses invasores)<br />

e se preocupou com problemas sociais (foi contrário<br />

a que os colonos portugueses escravizassem<br />

os índios).<br />

b) Gregório de Matos Guerra não passou de um<br />

panfletário; em sua obra satírica, não perdoou a<br />

ninguém; no campo humorístico, chegou à obscenidade;<br />

no campo lírico, nada produziu; embora<br />

tesoureiro-mor e vigário-geral da catedral da Bahia,<br />

não há poesia sua sobre religião levada a sério.<br />

c) Uraguai, epopéia de Basílio da Gama, foge a<br />

estritos moldes camonianos e é sobretudo antijesuítica.<br />

d) Santa Rita Durão, quando compõe o Caramuru,<br />

não perde de vista a estrutura formal de Os lusíadas.<br />

e) Vida e obra de Tomás Antônio Gonzaga são indissociáveis<br />

de Marília, a quem consagrou muitas<br />

liras.<br />

276. Cefet-PR<br />

Marque a alternativa incorreta sobre o Arcadismo<br />

brasileiro.<br />

a) Algumas obras árcades assimilam certa ideologia<br />

da época, valorativa da vida natural, do homem<br />

primitivo.<br />

b) A cosmovisão iluminista, enaltecedora do saber<br />

erudito, encontra-se presente em vários poemas<br />

dos árcades brasileiros.


