Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
PV2D-07-POR-34 Língua<br />
<strong>Portugues</strong>a 3<br />
Capítulo 1<br />
Literatura Colonial<br />
01.<br />
Classifi que as cantigas abaixo, usando o código:<br />
I. de amor III. de escárnio<br />
II. de amigo IV. de maldizer<br />
a) ( )<br />
Pela ribeira do riso salido (1)<br />
trebelhei (2), madre, con meu amigo:<br />
amor ei migo, que non ouvesse; (3)<br />
fi z por amigo que non fezesse! (4)<br />
Pela ribeira do rio levado<br />
trebelhei, madre, com meu amado:<br />
amor ei migo, que non ouvesse,<br />
fi z por amigo que non fezesse!<br />
João Zorro<br />
Vocabulário<br />
1. “Pela margem onde corre o rio”;<br />
2. “brinquei”;<br />
3. “Antes não tivesse tanto amor comigo”;<br />
4. “Fiz pelo meu amigo o que não devia ter feito”.<br />
b) ( )<br />
Ua donzela coitado<br />
d’amor por si me fez andar;<br />
e en sas feituras falar<br />
quero eu, come namorado:<br />
rostr’agudo como foron,<br />
barva no queix’eno granhon (1),<br />
e o ventre grand’e inchado.<br />
Sobrancelhas mesturadas,<br />
grandes e mui cabeludas,<br />
Sobre-los olhos merjudas;<br />
e as tetas pendoradas<br />
e mui grandes, per boa fé;<br />
a un palm’ e meio no pé<br />
e no cós três polegadas.<br />
Vocabulário: 1. bigode<br />
c) ( )<br />
Que razon cuidades vós, mia senhor,<br />
dar a Deus, quand’ant’El fordes, por mi,<br />
que matades, que vos non mereci<br />
outro mal se non que vos ei amor,<br />
aquel maior que vol’ eu poss’aver;<br />
ou que salva (1) lhi cuidades fazer<br />
da mia morte, pois per vós morto for?<br />
Vocabulário: 1. desculpa<br />
Pero Viviães<br />
D. Dinis<br />
d) ( )<br />
Pero Rodriguez, da vossa molher<br />
non creades mal que vos ome diga,<br />
ca entend’eu dela que ben vos quer<br />
e quem end’al disser, dirá nemiga (1);<br />
e direi-vos em que lhe entendi:<br />
en outro dia, quando a fodi,<br />
mostrou-xi-mi muito por voss’amiga.<br />
Vocabulário: 1. mentiras, falsidades.<br />
Leia o texto a seguir e responda à questão 02.<br />
Ai, madre, bem vos digo:<br />
mentiu-mh o meu amigo:<br />
sanhuda lh’and’eu’.<br />
Do que mh-ouve jurado,<br />
pois mentiu per seu grado,<br />
sanhuda lh’and’eu’.<br />
Non foi u ir avia.<br />
mais bem des aquel dia<br />
sanhuda lh’and’eu’.<br />
Martim Soares<br />
Non é de mi partido,<br />
mais por que mh-á mentido,<br />
sanhuda lh’and’eu’.<br />
In: PINA, Julieta Moreno. O tempo e a palavra.<br />
Porto, Portugal: Areal editores, 1991, p.33.<br />
Vocabulário<br />
Madre: mãe<br />
Sanhuda lh’and’eu’: ando zangada com ele<br />
Mentiu per seu grado: mentiu porque o quis fazer<br />
Non foi u ir avia: não foi aonde havia de ir<br />
Non é de mi partido: não rompi (o relacionamento)<br />
com ele<br />
02.<br />
O paralelismo é um recurso muito utilizado no gênero<br />
lírico de várias épocas e consiste na repetição de versos<br />
ou na correspondência de construções sintáticas.<br />
Transcreva da cantiga os versos que utilizam esse<br />
recurso e justifi que essa utilização.<br />
49
03. Unifesp<br />
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.<br />
50<br />
Un cavalo non comeu<br />
á seis meses nen s’ergueu<br />
mais prougu’a Deus que choveu,<br />
creceu a erva,<br />
e per cabo si paceu,<br />
e já se leva!<br />
Seu dono non lhi buscou<br />
cevada neno ferrou:<br />
mai-lo bon tempo tornou,<br />
creceu a erva,<br />
e paceu, e arriçou,<br />
e já se leva!<br />
Seu dono non lhi quis dar<br />
cevada, neno ferrar;<br />
mais, cabo dum lamaçal<br />
creceu a erva,<br />
e paceu, e arriç’ar,<br />
e já se leva!<br />
CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.<br />
A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de:<br />
a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do<br />
cavalo, que dele não cuidara, mas, graças ao bom<br />
tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde<br />
recuperar-se sozinho.<br />
b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o<br />
cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva<br />
que cresceu graças à chuva e ao bom tempo.<br />
c) escárnio, na qual se conta a divertida história do<br />
cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, alimentou-se,<br />
recuperou-se e pôde, então, fugir do<br />
dono que o maltratava.<br />
d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo<br />
não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do<br />
mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas<br />
mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.<br />
e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o<br />
cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixandoo<br />
entregue à própria sorte para obter alimento.<br />
04. Mackenzie-SP<br />
Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto<br />
afirmar que:<br />
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo<br />
teocentrismo, o feudalismo e valores altamente<br />
moralistas.<br />
b) representou um claro apelo popular à arte, que<br />
passou a ser representada por setores mais baixos<br />
da sociedade.<br />
c) pode ser dividida em lírica e satírica.<br />
d) em boa parte de sua realização, teve influência<br />
provençal.<br />
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por<br />
trovadores, expressam o eu lírico feminino.<br />
05.<br />
Ondas do mar de Vigo,<br />
se vistes meu amigo<br />
E ai Deus, se verrá cedo!<br />
Ondas do mar levado,<br />
se vistes meu amado!<br />
E ai Deus, se verrá cedo!<br />
Se vistes meu amigo,<br />
O porque eu sospiro!<br />
E ai Deus, se verrá cedo!<br />
Se vistes meu amado<br />
porque ei gran cuidado!<br />
E ai Deus, se verrá cedo!<br />
Cossante<br />
Ondas da praia onde vos vi,<br />
Olhos verdes sem dó de mim,<br />
Ai avatlântica!<br />
Ondas da praia onde morais,<br />
Olhos verdes intersexuais.<br />
Ai avatlântica!<br />
Olhos verdes sem dó de mim,<br />
Olhos verdes, de ondas sem fim,<br />
Ai avatlântica!<br />
Olhos verdes, de ondas sem fim,<br />
Por quem jurei de vos possuir,<br />
Ai avatlântica!<br />
Martim Codax<br />
Olhos verdes sem lei nem rei<br />
Por quem juro vos esquecer,<br />
Ai avatlântica!<br />
In Estrela da vida inteira, José Olympio/ INL, 1970.<br />
Manuel Bandeira<br />
Aponte semelhanças entre a cantiga de Martim Codax<br />
e o poema do poeta modernista Manuel Bandeira.<br />
06.<br />
I. ( )<br />
Rui Queimado morreu com amor<br />
em seus cantares, par Sancta Maria,<br />
por a dona que gran ben queria,<br />
e, por se meter por mais trovador,<br />
porque lh’ela non quis [o] ben fazer,<br />
fez-s’el en seus cantares morrer,<br />
mas ressurgiu depois ao tercer dia!<br />
Esto fez el por ua sa senhor<br />
que quer gran ben, e mais vos en diria:<br />
porque cuida que faz i maestria,<br />
enos cantares que fez a sabor<br />
de morrer i e desi d’ar viver;<br />
esto faz el que x’o pode fazer,<br />
mas outro’omem per ren non [n] o faria. (...)<br />
P. Garcia Burgalês
PV2D-07-POR-34<br />
II. ( )<br />
En gran coita, senhor,<br />
que pelor que mort’ é,<br />
vivo, per bõa fé,<br />
e polo vosso amor<br />
esta coita sofr’eu<br />
por vés, senhor, que eu<br />
vi pelo meu gran mal<br />
III. ( )<br />
Vaiamos, irmã, vaiamos dormir<br />
nas ribas do lago, u eu andar vi<br />
a las aves meu amigo.<br />
Vaiamos, irmã, vaiamos folgar<br />
nas ribas do lago, eu vi andar<br />
a las aves meu amigo<br />
IV. ( )<br />
Ua donzela coitado<br />
d’amor por si me faz andar,<br />
e en sas feituras falar<br />
quero eu, come namorado:<br />
rostr’agudo como foron,<br />
barva no queix’e eno granhon,<br />
e o ventre grand’e inchado.<br />
Sobrancelhas mesturadas,<br />
grandes e mui cabeludas,<br />
sobre-los olhos merjudas;<br />
e as tetas pendoradas<br />
e mui grandes, por boa fé;<br />
a un palm’e meio no pé<br />
e nos cós três polegadas.<br />
V. ( )<br />
Pero eu dizer quysesse,<br />
creo que non saberia<br />
dizer, nen er poderia,<br />
per poder que eu ouvesse<br />
a coyta que o coytado<br />
sofre que é namorado,<br />
nen er sey quen mh-o crevesse.<br />
Relacione:<br />
a) Cantiga de amor<br />
b) Cantiga de amigo<br />
c) Cantiga de escárnio<br />
d) Cantiga de maldizer<br />
D. Dinis<br />
Fernando Esguio<br />
Pero Viviães<br />
D. Dinis<br />
07.<br />
Uma das afirmativas abaixo, feitas sobre os romances<br />
de cavalaria, não está correta nem pode ser justificada<br />
em hipótese nenhuma. Qual é ela?<br />
a) A Demanda do Santo Graal pertence ao ciclo de<br />
Carlos Magno e aos doze pares de França.<br />
b) Não se sabe quem é o autor do Amadis de Gaula,<br />
romance datado do início do século XVI.<br />
c) Um dos importantes ciclos de cavalaria é o do rei<br />
Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.<br />
d) Os romances de cavalaria têm sua origem nas canções<br />
de gesta (poemas com temas guerreiros).<br />
e) A penetração do romance de cavalaria em Portugal<br />
aconteceu no século XIII, durante o reinado de<br />
Afonso III.<br />
08.<br />
A Sant’lag’en romaria ven<br />
el-rei, madr’, e praz-me (1) de coraçon<br />
por duas cousas, se Deus me perdon,<br />
eu que tenho que me faz Deus gran ben:<br />
ca vere’i (2) el’rei nunca vi<br />
e meu amigo, que ven con el i.<br />
Vocabulário: 1. me dá prazer; 2. aí<br />
Através das cantigas trovadorescas, podemos conhecer<br />
muita coisa sobre a Idade Média. Sobre a estrofe<br />
acima, responda:<br />
a) A que fato comum da Idade Média ela faz referência?<br />
b) Qual a importância de tal fato para a compreensão<br />
da sociedade medieval?<br />
09. UniCOC-SP<br />
Ondas do mar de Vigo,<br />
Se vistes meu amigo!<br />
E ai, Deus, se verrá cedo!<br />
Ondas do mar levado,<br />
Se vistes meu amado!<br />
E ai, Deus, se verrá cedo!<br />
Se vistes meu amigo,<br />
O por que eu sospiro!<br />
E ai, Deus, se verrá cedo!<br />
Se vistes meu amigo,<br />
Poer que hei gran cuidado!<br />
E ai, Deus, se verrá cedo!<br />
Martim Codax<br />
Com relação ao texto, é incorreto dizer que:<br />
a) justifica a presença de recursos estilísticos que<br />
contribuem para o caráter musical do poema o<br />
fato de, no contexto em que ele foi produzido, a<br />
literatura ser veiculada literalmente.<br />
b) a musicalidade do texto é adequada, estilisticamente,<br />
à expressão de conteúdos emotivos.<br />
51
c) sua musicalidade advém apenas da regularidade<br />
das rimas emparelhadas e da presença do refrão.<br />
d) pertence ao gênero lírico.<br />
e) pertence a um estilo de época vinculado, ideologicamente,<br />
ao teocentrismo.<br />
<strong>10</strong>.<br />
São características da cantiga de amigo:<br />
a) amor platônico e sentimento feminino.<br />
b) amor cortês e queixa da ausência do amado.<br />
c) amor de mulher e sentimento espontâneo.<br />
d) queixas do poeta e diversificação de assuntos.<br />
11.<br />
Assinale a alternativa incorreta.<br />
a) Na cantiga de amor, encontramos a purificação do<br />
apelo erótico, isto é, a idealização do amor.<br />
b) Na cantiga de amigo, o “eu lírico” é feminino e canta<br />
a saudade do amigo (namorado) que partiu.<br />
c) A cantiga de maldizer utiliza muitas vezes o erotismo.<br />
d) A cantiga de escárnio é uma sátira direta e de<br />
humor picante.<br />
12. Unicamp-SP<br />
Texto I<br />
Noutro dia, quando m’eu espedi (1)<br />
de mia senhor, e quando mi’houv’a ir (2)<br />
e me non falou foi que non morri,<br />
que, se mil vezes podesse morrer,<br />
meor (3) coita me fora de sofrer!<br />
52<br />
Vocabulário: 1. despedi; 2. tive de ir; 3. menor.<br />
Texto II<br />
Toda gente homenageia<br />
Januária na janela<br />
Até o mar faz maré cheia<br />
Pra chegar mais perto dela<br />
O pessoal desce na areia<br />
E batuca por aquela<br />
Que, malvada, se penteia<br />
E nem escuta quem apela.<br />
Os dois textos lidos são bastante separados no tempo.<br />
O primeiro foi escrito por um nobre, D. João Soares<br />
Coelho, trovador de grande produção que viveu no<br />
século XIII, em Portugal. O segundo é uma letra de<br />
música escrita pelo compositor brasileiro contemporâneo<br />
Chico Buarque de Hollanda. Apesar da distância,<br />
ambos os textos abordam uma mesma postura da<br />
amada a que se referem.<br />
a) Que postura é essa?<br />
b) Aponte os versos em que a postura se evidencia,<br />
em cada um dos textos.<br />
c) Qual o efeito dessa postura, para o trovador, no<br />
texto I?<br />
13.<br />
Leia atentamente o poema abaixo. Trata-se de uma<br />
homenagem que o poeta modernista Manuel Bandeira<br />
(1886-1968) presta ao Trovadorismo.<br />
Mha senhor, com’oje dia son,<br />
Atan cuitad’e sen cor assi!<br />
E par Deus non sei que farei i,<br />
Ca non dormho á mui gran sazon.<br />
Mha senhor, ai meu lum’e meu ben,<br />
Meu coraçon non sei o que ten.<br />
Noit’e dia no meu coraçon<br />
Nulha ren se non a morte vi,<br />
E pois tal coita non mereci,<br />
Moir’eu logo, se Deus mi perdon.<br />
Mha senhor, ai meu lum’e meu ben,<br />
Meu coraçon non sei o que ten.<br />
Aponte no poema elementos formais e temáticos<br />
que caracterizem o texto como uma referência ao<br />
Trovadorismo.<br />
14.<br />
Senhor, quando vos vi<br />
e que fui vosco falar,<br />
sabed’agora per mi<br />
que tanto fui desejar<br />
vosso ben; e pois é si,<br />
que pouco posso duar,<br />
e moiro-m’assi de chan;<br />
porque mi fazedes mal,<br />
e de vós non ar ei al,<br />
mia morte tenho na man.<br />
D. Dinis<br />
Quais são os indícios que nos permitem classificar a<br />
cantiga anterior como de amor?<br />
15. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo<br />
em Portugal.<br />
a) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema<br />
do ponto de vista feminino.<br />
b) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento<br />
entre senhor e vassalo na sociedade feudal:<br />
distância e extrema submissão.<br />
c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas<br />
cantigas de amor galego-portuguesas.<br />
d) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação<br />
entre a poesia e a música.<br />
e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em<br />
livros ou coletâneas que receberam o nome de<br />
cancioneiros.
PV2D-07-POR-34<br />
16.<br />
Queixa<br />
Um amor assim delicado<br />
Você pega e despreza<br />
Não o devia ter despertado<br />
Ajoelha e não reza<br />
Dessa coisa que mete medo<br />
Pela sua grandeza<br />
Não sou o único culpado<br />
Disso eu tenho a certeza<br />
Princesa<br />
Surpresa<br />
Você me arrasou<br />
Serpente<br />
Nem sente que me envenenou<br />
Senhora, e agora<br />
Me diga onde eu vou<br />
Senhora<br />
Serpente<br />
Princesa<br />
Um amor assim delicado<br />
Nenhum homem daria<br />
Talvez tenha sido pecado<br />
Apostar na alegria<br />
Você pensa que eu tenho tudo<br />
E vazio me deixa<br />
Mas Deus não quer<br />
Que eu fique mudo<br />
E eu te grito essa queixa<br />
Um amor assim violento<br />
Quando torna-se mágoa<br />
É o avesso de um sentimento<br />
Oceano sem água<br />
Ondas: desejos de vingança<br />
Nessa desnatureza<br />
Batem forte sem esperança<br />
Contra a tua dureza<br />
Princesa<br />
Surpresa<br />
Você me arrasou<br />
Serpente<br />
Nem sente que me envenenou<br />
Senhora, e agora<br />
Me diga onde eu vou<br />
Senhora<br />
Serpente<br />
Princesa<br />
Princesa<br />
Surpresa<br />
Você me arrasou<br />
Serpente<br />
Nem sente que me envenenou<br />
Senhora, e agora<br />
Me diga onde eu vou<br />
Amiga<br />
Me diga<br />
VELOSO, Caetano: In Cores, nomes. LP Polygram nº. 6328381, 1982.<br />
A cultura trovadoresca deixou claras influências na<br />
cultura de língua portuguesa. Aponte na canção dada<br />
características que a aproximem de uma das cantigas<br />
trovadorescas.<br />
17.<br />
No mundo non me sei parelha(1)<br />
mentre(2) me for como me vai,<br />
ca já moiro por vós – e ai,<br />
mia senhor branca e vermelha,<br />
queredes que vos retraia(3)<br />
quando vos eu vi en saia!<br />
Mau dia me levantei<br />
que vos enton non vi fea!<br />
E, mia senhor, des aquel dia, ai,<br />
me foi a mi mui mal,<br />
e vós, filha de don Paai<br />
Moniz, e ben vos semelha(4)<br />
d’haver eu por vós guarvaia(5)<br />
pois eu, mia senhor, d’alfaia<br />
nunca de vós houve nen hei<br />
valia dua correa.(6)<br />
Vocabulário: 1. igual; 2. enquanto; 3. retrate; 4. bem<br />
vos parece; 5. roupa luxuosa; 6. coisa sem valor.<br />
Esta é a primeira cantiga medieval portuguesa de que<br />
se tem notícia. Sua classificação não é tão simples<br />
quanto possa parecer em uma primeira leitura.<br />
a) Quais são os argumentos que podem ser usados<br />
para defender a hipótese de se tratar de uma<br />
cantiga de amor?<br />
b) Que outro tipo de classificação ela pode ter? Justifique<br />
sua resposta.<br />
18.<br />
Don Meendo, vós veestes<br />
falar migo noutro dia;<br />
e na fala que fezestes<br />
perdi eu do que tragia.<br />
Ar(1) querredes falar migo<br />
e non querrei eu, amigo.<br />
Vocabulário: 1. novamente.<br />
a) A cantiga anterior é de escárnio ou de maldizer?<br />
Justifique sua resposta.<br />
b) Qual a crítica que o autor faz ao satirizado?<br />
19. Vunesp<br />
Estava a formosa seu fio torcendo<br />
Paráfrase de Cleonice Berardinelli<br />
Estava a formosa seu fio torcendo<br />
Sua voz harmoniosa, suave dizendo<br />
Cantigas de amigo.<br />
Estava a formosa sentada, bordando,<br />
Sua voz harmoniosa, suave cantando<br />
Cantigas de amigo<br />
– Por Jesus, senhora, vejo que sofreis<br />
De amor infeliz, pois tão bem dizeis<br />
Cantigas de amigo.<br />
53
54<br />
Por Jesus, senhora, eu vejo que andais<br />
Com penas de amor, pois tão bem cantais<br />
Cantigas de amigo.<br />
– Abutre comestes, pois que adivinhais<br />
In: Cantigas de trovadores medievais em português moderno.<br />
Rio de Janeiro. Org. Simões, 1953.<br />
I. O paralelismo é um dos recursos estilísticos mais<br />
comuns na poesia lírico-amorosa trovadoresca.<br />
Consiste na ênfase de uma idéia central, às vezes<br />
repetindo expressões idênticas, palavra por palavra,<br />
em séries de estrofes paralelas. A partir dessas<br />
observações, responda às questões abaixo.<br />
a) O poema se estrutura em quantas séries de estrofes<br />
paralelas? Identifique-as.<br />
b) Que idéias centrais são enfatizadas em cada série<br />
paralelística?<br />
II. Considerando-se que o último verso da cantiga<br />
caracteriza um diálogo entre personagens; considerando-se<br />
ainda que a palavra abutre grafava-se<br />
avuytor, em português arcaico, e considerando-se<br />
que, de acordo com a tradição popular da época,<br />
era possível fazer previsões e descobrir o que está<br />
oculto, comendo carne de abutre, mediante essas<br />
três considerações:<br />
a) identifique a personagem que se expressa em<br />
discurso direto, no último verso do poema;<br />
b) interprete o significado do último verso, no contexto<br />
do poema.<br />
20.<br />
Leia o texto a seguir e indique as diferenças e as<br />
semelhanças entre este texto e as cantigas de amor<br />
e de amigo.<br />
Cantiga sua partindo-se<br />
João Ruiz de Castelo Branco<br />
Senhora, partem tão tristes<br />
meus olhos por vós, meu bem,<br />
que nunca tão tristes vistes<br />
outros nenhuns por ninguém.<br />
Tão tristes, tão saudosos,<br />
tão doentes da partida,<br />
tão cansados, tão chorosos,<br />
da morte mais desejosos<br />
cem mil vezes que da vida.<br />
Partem tão tristes os tristes,<br />
tão fora d’esperar bem,<br />
que nunca tão tristes vistes<br />
outros nenhuns por ninguém.<br />
In S. Spina. Presença da literatura portuguesa.<br />
São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1969.<br />
Texto para as questões de 21 a 23.<br />
O trecho a seguir pertence a uma das crônicas de<br />
Fernão Lopes. Nele, D. João, Mestre de Avis, sabendo<br />
que Castela estava prestes a invadir Portugal (Revolução<br />
de Avis), manda recados a cidades e aldeias, no<br />
sentido de que o povo o ajude a defender a terra.<br />
(...) Entre os lugares a que seu recado chegou foi a<br />
cidade do Porto, onde suas cartas não foram ouvidas<br />
em vão. Mas, como foram vistas, com o coração, muito<br />
prestes logo se ajuntaram todos, especialmente o povo<br />
miúdo, que alguns outros dessa comunal gente, duvidando,<br />
receavam muito de poer em tal feito mão.<br />
Então aqueles que chamavam arraia miúda disseram a<br />
um, por nome chamado Álvaro da Veiga, que levasse a<br />
bandeira pela vila, em voz e nome do Mestre de Avis;<br />
e ele refusou de a levar, mostrando que o não devia<br />
de fazer, o qual logo foi chamado traidor, que era da<br />
parte da Rainha, dando-lhe tantas cutiladas, e assim de<br />
vontade, que era sobeja cousa de ver. Este morto, não<br />
se fez mais naquele dia; mas juntaram-se todos o outro<br />
seguinte, com sua bandeira tendida, na Praça, tendo<br />
ordenado que a levasse um bom homem do lugar,<br />
que chamavam Afonso Anes Pateiro: e, se a levar não<br />
quisesse, que o matassem logo, como o outro.<br />
Afonso Anes soube desta parte, por alguns deles que<br />
eram seus amigos, e bem cedo pela manhã, primeiro que<br />
o convidassem pera tal obra, foi-se à praça da cidade,<br />
onde já todos eram juntos pera a trazer pelo lugar, e<br />
antes que lhe nenhum dissesse que a levasse, deitou ele<br />
mão da bandeira, dizendo ele altas vozes, que o ouviram<br />
todos: Portugal, Portugal, pelo Mestre de Avis! (...)<br />
21.<br />
O registro da ação popular revela-nos um Fernão<br />
Lopes:<br />
a) medieval. d) humanista.<br />
b) regiocêntrico. e) satírico.<br />
c) lírico.<br />
22.<br />
O trecho lido é teocêntrico ou antropocêntrico? Justifique.<br />
23.<br />
Após a leitura do texto anterior, responda às questões<br />
a seguir.<br />
a) Que característica de Fernão Lopes é evidenciada<br />
no texto?<br />
b) O texto lido pode ser caracterizado como teocêntrico<br />
ou antropocêntrico? Justifique.<br />
24. Vunesp<br />
Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela<br />
mão, e saíram ambos da câmara a uma grande casa que<br />
era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e<br />
Lourenço Martins mais acerca. E chegando-se o Mestre<br />
com o Conde acerca duma fresta, sentiram os seus que<br />
o Mestre lhe começava a falar passo, e estiveram todos<br />
quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão<br />
baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas<br />
eram. Porém afirmam que foram desta guisa:<br />
– Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem<br />
a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de minha<br />
desonra e morte!<br />
– Eu, Senhor? disse ele. Quem vos tal cousa disse,<br />
mentiu-vos mui grã mentira.<br />
O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que<br />
de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo<br />
comprido e enviou-lhe um golpe à cabeça; porém<br />
não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais<br />
não houvera.
PV2D-07-POR-34<br />
Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram<br />
isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe dar; e<br />
ele movendo para se acolher à câmara da Rainha,<br />
com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais acerca,<br />
meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu<br />
em terra, morto.<br />
Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre<br />
disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado<br />
de lhe mais dar.<br />
O texto transcrito anteriormente é de Fernão Lopes e<br />
pertence à Crônica de D. João I. As crônicas de Fernão<br />
Lopes caracterizam-se por tentarem reproduzir a verdade<br />
histórica como se esta tivesse sido testemunhada.<br />
Por outro lado, é com Fernão Lopes que a língua<br />
portuguesa inicia o percurso da sua modernidade.<br />
Nestes termos, assinale, nas alternativas a seguir<br />
indicadas, a que melhor caracteriza o trecho transcrito<br />
da Crônica de D. João I.<br />
a) Narração realista e dinâmica que quase nos faz<br />
visualizar os acontecimentos.<br />
b) Fidelidade absoluta aos acontecimentos históricos.<br />
c) Utilização de uma linguagem elevada, de acordo<br />
com a reprodução dos fatos históricos.<br />
d) Preocupação em mencionar os nomes de todas<br />
as pessoas presentes à morte do Conde.<br />
e) Exaltação do feito heróico do Mestre ao matar o<br />
inimigo do Reino.<br />
25.<br />
Apesar das diferenças entre os dois estilos, alguns<br />
temas permanecem sendo explorados na poesia do<br />
Humanismo. Leia os dois textos a seguir (o texto I é<br />
uma cantiga de amor e o texto II é uma poesia palaciana)<br />
e aponte a semelhança temática entre eles.<br />
Texto I<br />
Ir-vos queredes, mia Senhor,<br />
e fiqu’end’ (1) eu con gran pesar,<br />
que nunca soube ren (2) amar<br />
ergo (3) vós, dês quando vos vi.<br />
E pois que vos ides d’aqui,<br />
senhor fremosa, que farei?<br />
Nuno Fernandes Torneol<br />
Vocabulário: 1. por isso; 2. outra coisa; 3. exceto.<br />
Texto II<br />
Ó meu bem, pois te partiste<br />
dante meus olhos, coitado,<br />
os ledos me farão triste,<br />
os tristes desesperado.<br />
Diogo de Miranda<br />
26.<br />
Segundo é fama, el-rei de Castela trazia até cinco mil<br />
homens de lança (...) e muitos bons besteiros, que<br />
eram bem seis mil, segundo escrevem alguns.<br />
Fernão Lopes, Crônicas d’EI-Rei D. João, 1ª parte<br />
Conforme podemos depreender do texto acima, Fernão<br />
Lopes tinha especial interesse pela pesquisa histórica.<br />
Qual o significado desse interesse, no contexto do<br />
Humanismo?<br />
27. Mackenzie-SP<br />
Marque a alternativa incorreta a respeito do Humanismo.<br />
a) Época de transição entre a Idade Média e o Renascimento.<br />
b) O teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo.<br />
c) Fernão Lopes é o grande cronista da época.<br />
d) Garcia de Resende coletou as poesias da época,<br />
publicadas em 1516 com o nome de Cancioneiro<br />
geral.<br />
e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo<br />
assunto é religioso, desprovido de crítica social.<br />
28. Unicamp-SP<br />
Leia com atenção os fragmentos de poemas transcritos<br />
abaixo.<br />
Fragmento 1<br />
Trova à maneira antiga<br />
Francisco de Sá de Miranda, 1595<br />
Comigo me desavim,<br />
Sou posto em todo perigo;<br />
não posso viver comigo<br />
nem posso fugir de mim.<br />
(...)<br />
Que meio espero ou que fim<br />
do vão trabalho que sigo,<br />
pois que trago a mim comigo,<br />
tamanho imigo de mim?<br />
(imigo = inimigo)<br />
Fragmento 2<br />
Dispersão<br />
Mário de Sá-Carneiro, 1913<br />
Perdi-me dentro de mim<br />
Porque eu era labirinto,<br />
E hoje, quando me sinto,<br />
É com saudades de mim.<br />
(...)<br />
E sinto que a minha morte –<br />
Minha dispersão total –<br />
Existe lá longe, ao norte,<br />
Numa grande capital.<br />
Ambos os poemas tratam do tema das relações do eu<br />
consigo mesmo, mas desenvolvem-no de maneira diferente.<br />
Exponha em que consiste esse desenvolvimento<br />
diferenciado do tema, em cada poema.<br />
29. UEL-PR<br />
Não queiras ser tão senhora:<br />
casa, filha, e aproveite;<br />
não percas a ocasião.<br />
Queres casar por prazer<br />
No tempo de agora, Inês?<br />
(...)<br />
sempre eu ouvi dizer:<br />
Ou seja sapo ou sapinho,<br />
ou marido ou maridinho,<br />
tenha o que houver posses<br />
Este é o certo caminho.<br />
VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: SENAC, 1996. p. 82.<br />
55
Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre<br />
o Humanismo, é correto afirmar:<br />
a) O Humanismo procura retratar a realidade de<br />
forma ingênua, revelando uma visão idealizada<br />
do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e<br />
aproveite”.<br />
b) O fragmento citado trata o casamento como resultado<br />
de um envolvimento amoroso pleno.<br />
c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo,<br />
embora dirigido a um público palaciano, adota<br />
alguns padrões do discurso popular, como se<br />
observa nos quatro últimos versos.<br />
d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predomínio<br />
de uma visão idílica e idealizada em grande<br />
parte do discurso humanista.<br />
e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime<br />
à união conjugal uma motivação sentimental. Tal<br />
postura suplanta o lirismo amoroso presente em<br />
algumas cantigas trovadorescas.<br />
30. Mackenzie-SP<br />
Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em<br />
Portugal, (1) revela-nos, em sua obra lírica, (2) uma<br />
ambivalência típica desse período: (3) de um lado, a<br />
ideologia teocêntrica do mundo medieval; (4) de outro,<br />
influenciado pelo antropocentrismo emergente, (5) é o<br />
analista mordaz da sociedade portuguesa do século<br />
XVI. É essa ambivalência que o situa como autor de<br />
transição: (6) entre o Humanismo e o antropocentrismo.<br />
(7) Dos fragmentos destacados:<br />
a) todos estão corretos.<br />
b) todos estão incorretos.<br />
c) apenas 4 e 5 estão incorretos.<br />
d) apenas 2 e 7 estão incorretos.<br />
e) apenas 2, 5 e 7 estão incorretos.<br />
31. PUC–SP<br />
Esta questão refere-se às obras Auto da barca do inferno,<br />
de Gil Vicente, e Morte e vida severina (auto de<br />
natal pernambucano), de João Cabral de Melo Neto.<br />
Leia as alternativas a seguir e assinale a correta.<br />
a) As duas obras apresentam uma crítica à sociedade<br />
de suas épocas: a de Gil Vicente, a partir das almas<br />
que representam classes sociais e profissionais de<br />
Portugal, a de João Cabral, a partir de personagens<br />
representativas de tipos sociais do Nordeste.<br />
b) As duas obras apresentam construções poéticas<br />
diametralmente opostas, uma vez que uma emprega<br />
o verso decassílabo e a outra, a redondilha.<br />
c) As duas obras apresentam aspectos em comum,<br />
como o julgamento e a condenação, isto é, em ambas,<br />
as personagens são julgadas e condenadas<br />
após a morte.<br />
d) As duas obras apresentam o julgamento ocorrendo<br />
na consciência de cada personagem. Entretanto, a<br />
execução da justiça, em Auto da barca do inferno,<br />
é somente realizada pelo Diabo, e, em Morte e vida<br />
severina, pela miserabilidade da vida.<br />
56<br />
e) As duas obras apresentam estrutura de auto; assimilam,<br />
portanto, tradições populares e constroem<br />
a realidade por meio da crítica. Como autos, são<br />
representações teatrais que contêm vários atos.<br />
32. Fuvest-SP<br />
Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da<br />
barca do inferno, de Gil Vicente:<br />
I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem<br />
que reúne em si os vícios das diferentes<br />
categorias sociais anteriormente representadas.<br />
II. A descontinuidade das cenas é coerente com o<br />
caráter didático do auto, pois facilita o distanciamento<br />
do espectador.<br />
III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto<br />
não é gratuita nem artificial, mas resulta da acentuação<br />
de traços típicos.<br />
Está correto apenas o que se afirma em:<br />
a) I d) I e II<br />
b) II e) I e III<br />
c) II e III<br />
33. Mackenzie-SP<br />
Ninguém:<br />
Tu estás a fim de quê?<br />
Todo Mundo:<br />
A fim de coisas buscar<br />
que não consigo topar.<br />
Mas não desisto,<br />
porque o cara tem de teimar.<br />
Ninguém:<br />
Me diz teu nome primeiro.<br />
Todo Mundo:<br />
Eu me chamo Todo Mundo<br />
e passo o dia e o ano inteiro<br />
Correndo atrás de dinheiro,<br />
seja limpo ou seja imundo.<br />
Belzebu:<br />
Vale a pena dar ciência<br />
e anotar isto bem,<br />
Por ser fato verdadeiro:<br />
que Ninguém tem consciência,<br />
E Todo Mundo, dinheiro.<br />
No trecho, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu,<br />
com nova linguagem, parte de um texto de importante<br />
dramaturgo da língua portuguesa.<br />
Trata-se de:<br />
a) Gil Vicente. d) Sá de Miranda.<br />
b) Dom Diniz. e) Fernão Lopes.<br />
c) Luís Vaz de Camões.<br />
34. Fuvest-SP<br />
Indique a afirmação correta sobre o Auto da barca do<br />
inferno, de Gil Vicente.<br />
a) É intrincada a estruturação de suas cenas, que<br />
surpreendem o público com o inesperado de cada<br />
situação.
PV2D-07-POR-34<br />
b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições,<br />
mas nos indivíduos que as fazem viciosas.<br />
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já<br />
que o autor é o primeiro a relativizar a distinção<br />
entre o Bem e o Mal.<br />
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens<br />
populares, as mais ridicularizadas e as mais severamente<br />
punidas.<br />
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo<br />
referência a qualquer exemplo de valor positivo.<br />
35. Unitau-SP<br />
Em relação a Gil Vicente, é incorreto dizer que:<br />
a) recebeu, no início de sua intensa atividade literária,<br />
influência de Juan del Encina.<br />
b) sua primeira produção teatral foi Auto dos Reis<br />
Magos.<br />
c) suas obras se caracterizaram, antes de tudo, por<br />
serem primitivas e populares.<br />
d) suas obras surgiram para entretenimento nos<br />
ambientes da corte portuguesa.<br />
e) seu teatro caracterizou-se por observações satíricas<br />
às camadas sociais da época.<br />
36. PUC-SP<br />
Ainda sobre a peça O Velho da horta, considerando o<br />
texto como um todo, é correto afirmar-se que:<br />
a) a reza do “Pai Nosso” que inicia a peça, prepara o<br />
leitor para o desenvolvimento de um texto fundamentalmente<br />
religioso, confirmado, inclusive, pela<br />
ladainha proferida pela alcoviteira.<br />
b) o velho relaciona-se, ao longo da peça, com quatro<br />
mulheres, das quais uma é a moça por quem se<br />
apaixona e com quem, correspondido, acaba se<br />
casando.<br />
c) a farsa tem como argumento a paixão de um velho<br />
por uma moça de muito bom parecer, por causa<br />
dela (e por via de uma alcoviteira) acaba gastando<br />
toda a sua fortuna.<br />
d) o texto se organiza a partir de uma estrutura versificatória<br />
que revela ritmo poético, marcado por<br />
versos livres e por ausência de esquema rímico.<br />
e) o diálogo estabelecido entre o velho e a moça cria<br />
condições para o arrebatamento amoroso de ambos<br />
e revela ausência de ironia e de menosprezo<br />
de qualquer natureza.<br />
37. UniCOC-SP<br />
Na Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente:<br />
a) retoma a análise do amor do velho apaixonado,<br />
desenvolvida em O Velho da horta.<br />
b) mostra a humilhação da jovem que não pode escolher<br />
seu marido, tema de várias peças desse autor.<br />
c) descreve a revolta de uma jovem confinada aos<br />
serviços domésticos.<br />
d) conta a história de uma jovem que assassina o<br />
marido para se livrar dos maus-tratos.<br />
e) aponta, quando Lianor narra as ações do clérigo,<br />
uma solução religiosa para a decadência moral de<br />
seu tempo.<br />
38. UniCOC-SP<br />
Considere as seguintes asserções sobre o teatro de<br />
Gil Vicente.<br />
I. Autos pastoris, autos de moralidade e farsas são<br />
gêneros cultivados pelo autor.<br />
II. O espírito crítico do teatro vicentino não poupa o<br />
clero corrupto, que é ridicularizado.<br />
III. As personagens do autor representam tipos sociais<br />
como alcoviteiras, velhos ridículos, maridos<br />
ingênuos, nobres pedantes, entre outros.<br />
Deve-se firmar que:<br />
a) I, II e III estão corretas.<br />
b) apenas I e III estão corretas.<br />
c) apenas II e III estão corretas.<br />
d) apenas I e II estão corretas.<br />
e) apenas II está correta.<br />
39.<br />
(...) Vêm quatro cavaleiros cantando. Trazem, cada<br />
um, a cruz de Cristo, por quem a mais por sua santa<br />
fé católica morreram em poder dos mouros.<br />
Diabo Cavaleiros, vós passais<br />
e não perguntais onde is?<br />
Cavaleiro Vós, satanás, presumis?<br />
Atentai com quem falais!<br />
Outro cavaleiro Vós que nos demandais?<br />
siquer conhece-nos bem.<br />
Morremos das partes d’além,<br />
E não queiras saber mais.<br />
Diabo Entrai cá! Que coisa é essa?<br />
Eu não posso entender isso!<br />
Cavaleiro Quem morre por Jesus Cristo<br />
não vai em tal barca como esta!<br />
Tornam a proseguir, cantando, seu caminho direto à<br />
barca da Glória, e tanto que chegam, diz o Anjo:<br />
Anjo Ó cavaleiros de Deus,<br />
a vós estou esperando,<br />
que morrestes pelejando<br />
por Cristo Senhor dos céus!<br />
Sois livre de todo o mal,<br />
santos por certo sem falha,<br />
que quem morre em tal batalha<br />
merece paz eternal.<br />
E assi embarcam.<br />
Considerando a leitura feita, responda ao que se<br />
pede:<br />
a) De que peça teatral de Gil Vicente foi extraído o<br />
trecho acima?<br />
b) Por que se pode dizer que Gil Vicente, nessa<br />
passagem, assume atitude medieval?<br />
40.<br />
Leia atentamente o trecho a seguir, da peça Auto da<br />
barca do inferno, de Gil Vicente. Nele, o personagem<br />
Parvo reage ao convite do Diabo para que entre na<br />
barca que o conduziria ao inferno.<br />
57
PARVO Ao Inferno, em hora-má?!<br />
Hiu! Hiu! Barca do cornudo,<br />
(...)<br />
Entrecosto de carrapato!<br />
Hiu! Hiu! Caga no sapato,<br />
Filho da grande aleivosa!<br />
Tua mulher é tinhosa<br />
e há de parir um sapo<br />
metido num guardanapo,<br />
neto de cagarrinhosa!<br />
Furta cebolas! Hiu! Hiu!<br />
Excomungado nas igrejas!<br />
Burrela, cornudo sejas!<br />
(...)<br />
Perna de cigarra velha,<br />
Caganita de coelha,<br />
Pelourinho de Pampulha,<br />
Rabo de forno de telha.<br />
a) Qual a reação do Parvo?<br />
b) Que estrato social o Parvo representa?<br />
c) Moralmente, como se pode caracterizá-lo?<br />
41. Fuvest-SP<br />
Todo o Mundo Folgo muito d’ enganar<br />
e mentir nasceu comigo.<br />
Ninguém Eu sempre verdade digo<br />
sem nunca me desviar.<br />
(Belzebu para Dinato)<br />
Belzebu Ora escreve lá, compadre,<br />
Não sejas tu preguiçoso!<br />
Dinato Quê?<br />
Belzebu Que Todo o Mundo é mentiroso<br />
E Ninguém diz a verdade.<br />
Auto da Lusitânia — Gil Vicente<br />
O texto afirma que:<br />
a) todo o mundo é mentiroso.<br />
b) Ninguém é mentiroso.<br />
c) Todo o Mundo diz a verdade.<br />
d) ninguém diz a verdade.<br />
e) Todo o Mundo é mentiroso.<br />
42. Umesp<br />
Assinale a alternativa em que se encontra uma afirmação<br />
incorreta sobre a obra de Gil Vicente.<br />
a) Sofre influência de Juan del Encina, principalmente<br />
no teatro pastoril de sua primeira fase.<br />
b) Seus personagens representam tipos de uma vasta<br />
galeria de estratos da sociedade portuguesa da<br />
época.<br />
c) Por viver em pleno Renascimento, apega-se aos<br />
valores greco-romanos, desprezando os princípios<br />
da Idade Média.<br />
d) Um dos maiores valores de sua obra é ter contrabalançado<br />
uma sátira contundente com o pensamento<br />
cristão.<br />
e) Suas obras-primas, como a Farsa de Inês Pereira,<br />
são escritas na terceira fase de sua carreira,<br />
período de maturidade intelectual.<br />
58<br />
43.<br />
Em 1531, um terremoto abalou Portugal. Alguns frades de<br />
Santarém interpretaram o fato de tal forma que descontentou<br />
o dramaturgo Gil Vicente. Ele então resolveu escrever<br />
uma carta ao rei D. João III, narrando o fato e mostrando<br />
sua posição. Segue-se o trecho inicial da carta:<br />
Os frades de cá não me contentaram, nem em<br />
púlpito, nem em prática, sobre esta tormenta da terra<br />
que ora passou; porque não bastava o espanto da<br />
gente, mais ainda eles lhes afirmavam duas cousas,<br />
que os mais fazia esmorecer. A primeira, que polos<br />
grandes pecados que em Portugal se faziam, a ira<br />
de Deus fizera aquilo, e não que fosse curso natural,<br />
nomeando logo os pecados por que fora; em que<br />
pareceu que estava neles mais soma de ignorância<br />
que de graça do Spírito Santo.<br />
a) Segundo Gil Vicente, que interpretação os frades<br />
deram ao terremoto?<br />
b) Como Gil Vicente interpreta o terremoto?<br />
c) Qual o sentido dessa oposição no contexto<br />
humanista?<br />
44. Fuvest-SP<br />
Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente.<br />
a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.<br />
b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal.<br />
c) Escreveu a novela Amadis de Gaula.<br />
d) Só escreveu peças em português.<br />
e) Representa o melhor do teatro clássico português.<br />
45.<br />
O tipo mais insistentemente observado e satirizado<br />
é o clérigo, e especialmente o frade. Trata-se de fato<br />
de uma classe numerosíssima, presente em todos os<br />
setores da sociedade portuguesa, na corte e no povo,<br />
na cidade e na aldeia.<br />
O texto crítico refere-se a qual autor? Além do frade, cite um<br />
outro tipo humano satirizado pelo autor em questão.<br />
46.<br />
O ditado popular que serviu de inspiração a Gil Vicente<br />
para escrever a peça Farsa de Inês Pereira é: Mais<br />
quero asno que me leve que cavalo que me derrube.<br />
Nesse ditado, a que deve ser associado o personagem<br />
Brás da Mata? Justifique sua resposta.<br />
47. PUC-SP<br />
O argumento da peça Farsa de Inês Pereira, de Gil<br />
Vicente, consiste na demonstração do refrão popular<br />
“Mais quero asno que me carregue que cavalo que me<br />
derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde<br />
ao provérbio, na construção da farsa.<br />
a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência<br />
desastrosa do primeiro casamento.<br />
b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo,<br />
animal nobre, que a derruba.<br />
c) O segundo casamento exemplifica o primeiro<br />
termo, asno que a carrega.<br />
d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro<br />
pretendente e segundo marido de Inês.<br />
e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem<br />
em diferentes momentos de sua vida conjugal.
PV2D-07-POR-34<br />
48.<br />
Leia as três afirmações a seguir a respeito da Farsa<br />
de Inês Pereira.<br />
I. Pode ser colocada como representante do teatro<br />
de costumes vicentino.<br />
II. Encaixa-se na tradição da farsa medieval sobre<br />
o adultério feminino desenvolvida por Gil<br />
Vicente.<br />
III. Inês Pereira é uma moça que vive na vila e pretende<br />
subir de condição.<br />
a) Todas estão corretas.<br />
b) Todas estão incorretas.<br />
c) Apenas I e II estão corretas.<br />
d) Apenas I e III estão corretas.<br />
e) Apenas II e III estão corretas.<br />
49.<br />
Leia o texto que segue para responder às três questões<br />
posteriores.<br />
Inês<br />
Renego deste lavrar<br />
e do primeiro que o usou<br />
ao diabo que o eu dou,<br />
que tão mau é de aturar;<br />
ó Jesus! Que enfadamento,<br />
que cegueira e que canseira!<br />
Eu hei de buscar maneira<br />
de viver a meu contento.<br />
Coitada, assim hei de estar<br />
encerrada nesta casa<br />
como panela sem asa<br />
que sempre está num lugar?<br />
Isto é vida que se viva?<br />
Hei de estar sempre cativa<br />
desta maldita costura?<br />
Com dois dias de amargura<br />
haverá quem sobreviva?<br />
Hei de ir para os diabos<br />
se continuo a coser.<br />
Oh! Como cansa viver<br />
sozinha, no mesmo lugar.<br />
Todas folgam, e eu não.<br />
Todas vêm e todas vão<br />
onde querem, menos eu.<br />
Hui! E que pecado é o meu,<br />
ou que dor de coração?<br />
a) Qual a reclamação de Inês Pereira nessa passagem?<br />
b) Que atitude ela tomaria para escapar de sua<br />
situação?<br />
c) Quais as conseqüências dessa atitude?<br />
50.<br />
No trecho abaixo, do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente,<br />
temos a chegada do fidalgo ao porto das almas.<br />
Anjo Que quereis?<br />
Fidalgo Que me digais,<br />
pois parti tão sem aviso,<br />
se a barca do paraíso<br />
é esta em que navegais.<br />
Anjo Esta é: que demandais?<br />
Fidalgo Que me deixeis embarcar,<br />
sou fidalgo de solar,<br />
é bem que me recolhais<br />
Anjo Não se embarca tirania<br />
neste batel divinal.<br />
Fidalgo Não sei porque haveis por mal<br />
que entre a minha senhoria.<br />
Anjo Pera vossa fantesia<br />
mui estreita é esta barca.<br />
a) Quais são as causas da condenação do Fidalgo<br />
ao inferno?<br />
b) Quais as razões que ele alega para ir para o céu?<br />
51.<br />
A cena seguinte, da peça Auto da barca do inferno,<br />
apresenta a chegada do parvo Joane no porto das<br />
almas.<br />
Anjo Quem és tu?<br />
Joane Samica alguém.<br />
Anjo Tu passarás, se quiseres;<br />
porque em todos os teus fazeres,<br />
per malícia non erraste,<br />
tua simpreza te abaste<br />
para gozar dos prazeres.<br />
A expressão “samica” quer dizer “talvez”. Assim, Joane<br />
diz ser “talvez alguém”. O que essa fala indica?<br />
a) A indecisão de Joane quanto à sua própria identidade.<br />
Ele está confuso depois da conversa mantida<br />
com o Diabo, momentos antes, que o convenceu<br />
a tornar-se um pecador. Por essa indecisão, é<br />
condenado ao purgatório.<br />
b) A presunção de Joane quanto à sua condição<br />
social. Apesar de simplório, ele disfarçava sua<br />
pobreza freqüentando a aristocracia e cometendo<br />
pequenos furtos para sustentar seus luxos. Por<br />
essa presunção, é condenado ao inferno.<br />
c) O desprezo de Joane pelo Anjo. Conhecedor de<br />
suas virtudes, ele acredita que seu lugar no céu<br />
está garantido, não necessitando da aprovação do<br />
Anjo para embarcar. Esse desprezo faz com que<br />
o Anjo se recuse a levá-lo.<br />
d) A desconfiança de Joane. Confundindo a barca do<br />
céu com a do inferno, ele imagina que o Anjo é o<br />
Diabo tentando enganá-lo: por isso, teme revelar<br />
sua identidade. Ludibriado pelo Diabo, acaba indo<br />
para o inferno.<br />
e) A modéstia e a simplicidade de Joane. Na sua<br />
humildade, não se considera em condições sequer<br />
de afirmar-se como alguém, daí a dúvida que expressa.<br />
Esse tipo de atributo é que o faz merecedor<br />
do céu.<br />
59
52. Unifesp<br />
Sobre a Farsa de Inês Pereira, é correto afirmar que<br />
é um texto de natureza:<br />
a) satírica, pertencente ao Humanismo português,<br />
em que se ridiculariza a ascensão social de<br />
Inês Pereira por meio de um casamento de<br />
conveniências.<br />
b) didático-moralizante, do Barroco português, no<br />
qual as contradições humanas entre a vida terrena<br />
e a espiritual são apresentadas a partir dos<br />
casamentos complicados de Inês Pereira.<br />
c) religiosa, pertencente ao Renascimento português,<br />
no qual se delineia o papel moralizante, com vistas<br />
à transformação do homem, a partir das situações<br />
embaraçosas vividas por Inês Pereira.<br />
d) reformadora, do Renascimento português, com forte<br />
apelo religioso, pois se apresenta a religião como<br />
forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras.<br />
e) cômica, pertencente ao Humanismo português,<br />
no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica<br />
a sociedade mercantil emergente, que prioriza os<br />
valores essencialmente materialistas.<br />
53. PUC-SP<br />
Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro,<br />
Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brísida Vaz,<br />
Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro<br />
Cavaleiros são personagens de Auto da barca do<br />
inferno, de Gil Vicente.<br />
Analise as informações a seguir e selecione a alternativa<br />
incorreta, cujas características não descrevam<br />
adequadamente a personagem.<br />
a) Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário;<br />
de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou<br />
melhor, leva a bolsa vazia.<br />
b) Frade representa o clero decadente e é subjugado<br />
por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a<br />
amante e as armas de esgrima.<br />
c) Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa<br />
o embarque dos condenados; é dissimulado e<br />
irônico.<br />
d) Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a<br />
morte pela fé; é austero e inflexível.<br />
e) Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação<br />
íntegra e exata das leis; leva papéis e<br />
processos.<br />
54.<br />
O trecho a seguir retrata a fala do Anjo no julgamento<br />
de quatro cavaleiros cristãos que tinham<br />
morrido nas guerras cristãs. Leia-o e responda o<br />
que se pede.<br />
Anjo: Ó Cavaleiros de Deus,<br />
a vós estou esperando,<br />
que morrestes pelejando<br />
por Cristo, Senhor dos Céus!<br />
Sois livres de todo mal,<br />
Santos por certo sem falha,<br />
que quem morre em tal batalha<br />
merece paz eternal.<br />
60<br />
a) Por que os cavaleiros são perdoados dos seus<br />
pecados? Justifique a sua resposta.<br />
b) Que atitude do autor se revela através dessa<br />
passagem?<br />
55.<br />
Velho – Oh coitado! A minha é!<br />
Mocinha – Agora, má-hora, é vossa!<br />
Vossa é a treva.<br />
Mas ela o noivo a leva.<br />
Vai tão leda, tão contente,<br />
uns cabelos como Eva;<br />
Aosadas que não se lhe atreva<br />
toda a gente!<br />
O noivo, moço tão polido,<br />
não tirava os olhos dela,<br />
e ela dele. Oh que estrela!<br />
É ele um par bem escolhido!<br />
Velho – Ó roubado,<br />
da vaidade engano,<br />
da vida e da fazenda!<br />
Ó velho, siso enleado!<br />
Que te meteu desastrado<br />
em tal contenda?<br />
Se os jovens amores<br />
os mais têm fins desastradas<br />
que farão as cãs lançadas<br />
no canto dos amadores?<br />
Que sentias,<br />
triste velho, em fim dos dias?<br />
Se a ti mesmo contemplaras,<br />
souberas que não sabias,<br />
e viras como não vias,<br />
e acertaras.<br />
Quero-me ir buscar a morte,<br />
pois que tanto mal busquei.<br />
Quatro filhas que criei<br />
eu as pus em pobre sorte.<br />
Vou morrer.<br />
Elas hão-de padecer,<br />
porque não lhes deixo nada;<br />
de quanta riqueza e haver<br />
fui sem razão despender,<br />
mal gastada.<br />
O trecho anterior é o diálogo final da peça O velho<br />
da horta, que narra a seguinte história: um velho rico<br />
apaixona-se por uma jovem e apela para uma alcoviteira<br />
que possa ajudá-lo a conquistar a amada. A<br />
alcoviteira vai enganando o velho que, ao final, nem<br />
conquistou a jovem e perdeu seu dinheiro. Ao terminar<br />
a narrativa, ele reconhece seu erro e lamenta o<br />
abandono a que deixara a família e, assim, as coisas<br />
voltam a seus devidos lugares. A par disso, responda<br />
às questões seguintes.