PV2D-07-POR-34<br />

c) Em Caramuru, obra épica de Santa Rita Durão,<br />

ocorre a apologia do cristianismo.<br />

d) A obra O Uraguai, de Basílio da Gama, liga-se ideologicamente<br />

à política do Marquês de Pombal, à<br />

proporção que retrata de modo positivo a expulsão<br />

dos jesuítas de suas reduções.<br />

e) A exaltação da vida simples, do homem natural,<br />

do bom selvagem leva os poetas árcades a repudiarem<br />

em suas obras poéticas o saber erudito.<br />

277. Vunesp<br />

Leia os textos a seguir.<br />

O Uraguai<br />

(Canto IV – fragmento)<br />

Este lugar delicioso, e triste,<br />

Cansada de viver, tinha escolhido<br />

Para morrer a mísera Lindóia.<br />

Lá reclinada, como que dormia,<br />

Na branda relva, e nas mimosas flores,<br />

Tinha a face na mão, e a mão no tronco<br />

De um fúnebre cipreste, que espalhava<br />

Melancólica sombra. Mais de perto<br />

Descobrem que se enrola no seu corpo<br />

Verde serpente, e lhe passeia, e cinge<br />

Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio.<br />

Fogem de a ver assim sobressaltados,<br />

E param cheios de temor ao longe;<br />

E nem se atrevem a chamá-la, e temem<br />

Que desperte assustada, e irrite o monstro,<br />

E fuja, e apresse no fugir a morte.<br />

Basílio da Gama<br />

Caramuru<br />

(Canto VI, estrofe XLII)<br />

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,<br />

Pálida a cor, o aspecto moribundo. Com mão já sem<br />

Vigor, soltando o leme,<br />

Entre as salsas escumas desce ao fundo.<br />

Mas na onda do mar, que irado freme,<br />

Tornando a aparecer desde o profundo:<br />

“Ah, Diogo cruel!” disse com mágoa,<br />

E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.<br />

Santa Rita Durão<br />

A epopéia Os lusíadas (1572) tem servido de modelo<br />

aos demais poemas épicos escritos em língua portuguesa.<br />

As comparações destes com a obra-prima de<br />

Luís Vaz de Camões são inevitáveis. Releia atentamente<br />

os textos apresentados e, a seguir:<br />

a) aponte, do ponto de vista da versificação, em qual<br />

deles o autor revela seguir mais à risca o modelo<br />

camoniano;<br />

b) cite duas características do texto escolhido que<br />

evidenciam essa aproximação com a versificação<br />

de Os lusíadas.<br />

278.<br />

Este lugar delicioso, e triste,<br />

Cansada de viver, tinha escolhido<br />

Para morrer a mísera Lindóia.<br />

Lá reclinada, como que dormia,<br />

Na branda relva, e nas mimosas flores,<br />

Tinha a face na mão, e a mão no tronco<br />

De um fúnebre cipreste, que espalhava<br />

Melancólica sombra. Mais de perto<br />

Descobrem que se enrola no seu corpo<br />

Verde serpente, e lhe passeia, e cinge<br />

Pescoço, e braço, e lhe lambe o seio.<br />

(...)<br />

Porém o destro Caitutu, que treme<br />

Do perigo da irmã, sem mais demora<br />

Dobrou as pontas do arco, quis três vezes<br />

Saltar o tiro, e vacilou três vezes<br />

Entre a ira, e o temor. Enfim sacode<br />

O arco, e faz voar a aguda seta,<br />

Que toca o peito de Lindóia, e fere<br />

A serpente na testa, e a boca, e os dentes<br />

Deixou cravadas no vizinho tronco.<br />

Açouta o campo co´a ligeira cauda<br />

O irado monstro,e em tortuosos giros<br />

Se enrosca no cipreste, e verde envolto<br />

Emnegro sangue o lívido veneno.<br />

Leva nos braços a infeliz Lindóia<br />

O desgraçado irmão, que ao despertá-la<br />

Conhece, com que dor! no frio rosto<br />

Os sinais do veneno, e vê ferido<br />

Pelo dente sutil o brando peito.<br />

Os olhos, em que Amor reinava um dia,<br />

Cheios de morte; e muda aquela língua,<br />

Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes<br />

Contou a larga história de seus males<br />

Nos olhos de Caitutu não sofre o pranto,<br />

E rompe em profundíssimos suspiros,<br />

Lendo na testa da fronteira gruta<br />

De sua mão já trêmula gravado<br />

O alheio crime, e a voluntária morte.<br />

a) Indique o nome da obra e o autor.<br />

b) Sintetize o enredo do poema.<br />

c) Aponte, no texto dado, as rupturas com o modelo<br />

camoniano.<br />

279.<br />

Qual é o argumento histórico do poema Caramuru?<br />

<strong>10</strong>3


Língua <strong>Portugues</strong>a 3 – Gabarito<br />

01. a) II c) I<br />

<strong>10</strong>4<br />

b) III d) IV<br />

02. Os versos em que ocorre a<br />

utilização do paralelismo são:<br />

“mentiu-mh o meu amigo:”,<br />

“mentiu per seu grado”, e “mais<br />

bem des aquel dia”, “mais por<br />

que mh-á mentido,”. Justifica-se<br />

essa utilização para enfatizar<br />

que o amado havia mentido<br />

para o eu-lírico.<br />

O refrão “sanhuda lh’ and’<br />

eu”, presente no final de cada<br />

estrofe, justifica-se para representar<br />