PV2D-07-POR-34<br />
I. Aponte o item que melhor caracteriza as atitudes<br />
de Gil Vicente diante da sociedade, através dessa<br />
peça.<br />
a) Medieval e anticlerical<br />
b) Moralista e antropocêntrica<br />
c) Satírica e teocêntrica<br />
d) Anticlerical e satírica<br />
e) Moralista e pessimista<br />
II. Conte as sílabas poéticas e marque a opção do<br />
metro dominante.<br />
a) 5 sílabas (redondilha menor)<br />
b) 6 sílabas<br />
c) 7 sílabas (redondilha maior)<br />
d) 8 sílabas<br />
e) 9 sílabas<br />
56. UniCOC-SP<br />
Leia atentamente as proposições a seguir.<br />
I. Os cancioneiros foram os principais trovadores do<br />
período conhecido como Trovadorismo.<br />
II. O humanismo é um período de transição que vai do<br />
final da Idade Média ao início da Idade Moderna.<br />
III. O caráter alegórico do teatro de Gil Vicente pode<br />
ser tomado como exemplo de crítica social.<br />
Assinale:<br />
a) se I, II e III forem corretas.<br />
b) se I e II forem corretas.<br />
c) se I, II e III forem incorretas.<br />
d) se II e III forem corretas.<br />
e) se somente I for correta.<br />
Capítulo 2<br />
58.<br />
A propósito do Renascimento cultural, julgue as afirmações.<br />
I. Um dos seus traços marcantes foi o racionalismo<br />
que atendia às aspirações da burguesia,<br />
no sentido de alcançar um domínio mais completo<br />
da natureza objetivando aumentar seus<br />
lucros.<br />
II. O Renascimento retirou da Igreja o monopólio<br />
da explicação das coisas do mundo, fato que<br />
culminou no empirismo científico dos séculos XVII<br />
e XVIII.<br />
III. A arte renascentista comprometia-se predominantemente<br />
com os valores católicos, pois objetivava<br />
legitimar o monopólio religioso católico.<br />
Assinale a alternativa correta.<br />
a) I e III.<br />
b) Apenas I.<br />
c) Apenas II.<br />
d) Nenhuma.<br />
e) Todas.<br />
57. Unicamp-SP<br />
Leia agora as seguintes estrofes, que se encontram<br />
em passagens diversas de Farsa de Inês Pereira, de<br />
Gil Vicente.<br />
Inês Andar! Pero Marques seja!<br />
Quero tomar por esposo<br />
quem se tenha por ditoso<br />
de cada vez que me veja.<br />
Por usar de siso mero,<br />
asno que leve quero,<br />
e não cavalo folão;<br />
antes lebre que leão,<br />
antes lavrador que Nero.<br />
Pero I onde quiserdes ir<br />
vinde quando quiserdes vir,<br />
estai quando quiserdes estar.<br />
Com que podeis vós folgar<br />
Que eu não deva consentir?<br />
Nota: folão, no caso, significa “bravo”, “fogoso”.<br />
a) A fala de Inês ocorre no momento em que aceita<br />
casar-se com Pero Marques, após o malogrado<br />
matrimônio com o escudeiro. Há um trecho<br />
nessa fala que se relaciona literalmente com<br />
o final da peça. Que trecho é esse? Qual é o<br />
pormenor da cena final da peça que ele está<br />
antecipando?<br />
b) A fala de Pero, dirigida a Inês, revela uma<br />
atitude contrária a uma característica atribuída<br />
ao seu primeiro marido. Qual é essa característica?<br />
c) Considerando o desfecho dos dois casamentos de<br />
Inês, explique por que essa peça de Gil Vicente<br />
pode ser considerada uma sátira moral.<br />
59.<br />
Considerando os traços identificadores do Renascimento,<br />
aponte a alternativa errada.<br />
a) Imitação dos clássicos antigos<br />
b) Preocupação com a técnica<br />
c) Racionalismo e universalismo<br />
d) Atitude apaixonada diante da natureza<br />
e) Equilíbrio, harmonia e concisão<br />
60.<br />
“Do que ao meu gado sobeja (1)<br />
Vou vivendo ano por ano;<br />
pouco ou muito que ele seja,<br />
a ninguém não faço dano,<br />
e não se há ao pouco enveja.”<br />
Vocabulário: 1. sobra<br />
Sá de Miranda<br />
No trecho anterior, o poeta clássico português Sá de<br />
Miranda expressa uma das noções mais caras do<br />
estilo.<br />
a) Que noção é essa?<br />
b) Como ela aparece no texto?<br />
61
61.<br />
O Classicismo teve início em Portugal, em 1527,<br />
quando o poeta Sá de Miranda levou para aquele país<br />
o chamado dolce stil nuovo. Quais eram as novidades<br />
formais básicas desse novo estilo?<br />
62. Unicamp-SP<br />
Cantiga sua, partindo-se<br />
João Roiz de Castelo Branco, 1516<br />
Senhora, partem tão tristes<br />
meus olhos por vós, meu bem,<br />
que nunca tão tristes vistes<br />
outros nenhuns por ninguém.<br />
62<br />
Tão tristes, tão saudosos,<br />
tão doentes da partida,<br />
tão cansados, tão chorosos,<br />
da morte mais desejosos<br />
cem mil vezes que da vida.<br />
Partem tão tristes os tristes,<br />
tão fora de esperar bem,<br />
que nunca tão tristes vistes<br />
outros nenhuns por ninguém.<br />
Soneto<br />
Aquela triste e leda madrugada,<br />
cheia toda de mágoa e de piedade,<br />
enquanto houver no mundo saudade,<br />
quero que seja sempre celebrada.<br />
Ela só, quando amena e marchetada<br />
saía, dando ao mundo claridade,<br />
viu apartar-se de uma outra vontade,<br />
que nunca poderá ver-se apartada.<br />
Ela só viu as lágrimas em fio,<br />
que duns e doutros olhos derivadas,<br />
se acrescentaram em grande e largo rio.<br />
Ela viu as palavras magoadas,<br />
que puderam tornar o fogo frio<br />
e dar descanso às almas condenadas.<br />
Camões<br />
Ambos os poemas desenvolvem o tema da dor da<br />
separação, mas tratam-no de forma diferente. Exponha<br />
em que consiste esse tratamento diferenciado do tema,<br />
em cada poema.<br />
63.<br />
Leia atentamente o texto a seguir e responda ao que<br />
se pede.<br />
História, coração, linguagem<br />
Dos heróis que cantaste, que restou<br />
senão a melodia do teu canto?<br />
As armas em ferrugem se desfazem,<br />
os barões nos jazigos dizem nada.<br />
É teu verso, teu rude e teu suave<br />
balanço de consoantes e vogais,<br />
teu ritmo de oceano sofreado<br />
que os lembra ainda e sempre lembrará.<br />
Tu és a história que narraste, não<br />
o simples narrador. Ela persiste<br />
mais em teu poema que no tempo neutro,<br />
universal sepulcro da memória.<br />
Bardo, foste os deuses mais as ninfas,<br />
as ondas em furor, céus em delírio,<br />
astúcias, pragas, guerras e cobiças,<br />
lodoso material fundido em ouro.<br />
***<br />
Luís, homem estranho, pelo verbo<br />
és, mais que amador, o próprio amor<br />
latejante, esquecido, revoltado,<br />
submisso, renascendo, reflorindo<br />
em cem mil corações multiplicado.<br />
***<br />
Camões – oh som de vida ressoando<br />
em cada tua sílaba fremente<br />
de amor e guerra e sonho entrelaçados...<br />
Carlos Drummond de Andrade. A paixão medida<br />
a) Qual é a relação entre Luís de Camões e o Classicismo?<br />
b) Retire referências do texto de Drummond relacionadas<br />
à obra de Camões.<br />
64.<br />
Conheça-me a mim mesmo: siga a veia<br />
Natural, não forçada; o juízo quero<br />
De quem com juízo e sem paixão me leia.<br />
Na boa imitação, e uso, que o fero<br />
Engenho abranda, ao inculto dá arte,<br />
No conselho do amigo douto espero.<br />
Muito, ó Poeta, o engenho, pode dar-te.<br />
Mas muito mais que o engenho, o tempo, e<br />
[ estudo;<br />
Não queiras de ti logo contentar-te.<br />
É necessário ser um tempo mudo!<br />
Ouvir, e ler somente: que aproveita<br />
Sem armas, com fervor cometer tudo?<br />
Caminha por aqui. Esta é a direita<br />
Estrada dos que sobem ao alto monte<br />
Ao brando Apolo, às nove Irmãs aceita.<br />
Do bom escrever, saber primeiro é fonte.<br />
Enriquece a memória de doutrina<br />
Do que um cante, outro ensine, outro te conte.<br />
(...)<br />
Corta o sobejo, vai acrescentando<br />
O que falta, o baixo ergue, o alto modera,<br />
Tudo a ua igual regra conformando.<br />
Ao escuro dá luz, e ao que pudera<br />
Fazer dúvida aclara: do ornamento<br />
Ou tira, ou põe: com o decoro o tempera.<br />
Sirva própria palavra ao bom intento,<br />
Haja juízo, e regra, e diferença<br />
Da prática comum ao pensamento.<br />
Antônio Ferreira<br />
O texto é uma carta em versos escrita por Antônio<br />
Ferreira (1528-1569), dirigida a Diogo Bernardes.<br />
Nela, o autor mostra a concepção de poesia de<br />
sua época. Aponte as características clássicas<br />
presentes no texto, transcrevendo os trechos que<br />
as explicitam.
PV2D-07-POR-34<br />
65. Inatel-MG<br />
Uma das características a seguir não é própria do<br />
Renascimento cultural. Assinale-a.<br />
a) O racionalismo do homem<br />
b) A paixão pelos prazeres mundanos<br />
c) O repúdio aos ideais medievais<br />
d) A intensificação do monopólio cultural exercido<br />
pela Igreja<br />
e) O individualismo do homem<br />
66. Ufla-MG<br />
Amor é fogo que arde sem se ver;<br />
é ferida que dói e não se sente;<br />
é um contentamento descontente;<br />
é dor que desatina sem doer.<br />
É um não querer mais que bem querer;<br />
é um andar solitário entre a gente;<br />
é nunca contentar-se de contente;<br />
é um cuidar que ganha em se perder.<br />
É querer estar preso por vontade;<br />
é servir a quem vence, o vencedor;<br />
é ter com quem nos mata, lealdade.<br />
Mas como causar pode seu favor<br />
nos corações humanos amizade,<br />
se tão contrário a si é o mesmo Amor?<br />
Luís Vaz de Camões. Obras completas<br />
O poeta tenta definir o amor por meio do uso de antíteses,<br />
que se seguem umas às outras. Indique a que<br />
expressa, com mais ênfase, o tema do texto.<br />
a) “Um contentamento descontente”<br />
b) O próprio amor, pois é contrário a si mesmo.<br />
c) A invisibilidade do amor<br />
d) O fato de o amor ferir e não causar dor.<br />
e) Querer sempre mais, sem contentar-se.<br />
67. Vunesp<br />
Tanto de meu estado me acho incerto,<br />
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;<br />
Sem causa, juntamente choro e rio,<br />
O mundo todo abarco e nada aperto.<br />
É tudo quanto sinto, um desconcerto;<br />
da alma um fogo me sai, da vista um rio;<br />
agora espero, agora desconfio,<br />
agora desvario, agora acerto.<br />
Estando em terra, chego ao céu voando,<br />
num’hora acho mil anos, e é de jeito<br />
que em mil anos não posso achar um’hora.<br />
Se me pergunta alguém por que assi ando,<br />
respondo que não sei; porém suspeito<br />
que só porque vos vi, minha Senhora.<br />
O soneto transcrito é de Luís de Camões. Nele se<br />
acha uma característica da poesia clássica renascentista.<br />
Assinale essa característica, em uma das<br />
alternativas.<br />
a) A suspeita de amor que o poeta declara na conclusão.<br />
b) O jogo de contradições e perplexidades que atormentam<br />
o poeta.<br />
c) O fato de todos perguntarem ao poeta porque<br />
assim anda.<br />
d) O fato de o poeta não saber responder a quem o<br />
interroga.<br />
e) A utilização de um soneto para relato das suas<br />
amarguras.<br />
Texto para as questões de 68 a 70.<br />
Texto I<br />
Amor é fogo que arde sem se ver;<br />
É ferida que dói e não se sente;<br />
É um contentamento descontente;<br />
É dor que desatina sem doer.<br />
É um não querer mais que bem querer;<br />
É solitário andar por entre a gente;<br />
É nunca contentar-se de contente;<br />
É cuidar que se ganha em se perder;<br />
Texto II<br />
Camões<br />
Amor é fogo? Ou é cadente lágrima?<br />
Pois eu naufrago em mar de labaredas<br />
Que lambem o sangue e a flor da pele acendem<br />
Quando o rubor me vem à tona d’água.<br />
E como arde, ai, como arde, Amor,<br />
Quando a ferida dói porque se sente,<br />
E o mover dos meus olhos sob a casca<br />
Vê muito bem o que devia não ver.<br />
Ilka Brunhilde Laurito<br />
68. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa correta.<br />
a) O texto I, com sua regularidade formal, recupera<br />
do texto II o rígido padrão da estética clássica.<br />
b) Os dois textos, ao negarem a concepção carnal<br />
do amor, enaltecem o platonismo amoroso.<br />
c) O texto I e o texto II são convergentes no que se<br />
refere à concepção do sentimento amoroso.<br />
d) O texto II contesta o texto I no que se refere ao<br />
ponto de vista sobre o amor.<br />
e) Os dois textos convergem quanto à forma e à<br />
linguagem, mas divergem quanto ao conteúdo.<br />
69. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa correta sobre o texto II.<br />
a) A liberdade formal dos quartetos, associada à<br />
contenção emotiva, é índice da influência parnasiana.<br />
b) Por seguir os princípios estéticos clássicos, sua<br />
expressão é de teor mais universalista que individualista.<br />
63
c) O caráter reflexivo das interrogativas iniciais impede<br />
que a linguagem seja marcada por índices<br />
de emotividade.<br />
d) Recupera, do estilo camoniano, a preferência por<br />
imagens paradoxais, como, por exemplo, “mar de<br />
labaredas.”<br />
e) Vale-se de recursos estilísticos conquistados pelos<br />
modernistas, por exemplo, versos decassílabos e<br />
expressão coloquial.<br />
70. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa correta sobre o texto I.<br />
a) Expressa as vivências amorosas do eu lírico em<br />
linguagem emotivo-confessional.<br />
b) Apresenta índices de linguagem poética marcada<br />
pelo racionalismo do século XVI.<br />
c) Conceitua o amor de forma unilateral, revelando<br />
o intenso sofrimento do coração apaixonado.<br />
d) Notam-se, em todos os versos, imagens poéticas<br />
contraditórias, criadas a partir de substantivos<br />
concretos.<br />
e) Conceitua positivamente o amor correspondido e,<br />
negativamente, o amor não correspondido.<br />
71.<br />
Em uma carta dirigida a Alcáçova Carneiro, secretário<br />
de Estado do rei D. João III, o poeta clássico português<br />
Antônio Ferreira expressa a seguinte opinião:<br />
64<br />
Santa alma, real zelo; a quem só guia<br />
Amor, justiça, e paz, cujos bons meios<br />
Em ti busca, em ti acha, em ti confia.<br />
São letras, justas armas, dois esteios<br />
Firmíssimos de Império só tenhamos.<br />
a) No texto, verificamos a valorização do trabalho<br />
intelectual. Quais os versos que expressam essa<br />
valorização?<br />
b) O que o poeta quis dizer com esses versos?<br />
c) Qual é a relação entre essa valorização e o<br />
Classicismo?<br />
72. UFRGS-RS<br />
Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões.<br />
Um mover de olhos, brando e piedoso,<br />
sem ver de quê; um riso brando e honesto,<br />
quase forçado, um doce e humilde gesto,<br />
de qualquer alegria duvidoso;<br />
um despejo quieto e vergonhoso;<br />
um desejo gravíssimo e modesto;<br />
uma pura bondade manifesta<br />
indício da alma, limpo e gracioso;<br />
um encolhido ousar, uma brandura;<br />
um medo sem ter culpa, um ar sereno;<br />
um longo e obediente sofrimento:<br />
Esta foi a celeste formosura<br />
da minha Circe, e o mágico veneno<br />
que pôde transformar meu pensamento.<br />
Em relação ao poema, considere as seguintes afirmações.<br />
I. O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e<br />
superior, idealizando a figura feminina.<br />
II. O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina,<br />
assumindo uma atitude de insensibilidade.<br />
III. O poeta sugere desejo erótico ao se referir à figura<br />
mitológica de Circe.<br />
Quais estão corretas?<br />
a) Apenas I.<br />
b) Apenas III.<br />
c) Apenas I e II.<br />
d) Apenas I e III.<br />
e) I, II e III.<br />
73. Unicamp-SP<br />
Leia o seguinte soneto de Camões:<br />
Oh! Como se me alonga, de ano em ano,<br />
a peregrinação cansada minha.<br />
Como se encurta, e como ao fim caminha<br />
este meu breve e vão discurso humano.<br />
Vai-se gastando a idade e cresce o dano;<br />
perde-se-me um remédio, que inda tinha.<br />
Se por experiência se adivinha,<br />
qualquer grande esperança é grande engano.<br />
Corro após este bem que não se alcança;<br />
no meio do caminho me falece,<br />
mil vezes caio, e perco a confiança.<br />
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,<br />
se os olhos ergo a ver se inda parece,<br />
da vista se me perde e da esperança.<br />
a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expressa<br />
pelos verbos “alongar” e “encurtar”. A qual deles<br />
está associado o cansaço da vida e qual deles se<br />
associa à proximidade da morte?<br />
b) Por que se pode afirmar que existe também uma<br />
contraposição no interior do primeiro verso da<br />
segunda estrofe?<br />
c) A que termo se refere o pronome “ele” da última<br />
estrofe?<br />
74. UFPA<br />
O poema Os lusíadas traz à tona a descoberta do<br />
caminho marítimo para as Índias, apresentando informações<br />
que abarcam história, geografia, ciências,<br />
astronomia, mitologia etc. O episódio do Gigante<br />
Adamastor é um exemplo dessa variedade de assuntos<br />
que o poema apresenta e sobre ele não é correto<br />
afirmar o seguinte:<br />
a) Adamastor representa os medos de todos os<br />
navegadores que passaram, antes de Vasco da<br />
Gama, pela costa africana.<br />
b) O episódio é uma criação poética em que se<br />
destacam referências ao passado e ao futuro das<br />
conquistas portuguesas.
PV2D-07-POR-34<br />
c) Um dos momentos líricos, no episódio, é aquele<br />
do encontro do gigante com Thetys, relatado na<br />
estrofe 52.<br />
d) A “alta esposa de Peleu”, Thetys, cede aos apelos<br />
de Adamastor e isso facilita a passagem dos<br />
portugueses pelo cabo das Tormentas.<br />
e) O episódio faz menção ao casal amoroso, Sepúlveda<br />
e Leonor, o que ressalta a presença do lírico<br />
no poema épico camoniano.<br />
75.<br />
Está o lascivo e doce passarinho<br />
Com o biquinho as penas ordenando;<br />
O verso sem medida, alegre e brando,<br />
Expedindo no rústico raminho.<br />
O cruel caçador, que do caminho<br />
Se vem calado e manso desviando,<br />
Na pronta vista a seta endireitando,<br />
Lhe dá no estígio lago (1) eterno ninho.<br />
Desta arte o coração, que livre andava<br />
(Posto que já de longe destinado),<br />
onde menos temia, foi ferido.<br />
Porque o Frecheiro cego me esperava,<br />
Para que me tomasse descuidado,<br />
Em vossos claros olhos escondido.<br />
Vocabulário: 1. Inferno<br />
Luís Vaz de Camões<br />
a) Comente a forma do poema mostrado.<br />
b) Qual é a comparação feita no poema?<br />
c) Quem é o “Frecheiro cego”? A utilização dessa<br />
imagem indica que aspecto do Classicismo?<br />
76.<br />
Leia o trecho a seguir, retirado do canto III de Os<br />
lusíadas:<br />
“Tu, só tu, puro Amor, com força crua,<br />
Que os corações humanos tanto obriga,<br />
Deste causa à molesta morte sua,<br />
Como se fora pérfida inimiga.<br />
Se dizem, fero Amor, que a sede tua<br />
Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />
É porque queres, áspero e tirano,<br />
Tuas aras banhar com sangue humano.”<br />
CAMÕES, Luís de. In TUFANO, Douglas. De Camões a Pessoa.<br />
SP, Moderna, 1994, pp. 18.<br />
Com base no trecho e no seu conhecimento sobre<br />
a obra, responda por que o poeta atribui a culpa do<br />
assassinato ao amor.<br />
77. UFSCar-SP<br />
A questão adiante baseia-se no poema épico Os lusíadas,<br />
de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem,<br />
a seguir, três estrofes.<br />
Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)<br />
Que ficava nas praias, entre a gente,<br />
Postos em nós os olhos, meneando<br />
Três vezes a cabeça, descontente,<br />
A voz pesada um pouco alevantando,<br />
Que nós no mar ouvimos claramente,<br />
C’um saber só de experiências feito,<br />
Tais palavras tirou do experto peito:<br />
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça<br />
Desta vaidade a quem chamamos Fama!<br />
Ó fraudulento gosto, que se atiça<br />
C’uma aura popular, que honra se chama!<br />
Que castigo tamanho e que justiça<br />
Fazes no peito vão que muito te ama!<br />
Que mortes, que perigos, que tormentas,<br />
Que crueldades neles experimentas!<br />
Dura inquietação d’alma e da vida<br />
Fonte de desamparos e adultérios,<br />
Sagaz consumidora conhecida<br />
De fazendas, de reinos e de impérios!<br />
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,<br />
Sendo digna de infames vitupérios;<br />
Chamam-te Fama e Glória soberana,<br />
Nomes com quem se o povo néscio engana.<br />
Os versos de Camões foram retirados da passagem<br />
conhecida como O velho do Restelo. Nela, o velho:<br />
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar<br />
os mares à procura de uma vida melhor.<br />
b) critica as navegações portuguesas por considerar<br />
que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.<br />
c) emociona-se com a saída dos portugueses que<br />
vão atravessar os mares até chegar às Índias.<br />
d) destrata os marinheiros por não o terem convidado<br />
a participar de tão importante empresa.<br />
e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos<br />
que eles podem encontrar para buscar fama em<br />
outras terras.<br />
78.<br />
Sobre Os lusíadas, é errado afirmar o seguinte.<br />
a) Trata-se de um poema de estrito interesse nacionalista,<br />
pois celebra fatos gloriosos da história<br />
portuguesa, que em nada se relacionam com a<br />
situação do mundo em sua época.<br />
b) São compostos segundo modelos da epopéia<br />
clássica da Antigüidade (Homero, Virgílio) e dos<br />
poemas épicos mais recentes do Renascimento<br />
italiano (Ariosto, sobretudo).<br />
c) O verso utilizado é o decassílabo clássico (especialmente<br />
o heróico) e as estrofes, de modelo<br />
italiano, são as oitavas-rimas.<br />
d) Os dez cantos do poema se dividem em proposição<br />
(os feitos heróicos portugueses), invocação (às<br />
Tágides), dedicatória (a D. Sebastião), narração<br />
(da viagem de Vasco da Gama) e epílogo (encerramento,<br />
em tom desalentado).<br />
e) Episódios importantes do poema, como os de Inês de<br />
Castro e do Gigante Adamastor, incluem-se na longa<br />
narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde.<br />
65
79. UFSCar-SP<br />
Partimo-nos assim do santo templo<br />
66<br />
Que nas praias do mar está assentado,<br />
Que o nome tem da terra, para exemplo,<br />
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.<br />
Certifico-te, ó Rei, que se contemplo<br />
Como fui destas praias apartado,<br />
Cheio dentro de dúvida e receio,<br />
Que a penas nos meus olhos ponho o freio.<br />
Camões. Os Lusíadas, Canto 4.º 87<br />
O trecho faz parte do poema épico Os lusíadas, escrito<br />
por Luís Vaz de Camões e narra a partida de Vasco da<br />
Gama para a viagem às Índias.<br />
a) Em que estilo de época ou época histórica se situa<br />
a obra de Camões?<br />
b) Para dizer que o nome do templo é Belém, Camões<br />
faz uso de uma perífrase: Que o nome tem da<br />
terra, para exemplo,/Donde Deus foi em carne ao<br />
mundo dado. Em que outro trecho dessa estrofe,<br />
Camões usa outra perífrase?<br />
80. Fuvest-SP<br />
Tu, só tu, puro amor, com força crua,<br />
Que os corações humanos tanto obriga,<br />
Deste causa à molesta morte sua,<br />
Como se fora pérfida inimiga.<br />
Se dizem, fero Amor, que a sede tua<br />
Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />
É porque queres, áspero e tirano,<br />
Tuas aras banhar em sangue humano.<br />
Camões, Os lusíadas – episódio de Inês de Castro.<br />
Vocabulário:<br />
Molesta: lastimosa; funesta<br />
Pérfida: desleal; traidora<br />
Fero: feroz; sanguinário; cruel<br />
Mitiga: alivia; suaviza; aplaca<br />
Ara: altar; mesa para sacrifícios religiosos<br />
a) Considerando-se a forte presença da cultura da<br />
Antigüidade Clássica em Os lusíadas, a que se<br />
pode referir o vocábulo “Amor”, grafado com maiúscula,<br />
no 5º verso?<br />
b) Explique o verso “Tuas aras banhar em sangue<br />
humano”, relacionando-o à história de Inês de<br />
Castro.<br />
81. Unifap<br />
A que novos desastres determinas<br />
De levar estes reinos a esta gente?<br />
Que perigos, que mortes lhe destinas,<br />
Debaixo dalgum nome preminente?<br />
Os versos de Camões são parte do(a):<br />
a) invocação.<br />
b) proposição.<br />
c) episódio Batalha de Ourique.<br />
d) dedicatória.<br />
e) episódio O velho do Restelo.<br />
82. Vunesp<br />
Apontam-se, a seguir, algumas características atribuídas<br />
pela crítica à epopéia de Luís Vaz de Camões, Os<br />
lusíadas. Uma dessas características está incorreta.<br />
Trata-se de:<br />
a) concepção da história nacional como uma seqüência<br />
de proezas de heróis aristocráticos e<br />
militares.<br />
b) apologia dos poderes humanos, realçando o orgulho<br />
humanista de auto-determinação e do avanço<br />
no domínio sobre a natureza.<br />
c) efabulação mitológica.<br />
d) contraposição da experiência e da observação<br />
direta à ciência livresca da Antigüidade.<br />
e) eliminação do pan-erotismo, existente na parte<br />
lírica, em favor da ênfase mais objetiva na narração<br />
dos feitos lusitanos.<br />
83. Fuvest-SP<br />
No mar tanta tormenta, tanto dano,<br />
Tantas vezes a morte apercebida;<br />
Na terra, tanta guerra, tanto engano,<br />
Tanta necessidade aborrecida!<br />
Onde pode acolher-se um fraco humano,<br />
Onde terá segura a curta vida,<br />
Que não se arme e se indigne o Céu sereno<br />
Contra um bicho da terra tão pequeno?<br />
Nessa estrofe, Camões:<br />
a) exalta a coragem dos homens que enfrentam os<br />
perigos do mar e da terra.<br />
b) considera o quanto o homem deve confiar na<br />
providência divina que o ampara nos riscos e nas<br />
adversidades.<br />
c) lamenta a condição humana ante os perigos, os<br />
sofrimentos e as incertezas da vida.<br />
d) propõe uma explicação a respeito do destino do<br />
homem.<br />
e) classifica o homem como um bicho da terra, dada<br />
a sua agressividade.<br />
84. Mackenzie-SP<br />
Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que:<br />
a) quando a ação do poema começa, as naus portuguesas<br />
estão navegando em pleno oceano Índico,<br />
portanto, no meio da viagem.<br />
b) na invocação, o poeta se dirige às Tágides, musas<br />
do rio Tejo.<br />
c) na Ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz<br />
o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe<br />
desvenda “a máquina do mundo”.<br />
d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da<br />
Gama a fim de estabelecer contato marítimo com<br />
as Índias.<br />
e) é composto por sonetos decassílabos, mantendo,<br />
em 1<strong>10</strong>2 estrofes, o mesmo esquema de<br />
rima.
PV2D-07-POR-34<br />
85. FCC-SP<br />
Nem cinco sóis eram passados que de vós partíramos,<br />
quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós. Por<br />
uma bela noite dos idos de maio do ano traslato, perdíamos<br />
a muiraquitã; que outrem grafara muraquitã, e alguns<br />
doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam<br />
muyrakitan e até mesmo muraquéitã, não sorriais!<br />
Nesse fragmento da “Carta pras Icamiabas”, em Macunaíma,<br />
de Mário de Andrade, encontramos:<br />
a) uma paródia do estilo clássico lusitano.<br />
b) um elogio à eloqüência dos parnasianos.<br />
c) a valorização da linguagem utilizada pela estética<br />
do século XVIII.<br />
d) uma apologia ao estilo pretensioso e à oratória<br />
vazia de conteúdo.<br />
e) uma sátira aos romances indianistas do século<br />
XIX.<br />
86.<br />
(...) Não acabava, quando uma figura<br />
Se nos mostra no ar, robusta e válida,<br />
De disforme e grandíssima estatura;<br />
O rosto carregado, a barba esquálida,<br />
Os olhos encovados, e a postura<br />
Medonha e má e a cor terrena e pálida;<br />
Cheios de terra e crespos os cabelos,<br />
A boca negra, os dentes amarelos. (...)<br />
Forneça o nome do episódio em que a figura descrita<br />
na estrofe anterior aparece e informe o que essa figura<br />
personifica.<br />
87. UFPA<br />
Ó mar salgado, quanto do teu sal<br />
São lágrimas de Portugal!<br />
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,<br />
Quantos filhos em vão rezaram!<br />
Quantas noivas ficaram por casar<br />
Para que fosses nosso, ó mar!<br />
Esse poema de Fernando Pessoa retoma, no século<br />
XX, a temática da expansão ultramarina também<br />
utilizada por:<br />
a) Gil Vicente em seus autos.<br />
b) D. Dinis em seus poemas de amor.<br />
c) D. Dinis em seus poemas de amigo.<br />
d) Camões em sua épica.<br />
e) Bocage em seus sonetos.<br />
88.<br />
Em Os lusíadas, Camões:<br />
a) narra a viagem de Vasco da Gama às Índias.<br />
b) tem por objetivo criticar a ambição dos navegantes<br />
portugueses que abandonaram a pátria à mercê<br />
dos inimigos para buscar ouro e glória em terras<br />
distantes.<br />
c) afasta-se dos modelos clássicos, criando a epopéia<br />
lusitana, um gênero inteiramente original na<br />
época.<br />
d) lamenta que, apesar de ter dominado os mares e<br />
descoberto novas terras, Portugal acabe subjugado<br />
pela Espanha.<br />
e) tem como objetivo elogiar a bravura dos portugueses<br />
e o faz através da narração dos episódios mais<br />
valorosos da colonização brasileira.<br />
89.<br />
Pode-se afirmar que o Velho do Restelo é:<br />
a) personagem central de Os lusíadas.<br />
b) o mais fervoroso defensor da viagem de Gama.<br />
c) símbolo dos que valorizam a cobiça e a ambição.<br />
d) símbolo das forças contrárias às investidas marítimas<br />
lusas.<br />
e) a figura que incentiva a ideologia expansionista.<br />
90.<br />
A estrofe a seguir pertence ao canto X de Os lusíadas.<br />
Trata-se de uma fala da deusa Tétis ao capitão Vasco<br />
da Gama, na Ilha dos Amores.<br />
Aqui, só verdadeiros, gloriosos<br />
Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,<br />
Júpiter e Juno, fomos fabulosos<br />
Fingidos de mortal e cego engano.<br />
Só para fazer versos deleitosos<br />
Servimos; e, se mais o trato humano<br />
Nos pode dar, é só que o nome nosso<br />
Nestas estrelas pôs o engenho vosso.<br />
No trecho, Tétis:<br />
a) afirma que os deuses gregos e latinos são superiores<br />
aos deuses católicos.<br />
b) lamenta que os homens jamais se referem aos<br />
deuses em suas obras artísticas.<br />
c) afirma que os deuses gregos e latinos só existem<br />
na imaginação dos homens.<br />
d) mostra que a ambição dos homens se equipara<br />
aos poderes divinos.<br />
e) narra a decadência portuguesa após a viagem de<br />
Vasco da Gama.<br />
91.<br />
No mais, Musa, no mais, que a lira tenho<br />
Destemperada e a voz enrouquecida,<br />
E não do canto, mas de ver que venho<br />
Cantar a gente surda e endurecida.<br />
O favor com que mais se acende o engenho<br />
Não no dá a Pátria, não, que está metida<br />
No gosto da cubiça e na rudeza<br />
Dua austera, apagada e vil tristeza.<br />
Camões, Os lusíadas, X, 145<br />
a) Quem é a “gente surda e endurecida” a que se<br />
refere a estrofe?<br />
b) Qual a acusação que o poeta faz a essa gente?<br />
c) Como se pode entender essa acusação no panorama<br />
português da época?<br />
67
92.<br />
Sobre Os lusíadas, é correto afirmar que:<br />
a) os deuses pagãos presentes no poema representam<br />
a admiração de Camões pela grandeza do<br />
mundo antigo e sua descrença no cristianismo.<br />
b) Baco é favorável à empresa dos portugueses; Marte<br />
e Vênus se opõem a ela; Júpiter toma sempre<br />
o partido de Baco.<br />
c) o episódio da ilha dos Amores representa a merecida<br />
recompensa pelos grandes feitos portugueses,<br />
feitos que os elevam ao nível dos deuses<br />
antigos.<br />
d) o Velho do Restelo representa, no poema, a opinião<br />
progressista da sociedade portuguesa.<br />
e) o episódio sobre a morte de Inês de Castro é uma<br />
ficção camoniana absolutamente épica.<br />
93.<br />
A estrofe abaixo pertence ao poema Os lusíadas, de<br />
Camões.<br />
Assim lho aconselhara a mestra experta:<br />
Que andassem pelos campos espalhadas;<br />
Que, vista dos barões a presa incerta,<br />
Se fizessem primeiro desejadas.<br />
Algumas, que na forma descoberta<br />
Do belo corpo estavam confiadas,<br />
Posta a artificiosa fermosura,<br />
Nuas lavar se deixam na água pura.<br />
Assinale a parte do poema a que pertence a estrofe<br />
transcrita.<br />
a) Proposição.<br />
b) Invocação.<br />
c) Dedicatória.<br />
d) Narração.<br />
e) Epílogo.<br />
94. UFRGS-RS<br />
Assinale a alternativa incorreta.<br />
No canto V de Os lusíadas:<br />
a) Adamastor representa os perigos enfrentados pelos<br />
navegadores lusitanos na travessia do oceano<br />
Atlântico para o oceano Índico.<br />
b) os portugueses assistem à transformação do<br />
gigante Adamastor em penedo quando tentam<br />
ultrapassar a parte mais meridional da África.<br />
c) apesar das ameaças do gigante, os navegantes<br />
prosseguem, esperando ardentemente que os<br />
perigos e castigos profetizados sejam afastados.<br />
d) a nuvem negra que se desfaz, antes associada ao<br />
Cabo das Tormentas, abre novas esperanças em<br />
relação aos objetivos da viagem.<br />
e) a voz de “tom horrendo e grosso” do gigante<br />
Adamastor, ao dar lugar a um “medonho choro”,<br />
deixa ver aos navegadores que o perigo já fora<br />
afastado.<br />
95. UFRGS-RS<br />
Assinale a alternativa correta.<br />
No canto I de Os lusíadas, na passagem que narra o<br />
concílio dos deuses, Júpiter:<br />
68<br />
a) conclama os deuses a auxiliarem os portugueses<br />
na Ásia como recompensa pelos ásperos perigos<br />
da viagem.<br />
b) encontra acolhida a suas palavras entre os deuses<br />
maiores e menores.<br />
c) reconhece a grandeza do povo lusitano, que<br />
enfrenta o mar desconhecido em frágeis embarcações.<br />
d) aceita as justificativas de Baco para impedir a<br />
chegada dos navegadores portugueses à Índia.<br />
e) mostra dúvidas quanto à possibilidade de que os<br />
feitos do povo lusitano venham a suplantar a glória<br />
dos gregos e romanos.<br />
96. Fuvest-SP<br />
Responda às seguintes questões sobre Os lusíadas,<br />
de Camões:<br />
a) Identifique o narrador do episódio no qual está<br />
inserida a fala do Velho do Restelo.<br />
b) Compare, resumidamente, os principais valores<br />
que esse narrador representa, no conjunto de Os<br />
lusíadas, aos valores defendidos pelo Velho do<br />
Restelo, em sua fala.<br />
97. Fuvest-SP<br />
Em Os lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho<br />
do Restelo têm em comum:<br />
a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade<br />
clássica.<br />
b) a presença de recursos expressivos de natureza<br />
oratória.<br />
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território<br />
essas personagens se recusavam a abandonar.<br />
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e<br />
conquistador.<br />
e) o emprego de uma linguagem simples e direta,<br />
que se contrapõe à solenidade do poema épico.<br />
98. Mackenzie-SP<br />
Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que:<br />
a) é dividido em cinco partes e dez cantos.<br />
b) o Canto I contém a introdução, a invocação, a<br />
dedicatória e o início da narrativa.<br />
c) a pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama conta<br />
partes da história de Portugal.<br />
d) os deuses reúnem-se no Olimpo para decidir a<br />
sorte dos portugueses.<br />
e) no Canto X, a fala do Velho de Restelo acusa os<br />
portugueses de vaidade e cobiça excessivas.<br />
99. Unicamp-SP<br />
Mas um velho, de aspecto venerando,<br />
(...)<br />
A voz pesada um pouco alevantando,<br />
(...)<br />
Tais palavras tirou do experto* peito:<br />
– Ó glória de mandar, ó vã cobiça.<br />
Desta vaidade a quem chamamos Fama.<br />
Ó Fraudulento gosto, que se atiça<br />
Cua aura popular, que honra se chama.<br />
Camões, Os lusíadas, canto IV.
PV2D-07-POR-34<br />
... e então uma grande voz se levanta, é um labrego**<br />
de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido<br />
a um valado***, que é púlpito dos rústicos. Ó glória de<br />
mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça,<br />
e tendo assim clamado, veio dar-lhe o quadrilheiro<br />
uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou<br />
por morto.<br />
José Saramago, Memorial do convento, p. 293.<br />
*experto – que tem experiência<br />
**labrego – indivíduo grosseiro, rude, tosco (...)<br />
***valado – elevação de terra que limita propriedade<br />
rústica<br />
Novo Dicionário Aurélio da Língua <strong>Portugues</strong>a.<br />
Confrontando os fragmentos, percebe-se que Memorial<br />
do convento dialoga com os clássicos. O episódio do<br />
Velho do Restelo, do Canto IV de Os lusíadas, refere-se<br />
ao engajamento voluntário dos portugueses na grande<br />
empresa que foi a descoberta de novos mundos. Já<br />
no Memorial do convento, entretanto, o recrutamento<br />
para Mafra deu-se, em geral, à força.<br />
a) Cite ao menos uma razão que levou “o rei infame”<br />
de Memorial do convento a tornar obrigatório<br />
o engajamento de todos os operários do reino,<br />
quaisquer que fossem suas profissões.<br />
b) Quem era esse “rei infame” a que se refere o<br />
trecho citado e em que século essa ação do<br />
romance se passa?<br />
c) Aponte, no trecho, ao menos uma passagem que<br />
indique a irreverência de Saramago em relação ao<br />
texto de Luís de Camões.<br />
<strong>10</strong>0. Mackenzie-SP<br />
Põe-me onde se use toda a feridade,<br />
Entre leões e tigres, e verei<br />
Se neles achar posso a piedade<br />
Que entre peitos humanos não achei.<br />
Ali, co’o amor intrínseco e vontade<br />
Naquele por quem morro, criarei<br />
Estas relíquias suas, que aqui viste,<br />
Que refrigério sejam da mãe triste.<br />
O trecho evidencia características:<br />
a) da poesia trovadoresca.<br />
b) do Barroco português.<br />
c) de um auto vicentino.<br />
d) da poesia lírica de Antero de Quental.<br />
e) da poesia épica camoniana.<br />
<strong>10</strong>1. Mackenzie-SP<br />
O tom pessimista apresentado por Camões no epílogo<br />
de Os lusíadas aparece em outro momento do<br />
poema.<br />
Isso acontece no episódio:<br />
a) do Gigante Adamastor.<br />
b) do Velho do Restelo.<br />
c) de Inês de Castro.<br />
d) dos Doze de Inglaterra.<br />
e) do Concílio dos Deuses.<br />
O trecho a seguir pertence a Os lusíadas. Leia-o e<br />
responda às questões <strong>10</strong>2 e <strong>10</strong>3.<br />
Cessem do sábio Grego e do Troiano<br />
As navegações grandes que fizeram;<br />
Cale-se de Alexandre e de Trajano<br />
A fama das vitórias que tiveram;<br />
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,<br />
A quem Neptuno e Marte obedeceram.<br />
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,<br />
Que outro valor mais alto se alevanta.<br />
<strong>10</strong>2. Vunesp<br />
Uma leitura atenta da estrofe citada revela que o conteúdo<br />
dos primeiros seis versos é retomado e sintetizado<br />
nos últimos dois versos. Interprete a estrofe de acordo<br />
com esta observação.<br />
<strong>10</strong>3. Vunesp<br />
A oitava apresentada constitui a terceira estrofe de Os<br />
lusíadas, de Luís de Camões, poema épico publicado<br />
em 1572, obra máxima do Classicismo português.<br />
O tipo de verso que Camões empregou é de origem<br />
italiana e foi introduzido na literatura portuguesa<br />
algumas décadas antes, por Sá de Miranda. Quanto<br />
ao conteúdo, o poema Os lusíadas toma como ponto<br />
de referência um episódio da história de Portugal.<br />
Baseado nesses comentários e em seus próprios<br />
conhecimentos, releia a estrofe citada e indique:<br />
a) o tipo de verso utilizado (pode mencionar simplesmente<br />
o número de sílabas métricas);<br />
b) o episódio da história de Portugal que serve de<br />
núcleo narrativo do poema.<br />
<strong>10</strong>4. Fuvest-SP<br />
I. Eis aqui se descobre a nobre Espanha,<br />
Como cabeça ali de Europa toda<br />
II. Eis aqui quase cume da cabeça<br />
De Europa toda, o reino Lusitano,<br />
Onde a terra se acaba e o mar começa<br />
III. A Europa jaz, posta nos cotovelos:<br />
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,<br />
E toldam-lhe românticos cabelos<br />
Olhos gregos, lembrando.<br />
O cotovelo esquerdo é recuado;<br />
O direito é em ângulo disposto.<br />
Aquele diz Itália onde é pousado;<br />
Este diz Inglaterra onde, afastado,<br />
A mão sustenta, em que se apóia o rosto.<br />
Fita, com olhar sphyngico e fatal,<br />
O Ocidente, futuro do passado.<br />
O rosto com que fita é Portugal.<br />
Os textos I e II iniciam respectivamente as estâncias<br />
17 e 20 do canto III de Os lusíadas, de Luís Vaz de<br />
Camões, e o texto III é um poema do livro Mensagem,<br />
de Fernando Pessoa.<br />
a) A que movimento literário pertence cada um dos<br />
autores?<br />
b) De que recurso comum aos dois textos se valem<br />
os autores para elaborar a descrição da Europa?<br />
69
<strong>10</strong>5. Fuvest-SP<br />
Já vai andando a récua dos homens de Arganil,<br />
acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão<br />
clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo,<br />
e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para<br />
refrigério e doce amparo desta cansada já velhice<br />
minha, não se acabavam as lamentações, tanto que<br />
os montes de mais perto respondiam, quase movidos<br />
de alta piedade (...)<br />
José Saramago. Memorial do convento.<br />
Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita<br />
textualmente palavras de um episódio de Os lusíadas,<br />
visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal<br />
que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio<br />
camoniano e o aspecto criticado são, respectivamente:<br />
a) O Velho do Restelo; a posição subalterna da mulher<br />
na sociedade tradicional portuguesa.<br />
b) Aljubarrota; a sangria populacional provocada<br />
pelos empreendimentos coloniais portugueses.<br />
c) Aljubarrota; o abandono dos idosos decorrente dos<br />
empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários.<br />
d) O Velho do Restelo; o sofrimento popular decorrente<br />
dos empreendimentos dos nobres.<br />
e) Inês de Castro; o sofrimento feminino causado<br />
pelas perseguições da Inquisição.<br />
<strong>10</strong>6. UniCOC-SP<br />
Podemos afirmar que, na época da expansão mercantilista,<br />
havia duas correntes de opinião em Portugal:<br />
uma fundada em valores medievais, mais preocupada<br />
com a agricultura e com princípios da velha nobreza<br />
fundiária; outra voltada para a renovação do perfil<br />
econômico do país, mais preocupada com o comércio<br />
e com os princípios da burguesia em ascensão.<br />
Na obra Os lusíadas, uma das cenas marcantes é a<br />
do Velho do Restelo. A partir das afirmações expostas,<br />
assinale a alternativa correta.<br />
a) O velho se identifica com a segunda corrente<br />
apresentada na afirmação.<br />
b) O velho se identifica com a primeira corrente<br />
apresentada na afirmação.<br />
c) O velho, como era uma pessoa estudada e de<br />
origem nobre, conhece bem a situação econômica<br />
de Portugal na época.<br />
d) O velho não se posiciona sobre as navegações.<br />
Seu discurso é sobre questões metafísicas.<br />
e) O velho, por sua idade e falta de sensatez, apresenta<br />
um discurso que não deve ser avaliado.<br />
<strong>10</strong>7. UniCOC-SP<br />
Lamentando o descaso dos portugueses, seus contemporâneos,<br />
para com a arte da poesia, diz Camões,<br />
em Os lusíadas:<br />
Por isso, e não por falta de natura,<br />
Não há também Virgílios nem Homeros;<br />
Nem haverá, se este costume dura,<br />
Pios Enéias nem Aquiles feros.<br />
Mas o pior de tudo é que a ventura<br />
Tão ásperos os fez, e tão austeros,<br />
Tão rudes e de engenho tão remisso,<br />
Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso.<br />
70<br />
1. Natura: talento, qualidade inata, índole, aptidão.<br />
2. Virgílios nem Homeros: referência aos dois poetas<br />
épicos da Antigüidade Clássica.<br />
3. Pios Enéias: Enéias generosos, piedosos; referência<br />
ao protagonista da Eneida, de Virgílio.<br />
4. Aquiles feros: Aquiles bravos, guerreiros; referência<br />
ao protagonista da Ilíada, de Homero.<br />
5. Ventura: destino, sorte, experiência de vida.<br />
6. Engenho: habilidade, capacidade.<br />
7. Tão remisso: acanhado, embotado, negligente,<br />
desleixado.<br />
A leitura atenta da estrofe transcrita de Os lusíadas<br />
permite concluir corretamente que:<br />
a) Camões antecipa uma das críticas que fará, mais<br />
tarde, no epílogo do poema, aos portugueses de<br />
sua época.<br />
b) o poeta retoma o mesmo tom ufanista da proposição,<br />
na qual, logo na apresentação do poema,<br />
revela seu descontentamento com a decadência<br />
de seu país.<br />
c) afastando-se do rigor formal dos decassílabos e<br />
da oitava-rima, o poeta vale-se de uma forma livre,<br />
criada por ele mesmo.<br />
d) há uma reclusa explícita da influência clássica<br />
de Virgílio e de Homero, exemplos negativos que<br />
fazem os portugueses “tão ásperos”, tão “austeros”<br />
e “tão rudes”.<br />
e) a citação de heróis da cultura greco-latina, como<br />
Aquiles e Enéias, revaloriza elementos tradicionais<br />
de cultura ibérica medieval, que remontam à época<br />
da dominação romana.<br />
<strong>10</strong>8.<br />
Dos episódios “Inês de Castro” e “O Velho do Restelo”,<br />
da obra Os lusíadas, de Luiz de Camões, não é<br />
possível afirmar que:<br />
a) “O Velho do Restelo”, numa antevisão profética,<br />
previu os desastres futuros que se abateriam<br />
sobre a pátria e que arrastariam a nação portuguesa<br />
a um destino de enfraquecimento e<br />
marasmo.<br />
b) “Inês de Castro” caracteriza, dentro da epopéia<br />
camoniana, o gênero lírico porque é um episódio<br />
que narra os amores impossíveis entre Inês e seu<br />
amado Pedro.<br />
c) Restelo era o nome da praia em frente ao templo<br />
de Belém, de onde partiam as naus portuguesas<br />
nas aventuras marítimas.<br />
d) Tanto “Inês de Castro” quanto “O Velho do Restelo”<br />
são episódios que ilustram poeticamente diferentes<br />
circunstâncias da vida portuguesa.<br />
e) O Velho, um dos muitos espectadores na praia,<br />
engrandecia com sua fala as façanhas dos navegadores,<br />
a nobreza guerreira e a máquina mercantil<br />
lusitana.