o quanto a jovem<br />

ficou zangada com a mentira<br />

do amado.<br />

03. A 04. B<br />

05. A ambientação no litoral é semelhante<br />

e também a presença<br />

do refrão em ambas.<br />

06. I. D IV. C<br />

II. A V. A<br />

III. B<br />

07. A<br />

08. a) Refere-se às romarias, eventos<br />

comuns na época.<br />

b) A referência às romarias indicia<br />

a religiosidade medieval,<br />

aspecto fundamental da<br />

cultura do período, marcada<br />

pelo teocentrismo.<br />

09. C <strong>10</strong>. C 11. D<br />

12. a) Em ambos os textos, a<br />

amada procura desprezar<br />

o amante ou aquele que a<br />

admira.<br />

b) Texto I ⇒ e me non falou<br />

Texto II ⇒ E nem escuta<br />

quem apela<br />

c) O trovador afirma que o<br />

desprezo da amada provoca<br />

nele uma dor pior que a<br />

morte.<br />

13. Formalmente o texto faz referência<br />

ao Trovadorismo, por<br />

meio do uso do português<br />

arcaico (galego-português),<br />

apresentando inclusive expressões<br />

próprias da Idade<br />

Média lusitana (non dormho á<br />

mui gran sazon/ ai meu lum’e<br />

meu ben). O tema da coita<br />

amorosa, da separação segui- II.<br />

da de sofrimento por parte do a) A personagem que se ex-<br />

apaixonado trovador, é outra pressa no último verso é a<br />

característica trovadoresca<br />

presente.<br />

moça apresentada na 1ª série<br />

paralelística.<br />

14. A confissão de apaixonado do b) Ao dizer que seu observador<br />

eu lírico e a presença do amor adivinhou seus sentimentos,<br />

cortês identificado na palavra a moça confessa seu sofri-<br />

“Senhor” com que é tratada a<br />

mulher amada.<br />

mento amoroso que, antes,<br />

ela exprimia indireta e disfar-<br />

15. D<br />

çadamente com as cantigas.<br />

16. Cantiga de amor: vassalagem 20. Apontar para a mudança no<br />

amorosa (princesa, senhora), vocabulário (mais fácil), em<br />

coita (você me arrasou), eu lírico comparação aos textos trovado-<br />

masculino.<br />

rescos. Além disso, permanece<br />

17. a) Presença do eu lírico masculino<br />

e abordagem da coita<br />

amorosa.<br />

b) Pode ser tomada como can-<br />

a temática em que a mulher é<br />

um ser superior (vassalagem<br />

amorosa) que faz o eu lírico<br />

sofrer (coita).<br />

tiga de maldizer, por mostrar 21. D<br />

uma situação satírica, ou 22. Texto antropocêntrico, pois<br />

maliciosa (uma moça sendo centraliza o foco nas ativi-<br />

vista seminua), envolvendo dades e paixões humanas,<br />

alguém claramente identi- terrenas.<br />

ficado (Filha de Don Paai<br />

Moniz).<br />

23. a) Atitude “científica”, detalhada<br />

na observação dos fatos<br />

18. a) Cantiga de maldizer, por históricos.<br />

apresentar uma crítica direta<br />

e explícita a alguém cujo<br />

nome é, inclusive, citado<br />

(Don Meendo)<br />

b) Texto antropocêntrico, pois<br />

centraliza o foco nas atividades<br />

e paixões humanas,<br />

terrenas.<br />

b) O trovador acusa o satirizado<br />

de tê-lo roubado (ou<br />

enganado com sua conversa<br />

esperta).<br />

24. A<br />

25. O tema do abandono e o<br />

sofrimento decorrente dele<br />

aparecem tanto na poesia<br />

19. I.<br />

trovadoresca como na poesia<br />

a) A cantiga estrutura-se em palaciana.<br />

duas séries paralelísticas:<br />

1ª série – estrofes 1 e 2;<br />

2ª série – estrofes 3 e 4.<br />

Ao final de cada estrofe,<br />

repete-se o refrão. O último<br />

verso não integra o<br />

paralelismo.<br />

b) Na primeira série paralelística,<br />

é enfatizada a imagem<br />

da moça que canta para o<br />

amigo enquanto trabalha; já<br />

na segunda série, por meio<br />

da fala de uma personagem,<br />

são expostos os sentimen-<br />

26. O interesse de Fernão Lopes<br />

pela pesquisa histórica indica<br />

a tendência humanista para o<br />

cientificismo.<br />

27. E<br />

28. O primeiro texto, a partir de uma<br />

antítese, acaba por não chegar<br />

a uma explicação. Já o segundo<br />

texto, na oposição interior x exterior,<br />

demonstra que o eu poético<br />

sabe em que lugar se perdeu.<br />

29. C 30. D 31. A<br />

32. C 33. A 34. B<br />

tos da moça, que canta sua 35. B 36. C 37. C<br />

infelicidade amorosa. 38. A


PV2D-07-POR-34<br />

39. a) Auto da barca do inferno. b) Ele afirma ser “fidalgo de ao período humanista, sendo<br />

b) Pela atitude teocêntrica solar”, isto é, ser de família exemplo de poesia palaciana.<br />

de salvar a alma dos ca- importante e, por isso, me- O 2º texto pertence ao Classivaleiros,<br />

já que morreram recer o céu.<br />

cismo.<br />

defendendo interesses da 51. E 52. E 53. A 63. a) Camões foi o maior repre-<br />

Igreja Católica.<br />

54. a) Porque lutaram em nome de sentante do Classicismo em<br />

40. a) Lança uma série de im- Jesus Cristo.<br />

língua portuguesa.<br />

propérios e ofensas ao b) Pensamento teocêntrico b) Heróis que cantaste/armas/<br />

Diabo.<br />

b) Representa o homem mais<br />

humilde e simplório.<br />

c) Um homem ingênuo, sem<br />

malícia.<br />

41. E 42. C<br />

43. a) Como tendo sido castigo<br />

divino (a ira de Deus fizera<br />

aquilo).<br />

b) Como curso natural, fenômeno<br />

natural, obra da natureza,<br />

e não de Deus.<br />

c) Indica uma postura mais<br />

independente da ortodoxia<br />

católica. No contexto<br />

humanista, isso ilustra a<br />

passagem de concepções<br />

teocêntricas para concepções<br />

antropocêntricas.<br />

44. A<br />

45. Gil Vicente. Povo, juízes, agiotas,<br />

artesãos etc.<br />

55. I. B e II. C 56. D<br />

57. a) O trecho que se relaciona<br />

literalmente com o final da<br />

peça é “asno que me leve<br />

quero”. Pero Marques age<br />

como um “asno” em duas<br />

situações: a primeira quando<br />

serve de cavalgadura; a<br />

segunda, por não saber que<br />

Inês o traía.<br />

b) O primeiro marido de Inês<br />

– Brás da Mata – tratava-a<br />

de modo agressivo e tirânico,<br />

já Pero dá-lhe total<br />

liberdade.<br />

c) É uma sátira moral da sociedade<br />

portuguesa da época.<br />

Inês abandona seus ideais<br />

com o propósito de levar<br />

uma vida prazerosa.<br />

58. C 59. D<br />

barões/oceano/a história<br />

que narraste/deuses/ninfas/guerras/cobiças/amador/etc.<br />

64. A carta de Antônio Ferreira<br />

permite identificar uma série<br />

de elementos clássicos: arte<br />

como expressão da natureza<br />

humana, conceito humanista<br />

antropocêntrico — “Conheçame<br />

a mim mesmo” –; racionalismo<br />

– “O juízo quero! De quem<br />

com juízo, e sem paixão me<br />

leia” –; imitação dos clássicos<br />

antigos – “Na boa imitação”<br />

– ; valorização da bagagem<br />

cultural – “Muito, ó Poeta, o engenho<br />

pode dar-te./ Mas muito<br />

mais que o engenho, o tempo,<br />

e estudo” –; referências mitológicas<br />

– “Apolo”, “nove Irmãs”<br />

–; equilíbrio – “Corta o sobejo,<br />

vai acrescentando/ O que falta,<br />

46. Brás da Mata representa o<br />

60. a) Trata-se da noção de equilíbrio.<br />

cavalo, pois ele “derruba” Inês<br />

com sua repressão.<br />

b) O poeta, no texto, prega uma<br />

47. E 48. A<br />

existência simples e equilíbrada,<br />

vivendo de seus próprios<br />

49. a) Inês reclama dos serviços<br />

recursos, de forma humilde,<br />

domésticos que a prendem<br />

para se manter longe da<br />

na casa da mãe, desejando<br />

inveja. A mediania (ou “aurea<br />

viver e folgar como outras<br />

mediocritas”) é louvada: não<br />

moças.<br />

ter muito, nem pouco, apenas<br />

o baixo ergue, o alto modera”,<br />

“do ornamento / Ou tira ou põe”<br />

–; universalismo – “Tudo a ua<br />

igual regra conformando” –;<br />

linguagem clara – “Ao escuro<br />

da luz, e ao que pudera/ fazer<br />

dúvida aclara” –; sobriedade,<br />

contenção –“com o decoro o<br />

tempera”.<br />

65. D 66. B 67. E<br />

b) Inês optaria por casar-se. o necessário, isto é, o que 68. D 69. D 70. B<br />

Por meio do casamento,<br />

ela pensa encontrar a liberdade.<br />

está no meio, o equilíbrio.<br />

61. Formalmente, a grande novidade<br />

do dolce stil nuovo era o uso de<br />

71. a) Os dois versos finais (“Sãs<br />

letras, justas armas, esteios/<br />

Firmíssimos de Império só<br />

c) Inês seria aprisionada pelo versos decassílabos (por isso tenhamos.”).<br />

primeiro marido, Brás da chamados de “medida nova”), em b) O poeta coloca, em um<br />