PV2D-07-POR-34<br />
Leia o texto a seguir e responda às questões de<br />
<strong>10</strong>9 a 111.<br />
As armas e os barões assinalados,<br />
Que, da Ocidental praia lusitana,<br />
Por mares nunca dantes navegados,<br />
Passaram muito além da Taprobana,<br />
Entre perigos e guerras esforçados,<br />
Mais do que prometia a força humana.<br />
Entre gente remota edificaram<br />
Novo reino, que tanto sublimaram:<br />
E também as memórias gloriosas<br />
Daqueles reis que foram dilatando<br />
A Fé, o Império, e as terras viciosas<br />
De África e Ásia andaram devastando,<br />
E aqueles que por obras valerosas<br />
Se vão da lei da morte libertando:<br />
Cantando espalharei por toda parte,<br />
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.<br />
Cessem do sábio grego e do troiano<br />
As navegações grandes que fizeram;<br />
Cale-se de Alexandre e de Trajano<br />
A fama das vitórias que tiveram;<br />
Que eu canto o peito ilustre lusitano<br />
A quem Netuno e Marte obedeceram.<br />
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,<br />
Que outro valor mais alto se alevanta.<br />
Camões, Os lusíadas, I, pp. 1-3.<br />
<strong>10</strong>9.<br />
Quem são os “barões assinalados” a que se refere o<br />
poeta na primeira estrofe?<br />
1<strong>10</strong>.<br />
Na segunda estrofe, o poeta aponta dois dos motivos<br />
que, segundo ele, teriam levado os portugueses à<br />
expansão marítima.<br />
a) Aponte os versos em que esses motivos estão<br />
explicitados.<br />
b) Explique os sentidos desses versos.<br />
c) Aponte uma passagem da obra que desmente a<br />
visão expressa pelo poeta nesses versos.<br />
111.<br />
Na terceira estrofe, pode-se ler um verso que resume<br />
o conteúdo de todo o poema. Transcreva esse verso<br />
e explique-o.<br />
112. PUC-SP<br />
Tu só, tu, puro amor, com força crua<br />
Que os corações humanos tanto obriga,<br />
Deste causa à molesta morte sua,<br />
Como se fora pérfida inimiga.<br />
Se dizem, fero Amor, que a sede tua<br />
Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />
É porque queres, áspero e tirano,<br />
Tuas aras banhar em sangue humano.<br />
Estavas, linda Inês, posta em sossego,<br />
De teus anos colhendo doce fruito,<br />
Naquele engano da alma ledo e cego,<br />
Que a fortuna não deixa durar muito,<br />
Nos saudosos campos do Mondego,<br />
De teus fermosos olhos nunca enxuito,<br />
Aos montes ensinando e às ervinhas,<br />
O nome que no peito escrito tinhas.<br />
Os lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico<br />
na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos<br />
em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O<br />
episódio de Inês de Castro, do qual o trecho exposto faz<br />
parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano<br />
inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como<br />
um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central:<br />
a) personifica e exalta o amor, mais forte que as<br />
conveniências e causa da tragédia de Inês.<br />
b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro<br />
e o casamento solene e festivo de ambos.<br />
c) tem como tema básico a vida simples de Inês de<br />
Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.<br />
d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando<br />
aos montes o nome que no peito escrito tinha.<br />
e) relata em versos livres a paixão de Inês pela<br />
natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono<br />
português.<br />
113. Fuvest-SP<br />
Considere as seguintes afirmações sobre a fala do<br />
Velho do Restelo, em Os lusíadas:<br />
I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas,<br />
encontra-se refletida e sintetizada a experiência<br />
das perdas que causaram, experiência esta já acumulada<br />
na época em que o poema foi escrito.<br />
II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e<br />
às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito<br />
atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber<br />
só de experiências feito”.<br />
III. A condenação enfática que aí se faz à empresa<br />
das navegações e conquistas revela que Camões<br />
teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou<br />
o feito quanto o exaltou.<br />
Está correto apenas o que se afirma em:<br />
a) I. d) I e II.<br />
b) II. e) I e III.<br />
c) III.<br />
114.<br />
Um dos mais famosos sonetos de Camões assim se<br />
inicia:<br />
Transforma-se o amador na cousa amada,<br />
Por virtude do muito imaginar;<br />
Não tenho logo mais que desejar,<br />
Pois em mim tenho a parte desejada.<br />
Você diria que no quarteto apresentado podemos<br />
perceber a visão platônica que Camões tem do amor?<br />
Por quê?<br />
71
115.<br />
Camões distinguiu-se, na literatura portuguesa, entre<br />
outras razões:<br />
a) por ter sido o primeiro escritor clássico de Portugal.<br />
b) por ter sido o maior caricaturista da sociedade<br />
portuguesa do século XVI.<br />
c) por ter criado o teatro popular.<br />
d) por ter escrito a melhor interpretação poética dos<br />
valores espirituais, morais e cívicos que distinguiam<br />
a civilização portuguesa.<br />
116.<br />
Quais são os temas da lírica camoniana?<br />
117.<br />
Sobre a lírica de Camões, é correto afirmar que:<br />
a) é composta inteiramente segundo modelos do<br />
Classicismo renascentista.<br />
b) é composta com versos de “medida nova”, totalmente<br />
adaptada à técnica renascentista.<br />
c) tem em seu centro a tentativa de compreensão da<br />
natureza, do amor e do mundo.<br />
d) tem como elemento fundamental a visão sensual<br />
do amor, sempre carregada do sentido físico,<br />
erótico.<br />
e) mostra uma atitude puramente emocional, sem a<br />
reflexão e o racionalismo próprios do Classicismo.<br />
118.<br />
Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que:<br />
a) está escrita em medida velha e medida nova, isto<br />
é, em versos redondilhos e versos decassílabos,<br />
respectivamente.<br />
b) apresenta-se no estilo clássico e no estilo maneirista,<br />
sendo este último uma transição para o<br />
Barroco.<br />
c) expressa-se em temática variada, contendo<br />
principalmente temas como o “desconcerto do<br />
mundo”, “a mutabilidade das coisas” e o “ideal de<br />
perfeição”.<br />
d) estabelece, através da introspecção, um amplo<br />
painel da sociedade portuguesa do início do século<br />
XVI.<br />
e) busca, além da universalização, uma visão platônica<br />
do conceito amoroso.<br />
119. Mackenzie-SP<br />
Desde seu descobrimento, escreveu-se sobre o Brasil.<br />
Alguns escritores, após tal evento, compuseram textos<br />
com o propósito fundamental de retratar não só a terra<br />
recém-descoberta como também as características de<br />
seus habitantes. Trata-se, pois, de uma literatura de<br />
teor informativo, apesar de se encontrarem, às vezes,<br />
algumas passagens onde se mostram elementos<br />
artísticos.<br />
Aponte a alternativa em que se encontra o nome de um<br />
texto que não se encaixe nessa tendência.<br />
a) Carta do descobrimento<br />
b) Tratado da terra do Brasil<br />
c) Tratado descritivo do Brasil<br />
d) Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal<br />
contra as de Holanda<br />
e) História da província de Santa Cruz, a que vulgarmente<br />
chamamos Brasil<br />
72<br />
120. Mackenzie-SP<br />
Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que:<br />
a) boa parte de sua realização se encontra na poesia<br />
de inspiração clássica.<br />
b) sua temática é variada, encontrando-se desde<br />
temas abstratos até tradicionais.<br />
c) no aspecto formal, é toda construída em versos<br />
decassílabos em oitava rima.<br />
d) sonda o sombrio mundo do eu, da mulher, da<br />
natureza e de Deus.<br />
e) muitas vezes, o poeta procura conceituar o amor,<br />
lançando mão de antíteses e paradoxos.<br />
121. Fuvest-SP<br />
Qual a diferença mais significativa entre a poesia épica<br />
e a lírica: o tipo de verso empregado ou o conteúdo?<br />
Justifique sua resposta.<br />
122.<br />
Cara minha inimiga, em cuja mão<br />
Pôs meus contentamentos a ventura,<br />
Faltou-te a ti na terra sepultura,<br />
Por que me falta a mim consolação.<br />
Eternamente as águas lograrão<br />
A tua peregrina fermosura;<br />
Mas, enquanto me a mim a vida dura,<br />
Sempre viva em minha alma te acharão.<br />
E, se os meus rudes versos podem tanto<br />
Que possam prometer-te longa história<br />
Daquele amor tão puro e verdadeiro,<br />
Celebrada serás sempre em meu canto;<br />
Porque, enquanto no mundo houver memória,<br />
Será minha escritura teu letreiro.<br />
Luís de Camões<br />
a) Aponte e explique a antítese que há no início do<br />
poema.<br />
b) Neste poema, há referência a um acontecimento<br />
que parece ter relação com um dado da biografia<br />
de Camões: a perda da amada. Segundo o poema,<br />
em que circunstâncias se deu essa morte? Quais<br />
os versos que se referem a ela?<br />
c) Qual o tipo de verso empregado? Trata-se da<br />
medida velha ou da nova?<br />
d) Por que se trata de um soneto? Qual seu esquema<br />
de rimas?<br />
123.<br />
Soneto do amor total<br />
Amo-te tanto, meu amor... não cante<br />
O humano coração com mais verdade...<br />
Amo-te como amigo e como amante<br />
Numa sempre diversa realidade.<br />
Amo-te a fim de um calmo amor prestante<br />
E te amo além, presente na saudade.<br />
Amo-te, enfim, com grande liberdade<br />
Dentro da eternidade e a cada instante.
PV2D-07-POR-34<br />
Amo-te como um bicho, simplesmente<br />
De um amor sem mistério e sem virtude<br />
Com um desejo maciço e permanente.<br />
E de amar assim, muito e amiúde<br />
É que um dia em teu corpo de repente<br />
Hei de morrer de amar mais do que pude.<br />
Vinícius de Moraes. Livro dos sonetos.<br />
A crítica costuma apontar Vinícius de Moraes como<br />
um dos herdeiros da lírica camoniana. Aponte semelhanças<br />
entre as duas obras tanto do ponto de vista<br />
temático quanto formal.<br />
124.<br />
A terra<br />
Esta terra, Senhor, me aparece que da ponta<br />
que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra<br />
o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista,<br />
será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e<br />
cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas<br />
partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas<br />
brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de<br />
arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia-palma, muito<br />
chã e muito formosa. (...)<br />
Nela até agora não pudemos saber que haja ouro,<br />
nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem<br />
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares,<br />
assim frios e temperados como os de Entre-Douro e<br />
Minho.(...)<br />
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa<br />
que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo,<br />
por bem das águas que tem.<br />
Caminha, Pero Vaz de. A carta de Caminha.<br />
Carta de Pero Vaz<br />
A terra é mui graciosa,<br />
Tão fértil eu nunca vi.<br />
A gente vai passear,<br />
No chão espeta um caniço,<br />
No dia seguinte nasce<br />
Bengala de castão de oiro.<br />
Tem goiabas, melancias,<br />
Banana que nem chuchu.<br />
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,<br />
De plumagens mui vistosas.<br />
Tem macaco até demais.<br />
Diamantes tem à vontade,<br />
Esmeralda é para os trouxas.<br />
Reforçai, senhor, a arca,<br />
Cruzados não faltarão,<br />
Vossa perna encanareis,<br />
Salvo o devido respeito.<br />
Ficarei muito saudoso<br />
Se for embora daqui.<br />
MENDES, Murilo. História do Brasil.<br />
Os dois textos, representantes de dois períodos literários<br />
distantes, revelam duas perspectivas diferentes.<br />
Indique:<br />
a) a diferença entre o texto original e o segundo, em<br />
função da descrição da terra;<br />
b) o período literário a que corresponde cada texto.<br />
125. UFBA<br />
As manifestações literárias no Brasil do século XVI<br />
foram, fundamentalmente:<br />
a) relatos de viajantes e missionários estrangeiros e<br />
escritos catequéticos de Anchieta.<br />
b) poemas épicos indianistas e poesia lírica de caráter<br />
religioso.<br />
c) teatro de sátira política e crônicas sobre o cotidiano<br />
das pequenas cidades.<br />
d) obras de caráter pedagógico, de circulação<br />
restrita.<br />
e) cartas dos colonos aos familiares da metrópole e<br />
documentos de protesto contra a escravização dos<br />
negros.<br />
126. Fuvest–SP<br />
Na lírica de Camões:<br />
a) método usado para a composição dos sonetos é<br />
a redondilha maior.<br />
b) encontram-se sonetos, sátiras, odes e autos.<br />
c) cantar a Pátria é o centro das preocupações.<br />
d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos<br />
poetas brasileiros do século XX.<br />
e) a mulher é vista em seus aspectos físicos, despojada<br />
de espiritualidade.<br />
127. Unicamp-SP<br />
Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e<br />
não se sente;<br />
É um contentamento descontente; / É dor que<br />
desatina sem doer;<br />
Lírica de Camões, seleção, prefácio e notas<br />
de Massaud Moisés<br />
Terror de te amar num sítio frágil como o mundo.<br />
Mal de te amar neste lugar de imperfeição<br />
Onde tudo nos quebra e emudece<br />
Onde tudo nos mente e nos separa.<br />
Sophia M. B. Andresen, Terror de amar, em<br />
Antologia poética.<br />
Dos dois textos transcritos, o primeiro é de Luís Vaz<br />
de Camões (século XVI) e o segundo, de Sophia M.B.<br />
Andresen (século XX).<br />
Compare-os, discutindo, através de critérios formais<br />
e temáticos, aspectos em que ambos se aproximam<br />
e aspectos em que ambos se distanciam.<br />
128. Vunesp<br />
Língua <strong>Portugues</strong>a<br />
Última flor do Lácio, inculta e bela<br />
És, a um tempo, esplendor e sepultura:<br />
Ouro nativo, que na ganga impura<br />
A bruta mina entre os cascalhos vela...<br />
Amo-te assim desconhecida e obscura,<br />
Tuba de alto clangor, lira singela,<br />
que tens o trom e o silvo da procela<br />
E o arrolo da saudade e da ternura!<br />
73
74<br />
Amo o teu viço agreste e o teu aroma<br />
De virgens selvas e de oceano largo!<br />
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,<br />
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”<br />
E em que Camões chorou, no exílio amargo,<br />
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!<br />
Olavo Bilac, Tarde (1919)<br />
Língua<br />
(a Violeta Gervaiseau)<br />
Gosto de sentir a minha língua roçar<br />
A língua de Luís Camões.<br />
Gosto de ser e de estar<br />
E quero me dedicar<br />
A criar confusões de prosódia<br />
E uma profusão de paródias<br />
Que encurtem dores<br />
E furtem cores como camaleões.<br />
Gosto do Pessoa na pessoa<br />
Da rosa no Rosa,<br />
E sei que a poesia está para a prosa<br />
Assim como o amor está para a amizade.<br />
E quem há de negar que esta lhe é superior?<br />
E deixa os portugais morrerem à míngua,<br />
“Minha pátria é minha língua”<br />
– Fala Mangueira!<br />
Flor do Lácio Sambódromo<br />
Lusamérica latim em pó<br />
O que quer<br />
O que pode<br />
Esta língua?<br />
Caetano Veloso, em Velô (1984)<br />
Além de Luís de Camões, que aparece mencionado<br />
nos dois textos, o poema de Caetano menciona outros<br />
dois escritores. Cite pelo menos uma obra importante<br />
de cada um destes dois literatos.<br />
129.<br />
Leia o texto seguinte, retirado de um poema de Camões.<br />
Aquela cativa<br />
Que me tem cativo,<br />
Porque nela vivo<br />
Já não quer que viva.<br />
Eu nunca vi rosa<br />
Em suaves molhos<br />
Que para meus olhos<br />
Fosse mais fermosa.<br />
a) Qual o tipo de verso empregado no poema?<br />
b) Trata-se de um poema tipicamente clássico? Justifique<br />
sua resposta.<br />
c) A expressão “cativo(a)” quer dizer “escravo(a)”.<br />
Sabendo disso, responda: o que o poeta quis dizer<br />
nos dois primeiros versos?<br />
130.<br />
O culto à natureza, característica da Literatura Brasileira,<br />
tem sua origem nos textos da Literatura de Informação.<br />
Assinale o fragmento da Carta de Caminha<br />
que já revela a mencionada característica:<br />
a) Viu um deles umas contas de rosário, brancas;<br />
acenou que lhas dessem, folgou muito com elas,<br />
e lançou-as ao pescoço.<br />
b) Assim, quando o batel chegou à foz do rio, estavam<br />
ali dezoito ou vinte homens pardos, todos<br />
nus, sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas<br />
vergonhas.<br />
c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frio e<br />
temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque,<br />
neste tempo de agora, assim os achávamos<br />
como os de lá. Águas são muitas e infindas. De<br />
tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la,<br />
dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.<br />
d) Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me<br />
parece que será salvar esta gente. E esta deve<br />
ser a principal semente que Vossa Alteza em ela<br />
deve alcançar.<br />
e) Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão<br />
traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram<br />
para a terra, como quem diz que os havia ali.<br />
131. Unama-PA<br />
Seguimos nosso caminho por este mar de longo<br />
Até a oitava da Páscoa<br />
Topamos aves<br />
E houvemos vista de terra<br />
Os selvagens<br />
Mostraram-lhes uma galinha<br />
Quase haviam medo dela<br />
E não queriam pôr a mão<br />
E depois a tomaram como espantados<br />
primeiro chá<br />
Depois de dançarem<br />
Diogo Dias<br />
Fez o salto real<br />
as meninas da gare<br />
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis<br />
Com cabelos mui pretos pelas espáduas<br />
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas<br />
Que de nós as muito bem olharmos<br />
Não tínhamos nenhuma vergonha.<br />
Oswald de Andrade, Poesias reunidas<br />
A terra é tão fermosa<br />
e de tanto arvoredo<br />
tamanho e tão basto<br />
que o homem não dá conta.<br />
No clarão matutino<br />
os tucanos rombudos<br />
eram como figuras<br />
a lápis encarnado<br />
e que houvessem fugido<br />
do caderno escolar<br />
em que Deus aprendia<br />
desenho, em menino.<br />
Tupis em alvoroço,<br />
Tribos guerreiras, mansas,<br />
troféus verdes na ponta<br />
dos chuços e das lanças.<br />
Jequitiranabóias.
PV2D-07-POR-34<br />
Colar de osso ao pescoço,<br />
vermelhas araçóias,<br />
cocares multicores.<br />
Cada qual com o seu sol<br />
de plumas à cabeça.<br />
Guerreiros da manhã<br />
que haviam já descido<br />
dos Andes à procura<br />
da Noite, que estaria<br />
para os lados do Atlântico.<br />
..........................................<br />
Cassianos Ricardo, Martim Cererê<br />
Os excertos mostrados, de poetas da 1ª fase do Modernismo,<br />
têm seu referencial na origem e na formação<br />
da Literatura Brasileira. Assinale a alternativa que<br />
identifica esse referencial.<br />
a) Literatura dos jesuítas — Auto de São Lourenço<br />
b) Literatura dos viajantes — Carta do Descobrimento<br />
c) Literatura dos viajantes — Tratado da terra do<br />
Brasil<br />
d) Seiscentismo — Prosopopéia<br />
e) Seiscentismo — Sermão da sexagésima<br />
Capítulo 3<br />
134. UniCOC-SP<br />
É correto afirmar que a estética barroca se valeu de:<br />
a) um acentuado equilíbrio em suas manifestações<br />
artísticas, em que o homem se sente capaz de<br />
igualar as capacidades dos deuses, que sempre<br />
o favorecem.<br />
b) uma insatisfação em relação à vida de sua época,<br />
dando destaque ao sofrimento amoroso e à religiosidade<br />
inata do homem.<br />
c) uma linguagem rebuscada, entremeada de inversões<br />
e figuras, mostrando um homem em conflito<br />
entre o pecado e o perdão divino.<br />
d) um requinte formal, de uma linguagem castiça em<br />
sonetos que muitas vezes procuravam descrever<br />
objetos raros e preciosos, como vasos e taças.<br />
e) uma postura bastante otimista, pois o cientificismo<br />
da época valoriza especialmente a ação humana.<br />
135. UniCOC-SP<br />
Texto 1<br />
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,<br />
Muda-se o ser, muda-se a confiança;<br />
Todo o mundo é composto de mudança,<br />
Tomando sempre novas qualidades.<br />
Continuamente vemos novidades,<br />
Diferentes em tudo da esperança;<br />
Do mal ficam as mágoas na lembrança,<br />
E do bem (se algum houve...) as saudades.<br />
132. UFV–MG<br />
Sobre José de Anchieta, é incorreto afirmar que:<br />
a) cultivou especialmente os autos, buscando, na alegoria,<br />
tornar mais acessíveis às mentes indígenas<br />
os conceitos e os dogmas do cristianismo.<br />
b) no teatro, o Auto de São Lourenço destaca-se<br />
como obra catequética de influência medieval.<br />
c) na poesia lírica, encontram-se suas mais belas<br />
composições, expressivas de uma fé profunda.<br />
d) apesar de pautada na língua e na cultura do índio,<br />
sua produção literária não se caracteriza como<br />
literatura já tipicamente brasileira.<br />
e) sua obra teatral, marcadamente alegórica e antireligiosa,<br />
moldou-se nos padrões renascentistas.<br />
133. Ufla-MG<br />
Todas as alternativas sobre o Padre José de Anchieta<br />
são corretas, exceto:<br />
a) Foi o mais importante jesuíta em atividade no Brasil<br />
do século XVI.<br />
b) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa,<br />
com seus sermões barrocos.<br />
c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha<br />
sobre a gramática da língua dos nativos.<br />
d) Escreveu tanto uma literatura de caráter informativo<br />
como de caráter pedagógico.<br />
e) Suas peças apresentam sempre o duelo entre<br />
anjos e diabos.<br />
O tempo cobre o chão de verde manto,<br />
Que já coberto foi de neve fria,<br />
E em mim converte em choro o doce canto.<br />
E afora este mudar-se cada dia,<br />
Outra mudança faz de mor espanto:<br />
Que não se muda já como soía.<br />
Luís Vaz de Camões<br />
Texto 2<br />
É a vaidade, Fábio, nesta vida,<br />
Rosa, que da manhã lisonjeada,<br />
Púrpuras mil, com ambição dourada,<br />
Airosa rompe, arrasta presumida.<br />
É planta, que de abril favorecida,<br />
Por mares de soberba desatada,<br />
Florida galeota empavesada<br />
Sulca ufana, arrasta destemida.<br />
É nau, enfim, que em breve ligeireza,<br />
Com presunção de Fênix generosa,<br />
Galhardias apresta, alentos preza:<br />
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa,<br />
De que importa, se aguarda sem defesa<br />
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?<br />
Gregório de Matos<br />
75
Assinale a alternativa correta sobre os textos dados.<br />
a) O texto 1 é claro exemplo de poesia neoclássica,<br />
enquanto o texto 2 é nitidamente barroco.<br />
b) A temática de ambos é a mesma: o desconcerto<br />
do mundo.<br />
c) Enquanto o texto 1 aborda a temática do desconcerto<br />
do mundo, o texto 2 combate a vaidade e o<br />
culto da aparência.<br />
d) O texto 1 é exemplo de poema cuja temática é a<br />
frustração amorosa, assunto sutilmente abordado<br />
no texto 2.<br />
e) O texto 2 é um caso de poesia encomiástica, em<br />
que se presta homenagem a alguém, no caso a<br />
Fábio, possivelmente um amigo do poeta.<br />
136. UFPB<br />
Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.<br />
76<br />
Soneto da separação<br />
De repente do riso fez-se o pranto<br />
Silencioso e branco como a bruma<br />
E das bocas unidas fez-se a espuma<br />
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.<br />
De repente da calma fez-se o vento<br />
Que dos olhos desfez a última chama<br />
E da paixão fez-se o pressentimento<br />
E do momento imóvel fez-se o drama.<br />
De repente, não mais que de repente<br />
Fez-se de triste o que se fez amante<br />
E de sozinho o que se fez contente.<br />
Fez-se do amigo próximo o distante<br />
Fez-se da vida uma aventura errante<br />
De repente, não mais que de repente.<br />
Vinícius de Moraes<br />
Um dos recursos instaurados pela contemporaneidade<br />
poética é a “liberdade de expressão”, que possibilitou,<br />
inclusive, a permanência de modelos clássicos do<br />
fazer poético. Em Soneto da separação, observa-se<br />
o resgate da forma fixa, além do uso da antítese para<br />
expressar a angústia da separação.<br />
a) Retire do poema duas antíteses.<br />
b) Que estilo de época acrescenta à presença de<br />
antíteses o exagero expressivo como reflexo de<br />
um intenso conflito espiritual?<br />
137. Fuvest-SP<br />
Leia atentamente o texto.<br />
Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem<br />
a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que<br />
saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China,<br />
ao Japão; os que semeiam sem sair são os que se<br />
contentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão,<br />
mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em<br />
casa, pagar-lhes-ão a semeadura: aos que vão buscar<br />
a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e<br />
hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah!<br />
pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço:<br />
os de lá, com mais passos...<br />
Padre Antônio Vieira<br />
Todas as características barrocas citadas podem ser<br />
identificadas no texto, exceto:<br />
a) gosto pelas antíteses.<br />
b) jogo de palavras.<br />
c) contraposição de espírito e matéria.<br />
d) jogo de idéias.<br />
e) raciocínio rebuscado.<br />
138. Fuvest-SP<br />
O cultismo e o conceptismo, aspectos contrastantes<br />
fundidos no Barroco, relacionam-se respectivamente<br />
a todas as oposições a seguir, exceto:<br />
a) forma e conteúdo. d) vida e morte.<br />
b) sentidos e inteligência. e) fantasia e raciocínio.<br />
c) imaginação e razão.<br />
139.<br />
Ofendido vos tem minha maldade,<br />
É verdade, Senhor, que hei delinqüido,<br />
Delinqüido vos tenho, e ofendido,<br />
Ofendido vos tem minha maldade.<br />
Maldade que encaminha a vaidade,<br />
Vaidade que todo me há vencido,<br />
Vencido que ver-me e arrependido,<br />
Arrependido a tanta enormidade.<br />
Gregório de Matos<br />
Que aspectos da arte barroca são encontrados no<br />
trecho exposto?<br />
140. UFPE<br />
Discreta e formosíssima Maria<br />
Enquanto estamos vendo a qualquer hora<br />
Em tuas faces a rosada Aurora,<br />
Em teus olhos e boca, o sol e o dia:<br />
............................................................<br />
Goza, goza da flor da mocidade<br />
Que o tempo trata a toda ligeireza<br />
E imprime em toda flor sua pisada.<br />
Gregório de Matos<br />
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora,<br />
A lua nas janelas bate em cheio.<br />
Boa-noite, Maria! É tarde...é tarde...<br />
Não me apertes assim contra teu seio.<br />
.........................................................<br />
Mas não me digas descobrindo o peito<br />
Mar de amor onde vagam meus desejos<br />
Castro Alves<br />
Nos versos acima, o lirismo barroco, em Gregório de<br />
Matos, e o romântico, em Castro Alves, apresentam<br />
pontos de divergência e convergência, apesar de pertencerem<br />
a movimentos literários diferentes, distanciados<br />
por séculos. As convergências se devem a que:<br />
a) a visão do amor, fundamentada na religiosidade<br />
contra-reformista, elimina a expressão do amor<br />
físico, sublimando o sentimento.<br />
b) as relações amorosas são apresentadas de uma<br />
maneira sensual e ardente.
PV2D-07-POR-34<br />
c) o tema do Carpe diem faz referência ao aproveitamento<br />
da vida e da beleza, na sua brevidade;<br />
esse tema aparece em ambos como uma reflexão<br />
sobre a transitoriedade das coisas.<br />
d) utilizando o discurso direto, os poetas descrevem<br />
suas amadas recorrendo a metáforas alusivas a<br />
elementos da natureza.<br />
e) em ambos os poemas, as mulheres são descritas<br />
como figuras contraditórias, simultaneamente<br />
angelicais e demoníacas.<br />
141.<br />
Assinale a alternativa incorreta.<br />
O Barroco surgiu como reação aos ideais da Idade<br />
Média e à valorização demasiada da Antigüidade<br />
Clássica, apresentando:<br />
a) a fusão do teocentrismo com o antropocentrismo.<br />
b) predomínio do equilíbrio em todas as formas artísticas.<br />
c) estilo rebuscado como manifestação de angústia.<br />
d) predomínio de forma, cor e riqueza, em detrimento<br />
de conteúdo.<br />
e) a fusão do pecado com o perdão.<br />
142. Fuvest-SP<br />
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.<br />
Depois da luz, se segue a noite escura,<br />
Em tristes sombras morre a formosura,<br />
Em contínuas tristezas e alegria.<br />
Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos<br />
Guerra, a principal característica do Barroco é:<br />
a) o culto da Natureza.<br />
b) a utilização de rimas alternadas.<br />
c) a forte presença de antíteses.<br />
d) o culto do amor cortês.<br />
e) o uso de aliterações.<br />
143.<br />
Duas atitudes diferentes, dois diferentes processos:<br />
a atitude sensual de rebusca do mais pulcro e<br />
fulgurante para o encanto dos olhos; a atitude intelectual,<br />
que formula o conceito engenhoso, para<br />
deliciado pasmo do espírito dialético. De comum,<br />
apenas o objetivo de surpreender pela singularidade<br />
espantosa.<br />
Hernâni Cidade<br />
Quais são os dois processos a que se refere o crítico<br />
português, respectivamente?<br />
144.<br />
Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos<br />
construtivos do Barroco, assinale a única alternativa<br />
incorreta.<br />
a) O cultismo opera através de analogias sensoriais,<br />
valorizando a identificação dos seres por metáforas.<br />
O conceptismo valoriza a atitude intelectual,<br />
a argumentação.<br />
b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do<br />
Barroco que não se excluem. É possível localizar<br />
no mesmo autor e até no mesmo texto os dois<br />
elementos.<br />
c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da<br />
linguagem, pelo abuso no emprego de figuras<br />
semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo<br />
valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza<br />
no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos,<br />
paradoxos.<br />
d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também<br />
conhecido como gongorismo e seu mais ardente<br />
defensor, no Sermão da Sexagésima, propõe a<br />
primazia da palavra sobre a idéia.<br />
e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos<br />
poetas foram os de Gôngora e Marini, e o conceptismo<br />
de Quevedo foi o que maiores influências<br />
deixou em Gregório de Matos.<br />
145.<br />
Explique o conceito de “cultismo”, recurso tão encontrado<br />
nos textos barrocos. Utilize, para isso, os seguintes<br />
versos de Gregório de Matos:<br />
O todo sem a parte não é o todo;<br />
A parte sem o todo não é parte;<br />
Mas se a parte faz o todo, sendo parte,<br />
Não se diga que é parte, sendo o todo.<br />
Em todo o Sacramento está Deus todo,<br />
E todo assiste inteiro em qualquer parte,<br />
E feito em partes todo em toda a parte,<br />
Em qualquer parte sempre fica todo.<br />
146. Ufla-MG<br />
Assinale a alternativa que contém características<br />
incompatíveis com o estilo de época conhecido por<br />
Barroco.<br />
a) Contradições, sobrenatural humanizado, céu e<br />
terra ligados.<br />
b) Gosto pela polêmica, pelo panfleto, colisão de cores<br />
e excesso de relevos.<br />
c) Sentido de universalidade, racionalismo e objetividade.<br />
d) As coisas, pessoas e ações não são descritas, mas<br />
apenas evocadas e refletidas através da visão das<br />
personagens.<br />
e) Largo sentimento de grandiosidade e esplendor, de<br />
pompa e grandeza heróica, expressos na tendência<br />
ao exagero e ao hiperbólico.<br />
147. Uniube-MG<br />
Castigada, desfeita, malograda, [a mariposa]<br />
Por ousada, por débil, por briosa,<br />
Ao raio, ao resplendor, à luz formosa,<br />
Cai triste, fica vã, morre abrasada.<br />
O texto lembra que na estética barroca foram freqüentes:<br />
a) a tendência ao narrativo, a impessoalidade da<br />
expressão e do léxico, a concisão.<br />
b) a economia de recursos de estilo, o uso de léxico<br />
não-poético, a reiteração das idéias.<br />
c) a prolixidade, a tendência ao descritivo, a reiteração<br />
das idéias.<br />
d) o uso intenso de metáforas, a extrema contenção,<br />
a economia de recursos expressivos.<br />
e) o uso de contrastes, a impessoalidade da expressão,<br />
o uso de léxico não-poético.<br />
77
148. FCC-BA<br />
78<br />
Teme o fim, flor ufana, que a temê-lo<br />
A própria formosura te convida.<br />
A vós divinos olhos, eclipsados,<br />
De tanto sangue e lágrimas cobertos,<br />
Pois, para perdoar-me, estais despertos<br />
E, por não condenar-me, estais fechados.<br />
O texto barroco, conforme lembram os excertos mostrados,<br />
não raro:<br />
a) se angustia com a fatuidade e a brevidade da existência<br />
e busca a redenção pela religiosidade.<br />
b) traz ao leitor uma visão paradisíaca da existência,<br />
abençoada pelo sacrifício da divindade.<br />
c) é fortemente moralista e exorta o homem a desprezar<br />
os prazeres e a vida terrena, porque a<br />
divindade o espreita, sempre vigilante.<br />
d) é densamente espiritualizado, fortemente religioso<br />
e descompromissado com a observação da<br />
realidade física e com os aspectos materiais do<br />
mundo.<br />
e) é fortemente emocionado e, por conseqüência,<br />
valoriza a capacidade do indivíduo de fruir os<br />
aspectos positivos que o mundo lhe oferece.<br />
149. USF-SP<br />
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,<br />
Te lembrar hoje Deus por sua Igreja;<br />
De pó te fez espelho, em que se veja<br />
A vil matéria, de que quis formar-te.<br />
Conforme sugere o excerto, o poeta barroco não raro<br />
expressa:<br />
a) o medo de ser infeliz; uma imensa angústia em<br />
face da vida, a que não consegue dar sentido; a<br />
desilusão diante da falência de valores terrenos e<br />
divinos.<br />
b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero<br />
e vão; o sentimento de nulidade diante do poder<br />
divino.<br />
c) a percepção de que não há saídas para o homem;<br />
a certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça<br />
espiritual.<br />
d) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela<br />
à vontade de fruir até as últimas conseqüências o<br />
lado material da vida.<br />
e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses<br />
imprimem a seu destino e à vida na terra.<br />
150. ESPM-SP<br />
Considere os versos:<br />
Mui grande é Vosso amor e meu delito;<br />
Porém pode ter fim todo o pecar,<br />
E não o Vosso amor, que é infinito.<br />
Essa razão me obriga a confiar<br />
Que, por mais que pequei, neste conflito<br />
Espero em Vosso amor de me salvar.<br />
Esses versos que o poeta barroco Gregório de Matos<br />
dirige a Cristo apresentam uma visão sofismática típica<br />
da época. Assinale a opção em que ocorre o mesmo<br />
tipo de argumentação.<br />
a) O amor divino pode salvar o ser humano do conflito<br />
de confiar na infinitude do pecado.<br />
b) Como o amor de Cristo é muito maior que o pecado<br />
do indivíduo, a salvação é certa.<br />
c) A razão que o poder divino impõe ao ser humano<br />
faz com que ele confie no amor e na salvação.<br />
d) O amor de Cristo, infinito, faz o poeta desejar o fim<br />
do ato de pecar.<br />
e) O conflito divino induz o ser humano a buscar o<br />
amor infinito com a salvação.<br />
151. Cefet-PR<br />
Queimada veja eu a terra,<br />
onde o torpe idiotismo<br />
chama aos entendidos néscios,<br />
aos néscios chama entendidos.<br />
Queimada veja eu a terra,<br />
Onde em casa, e nos corrilhos<br />
Os asnos me chamam d’asno,<br />
Parece coisa de riso.<br />
Eu sei de um clérigo zote<br />
Parente em grau conhecido<br />
Destes, que não sabem musa, mau grego e pior latim<br />
Famoso em cartas, e dados<br />
(...)<br />
Ambicioso, avarento,<br />
Das próprias negras amigo.<br />
No fragmento poético-satírico mostrado, o poeta<br />
Gregório de Matos, ao sair da Bahia colonial, escreve<br />
sobre essa sociedade e seus integrantes. Podemos<br />
afirmar que, nesse fragmento, o poeta:<br />
a) demonstra grande apreço pela sociedade baiana.<br />
b) reforça o preconceito em relação ao elemento<br />
negro.<br />
c) fortalece uma visão positiva do consórcio das<br />
raças.<br />
d) usa de antítese, característica da linguagem barroca,<br />
para exaltar os baianos.<br />
e) descreve de modo imparcial o meio colonial baiano.<br />
152.<br />
Que é terra, homem, e em terra hás de tornar-te,<br />
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;<br />
De pó te faz espelho em que se veja<br />
A vil matéria de que quis formar-te.<br />
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,<br />
E como o teu baixel sempre fraqueja<br />
Nos mares da vaidade, onde peleja,<br />
Te põe à vista a terra, onde salvar-te.<br />
Alerta, alerta pois, que o vento berra.<br />
E se assopra a vaidade, e incha o pano,<br />
Na proa a terra tens, amaina, e ferra.<br />
Todo o lenho mortal, baixel humano<br />
Se busca a salvação, tome hoje terra,<br />
Que a terra de hoje é porto soberano.<br />
O poema acima desenvolve uma metáfora.<br />
a) De que metáfora se trata?<br />
b) Qual o desenvolvimento que o poema dá a ela?
PV2D-07-POR-34<br />
153.<br />
Dê argumentos que permitam considerar o padre<br />
Antônio Vieira como um expoente tanto da literatura<br />
portuguesa quanto da literatura brasileira.<br />
154. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa incorreta.<br />
a) Julgada em bloco, a literatura brasileira do quinhentismo<br />
é uma típica manifestação barroca.<br />
b) Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o<br />
dualismo barroco: mistura de religiosidade e sensualismo,<br />
misticismo e erotismo, valores terrenos<br />
e aspirações espirituais.<br />
c) A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo<br />
nascido pela mão dos jesuítas, com intenção<br />
doutrinária.<br />
d) Com Antônio Vieira, a estética barroca atinge o<br />
seu ponto alto em prosa no Brasil.<br />
e) Não se deve dizer que a literatura seiscentista<br />
brasileira seja inferior por ser barroca, mas sim<br />
que é uma literatura barroca de qualidade inferior,<br />
com exceções raras.<br />
155.<br />
Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os<br />
pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se<br />
de uma parte está branco, da outra há de estar negro;<br />
se de uma parte está dia, da outra há de estar noite; se<br />
de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra;<br />
se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer<br />
subiu. Aprendamos do céu o estilo da disposição, e<br />
também o das palavras.<br />
No excerto, Padre Vieira, condenando o abuso de ____<br />
______, critica alguns excessos do estilo ________.<br />
a) antíteses – barroco<br />
b) metáforas – arcádico<br />
c) metonímias – romântico<br />
d) antíteses – arcádico<br />
e) metonímias – barroco<br />
156. PUC-MG<br />
O texto a seguir, de padre Antônio Vieira, pertence ao<br />
estilo barroco. Comprove a afirmação, identificando,<br />
no trecho, três características do estilo.<br />
Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo<br />
pode proceder de um de três princípios: ou da parte do<br />
pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus.<br />
Para uma alma se converter por meio de um<br />
sermão, há de haver três concursos: há de concorrer<br />
o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer<br />
o ouvinte com o entendimento, percebendo; há<br />
de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um<br />
homem ver a si mesmo, são necessárias três coisas:<br />
olhos, espelhos e luz. Logo, há mister luz, há mister<br />
espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de<br />
uma alma senão entrar um homem dentro de si e ver-se<br />
a si mesmo? Para essa vista são necessários olhos,<br />
é necessária luz e é necessário espelho. O pregador<br />
concorre com o espelho, que é doutrina; Deus concorre<br />
com a luz, que é a graça; o homem concorre com os<br />
olhos, que é o conhecimento.<br />
157. PUC-RJ<br />
01 Navegava Alexandre em uma poderosa armada<br />
pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse<br />
trazido à sua presença um pirata que por ali andava<br />
roubando os pescadores, repreendeu-o muito<br />
05 Alexandre de andar em tão mau ofício; porém,<br />
ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu<br />
assim. – Basta, senhor, que eu, porque roubo em<br />
uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em<br />
uma armada, sois imperador? – Assim é. O roubar<br />
<strong>10</strong> pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar<br />
com pouco poder faz os piratas, o roubar com<br />
muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem<br />
distinguir as qualidades e interpretar as significações,<br />
a uns e outros definiu com o mesmo nome:<br />
15<br />
Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem<br />
animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de<br />
Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o<br />
ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm<br />
o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.<br />
Fragmento do Sermão do bom ladrão, de Pe. Antônio Vieira.<br />
Uma das mais importantes características da obra do<br />
Padre Antônio Vieira refere-se à presença constante<br />
em seus sermões das dimensões social e política,<br />
somadas à religiosa. Comente esta afirmativa em<br />
função do texto acima.<br />
158.<br />
Assinale a alternativa incorreta.<br />
a) Em seus sermões, de estilo conceptista, o Padre<br />
Antônio Vieira segue os moldes da parenética<br />
medieval.<br />
b) Caracteriza o Barroco a tentativa de unir os valores<br />
medievais aos renascentistas.<br />
c) O poema épico Prosopopéia foi escrito em versos<br />
decassílabos e oitava-rima e é considerado o<br />
marco inicial do Barroco no Brasil.<br />
d) Apesar de ser conhecido como poeta satírico,<br />
Gregório de Matos também escreveu poesia lírica<br />
e religiosa.<br />
e) O cultismo caracteriza-se como uma seqüência<br />
de raciocínios lógicos, usando uma retórica<br />
aprimorada, que despreza a linguagem rebuscada.<br />
159. Fuvest-SP<br />
A respeito do padre Antônio Vieira, pode-se afirmar<br />
que:<br />
a) embora vivesse no Brasil, por sua formação lusitana,<br />
não se ocupou de problemas locais.<br />
b) procurava adequar os textos bíblicos às realidades<br />
de que tratava.<br />
c) dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse<br />
por assuntos mundanos.<br />
d) em função de seu zelo para com Deus, utilizava-O<br />
para justificar todos os acontecimentos políticos e<br />
sociais.<br />
e) mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos.<br />
79
160. UFRGS-RS<br />
Assinale a alternativa que preenche adequadamente as<br />
lacunas do texto a seguir, na ordem em que aparecem.<br />
Padre Antônio Vieira é um dos principais autores<br />
do _____________, movimento em que o homem é<br />
conduzido pela ______________ e que tem, entre<br />
suas características, o ______________, com seus<br />
jogos de palavras, de imagens e de construção, e o<br />
_____________ com o uso de silogismo, processo<br />
racional de demonstrar uma asserção.<br />
a) gongorismo – exaltação vital – cultismo – preciosismo<br />
b) conceptismo – fé – preciosismo – gongorismo<br />
c) Barroco – depressão vital – conceptismo – cultismo<br />
d) Conceptismo – depressão vital – gongorismo<br />
– preciosismo<br />
e) Barroco – fé – cultismo – conceptismo<br />
161.<br />
Da mesma maneira, uma coisa é o semeador, e outra<br />
o que semeia; uma coisa é o pregador, e outra o<br />
que prega. O semeador e o pregador é nome; o que<br />
semeia e o que prega é ação; e as ações são as que<br />
dão o ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser<br />
pregador de nome, não importa nada; as ações, a<br />
vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o<br />
mundo. O melhor conceito que o pregador leva ao<br />
púlpito, qual cuidais que é? É o conceito que de sua<br />
vida têm os ouvintes.<br />
Padre Antônio Vieira, Sermão da sexagésima.<br />
Assinale a alternativa que indique a idéia básica do<br />
texto apresentado.<br />
a) Vieira defende a separação entre as atividades<br />
religiosas e as agrícolas, para as quais, naquele<br />
tempo, era dedicado o tempo dos padres.<br />
b) Vieira defende que os religiosos da época deviam<br />
dividir seu tempo entre a pregação e o trabalho<br />
agrícola.<br />
c) Vieira despreza a atividade do pregador, que considerava<br />
extremamente improdutiva e inútil para a<br />
vida nacional.<br />
d) Vieira afirma que as atitudes do pregador, na vida<br />
pessoal, devem estar totalmente desligadas de<br />
sua pregação ao púlpito.<br />
e) Vieira afirma que as atitudes do pregador, na vida<br />
pessoal, devem coincidir com sua pregação no<br />
púlpito.<br />
Texto para as questões de 162 a 164.<br />
Tão inteiramente conhecia Cristo a Judas, como a<br />
Pedro, e aos demais; mas notou o Evangelista com<br />
especialidade a ciência do Senhor, em respeito de<br />
Judas, porque em Judas mais que em nenhum outro<br />
campeou a fineza de seu amor. Ora vede: definindo<br />
S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit<br />
causam, nec fructum: “O amor fino não busca causa<br />
nem fruto”. Se amo porque me amam, tem o amor causa;<br />
se amo para que me amem, tem fruto: e amor fino<br />
não há de ter por quê, nem para quê. Se amo porque<br />
me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para<br />
que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois<br />
como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo,<br />
amo, ut amem: amo, porque amo, e amo, para amar.<br />
80<br />
Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama<br />
para que o amem, esse só é fino. E tal foi a fineza de<br />
Cristo, em respeito a Judas, fundada na ciência que<br />
tinha dele e dos mais discípulos.<br />
Vieira, Sermões.<br />
162. Vunesp<br />
O Padre Antônio Vieira (1608-1697), em cuja prosa<br />
coexistem os princípios barrocos do cultismo e do<br />
conceptismo, é considerado um dos maiores oradores<br />
de todos os tempos, em língua portuguesa. Em seus<br />
sermões, serve-se freqüentemente do simbolismo das<br />
Sagradas Escrituras para desenvolver argumentos<br />
de raciocínio complexo, mas sempre de modo claro e<br />
preciso. No fragmento transcrito, Vieira aborda fundamentalmente<br />
o tema do “amor”. Releia o texto dado e,<br />
a seguir, responda: quantas e quais são as espécies<br />
de “amor”, segundo Vieira?<br />
163. Vunesp<br />
Verifique no texto as menções feitas por Vieira ao<br />
amor de Cristo pelos apóstolos e, a seguir, justifique<br />
como se dá o amor de Cristo a Judas, de acordo com<br />
a argumentação de Vieira.<br />
164. Vunesp<br />
Em sua argumentação insistente e repetitiva, Vieira<br />
sintetiza a sua teoria do amor com a frase: “O amor<br />
fino não busca causa nem fruto”. Lendo atentamente a<br />
seqüência do texto em pauta, percebemos que os vocábulos<br />
causa e fruto dessa frase apresentam relação<br />
contextual, respectivamente, com os conectivos porque<br />
e para que em orações como: “porque me amam” e<br />
“para que me amem”. Partindo desse comentário:<br />
a) explique a relação textual acima mencionada;<br />
b) justifique-a em função da teoria de amor proposta<br />
por Vieira.<br />
165. ENEM<br />
A respeito de Padre Antônio Vieira, o crítico literário<br />
Affonso Ávila afirma: “Mas o uso de jogos vocabulares<br />
do mesmo teor prosseguirá ao longo do discurso,<br />
embora diluídos em meio ao vigor persuasório da<br />
composição e atenuados ora por formas de gradação<br />
mais paronomásica ou trocadilhesca, ora pela empostação<br />
mais sóbria de antítese e de paradoxo”. Nos<br />
trechos a seguir, extraídos de Os sermões, de Padre<br />
Vieira, assinale a opção que não seja exemplo de nenhuma<br />
das características citadas por Affonso Ávila.<br />
a) O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece<br />
um monge; com aqueles seus raios estendidos<br />
parece uma estrela...<br />
b) Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão,<br />
saiu a semear o que semeia.<br />
c) Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos<br />
distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos vivos<br />
dos mortos, assim como se distingue o pó do pó.<br />
d) Ah dia do juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-voseis<br />
com mais paço; os de lá, com mais passos.<br />
e) Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam<br />
cidades e reinos; os outros furtam debaixo<br />
do seu risco, estes sem temor nem perigo; os<br />
outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e<br />
enforcam.
PV2D-07-POR-34<br />
166. PUC-SP<br />
Há de tomar o pregador uma só matéria, há de<br />
defini-la para que se conheça, há de dividi-la para<br />
que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de<br />
declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exemplo,<br />
há de amplificá-la com as causas, com os efeitos,<br />
com as circunstâncias, com as conveniências que se<br />
hão de seguir, com os inconvenientes que se devem<br />
evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer<br />
às dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a<br />
força da eloqüência os argumentos contrários, e depois<br />
disto há de colher, há de apertar, há de concluir, há de<br />
persuadir, há de acabar.<br />
Esse trecho do Sermão da Sexagésima, de autoria do<br />
Padre Antônio Vieira, aponta as partes que compõem<br />
o discurso argumentativo e ilustra o Barroco, em seu<br />
estilo conceptista.<br />
Em que consiste esse estilo? Exemplifique-o com o<br />
texto dado.<br />
Texto para as questões de 167 a 169.<br />
Sermão do Mandato<br />
Começando pelo amor. O amor essencialmente é<br />
união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali<br />
caminha, e só ali pára. Tudo são palavras de Platão,<br />
e de Santo Agostinho. Pois se a natureza do amor é<br />
unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim<br />
é, quando o amor não é extremado e excessivo. As<br />
causas excessivamente intensas produzem efeitos<br />
contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz<br />
emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega:<br />
a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata.<br />
Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo,<br />
divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz<br />
Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio?<br />
Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas;<br />
a morte é separação da alma: pois se o efeito do<br />
amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode<br />
ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão<br />
explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão<br />
do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor<br />
forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz<br />
efeitos contrários. É união, e produz apartamentos.<br />
Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como<br />
Sansão: afetuoso , deixa-se atar; forte, forte rompe<br />
ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas<br />
vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e<br />
forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta extremos<br />
mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os<br />
extremos mais unidos.<br />
Antônio Vieira. Sermão do Mandato.<br />
167.<br />
Mencione e explique uma característica do estilo barroco<br />
que Vieira explora com insistência no seguinte<br />
trecho: O amor é união de almas; a morte é separação<br />
da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da<br />
morte é separar, como pode ser o amor semelhante<br />
à morte?<br />
168.<br />
Vieira, em seu sermão, afirma que uma mesma causa<br />
pode produzir efeitos contrários, conforme a presença<br />
ou não de determinado fator. Com base nesta constatação:<br />
a) determine o fator que, segundo afirma Vieira, é<br />
responsável por fazer com que uma mesma causa<br />
produza efeitos contrários;<br />
b) indique o fenômeno físico que Vieira apresenta<br />
como uma das provas do que afirma.<br />
169.<br />
Identifique as partes em que se dividem os sermões de<br />
Vieira, indicando o conteúdo de cada uma delas.<br />
170. UFRGS-RS<br />
Sobre a obra de Gregório de Matos, é correto afirmar<br />
que:<br />
a) os vícios da colônia são criticados e as autoridades<br />
públicas são ridicularizadas.<br />
b) sua infância e sua família são temas recorrentes<br />
em seus poemas.<br />
c) a escravidão é denunciada como instituição perversa<br />
e desnecessária.<br />
d) o elogio da mulher amada está inserido em um<br />
quadro bucólico e pastoril.<br />
e) o ideal da racionalidade resulta na sintaxe simples<br />
e na ordem direta das frases.<br />
171. UEL-PR<br />
Incêndio em mares d’água disfarçado,<br />
Rio de neve em fogo convertido.<br />
Nesses versos de Gregório de Matos, ocorre um<br />
procedimento comum ao estilo da poesia barroca,<br />
qual seja:<br />
a) a imitação direta dos elementos naturais.<br />
b) a submissão da sintaxe às regras da clareza.<br />
c) a interpenetração de elementos contrastantes.<br />
d) a ordem casual e descontrolada das palavras.<br />
e) a exaltação da paisagem nativa.<br />
172. UFRGS-RS<br />
Sobre a poesia de Gregório de Matos Guerra, é correto<br />
afirmar que:<br />
a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por<br />
pastores e ninfas examinados sob uma perspectiva<br />
satírica e irônica.<br />
b) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e<br />
amoroso de um pastor que corteja sua amada com<br />
promessas de vida amena e burocrática.<br />
c) expõe em sintaxe complexa e com metáforas<br />
antitéticas os dilemas do amor e do espírito no<br />
quadro da Contra-Reforma.<br />
d) privilegia o cenário urbano para denunciar as<br />
arbitrariedades da Inquisição e o racismo dos<br />
portugueses instalados na colônia.<br />
e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem<br />
intrigas e conspirações envolvendo nobres burocratas,<br />
monges e prostitutas.<br />
81
173. Fatec-SP<br />
No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu:<br />
Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de<br />
Prata, cuidei, que a esta cidade tonta, e fátua*, mandava<br />
a inquisição alguma estátua, vendo tão espremida<br />
salvajola* visão de palha sobre um mariola*.<br />
Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco.<br />
Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador.<br />
O papel passou de mão em mão.<br />
“A difamação é o teu deus”, disseram, sorrindo.<br />
Ana Miranda, Boca do inferno.<br />
*fátua: tola; *salvajola: variante de “selvagem”; *mariola: velhaco<br />
O techo ilustra:<br />
a) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na<br />
vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu<br />
origem à alcunha do poeta, “Boca do inferno”.<br />
b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para<br />
a temática filosófica, em linguagem marcada pelos<br />
recursos da estética barroca.<br />
c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada<br />
à descrição fiel da sociedade da época, utilizando<br />
recursos expressivos característicos do barroco<br />
português.<br />
d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracterizada<br />
pela crítica aos comportamentos e às<br />
autoridades baianas da época colonial.<br />
e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que representa,<br />
no conjunto de sua obra, uma fuga aos<br />
moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da<br />
época, costumes e personalidades.<br />
174. PUC-SP<br />
“Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da<br />
dama a quem queria bem.”<br />
82<br />
Soneto<br />
Ardor em firme coração nascido;<br />
Pranto por belos olhos derramado;<br />
Incêndio em mares de águas disfarçado;<br />
Rio de neve em fogo convertido:<br />
Tu, que em um peito abrasas escondido;<br />
Tu, que em um rosto corres desatado;<br />
Quando fogo, em cristais aprisionado;<br />
Quando cristal em chamas derretido.<br />
Se és fogo como passas bradamente,<br />
Se és neve, como queimas com porfia?<br />
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!<br />
Pois para temperar a tirania,<br />
Como quis que aqui fosse a neve ardente,<br />
Permitiu parecesse a chama fria.<br />
Considere atentamente as seguintes afirmações sobre<br />
o poema de Gregório de Matos:<br />
I. O par fogo e água, que figura amor e contentação,<br />
passa por variações contrastantes até evoluir para<br />
o oximoro.<br />
II. O poema evidencia a “fórmula da ordem barroca”<br />
ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se<br />
em oposição, oposição em simetria e simetria em<br />
identidade.<br />
III. O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o<br />
conflito vivido pelo homem do século XVII.<br />
De acordo com o poema, pode-se concluir que:<br />
a) são corretas todas as afirmações.<br />
b) são corretas apenas as afirmações I e II.<br />
c) são corretas apenas as afirmações I e III.<br />
d) é correta apenas a afirmação II.<br />
e) é correta apenas a afirmação III.<br />
175. UEL-PR<br />
Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente<br />
as lacunas do texto inicial.<br />
Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de<br />
um lado lisonjeia a vaidade dos fidalgos e poderosos,<br />
de outro investe contra os governadores, os “falsos fidalgos”.<br />
O fato é que seus poemas satíricos constituem<br />
um vasto painel .................., que .............................<br />
compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados<br />
pela expressividade.<br />
a) do Brasil do século XIX – Gregório de Matos<br />
b) da sociedade mineira do século XVIII – Cláudio<br />
Manuel da Costa<br />
c) da Bahia do século XVII – Gregório de Matos<br />
d) do ciclo da cana-de-açúcar – Antônio Vieira<br />
e) da exploração do ouro em Minas – Cláudio Manuel<br />
da Costa<br />
176. UEL-PR<br />
Identifique a afirmação que se refere a Gregório de<br />
Matos.<br />
a) No seu esforço de criação da comédia brasileira,<br />
realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores<br />
no Romantismo e mesmo no restante do<br />
século XIX.<br />
b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado<br />
e o presente: ainda tem os torneios verbais do<br />
quinhentismo português, mas combina-os com a<br />
paixão das imagens pré-românticas.<br />
c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida<br />
o mais liberal, o que mais claramente manifestou<br />
as idéias da ilustração francesa.<br />
d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os<br />
vícios, os ridículos, os desmandos do poder local,<br />
valendo-se para isso do engenho artificioso que<br />
caracterizava o estilo da época.<br />
e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na<br />
Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que<br />
seu talento não se restringia ao lirismo amoroso.<br />
177. Fuvest-SP<br />
A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em<br />
amorosa e religiosa.<br />
a) Quais são os dois modos contrastantes de ver a<br />
mulher, em sua lírica amorosa?<br />
b) Como aparece em sua lírica religiosa a idéia de<br />
Deus e do pecado?