Mata, enquanto ele partis- substituição aos tradicionais ver- mesmo plano de importância<br />

se para a guerra. Assim, sos de redondilha maior e menor para a administração do rei-<br />

ficaria sem a liberdade (que passaram a ser conhecidos no, tanto a força das armas<br />

que pensava obter com como “medida velha”).<br />

(“justas armas”) quanto a<br />

o casamento. Depois de<br />

viúva, casaria novamente,<br />

valendo-se da experiência<br />

para conseguir garantir<br />

a vida livre que sempre<br />

desejou.<br />

62. O primeiro texto é mais sentimental<br />

e emotivo, tematizando<br />

uma experiência amorosa<br />

particular. O segundo mostra<br />

uma concepção mais racionalista<br />

e generalizadora do<br />

influência do saber (“Sãs<br />

letras”).<br />

c) No Classicismo, ocorre a valorização<br />

da racionalidade,<br />

da inteligência, que é exatamente<br />

o aspecto realçado<br />

50. a) A soberba, a vaidade e a amor, tratado aqui de forma aqui pelo poeta.<br />

exploração dos pobres. universal. O 1º texto pertence 72. A<br />

<strong>10</strong>5


73. a) O verbo “alongar” associase<br />

a cansaço da vida. O<br />

“encurtar” relaciona-se à<br />

proximidade da morte.<br />

b) Há, no primeiro verso da<br />

segunda estrofe, uma oposição<br />

entre “gastando” e<br />

“cresce”. Quanto mais a<br />

idade avança, mais o poeta<br />

se aproxima do fim da vida.<br />

c) O pronome “ele” refere-se ao<br />

vocábulo “bem”.<br />

74. D<br />

75. a) Trata-se de um soneto decassílabo.<br />

b) O poeta compara o próprio<br />

coração com um passarinho.<br />

Assim como um caçador<br />

acaba com a vida do segundo,<br />

o Frecheiro cego<br />

acaba com a liberdade do<br />

primeiro.<br />

c) O Frecheiro cego é Cupido,<br />

o deus do Amor na mitologia<br />

clássica. Ele é representado<br />

por uma criança: um anjo de<br />

olhos vendados (por isso<br />

é chamado de “cego”) que<br />

atira flechas para todos os<br />

lados, acertando aleatoriamente<br />

e fazendo com que<br />

os flechados se apaixonem<br />

uns pelos outros.<br />

76. Porque a ligação entre Inês e<br />

D. Pedro era mais forte que os<br />

laços aristocráticos. Além disso,<br />

ao responsabilizar o Amor, o poeta<br />

atenua a responsabilidade<br />

do pai de D. Pedro pelo crime.<br />

77. B 78. A<br />

79. a) Camões é autor representativo<br />

do Classicismo, movimento<br />

estético renascentista.<br />

b) Pôr freio a penas significa<br />

“Não chorar”.<br />

80. a) O vocábulo Amor grafado<br />

com maiúscula no 5º verso<br />

está relacionado à personificação<br />

do amor, o deus do<br />

Amor (Eros).<br />

b) O poder tirânico do amor foi<br />

a causa mortis de Inês de<br />

castro, exigência de Eros, que<br />

não se satisfaz apenas com<br />

lágrimas e sim com sangue<br />

humano.<br />

81. E 82. E 83. C<br />

84. E 85. A<br />

<strong>10</strong>6<br />

86. No episódio conhecido como<br />

“Gigante Adamastor”. Ele representaria<br />

a personificação do<br />

Cabo das Tormentas.<br />

87. D 88. A<br />

89. D 90. C<br />

91. a) A “gente surda e endurecida”<br />

a que se refere o poeta são<br />

seus contemporâneos.<br />

b) O poeta os acusa de abdicarem<br />

de suas tradições gloriosas<br />

em nome da cobiça e da<br />

pura preocupação material,<br />

sem grandeza, sem aspirações<br />

maiores.<br />

c) O poeta registra o estado de<br />

espírito de um povo marcado<br />

então pela decadência,<br />

muito distante das glórias<br />

dos heróis do poema camoniano,<br />

seus antepassados.<br />

92. C 93. D<br />

94. B 95. C<br />

96. a) O narrador é Vasco da<br />

Gama.<br />

b) Vasco da Gama representa a<br />

modernidade e o ideal expansionista,<br />

enquanto o velho representa<br />

o apego à tradição.<br />

97. A 98. E<br />

99. a) Porque tinha medo de morrer<br />

sem terminar a construção<br />

do convento de Mafra.<br />

b) D. João V.<br />

c) Para Saramago, “velho” é<br />

sinal de incapacidade para<br />

o trabalho; em Camões,<br />

“velho” é experiência.<br />

<strong>10</strong>0. B <strong>10</strong>1. B<br />

<strong>10</strong>2. Os dois últimos versos são uma<br />

confirmação, uma ênfase em<br />

relação aos anteriores. Vide a<br />

repetição do verbo “cessar”.<br />

<strong>10</strong>3. a) Decassílabo (<strong>10</strong> sílabas<br />

poéticas)<br />

b) Viagem de Vasco da Gama<br />

às Índias, feita em 1498,<br />

como parte da constituição<br />

do Império Colonial Português.<br />

<strong>10</strong>4. a) Luís Vaz de Camões<br />

(1525-1580), autor de Os<br />

lusíadas, é o expoente do<br />

Classicismo lusitano. Fernando<br />

Pessoa (1888-1935)<br />

é a grande expressão do<br />

Modernismo português.<br />

b) O poema de Fernando<br />

Pessoa é uma paródia séria<br />

do texto de Camões. Ambos<br />

fazem uma descrição do<br />

mapa da Europa através da<br />

personificação de acidentes<br />

geográficos: para Camões,<br />

Portugal é “quase cume da<br />

cabeça / De Europa toda”;<br />

para Fernando Pessoa,<br />

é “o rosto com que fita”.<br />

Esse recurso é a figura de<br />

linguagem chamada prosopopéia.<br />

<strong>10</strong>5. D <strong>10</strong>6. B<br />

<strong>10</strong>7. A <strong>10</strong>8. E<br />

<strong>10</strong>9. Os “barões assinalados” (isto<br />

é, varões ou homens ilustres,<br />

importantes) são os heróis<br />

portugueses das Grandes<br />

Navegações. A expressão<br />

indica o elitismo da concepção<br />

histórica do poeta, que<br />

entendia a História como uma<br />

sucessão de feitos promovidos<br />

pela aristocracia.<br />

1<strong>10</strong>. a) São os versos 2 – 4 da segunda<br />

estrofe: “Daqueles<br />

reis que foram dilatando / A<br />

Fé, o Império, e as terras viciosas<br />

/ De África e de Ásia<br />

andaram devastando.<br />

b) Nesses versos, o poeta<br />

insinua que os motivos<br />

que teriam levado os portugueses<br />

a se empenharem<br />

na tarefa das Grandes<br />

Navegações teriam sido a<br />

expansão do Império e a<br />

eliminação do paganismo.<br />

c) No episódio do “Velho do<br />

Restelo”, outros motivos<br />

são revelados, como a<br />

cobiça e a ambição que<br />

nortearam a empresa das<br />

navegações lusitanas.<br />

111. Trata-se do verso 5 da terceira<br />

estrofe: “Que eu canto o peito<br />

ilustre lusitano”. Nele, o poeta<br />

define a matéria temática de<br />

Os lusíadas: a coragem e a<br />

ousadia dos portugueses,<br />

que os tornaram superiores<br />

aos gregos (o “sábio grego”<br />

é Ulisses), troianos (Enéias),<br />

macedônios (Alexandre) e<br />

romanos (Trajano, general).