PV2D-07-POR-34<br />
178.<br />
Fragmento I<br />
A nossa Sé da Bahia,<br />
como ser um mapa de festas,<br />
é um presépio de bestas,<br />
se não for estrebaria:<br />
Fragmento II<br />
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,<br />
Recobrai-a; e não queirais, Pastor divino,<br />
Perder na Vossa ovelha a Vossa glória.<br />
Fragmento III<br />
Não vira em minha vida a formosura,<br />
Ouvia falar nela cada dia,<br />
E ouvida, me incitava e me movia<br />
A querer ver tão bela arquitetura.<br />
Relacione os textos de poemas de Gregório de Matos<br />
Guerra aos gêneros.<br />
Fragmento I ( ) Amoroso<br />
Fragmento II ( ) Sacro<br />
Fragmento III ( ) Satírico<br />
179. UFV-MG<br />
A cidade da Bahia<br />
Triste Bahia! Oh, quão dessemelhante<br />
Estás e estou do nosso antigo estado!<br />
Pobre te vejo a ti, e tu a mim empenhado<br />
Rica te vi eu já, tu a mim abundante.<br />
A ti tocou-te a máquina mercante,<br />
Que em tua larga barra tem entrado<br />
A mim foi-me tocando e tem tocado<br />
Tanto negócio e tanto negociante.<br />
Deste em dar tanto açúcar excelente<br />
Pelas drogas inúteis que, abelhuda,<br />
Simples aceitas do sagaz brichote.<br />
Oh, se quisera Deus que, de repente,<br />
Um dia amanheceras tão sisuda,<br />
Que fora de algodão o teu capote!<br />
As afirmações a seguir estão corretas em relação ao<br />
texto, exceto:<br />
a) Fixa, de maneira vivaz, a paisagem física de sua<br />
bela cidade, templos, praças e ruas.<br />
b) Além da temática, nota-se, no texto, como marca<br />
tempo/ espaço, certa atmosfera lingüística, própria<br />
da Bahia seiscentista (máquina mercante, brichote<br />
etc.).<br />
c) Poema satírico, com forte dose de realismo na<br />
descrição do ambiente moral da cidade.<br />
d) Compara, em tom de ironia e desencanto, sua<br />
própria situação à daquele outrora próspero núcleo<br />
colonial.<br />
e) A obra satírica de Gregório de Matos (de que o soneto<br />
é fragmento) é um espelho, visão e denúncia<br />
de sua época.<br />
180.<br />
Num Brasil colonial, pode-se dizer que Gregório de<br />
Matos Guerra e suas obras:<br />
a) funcionaram como nosso primeiro jornal.<br />
b) estão desvinculados do contexto da época tanto<br />
local como universalmente.<br />
c) surgem de maneira postiça, sem relação com os<br />
valores do tempo.<br />
d) pregaram com veemência a idéia de emancipação<br />
política.<br />
e) surgem como anunciantes de uma nova era para<br />
o mundo, cheia de harmonia e de paz.<br />
181.<br />
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado<br />
Da vossa alta clemência me despido;<br />
Porque, quanto mais tenho delinqüido,<br />
Vos tenho a perdoar mais empenhado.<br />
Se basta a vos irar tanto um pecado,<br />
A abrandar-vos sobeja um só gemido;<br />
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,<br />
Vos tem para o perdão lisonjeado.<br />
Se uma ovelha perdida e já cobrada<br />
Glória tal e prazer tão repentino<br />
Vos deu, como afirmais na sacra história,<br />
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada.<br />
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,<br />
Perder na vossa ovelha a vossa glória.<br />
Na terceira estrofe há a menção de um episódio bíblico<br />
que se liga diretamente à quase ameaça da última<br />
estrofe. Indique o episódio e explique tal ligação.<br />
182.<br />
Anjo no nome, Angélica na cara!<br />
Isso é ser flor e Anjo juntamente;<br />
Ser Angélica flor, e Anjo florente,<br />
Em quem, senão em vós, se uniformara:<br />
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,<br />
Do verde pé, da rama florescente;<br />
E quem um Anjo vira tão luzente,<br />
Que por seu Deus o não idolatrara?<br />
Se pois como Anjo sois dos meus altares,<br />
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,<br />
Livrara eu de diabólicos azares.<br />
Mas vejo, que por bela, e por galharda,<br />
Posto que os Anjos nunca dão pesares,<br />
Sois Anjo que me tenta, e não me guarda.<br />
A imagem da mulher é propositadamente contraditória.<br />
Como se percebe tal contradição? Qual é a relação<br />
entre essa contradição e o estilo barroco?<br />
83
183.<br />
Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta<br />
características da obra do poeta barroco Gregório de<br />
Matos. Assinale-a.<br />
a) Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão<br />
e da pureza espiritual.<br />
b) Poesia com força crítica poderosa, pessoal e<br />
social, chegando à irreverência e à obscenidade.<br />
c) Destaca a beleza física da amada e a sua transitoriedade.<br />
d) Realça a beleza da flora, da fauna e da paisagem<br />
brasileiras, em manifestação nativista.<br />
e) Tentativa de conciliar elementos contraditórios,<br />
busca da unidade sob a diversidade.<br />
184. UEBA<br />
A respeito de Gregório de Matos, é correto afirmar<br />
que:<br />
a) as poesias atribuídas a ele dividem-se em amorosas,<br />
religiosas, encomiásticas, satíricas e fesceninas.<br />
b) embora conhecido como “Boca do Inferno”, escreveu<br />
poesias satíricas sem nenhum poder de crítica,<br />
cujos versos não passam de meros “destemperos<br />
verbais”.<br />
c) nas poesias amorosas e religiosas, afastou-se<br />
do português erudito, chegando a criar um estilo<br />
notadamente brasileiro.<br />
d) não foi um poeta cultista, como era de se esperar;<br />
enveredou pelo conceptismo para poder expressar<br />
as tensões do espírito barroco.<br />
e) por desprezar a contribuição da linguagem brasileira,<br />
criou uma poesia, no geral, monótona,<br />
salvando-se apenas nos poemas fesceninos<br />
(obscenos).<br />
185. Unimep-SP<br />
Há, em Gregório de Matos, ressonância da poesia de<br />
Camões. Os versos camonianos: Amor é fogo que arde<br />
sem se ver / É ferida que dói e não se sente; / É um<br />
contentamento descontente; / É dor que desatina sem<br />
doer influenciaram que versos do poeta brasileiro?<br />
a) Ardor em firme coração nascido<br />
Pranto por belos olhos derramado;<br />
Incêndio em mares d’água disfarçado.<br />
b) E quer meu mal, dobrando os meus tormentos,<br />
Que esteja morto para as esperanças,<br />
E que ande vivo para os sentimentos.<br />
c) Ó tu do meu amor fiel traslado<br />
Mariposa, entre chamas consumida,<br />
Pois se à força do ardor perdes a vida,<br />
A violência do fogo me há prostrado.<br />
d) Ontem, a amar-vos me dispus; e logo<br />
Senti dentro de mim tão grande chama,<br />
Que vendo arder-me na amorosa flama.<br />
e) Essas luzes de amor ricas, e belas<br />
Vê-las basta uma vez, para admirá-las,<br />
Que vê-las outra vez, irá ofendê-las.<br />
84<br />
Sonetos de Gregório de Matos para as questões<br />
186 a 188.<br />
Soneto I<br />
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,<br />
Depois da Luz, se segue a noite escura,<br />
Em tristes sombras morre a formosura,<br />
Em contínuas tristezas a alegria.<br />
Porém se acaba o Sol, por que nascia?<br />
Se formosa a Luz é, por que não dura?<br />
Como a beleza assim se transfigura?<br />
Como o gosto da pena assim se fia?<br />
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,<br />
Na formosura não se dê constância,<br />
E na alegria sinta-se tristeza.<br />
Começa o mundo enfim pela ignorância,<br />
E tem qualquer dos bens por natureza<br />
A firmeza somente na inconstância.<br />
Soneto II<br />
Discreta, e formosíssima Maria,<br />
Enquanto estamos vendo a qualquer hora<br />
Em tuas faces a rosada Aurora,<br />
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:<br />
Enquanto com gentil descortesia<br />
O ar, que fresco Adônis te namora,<br />
Te espalha a rica trança voadora,<br />
Quando vem passear-te pela fria:<br />
Goza, goza da flor da mocidade,<br />
Que o tempo trota a toda ligeireza,<br />
E imprime em toda a flor sua pisada.<br />
Oh não aguardes, que a madura idade<br />
Te converta essa flor, essa beleza<br />
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.<br />
186.<br />
Identifique a temática comum aos dois sonetos – a<br />
qual é também comum na arte barroca.<br />
187.<br />
Identifique, nos dois textos, exemplos de antíteses.<br />
188.<br />
Encontre, no soneto I, argumentos que justificam o<br />
conselho dado pelo eu lírico a Maria, no texto II.<br />
189.<br />
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,<br />
Depois da Luz se segue a noite escura,<br />
Em tristes sombras morre a formosura,<br />
Em contínuas tristezas a alegria.<br />
Porém se acaba o Sol, por que nascia?<br />
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?<br />
Como a beleza assim se transfigura?<br />
Como o gosto da pena assim se fia?
PV2D-07-POR-34<br />
Mas no Sol e na Luz falte a firmeza,<br />
Na formosura não se dê constância,<br />
E na alegria sinta-se tristeza.<br />
Começa o mundo enfim pela ignorância,<br />
E tem qualquer dos bens por natureza<br />
A firmeza somente na inconstância.<br />
O soneto anterior é um dos mais conhecidos de Gregório<br />
de Matos Guerra. O tema do poema e a linguagem<br />
utilizada para expressar esse tema são típicos do estilo<br />
barroco. Responda às questões.<br />
a) Qual o tema do soneto?<br />
b) Aponte uma figura de linguagem utilizada no texto.<br />
c) O que o poeta quis dizer nos dois últimos versos?<br />
190. UFRJ<br />
A certa personagem desvanecida<br />
Soneto<br />
Um soneto começo em vosso gabo:<br />
Contemos esta regra por primeira,<br />
Já lá vão duas, e esta é a terceira,<br />
Já este quartetinho está no cabo.<br />
Na quinta torce agora a porca o rabo;<br />
A sexta vá também desta maneira:<br />
Na sétima entro já com grã canseira,<br />
E saio dos quartetos muito brabo.<br />
Agora nos tercetos que direi?<br />
Direi que vós, Senhor, a mim me honrais<br />
Gabando-vos a vós, e eu fico um rei.<br />
Nesta vida um soneto já ditei;<br />
Se desta agora escapo, nunca mais<br />
Louvado seja Deus, que o acabei.<br />
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. (org.) José Miguel Wisnik.<br />
No mundo barroco, predominam os contrastes. Partindo<br />
das idéias contidas no 1º e nos dois últimos versos<br />
do soneto de Gregório de Matos, explique a oposição<br />
básica que confere ao texto feição satírica.<br />
Leia os textos a seguir e responda às questões<br />
191 e 192.<br />
Texto I<br />
Largo em sentir, em respirar sucinto,<br />
Peno, e calo, tão fino e tão atento,<br />
Que fazendo disfarce do tormento,<br />
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.<br />
O mal que fora encubro, ou que desminto,<br />
Dentro no coração é que o sustento:<br />
Com que para penar é sentimento,<br />
Para não se entender, é labirinto.<br />
Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;<br />
Da tempestade é o estrondo efeito:<br />
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.<br />
Mas oh! Do meu segredo alto conceito!<br />
Pois não chegam a vir à boca os tiros<br />
Dos combates que vão dentro do peito.<br />
Gregório de Matos Guerra. Sonetos.<br />
Texto II<br />
O tempo não pára<br />
Disparo como um sol. Sou forte sou por acaso<br />
Minha metralhadora cheia de mágoas<br />
Eu sou um cara<br />
Cansado de correr na direção contrária<br />
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada<br />
Eu sou mais um cara<br />
Mas se você achar que eu tô derrotado<br />
Saiba que ainda estou rolando os dados<br />
Porque o tempo ... o tempo não pára<br />
Dias sim ...dias não eu vou sobrevivendo sem um<br />
[arranhão<br />
Da caridade de quem me detesta<br />
A tua piscina tá cheia de ratos<br />
Tuas idéias não correspondem aos fatos<br />
O tempo não pára<br />
Eu vejo o futuro repetir o passado<br />
Eu vejo um museu de grandes novidades<br />
O tempo não pára.... não pára... não... não pára<br />
Eu não tenho data pra comemorar<br />
Às vezes os meus dias são de par em par<br />
Procurando agulha num palheiro<br />
Nas noites de frio é melhor nem nascer<br />
Nas de calor se escolhe é matar ou morrer<br />
E assim nos tornamos brasileiros<br />
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro<br />
Transformam um país inteiro num puteiro<br />
Pois assim se ganha mais dinheiro<br />
Cazuza<br />
191. UFF-RJ<br />
As estéticas literárias não se confinam a determinados<br />
tempos e a determinados autores na expressão<br />
do sentimento e da visão de mundo. De uma forma<br />
ou de outra, os poetas Gregório de Matos e Cazuza<br />
(séculos XVI e XX, respectivamente) discutem<br />
as contradições que, atemporalmente, cercam a<br />
existência humana.<br />
Transcreva dois versos seguidos do texto I e dois<br />
versos seguidos do texto II que comprovem o<br />
caráter contraditório da visão de mundo de cada<br />
autor.<br />
192. UFF-RJ<br />
O poeta Gregório de Matos e o compositor Cazuza,<br />
como homens de seus tempos, apresentam, em certos<br />
aspectos, atitudes distintas em relação aos conflitos<br />
existenciais. O primeiro reconhece a existência dos<br />
conflitos que o atormentam. O segundo, além de<br />
reconhecer conflitos pessoais, expõe as mazelas que<br />
cercam o ser humano em geral. Transcreva, de cada<br />
autor (texto I e texto II), dois versos seguidos que<br />
confirmem tal afirmativa.<br />
85
Leia os textos abaixo e responda às questões 193<br />
e 194.<br />
Texto I<br />
86<br />
Bela Floralva, se Amor<br />
me fizesse abelha um dia,<br />
em todo o tempo estaria<br />
picando na vossa flor:<br />
e quando a vosso rigor<br />
quisesse dar-me de mão<br />
por guardar a flor, então,<br />
tão abelhudo eu andara,<br />
que em vós logo me vingara<br />
com vos meter o ferrão.<br />
Texto II<br />
Que falta nesta cidade?......................Verdade.<br />
Que mais por sua desonra?..................Honra.<br />
Falta mais que se lhe ponha?.............Vergonha.<br />
O demo a viver se exponha<br />
por mais que a fama a exalta<br />
numa cidade onde falta<br />
Verdade, Honra, Vergonha.<br />
(...)<br />
E nos Frades há manqueiras?.............Freiras.<br />
Em que ocupam os serões?..................Sermões.<br />
Não se ocupam em disputas?..............Putas.<br />
Com palavras dissolutas<br />
me concluís na verdade,<br />
que as lidas todas de um frade<br />
são Freiras, Sermões e Putas.<br />
O açúcar já se acabou?.......................Baixou.<br />
E o dinheiro se extinguiu?..................Subiu.<br />
Logo já convalesceu?..........................Morreu.<br />
À Bahia aconteceu<br />
o que a um doente acontece,<br />
cai na cama, o mal lhe cresce,<br />
Baixou, Subiu, e Morreu.<br />
A Câmara não acode?.........................Não pode.<br />
Pois não tem todo o poder?.................Não quer.<br />
É que o governo a convence?............Não vence.<br />
Quem haverá que tal pense,<br />
que uma Câmara tão nobre<br />
por ver-me mísera e pobre<br />
Não pode, Não quer, Não vence.<br />
193.<br />
O texto I é um tipo específico de sátira. Indique o nome<br />
que recebe e por quê.<br />
194.<br />
Que tipo de crítica evidencia-se no texto II? Cite segmentos<br />
do texto que comprovem, sua resposta.<br />
195. UFU–MG<br />
Leia o poema a seguir.<br />
Definição do Amor<br />
(...)<br />
Uma ferida sem cura,<br />
uma chaga, que deleita,<br />
um frenesi dos sentidos,<br />
desacordo das potências.<br />
Uma dor, que se não cala,<br />
pena, que sempre atormenta,<br />
manjar, que não enfastia,<br />
um brinco, que sempre enleva.<br />
O Amor é finalmente<br />
um embaraço de pernas,<br />
uma união de barrigas,<br />
um breve tremor de artérias.<br />
Uma confusão de bocas,<br />
uma batalha de veias,<br />
um rebuliço de ancas,<br />
quem diz outra coisa, é besta.<br />
Gregório de Matos, Antologia poética.<br />
Marque a alternativa correta.<br />
a) O Gregório de Matos barroco abandona o estilo<br />
clássico, de tema e tratamento nobres e superiores,<br />
optando por temas prosaicos, e redimensiona<br />
a forma literária elevada para composições mais<br />
populares, o que implica na conservação do decassílabo,<br />
como no poema acima.<br />
b) No soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, Camões<br />
não alcança a definição exata do Amor, definindo-o<br />
pelas indefinições, por considerá-lo um sentimento<br />
contraditório. Nesse sentido, os versos acima são<br />
uma paráfrase ao famoso poema camoniano.<br />
c) A vertente maneirista da obra poética de Gregório<br />
de Matos é pautada pelas tensões oriundas da<br />
Contra-Reforma, que alertava sobre a fragilidade<br />
humana e a conseqüente necessidade de valorizar<br />
o espiritual. A vertente barroca é voltada para o<br />
prazer, o riso e a festa: as delícias da vida terrena.<br />
O poema em questão é da vertente maneirista.<br />
d) A partir do verso “O amor é finalmente”, o poeta<br />
afasta as antíteses que corroboram as contradições<br />
do amor espiritualizado, resumindo o amor<br />
aos aspectos físicos desse sentimento.<br />
196. Mackenzie–SP<br />
“Quem deixa a Deus por Deus não o perde, antes o<br />
assegura. Deus é Caridade; e, assim, a alma que por<br />
respeito da Caridade se priva de Deus, aparta-se donde<br />
na verdade fica, e fica donde parece que se aparta.”<br />
Assinale a afirmativa correta a respeito do texto acima.<br />
a) O tratamento dado à temática religiosa mostra que<br />
o fragmento pertence ao Trovadorismo, estilo de<br />
época da Idade Média.<br />
b) A temática religiosa e o jogo de antíteses presentes<br />
nesse fragmento dissertativo identificam seu estilo<br />
barroco conceptista.<br />
c) O enfoque maniqueísta do narrador, associado à<br />
linguagem emotiva, justifica classificar o fragmento<br />
como romântico.<br />
d) A linguagem descritiva e a ausência de argumento<br />
dogmático caracterizam o estilo renascentista do<br />
fragmento.<br />
e) A linguagem pleonástica na construção de efeitos<br />
sinestésicos caracteriza o estilo cultista desse<br />
fragmento narrativo.