PV2D-07-POR-34<br />

112. A 113. E<br />

114. Sim. A incorporação do objeto<br />

amado sem a necessidade da<br />

materialização.<br />

115. D<br />

116. Fugacidade das coisas, efemeridade<br />

da vida, preocupação<br />

com a definição do sentimento<br />

amoroso, desconcerto<br />

do mundo, citações bíblicas.<br />

117. C 118. D<br />

119. D 120. C<br />

121. A diferença mais significativa é<br />

o conteúdo. Na poesia épica,<br />

o conteúdo é narrativo, geralmente<br />

com pano de fundo histórico,<br />

associado a concepções<br />

mitológicas. Na poesia lírica, a<br />

temática expressa os estados<br />

emocionais de um eu lírico.<br />

O tipo de verso não poderia<br />

ser colocado como diferença<br />

significativa, porque Camões,<br />

por exemplo, escreveu em decassílabos<br />

tanto poesia épica<br />

(Os lusíadas) quanto poesia<br />

lírica (Os sonetos).<br />

122. a) A antítese do início do poema<br />

se expressa através da oposição<br />

entre a vida e a morte:<br />

a amada está morta, porém<br />

viva nas lembranças dele.<br />

b) Segundo o poema, essa<br />

morte se deu tragicamente,<br />

em um naufrágio. Os<br />

versos que indicam esse<br />

episódio da biografia camoniana<br />

são: “Eternamente<br />

as águas lograrão / A tua<br />

peregrina fermosura”.<br />

c) O verso empregado no<br />

poema foi o decassílabo,<br />

verso de medida nova.<br />

d) Trata-se de um soneto,<br />

por possuir catorze versos<br />

dispostos em duas estrofes<br />

de quatro versos (quadras)<br />

e duas de três versos (tercetos).<br />

Os versos são decassílabos,<br />

como mandava<br />

a tradição clássica, e o esquema<br />

de rima é: abba abba<br />

cde cde, um dos esquemas<br />

utilizados nessa tradição.<br />

123. Rigor formal (soneto decassílabo),<br />

amor racionalizado<br />

e uso de imagens antitéticas<br />

(últimos versos).<br />

124. a) O texto original revela um<br />

olhar encantado com as<br />

terras descobertas e repleto<br />

de sentimento nativista.<br />

O segundo revela olhar<br />

irônico e iconoclasta.<br />

b) O primeiro texto pertence<br />

ao Quinhentismo e o segundo,<br />

ao Modernismo.<br />

125. A 126. D<br />

127. Os dois textos discorrem sobre<br />

o amor, considerando basicamente<br />

as contradições que<br />

envolvem esse sentimento.<br />

Todavia, Camões considera o<br />

amor dificultoso em si, ou seja,<br />

faz parte da sua própria essência<br />

ser dor, fogo e descontentamento,<br />

disfarçados nos seus<br />

opostos: ferida indolor, fogo<br />

invísivel ou contentamento.<br />

Para S. Andresen, é o mundo<br />

que determina os sofrimentos<br />

do amor: “sítio frágil”, “lugar<br />

de imperfeição”, onde tudo<br />

“quebra, emudece, mente e<br />

separa”. A simetria formal do<br />

soneto camoniano contrasta<br />

com os versos livres e brancos<br />

da poetisa.<br />

128. João Guimarães Rosa – Grande<br />

sertão: veredas<br />

Fernando Pessoa – Cancioneiro<br />

129. a) Verso de 5 sílabas, chamado<br />

pentassílabo ou redondilha<br />

menor.<br />

b) Não. O Classicismo introduziu<br />

em Portugal o chamado<br />

verso de “medida nova”, ou<br />

seja, o decassílabo. No entanto,<br />

durante algum tempo,<br />

conviveram a medida nova e<br />

a medida velha.<br />

c) Expressou a relação de<br />

servidão que mantém com<br />

a sua amada, uma escrava<br />

que o retém escravo por<br />

subjugá-lo sentimentalmente.<br />

130. C 131. B 132. E<br />

133. B 134. C 135. C<br />

136. a) Como exemplo de antíteses<br />

pode-se citar: riso/pranto;<br />

triste/contente; calma/vento;<br />

próximo/distante.<br />

b) O conflito espiritual é marca<br />

do Barroco.<br />

137. C 138. D<br />

139. Basicamente, a religiosidade<br />

e os caracteres conseqüentes<br />

desse tema: angústia (expectativa<br />

pelo perdão divino); oposição<br />

céu e terra; sinuosidade<br />

de raciocínio e de linguagem,<br />

além de ser uma mescla de<br />

cultismo e conceptismo.<br />

140. D 141. B 142. C<br />

143. Cultismo (atitude sensual)<br />

e conceptismo/conceitismo<br />

(atitude intelectual).<br />

144. D<br />

145. O uso abusivo da figura de sintaxe<br />

– silogismo – caracteriza<br />

o cultismo no trecho.<br />

146. C 147. C 148. A<br />

149. B 150. B 151. B<br />

152. a) A metáfora que fundamenta<br />

o soneto é a associação<br />

entre o ser humano, ou a<br />

vida humana, e um barco.<br />

b) No soneto, temos a sugestão<br />

de que o ser humano é<br />

um barco que navega no<br />

mar da vida, sujeito às perturbações<br />

do pecado. Para<br />

escapar delas, o poeta sugere<br />

a Igreja, metaforizada<br />

em porto seguro.<br />

153. O Padre Vieira teve atuação<br />

decisiva na vida política portuguesa,<br />

o que afetava o Brasil,<br />

então colônia de Portugal. Por<br />

isso, seus sermões tematizavam<br />

tanto a realidade lusitana<br />

quanto a brasileira. Sua<br />

biografia confirma: passou<br />

metade da vida em Portugal e<br />

a outra metade no Brasil.<br />

154. A 155. A<br />

156. As características de estilo<br />

barroco presentes no trecho<br />

de Vieira são: apelo à inteligência<br />

e à compreensão<br />

racional; argumentação; exposição<br />

tortuosa; exploração<br />

do paradoxo (cegueira/luz);<br />

religiosidade; tema da conversão:<br />

contra-reformismo.<br />

157. O fragmento da questão é um<br />

bom exemplo da preocupação<br />

do Padre Antônio Vieira com<br />

temas de caráter social e de<br />

dimensão política. A aproximação<br />

e a comparação da figura<br />

de Alexandre Magno, grande<br />

conquistador do mundo antigo,<br />

<strong>10</strong>7


com a do pirata saqueador evidenciam<br />

a crítica aos valores<br />

morais e a visão ideológica do<br />

autor.<br />

(Outras respostas poderão<br />

ser aceitas, desde que atendam<br />

às especificações do<br />

enunciado).<br />

158. E 159. B<br />

160. E 161. E<br />

162. Para Vieira, há três espécies<br />

de “amor”: o amor que tem<br />

“causa”, aquele que ama porque<br />

o amam; o amor que tem<br />

“fruto”, aquele que ama para<br />

que o amem; e o amor “fino”,<br />

que não possui causa nem<br />

fruto, isto é, de quem ama “não<br />

porque o amam, nem para que<br />

o amem”.<br />

163. Cristo amou Judas como a<br />

outros apóstolos na dimensão<br />

do conhecimento que tinha<br />

deles. A Judas, amou-o ciente<br />

de sua vilania, desinteressadamente,<br />

num exercício de<br />

amor em que não se exige<br />

nada do outro, nem se usa o<br />

outro para fins determinados.<br />

A fineza do amor praticado por<br />

Cristo reside na disposição do<br />

sujeito amante em exercitar<br />

um sentimento que se completa<br />

pelo próprio exercício,<br />

isto é, o ato de amar tem como<br />

causa e finalidade a realização<br />

do próprio sentimento de<br />

amor.<br />

164. a) O conectivo porque e<br />

o vocábulo causa possuem<br />

o traço semântico<br />

comum da causalidade,<br />

da motivação; para que<br />

é fruto, o traço comum da<br />

finalidade.<br />

b) Porque relaciona-se contextualmente<br />

à causa na<br />

apresentação de uma das<br />

espécies de amor, o que<br />

traduz uma “obrigação” que<br />

é praticada por um sujeito<br />

“agradecido”. Já para que<br />

recupera fruto, explicando<br />

a espécie de amor que<br />

implica finalidade, o amor<br />

“negociação”, praticado<br />

<strong>10</strong>8<br />

pelo sujeito “interesseiro”.<br />

Essas são as duas espécies<br />

de amor preteridas por<br />

Vieira em função do amor<br />

“fino”, que traduz, por sua<br />

gratuidade, o desinteresse<br />

– amor que “não há de ter<br />

por quê, nem para quê”.<br />

165. A<br />

166. O conceptismo é uma das<br />

vertentes da estética barroca.<br />

Geralmente, o conceptismo<br />

é associado ao uso da argumentação<br />

para expressão<br />

das contradições próprias<br />

do estilo. No texto de Vieira,<br />

o que se nota é exatamente<br />

o desenvolvimento de um<br />

raciocínio.<br />

167. O dualismo barroco está<br />

presente na utilização de antíteses<br />

e paradoxos, técnica<br />

típica da tendência conceptista<br />

da qual Vieira é o maior representante.<br />

168. a) “As causas (...) cega”<br />

b) “a luz faz (...) cega”<br />

169. • Intróito ou exórdio – apresentação<br />

do tema.<br />

• Desenvolvimento ou argumentação<br />

– defesa da idéia<br />

trazida pelo tema, por meio<br />

de argumentos.<br />

• Peroração – epílogo com a<br />

reafirmação do sentido moral<br />

e religioso desejado.<br />

170. A 171. C 172. C<br />

173. E 174. A 175. C<br />

176. D<br />

177. a) A mulher divinizada e a<br />

mulher mais terrena e<br />

sensual.<br />

b) Como homem, Gregório reconhece-se<br />

pecador e Deus<br />

representa a possibilidade<br />

de redenção dos pecados.<br />

178. III, II e I<br />

179. A 180. A<br />

181. O episódio é a volta do filho<br />

pródigo. A ligação é feita<br />

pelo fato de o poeta colocar-se<br />

como o filho pródigo,<br />

cobrando de Deus o mesmo<br />

perdão paterno bíblico, numa<br />

alusão direta ao que o poeta<br />

considera a função do Deus<br />

Pai.<br />

182. Percebe-se no enfoque da<br />

mulher como anjo que guarda,<br />

indiciando um bem, e o anjo<br />

que tenta, indiciando um mal.<br />

Tal contradição relaciona-se ao<br />

dualismo barroco, em que pólos<br />

opostos se fazem presentes.<br />

183. D 184. A 185. A<br />

186. Os dois sonetos abordam<br />

a transitoriedade da vida, a<br />

efemeridade dos dias.<br />

187. No soneto I: “nasce” x “não dura”;<br />

“tristeza” x “alegria”; “firmeza” x<br />

“inconstância”, dentre outras.<br />

No soneto II: “flor” e “cinza”,<br />

“pó”, “sombra” ...<br />

188. A transitoriedade da vida e a<br />

ação do tempo sobre as coisas<br />

justificam o conselho que o<br />

eu-poético oferece à Maria, no<br />

segundo soneto, para que ela<br />

goze da flor da mocidade.<br />

189. a) O soneto fala da fugacidade<br />

da vida, a passagem<br />

rápida do tempo.<br />

b) O texto é repleto de antíteses<br />

(Luz / noite escura;<br />

tristes sombras / formosura;<br />

tristezas / alegria;<br />

firmeza / inconstância). Mas<br />

podemos citar também o<br />

hipérbato do verso 3: “Em<br />

tristes sombras morre a<br />

formosura”.<br />

c) O poeta afirma que a<br />

única coisa firme (isto é,<br />

constante) no mundo é a<br />

inconstância. Como se vê,<br />

trata-se de uma afirmação<br />

paradoxal, bem ao gosto<br />

barroco.<br />

190. As idéias contidas no primeiro<br />

e nos últimos versos do soneto<br />

se opõem porque, de início, o<br />

poeta desejava louvar e, no<br />

fim, dava graças a Deus por<br />

ter acabado a tarefa.<br />

191. Texto I<br />

“Largo em sentir, em respirar<br />

sucinto,<br />

Peno, e calo, tão fino e tão<br />

atento,”<br />

Texto II<br />

“Cansado de correr na direção<br />

contrária<br />

Sem pódio de chegada ou<br />

beijo de namorada”


PV2D-07-POR-34<br />

192. Texto I<br />

207. A 208. D 209. C<br />

“Largo em sentir, em respirar 2<strong>10</strong>. C 211. A 212. C<br />

sucinto,<br />

213. B 214. C 215. D<br />

Peno, e calo, tão fino e tão 216. A 217. E 218. A<br />

atento,”<br />

219. D 220. D 221. D<br />

“Que fazendo disfarce do tormento,<br />

Mostro que o não padeço, e<br />

sei que o sinto.”<br />

222. C<br />

223. Pastoralismo, bucolismo, influência<br />

da cultura greco-romana<br />

carpe diem etc..<br />

“O mal que fora encubro, ou<br />

que desminto,<br />

Dentro no coração é que o<br />

sustento:”<br />

224. É um bucolismo sombrio,<br />

sem a idealização dos textos<br />

árcades em geral, com<br />

uma função expressiva de<br />

“Pois não chegam a vir à boca mostrar os sentimentos do<br />

os tiros<br />

poeta, atitude nitidamente<br />

Dos combates que vão dentro pré-romântica.<br />

do peito.”<br />

225. Presença de ambientes notur-<br />

Texto II<br />

“A tua piscina tá cheia de ratos<br />

Tuas idéias não correspondem<br />

aos fatos”<br />

“Eu vejo o futuro repetir o<br />

passado<br />

nos e subjetividade, expressa<br />

especialmente nos dois últimos<br />

versos.<br />

226 B 227. A 228. B<br />

229. B 230. A 231. A<br />

232. E 233. C<br />

Eu vejo um museu de grandes 234. a) São os seguintes versos:<br />

novidades”<br />

“Escritos pela mão do Fin-<br />

“Te chamam de ladrão, de gimento,/Cantados pela<br />

bicha, maconheiro<br />

voz da Dependência”. No<br />

Transformam um país inteiro primeiro, o eu lírico mos-<br />

num puteiro”<br />

tra-se insatisfeito com a<br />

“Transformam um país inteiro idéia de abafar o “eu”;<br />

num puteiro<br />

no segundo, refere-se ao<br />

Pois assim se ganha mais incômodo de haver mo-<br />

dinheiro”<br />

delos a serem seguidos,<br />

193. Poesia fescenina. Por apre- imitados.<br />

sentar elementos pornográfi- b) O eu lírico incita o leitor<br />

cos em seu conteúdo.<br />

a emocionar-se diante da<br />

194. Crítica social, abrangendo os obra que produz; vale mais<br />

aspectos moral, econômico e a emoção que o equilíbrio<br />

político.<br />

formal ou temático de que<br />

Moral – segunda estrofe<br />

o eu lírico se tenha valido<br />

Econômico – terceira estrofe<br />

em sua obra. Exemplos:<br />

Político – quarta estrofe<br />

195. D 196. B<br />

197. O poeta relativiza a natureza<br />

ao compará-la à amada e,<br />

conseqüentemente, sobrepôe<br />

a amada, numa tendência<br />

“Vede-as com mágoa,<br />

vede-as com piedade,/Que<br />

elas buscam piedade e não<br />

louvores”.<br />

235. A 236. C 237. E<br />

238. C 239. E 240. C<br />

idealizadora clara em relação 241. A 242. C 243. D<br />

à mulher. Não é uma postura 244. Estrofe 1: bucolismo (fugere<br />

tipicamente árcade e sim pré- urbem)<br />

romântica, por essa idealiza- Estrofe 2: pastoralismo; aureas<br />

ção feminina.<br />

mediocritas<br />

198. B 199. A 200. A Estrofe 3: aureas mediocritas<br />

201. C 202. D 203. A Estrofe 4: pastoralismo, buco-<br />

204. A 205. D 206. A lismo (locus amoenus)<br />

245. A supervalorização do afeto<br />

da mulher amada, idealizada<br />

também como uma Senhora.<br />

246. Estrela. Significa destino, a força<br />

que atinge a todos, mortais<br />

e deuses, sem exceção.<br />

247. A 248. B 249. C<br />

250. Devido ao seu envolvimento<br />

com a Inconfidência Mineira,<br />

Gonzaga foi preso em 1789. A<br />

primeira parte da obra foi escrita<br />

ainda em liberdade; e a segunda,<br />

com o poeta já preso. Seu<br />

romance com Maria Dorotéia<br />

Joaquina de Seixas, celebrado<br />

na primeira parte, é referido na<br />

segunda em tom de lamento e<br />

saudade, misturado à incerteza<br />

da própria sobrevivência.<br />

Nos textos, essas diferenças<br />

de situação são evidenciadas<br />

já a partir dos tempos verbais<br />

utilizados em cada um deles:<br />

presente no primeiro e passado<br />

no segundo. Além disso, o<br />

otimismo orgulhoso do texto<br />

I é substituído pela saudade<br />

desiludida no texto II.<br />

251. D 252. A 253. D<br />

254. a) Trata-se do carpe diem, isto<br />

é, o aproveitamento do momento<br />

presente, do tempo<br />

presente, do aqui-agora.<br />

b) Gonzaga valoriza o presente<br />

relativo a um processo<br />

mais longo, ou seja, uma<br />

etapa da vida. Reis o faz,<br />

levando em conta apenas<br />

o instante, o momento preciso.<br />

255. Porque não existe beleza na<br />

terra que se compare à de<br />

Marília.<br />

256. São marcos do Arcadismo: bucolismo,<br />

uso de pseudônimo<br />

de pastores gregos ou latinos<br />

e racionalismo.<br />

São marcos que antecipam<br />

o Romantismo: subjetivismo<br />

e egocentrismo (uso da 1ª<br />

pessoa), além de referência<br />

idealizada à mulher amada.<br />

257. E 258. C 259. D<br />

260. Marília de Dirceu – Tomás<br />

Antônio Gonzaga.<br />

O Uraguay – José Basílio da<br />

Gama.<br />

<strong>10</strong>9


261. D 262. A<br />

263. B 264. D<br />

265. a) As características mais evidentes<br />

são o bucolismo e o<br />

pastoralismo, concretizando<br />

o ideal de simplicidade<br />

do Arcadismo, além da<br />

busca da simplicidade formal,<br />

que determina o uso<br />

do heptassílabo, de versos<br />

brancos alternados com<br />

rimas imperfeitas e de uma<br />

adjetivação convencional.<br />

b) Pastoralismo: “Aquele<br />

pastor amante”(…) “Guiava<br />

as brancas ovelhas”. Bucolismo:<br />

todos os elementos<br />

da paisagem campestre:<br />

“úmidas ribeiras”, “cristalino<br />

rio”, “bárbaras penhas”<br />

etc. Heptassílabo: A/que/<br />

le/pas/tor/a/man/te. Versos<br />

brancos: “Aquele pastor<br />

amante”/”Deste cristalino<br />

rio”. Rimas imperfeitas:<br />

ribeiras/ovelhas; avena/<br />

penhas; queixa/perceba.<br />

1<strong>10</strong><br />

Adjetivação convencional:<br />

“úmidas” ribeiras”; “cristalino<br />

rio”; “brancas ovelhas”;<br />

“doce avena”; “ligeiras<br />

águas” etc.<br />

266. D<br />

267. O Neoclassicismo procura<br />

recuperar valores clássicos.<br />

Filinto Elísio crê no artista que<br />

se embebe em fontes latinas<br />

ou gregas, ou seja, fontes<br />

genuinamente clássicas: “Lede<br />

(…) os clássicos honrados;/<br />

herdai os bens, herdai essas<br />

conquistas,/ Que em reinos dos<br />

romanos e dos gregos/ Com indefesso<br />

estudo conseguiram”.<br />

268. B 269. E<br />

270. B 271. D<br />

272. a) “É uma terra tão verde…”<br />

e “Tem tanta riqueza (…)<br />

trabalhar”.<br />

b) “Deixa louvar (…) grandeza”.<br />

273. E 274. C<br />

275. B 276. B<br />

277. a) Santa Rita Durão segue<br />

mais de perto a forma do<br />

poema camoniano.<br />

b) Os elementos formais que<br />

evidenciam a adesão de<br />

Durão ao modelo camoniano<br />

são: estrofes de oito versos<br />

(oitava) decassílabos,<br />

com esquema de rimas<br />

abababcc (oitava rima).<br />

278. a) O Uraguay – José Basílio<br />

da Gama<br />

b) Aborda a guerra entre jesuítas<br />

e índios do projeto Sete<br />

Povos das Missões contra<br />

tropas portuguesas, como<br />

conseqüência da aplicação<br />

do Tratado de Madri.<br />

c) Texto sem estrofação e brancos<br />

(sem rima), apesar dos<br />

versos decassílabos como<br />

no poema de Camões.<br />

279. Observações sobre a natureza<br />

e sobre usos e costumes da<br />

cultura indígena e brasileira.


PV2D-07-POR-34<br />

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