PV2D-07-POR-34<br />
Capítulo 4<br />
197.<br />
Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que<br />
se pede.<br />
O ledo passarinho, que gorjeia<br />
D’alma exprimindo a cândida ternura,<br />
O rio transparente, que murmura,<br />
E por entre pedrinhas serpenteia:<br />
O Sol, que o céu diáfano passeia,<br />
A Lua, que lhe deve a formosura,<br />
O sorriso da aurora alegre e pura,<br />
A rosa, que entre os zéfiros ondeia:<br />
A serena, amorosa Primavera,<br />
O doce autor das glórias que consigo,<br />
A deusa das paixões, e de Citera:<br />
Quanto digo, meu bem, quanto não digo,<br />
Tudo em tua presença degenera,<br />
‘Nada se pode comparar contigo’.<br />
Explique o último verso do soneto, à luz do Arcadismo.<br />
198. UFU-MG<br />
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.<br />
Sossegadamente fitemos o seu curso e<br />
[aprendamos<br />
Que a vida passa, e não estamos de mãos<br />
[enlaçadas.<br />
(Enlacemos as mãos.)<br />
(...)<br />
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena<br />
[cansarmo-nos.<br />
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos<br />
[como o rio.<br />
Mais vale saber passar silenciosamente<br />
E sem desassossegos grandes.”<br />
Ricardo Reis/Fernando Pessoa<br />
Enquanto pasta alegre o manso gado,<br />
Minha bela Marília, nos sentemos<br />
À sombra deste cedro levantado.<br />
Um pouco meditemos<br />
Na regular beleza,<br />
Que em tudo quanto vive nos descobre<br />
A sábia natureza.<br />
Tomás Antônio Gonzaga<br />
Marque a afirmativa incorreta.<br />
a) Ricardo Reis e Tomás Antônio Gonzaga são<br />
considerados neoclássicos porque resgatam elementos<br />
da tradição literária greco-romana. Uma<br />
das características do neoclassicismo é tomar a<br />
natureza como modelo, procedimento observado<br />
nos versos destes poetas.<br />
b) Os poetas sentam-se e meditam à beira do rio<br />
e à sombra do cedro. Ricardo Reis e Tomás A.<br />
Gonzaga valem-se desses elementos, rio e cedro,<br />
como imagens comparativas do fluir incessante da<br />
vida.<br />
c) Ricardo Reis trabalha com a consciência da efemeridade<br />
da vida: tudo é breve. Dessa consciência,<br />
surge a necessidade de se aproveitar o tempo<br />
presente (carpe diem), convite que o poeta faz à<br />
amada.<br />
d) Aproveitar o tempo, para Ricardo Reis, é simplesmente<br />
viver, deixar a vida decorrer, sem nada desejar,<br />
como se percebe no verso “Desenlacemos as<br />
mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.”<br />
199. UFRGS-RS<br />
Leia as afirmações abaixo sobre o Arcadismo brasileiro.<br />
I. Os poetas árcades colocavam-se como pastores<br />
para realizarem, dessa forma, o ideal de uma vida<br />
simples em contato com a natureza.<br />
II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha reproduzido<br />
muito dos modelos europeus, apresentou características<br />
próprias, como a incorporação do elemento<br />
indígena e a sátira política.<br />
III. O tema do carpe diem, em que o poeta expressa<br />
o desejo de aproveitar intensamente o momento<br />
presente, fugaz e passageiro, foi ignorado pelos<br />
árcades brasileiros, excessivamente racionalistas.<br />
Quais estão corretas?<br />
a) Apenas I. d) Apenas II e III.<br />
b) Apenas III. e) I, II e III.<br />
c) Apenas I e II.<br />
200. Fuvest-SP<br />
I. Porque não merecia o que lograva,<br />
Deixei, como ignorante, o bem que tinha,<br />
Vim sem considerar aonde vinha,<br />
Deixei sem atender o que deixava.<br />
II. Se a flauta mal cadente<br />
Entoa agora o verso harmonioso,<br />
Sabei, me comunica este saudoso<br />
Influxo a dor veemente;<br />
Não o gênio suave,<br />
Que ouviste já no acento agudo e grave.<br />
III. Da delirante embriaguez de bardo<br />
Sonhos em que afoguei o ardor da vida,<br />
Ardente orvalho de febris pranteios,<br />
Que lucro à alma descrida?<br />
Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem,<br />
de um amor almejado e passado ou perdido. Avaliando<br />
atentamente os recursos poéticos utilizados em cada<br />
uma delas, podemos dizer que os movimentos literários<br />
a que pertencem I, II e III são, respectivamente:<br />
a) barroco – arcadismo – romantismo.<br />
b) barroco – romantismo – parnasianismo.<br />
c) romantismo – parnasianismo – simbolismo.<br />
d) romantismo – simbolismo – modernismo.<br />
e) parnasianismo – simbolismo – modernismo.<br />
87
201. Fatec-SP<br />
Voltaram à baila os deuses esquecidos, as ninfas<br />
esquivas, as náiades, as oréadas e os pastores<br />
enamorados, as pastoras insensíveis e os rebanhos<br />
numerosos das bucólicas de Teócrito e Virgílio.<br />
Ronald de Carvalho, Pequena história de literatura<br />
brasileira.<br />
O trecho acima refere-se ao seguinte movimento<br />
literário:<br />
a) Romantismo. d) Parnasianismo.<br />
b) Barroco. e) Naturalismo.<br />
c) Arcadismo.<br />
202. FEI-SP<br />
A poesia desta época, localizada em fins do século<br />
XVIII e início do XIX, caracteriza-se pelo lirismo. Fiéis<br />
ao espírito bucólico e pastoril, os poetas adotavam<br />
pseudônimos e, em seus textos, falavam e agiam<br />
como pastores, tratando de pastoras suas amadas. O<br />
mundo greco-romano vem completar o quadro lírico<br />
das composições da época.<br />
Assinale a alternativa que contém o período literário a<br />
que se refere o trecho acima:<br />
a) Romantismo. d) Arcadismo.<br />
b) Simbolismo. e) Barroco.<br />
c) Parnasianismo.<br />
203. ITA-SP<br />
As opções a seguir referem-se aos textos A, B, C e D.<br />
88<br />
Texto A ( )<br />
Ah! enquanto os destinos impiedosos<br />
não voltam contra nós a face irada,<br />
façamos, sim, façamos, doce amada,<br />
os nossos breves dias mais ditosos.<br />
Texto B ( )<br />
Ó não aguardes, que a madura idade<br />
te converte essa flor, essa beleza,<br />
em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.<br />
Texto C ( )<br />
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,<br />
E rompe em profundíssimos suspiros,<br />
Lendo na testa da fronteira gruta<br />
De sua mão já trêmula gravado<br />
O alheio crime e a voluntária morte.<br />
Texto D ( )<br />
O todo sem a parte não é todo;<br />
A parte sem o todo não é parte;<br />
Mas se a parte faz o todo, sendo parte,<br />
Não se diga que é parte, sendo todo.<br />
Preencha os parênteses anteriores dos textos dados,<br />
obedecendo à seguinte convenção:<br />
I. Gregório de Matos<br />
II. Tomás Antônio Gonzaga<br />
III. Basílio da Gama<br />
IV. Cláudio Manuel da Costa<br />
Preenchidos os parênteses, a seqüência correta é:<br />
a) II – I – III – I<br />
b) IV – I – II – II<br />
c) I – II – II – I<br />
d) I – IV – III – I<br />
e) II – IV – III – IV<br />
204. Ufla-MG<br />
Leia com atenção os juízos estéticos transcritos abaixo<br />
e marque:<br />
Juízo I. Intérprete dos anseios do homem seiscentista<br />
solicitado por ideais em conflitos. O fusionismo é a sua<br />
tendência dominante – tentativa de conciliar, incorporando<br />
contrários.<br />
Juízo II. Procurando libertar a língua de termos espúrios,<br />
restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o<br />
rigor de sentido, é a revitalização do pastoralismo e<br />
bucolismo.<br />
a) se o primeiro se referir ao barroco e o segundo, ao<br />
arcadismo.<br />
b) se o primeiro se referir ao arcadismo e o segundo,<br />
ao barroco.<br />
c) se ambos se referirem ao barroco.<br />
d) se ambos se referirem ao arcadismo.<br />
e) se ambos se referirem à literatura dos jesuítas no<br />
Brasil.<br />
205. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa que não apresenta um trecho<br />
do Arcadismo brasileiro.<br />
a) Se sou pobre pastor, se não governo<br />
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;<br />
Se em frio, calma, e chuvas inclementes<br />
Passo o verão, outono, estio, inverno;<br />
b) Destes penhascos fez a natureza<br />
O berço em que nasci! oh quem cuidara,<br />
Que entre penhas tão duras se criara<br />
Uma alma terna, um peito sem dureza!<br />
c) Musas, canoras musas, este canto<br />
Vós me inspirastes, vós meu tenro alento<br />
Erguestes brandamente àquele assento<br />
Que tanto, ó musas, prezo, adoro tanto.<br />
d) Meu ser evaporei na lida insana<br />
Do tropel das paixões que me arrastava,<br />
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava<br />
Em mim, quase imortal, a essência humana!<br />
e) Não vês, Nise, este vento desabrido,<br />
Que arranca os duros troncos ? Não vês esta,<br />
Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta,<br />
Entre o horror de um relâmpago incendido?
PV2D-07-POR-34<br />
206. UFV-MG<br />
Leia o texto a seguir e faça o que se pede.<br />
Ornemos nossas testas com as flores<br />
E façamos de feno um brando leito;<br />
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />
Gozemos do prazer de sãos amores.<br />
Sobre as nossas cabeças,<br />
Sem que o possam deter, o tempo corre,<br />
E para nós o tempo, que se passa,<br />
Também, Marília, morre.<br />
Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV.<br />
Todas as alternativas a seguir apresentam características<br />
do Arcadismo, presentes na estrofe anterior,<br />
exceto:<br />
a) o ideal de ÁUREA MEDIOCRIDADE, que leva<br />
o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe<br />
média.<br />
b) tema do CARPE DIEM – uma proposta para se<br />
aproveitar a vida, desfrutando o ócio com dignidade.<br />
c) o ideal de uma existência tranqüila, sem extremos,<br />
espelhada na pureza e amenidade da natureza.<br />
d) a fugacidade do tempo, a fatalidade do destino, a<br />
necessidade de envelhecer com sabedoria.<br />
e) a concepção da natureza como permanente reflexo<br />
dos sentimentos e paixões do eu lírico.<br />
207. UFV-MG<br />
Leia o fragmento de texto a seguir e faça o que se<br />
pede.<br />
Esprema a vil calúnia muito embora<br />
Entre as mãos denegridas, e insolentes,<br />
Os venenos das plantas,<br />
E das bravas serpentes.<br />
Chovam raios e raios, no seu rosto<br />
Não hás de ver, Marília, o medo escrito:<br />
O medo perturbador,<br />
Que infunde o vil delito.<br />
[...]<br />
Eu tenho um coração maior que o mundo.<br />
Tu, formosa Marília, bem o sabes:<br />
Eu tenho um coração maior que o mundo.<br />
Tu, formosa Marília, bem o sabes:<br />
Um coração .... e basta,<br />
Onde tu mesma cabes.<br />
Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Parte II, Lira II.<br />
Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga,<br />
Marília de Dirceu, assinale a alternativa falsa.<br />
a) A interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo<br />
o poeta dentro dos padrões poéticos clássicos,<br />
impede-o de abordar problemas pessoais.<br />
b) A interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto<br />
para o poeta celebrar sua inocência e seu<br />
destemor diante das acusações feitas contra ele.<br />
c) A revelação sincera de si próprio e a confissão<br />
do padecimento que o inquieta levam o poeta a<br />
romper com o decálogo arcádico, prenunciando a<br />
poética romântica.<br />
d) A desesperança, o abatimento e a solidão, presentes<br />
nas liras escritas depois da prisão do autor,<br />
revelam contraste com as primeiras, concentradas<br />
na conquista galante da mulher amada.<br />
e) Embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto<br />
é um monólogo – só Gonzaga fala e raciocina.<br />
208. UFV-MG<br />
Leia a estrofe de Tomás Antônio Gonzaga e faça o<br />
que se pede.<br />
Os teus olhos espalham a luz divina,<br />
A quem a luz do sol em vão se atreve;<br />
Papoila ou rosa delicada e fina<br />
Te cobre as faces, que são cor da neve.<br />
Os teus cabelos são uns fios de ouro;<br />
Teu lindo corpo bálsamo vapora.<br />
Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,<br />
Para glória de amor igual Tesouro.<br />
Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV. Parte I, Lira I.<br />
Sobre a personagem central feminina, podemos<br />
afirmar que:<br />
a) Marília é mostrada, ao mesmo tempo, como pessoa<br />
e como encarnação do Amor, como categoria<br />
absoluta.<br />
b) Apesar da beleza deslumbrante da amada, não<br />
se verifica, na construção dessa personagem,<br />
qualquer idealização clássica da mulher.<br />
c) O poeta dirige-se a Marília unicamente como sua<br />
noiva e futura esposa.<br />
d) A beleza luxuriante de Marília contrasta com o ideal<br />
de serena fruição dos prazeres sadios da vida.<br />
e) Marília, pela sua intensa sensualidade, representa<br />
o ideal de amante e não o de noiva ou esposa.<br />
209. UFV-MG<br />
Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que:<br />
a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses<br />
e frases tortuosas, que refletem o conflito<br />
entre matéria e espírito.<br />
b) não apresentou novidades, sendo mera imitação<br />
do que se fazia na Europa.<br />
c) além das características européias, desenvolveu temas<br />
ligados à realidade brasileira, sendo importante<br />
para o desenvolvimento de uma literatura nacional.<br />
d) apresenta já completa ruptura com a literatura<br />
européia, podendo ser considerado a primeira<br />
fase verdadeiramente nacionalista da literatura<br />
brasileira.<br />
e) presente sobretudo em obras de autores mineiros<br />
como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da<br />
Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se<br />
como expressão da angústia metafísica<br />
e religiosa desses poetas, divididos entre a busca<br />
da salvação e o gozo material da vida.<br />
89
2<strong>10</strong>. UFV-MG<br />
Fazendo um paralelo entre Romantismo e Arcadismo,<br />
podemos concluir que:<br />
a) o Arcadismo prenuncia o Romantismo porque já<br />
apresenta ruptura radical com os cânones literários<br />
clássicos.<br />
b) o Arcadismo antecede o Romantismo na evasão<br />
da realidade pelo sonho, pela fantasia e pelo<br />
mergulho nas profundezas do “eu”.<br />
c) o Romantismo prolonga aspectos do Arcadismo na<br />
idealização da natureza, da mulher e do amor.<br />
d) o Romantismo dá continuidade ao Arcadismo na<br />
atração pelos conflitos entre a alma e a matéria.<br />
e) o Arcadismo e o Romantismo perseguem o ideal de<br />
expressão livre de esquemas preestabelecidos.<br />
211. UEL-PR<br />
90<br />
Sou Pastor; não te nego; os meus montados<br />
São esses, que aí vês; vivo contente<br />
Ao trazer entre a relva florescente<br />
A doce companhia dos meus gados.<br />
Os versos acima são exemplos:<br />
a) do espírito harmonioso da poesia arcádica.<br />
b) do estilo tortuoso do período barroco.<br />
c) do refinamento e da ostentação da poesia parnasiana.<br />
d) do intento nacionalista na poesia romântica.<br />
e) do humor e do lirismo dos primeiros modernistas.<br />
212. Mackenzie-SP<br />
Uma das afirmações a seguir não se refere ao<br />
Neoclassicismo nem se relaciona com seu contexto<br />
histórico-social. Aponte-a.<br />
a) “O poeta que não seguir os Antigos perderá de todo<br />
o norte, e não poderá jamais alcançar aquela força,<br />
energia e majestade que nos retratam o famoso e<br />
angélico semblante da Natureza. Devemos imitar<br />
e seguir os antigos: assim no-lo ensina Horácio,<br />
no-lo dita a razão; e o confessa todo o mundo<br />
literário.”<br />
b) “Este é o chamado Século das Luzes, na medida<br />
exata em que se opõe a um certo obscurantismo<br />
do século anterior e propaga a ciência, o saber<br />
e o progresso: Iluminismo, Ilustração, Enciclopedismo.”<br />
c) “Nomear um objeto significa suprimir as três quartas<br />
partes do gozo de uma poesia, que consiste no<br />
prazer de adivinhar pouco a pouco. Sugerir, eis o<br />
sonho.”<br />
d) “... recriam, em seus textos, as paisagens campestres<br />
de outras épocas, com pastores e pastoras<br />
cantando e vivendo uma existência sadia e<br />
amorosa, preocupados apenas em cuidar de seus<br />
rebanhos.”<br />
e) “A arte deveria ser universal, isto é, preocupar-se<br />
com problemas, verdades e situações eternas do<br />
homem, do homem de todos os tempos, e não<br />
se limitar a sentimentos de ordem individual ou a<br />
situações puramente pessoais.”<br />
213. Mackenzie-SP<br />
Assinale a alternativa em que os versos evidenciam<br />
ideais do Arcadismo.<br />
a) Meu canto de morte,<br />
Guerreiros, ouvi:<br />
Sou filho das selvas,<br />
Nas selvas cresci;<br />
Guerreiros, descendo<br />
Da tribo tupi.<br />
b) Torno a ver-vos, ó montes; o destino<br />
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;<br />
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros<br />
Pelo traje da Corte rico, e fino.<br />
c) São uns olhos verdes, verdes,<br />
Uns olhos de verde-mar,<br />
Quando o tempo vai bonança;<br />
Uns olhos cor de esperança,<br />
Uns olhos por que morri;<br />
Que ai de mi!<br />
Nem já sei qual fiquei sendo<br />
Depois que os vi!<br />
d) Hão de chorar por ela os cinamomos,<br />
Murchando as flores ao tombar do dia.<br />
Dos laranjais hão de cair os pomos,<br />
Lembrando-se daquela que os colhia.<br />
e) Longe do estéril turbilhão da rua,<br />
Beneditino, escreve! No aconchego<br />
Do claustro, na paciência e no sossego,<br />
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!<br />
214. Mackenzie-SP<br />
I. Já se afastou de nós o Inverno agreste,<br />
Envolto nos seus úmidos vapores;<br />
A fértil Primavera, a mãe das flores,<br />
O prado ameno de boninas veste.<br />
Varrendo os ares, o subtil Nordeste<br />
Os torna azuis; as aves de mil cores<br />
Adejam entre Zéfiros e Amores,<br />
E toma o fresco Tejo a cor celeste.<br />
II. Oh retrato da morte, oh noite amiga,<br />
Por cuja escuridão suspiro há tanto!<br />
Calada testemunha de meu pranto,<br />
De meus desgostos secretária antiga!<br />
Pois manda amor que a ti somente os diga,<br />
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;<br />
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto<br />
Dorme a cruel, que a delirar me obriga.<br />
Os quartetos anteriores apresentam diferentes características,<br />
embora pertençam à obra do mesmo autor.<br />
Nos dois primeiros, há típicas atitudes árcades, enquanto<br />
que os dois últimos prenunciam o movimento<br />
literário posterior.
PV2D-07-POR-34<br />
Assinale a alternativa em que aparece o nome do<br />
respectivo autor.<br />
a) Antero de Quental.<br />
b) Almeida Garrett.<br />
c) Manuel Maria du Bocage.<br />
d) Antônio Feliciano de Castilho.<br />
e) Cesário Verde.<br />
215. PUC-MG<br />
Texto I<br />
Discreta e formosíssima Maria,<br />
Enquanto estamos vendo claramente<br />
Na vossa ardente vista o sol ardente,<br />
e na rosada face a aurora fria;<br />
Enquanto pois produz, enquanto cria<br />
Essa esfera gentil, mina excelente<br />
No cabelo o metal mais reluzente,<br />
E na boca a mais fina pedraria.<br />
Gozai, gozai da flor da formosura,<br />
Antes que o frio da madura idade<br />
Tronco deixe despido o que é verdura.<br />
Que passado o zenith da mocidade,<br />
Sem a noite encontrar da sepultura,<br />
É cada dia ocaso da beldade.<br />
Gregório de Matos.<br />
Texto II<br />
Minha bela Marilia, tudo passa;<br />
A sorte deste mundo é mal segura;<br />
Se vem depois dos males a ventura,<br />
Vem depois dos prazeres a desgraça.<br />
Estão os mesmos deuses<br />
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:<br />
Apolo já fugiu do Céu brilhante,<br />
Já foi pastor de gado.<br />
Ah! enquanto os Destinos impiedosos<br />
Não voltam contra nós a face irada,<br />
Façamos, sim façamos, doce amada,<br />
Os nossos breves dias mais ditosos,<br />
Um coração, que frouxo<br />
A grata posse de seu bem difere,<br />
A si, Marília, a si próprio rouba,<br />
E a si próprio fere.<br />
Ornemos nossas testas com as flores;<br />
E façamos de feno um brando leito,<br />
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />
Gozemos do prazer de sãos Amores.<br />
Sobre as nossas cabeças,<br />
Sem que o possam deter, o tempo corre;<br />
E para nós o tempo, que se passa,<br />
Também, Marília, morre.<br />
Tomás Antônio Gonzaga.<br />
O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparandoos,<br />
é correto afirmar, exceto:<br />
a) os barrocos e árcades expressam sentimentos.<br />
b) as construções sintáticas barrocas revelam um<br />
interior conturbado.<br />
c) o desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos<br />
dois textos.<br />
d) os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada<br />
que os barrocos.<br />
e) a fugacidade do tempo é temática comum aos dois<br />
estilos.<br />
216. UFMG<br />
Leia o soneto que segue, de Cláudio Manuel da<br />
Costa.<br />
Pastores, que levais ao monte o gado,<br />
Vede lá como andais por essa serra;<br />
Que para dar contágio a toda a terra,<br />
Basta ver-se o meu rosto magoado:<br />
Eu ando (vós me vedes) tão pesado;<br />
E a pastora infiel, que me faz guerra,<br />
É a mesma, que em seu semblante encerra<br />
A causa de um martírio tão cansado.<br />
Se a quereis conhecer, vinde comigo,<br />
Vereis a formosura, que eu adoro;<br />
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:<br />
Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;<br />
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,<br />
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.<br />
Todas as alternativas contêm afirmações corretas<br />
sobre esse soneto, exceto:<br />
a) O poema opõe um estilo de vida simples a um<br />
estilo de vida dissimulado.<br />
b) A palavra “guerra” enfatiza a recusa da pastora a<br />
corresponder aos afetos do poeta.<br />
c) O sentido da visão é o predominante em todas as<br />
estrofes do poema.<br />
d) A expressão “para dar contágio a toda a terra”<br />
revela a intensidade do sofrimento do pastor.<br />
217. UEL-PR<br />
Destes penhascos fez a natureza<br />
O berço em que nasci: oh quem cuidara<br />
Que entre penhas tão duras se criara<br />
Uma alma terna, um peito sem dureza.<br />
Os versos anteriores constituem exemplo da:<br />
a) sátira de Gregório de Matos aos poderosos da<br />
Bahia.<br />
b) lírica amorosa de Tomás Antônio Gonzaga.<br />
c) paisagem bucólica idealizada na poesia de Cláudio<br />
Manuel da Costa.<br />
d) da sátira de Tomás Antônio Gonzaga ao governador<br />
de Minas.<br />
e) ambivalência cultural na poesia de Cláudio Manuel<br />
da Costa.<br />
91
218. ITA-SP<br />
92<br />
Torno a ver-vos, ó montes; o destino<br />
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;<br />
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros<br />
Pelo traje da Corte rico, e fino.<br />
Aqui estou entre Almendro, entre Corino,<br />
Os meus fiéis, meus doces companheiros,<br />
Vendo correr os míseros vaqueiros<br />
Atrás de seu cansado desatino.<br />
Se o bem desta choupana pode tanto,<br />
Que chega a ter mais preço, e mais valia,<br />
Que da Cidade o lisonjeiro encanto;<br />
Aqui descanse a louca fantasia;<br />
E o que té agora se tornava em pranto,<br />
Se converta em afetos de alegria.<br />
Dadas as asserções:<br />
I. O poema manifesta o conflito do poeta, homem<br />
nativista provinciano, ligado à terra natal, cuja<br />
formação superior deu-se na metrópole.<br />
II. O poema mostra como o autor soube explorar a<br />
característica principal do Arcadismo: a celebração<br />
da vida urbana pelo intelectual, consciente das<br />
dificuldades da vida no campo.<br />
III. O poema manifesta a preocupação do poeta com<br />
os problemas sociais da época: transferência de<br />
riquezas da colônia para a metrópole, oriundas<br />
da pecuária e empobrecimento do homem do<br />
campo.<br />
Está(ão) correta(s):<br />
a) Apenas a I. d) I e III.<br />
b) Apenas a II. e) II e III.<br />
c) I e II.<br />
219. UFV-MG<br />
Considere as afirmações a respeito do Arcadismo brasileiro.<br />
Todas as alternativas estão corretas, exceto:<br />
a) Foi o movimento literário que se desenvolveu<br />
no século XVIII, quando o “saber” assumiu uma<br />
importância fundamental.<br />
b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Iluminismo,<br />
por uma forte preocupação com a ciência<br />
e com o raciocínio.<br />
c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Barroco,<br />
retomando a simplicidade e o bucolismo dos<br />
clássicos.<br />
d) Empreendeu uma minuciosa análise do personagem,<br />
revelando-nos claramente os traços de seu<br />
corpo e de sua alma.<br />
e) Vivenciou uma expressiva transformação social,<br />
sendo fortemente marcado pelos ideais políticofilosóficos<br />
do enciclopedismo francês.<br />
220. UEL-PR<br />
Sou pastor; não te nego; os meus montados<br />
São esses, que aí vês; vivo contente<br />
Ao trazer entre a relva florescente<br />
A doce companhia do meu gado.<br />
Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa,<br />
exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica:<br />
a) valorização das circunstâncias biográficas do<br />
poeta.<br />
b) imaginação delirante de paisagens exóticas.<br />
c) valorização das classes humildes, opostas às<br />
aristocráticas.<br />
d) representação da natureza amena e do sentimento<br />
bucólico.<br />
e) representação da natureza como espelho das<br />
fortes paixões.<br />
221. UFV-MG<br />
Sobre o Arcadismo, anotamos:<br />
1. desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas<br />
assumem postura de pastores e transformam<br />
a realidade num quadro idealizado.<br />
2. composição do poema “Vila Rica” por Cláudio<br />
Manoel da Costa, o Glauceste Satúrnio.<br />
3. predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva<br />
da busca do transcendente.<br />
4. propagação de manuscritos anônimos de teor<br />
satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás<br />
Antônio Gonzaga.<br />
5. presença de metáforas da mitologia grega na poesia<br />
lírica, divulgando as idéias dos inconfidentes.<br />
Considerando as anotações anteriores, assinale a<br />
alternativa correta.<br />
a) Apenas 1 e 3 são verdadeiras.<br />
b) Apenas 2 e 4 são falsas.<br />
c) Apenas 2 e 5 são verdadeiras.<br />
d) Apenas 3 e 5 são falsas.<br />
e) Todas são verdadeiras.<br />
222. UFES<br />
Destes penhascos fez a natureza<br />
O berço, em que nasci! oh queima cuidara,<br />
Que entre penhas tão duras se criara<br />
Uma alma terna, um peito sem dureza!<br />
Amor , que vence os tigres, por empresa<br />
Tomou logo render-me; ele declara<br />
Contra o meu coração guerra tão rara,<br />
Que não me foi bastante a fortaleza.<br />
Pois mais que eu mesmo conhecesse o dano,<br />
A que dava ocasião minha brandura,<br />
Nunca pude fugir ao cego engano:<br />
Vós, que ostentais a condição mais dura,<br />
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,<br />
Onde há mais resistência, mas se apura.<br />
Cláudio Manuel da Costa<br />
ruaruaruasol<br />
ruaruasolrua<br />
ruasolruarua<br />
solruaruarua<br />
ruaruaruas<br />
Ronaldo Azeredo
PV2D-07-POR-34<br />
Considerando as obras supracitadas como ilustrativas<br />
da poesia árcade e da poesia concreta, assinale a<br />
opção cuja ordem preenche corretamente as afirmativas<br />
seguintes:<br />
1. “O __________ é, pois, consciência de integração:<br />
de ajustamento a uma ordem natural, social e<br />
literária, decorrendo disso a estética da imitação,<br />
por meio da qual o espírito reproduz as formas<br />
naturais, não apenas como elas aparecem à razão,<br />
mas como as conceberam e recriaram os bons<br />
autores da Antigüidade.”<br />
2. “Os elementos de composição característicos da<br />
poesia _________ são a organização geométrica do<br />
espaço e o jogo de semelhanças de significantes.”<br />
3. “Os ___________ se recusavam a uma exploração<br />
mais completa da psicologia humana, assim<br />
como se tinham negado a uma concepção mais<br />
imaginativa da linguagem.”<br />
4. “Talvez se pudesse concluir que um poema ___<br />
_______ seja definido mais ou menos assim: um<br />
tipo de composição poética centrada na utilização<br />
de poucos elementos dispostos no papel de modo<br />
a valorizar a distribuição espacial, o tamanho e a<br />
forma dos caracteres tipográficos e as semelhanças<br />
fônicas entre as palavras.”<br />
5. “A poesia __________ significou o reconhecimento<br />
do poema como objeto também espacial, e da<br />
necessidade de procedimentos composicionais<br />
compatíveis com essa realidade.”<br />
a) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. concretistas; 4. concreto;<br />
5. árcade.<br />
b) 1. Concretismo; 2. concreta; 3. concretistas;<br />
4. árcade; 5. concreta.<br />
c) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. árcades; 4. concreto;<br />
5. concreta.<br />
d) 1. Concretismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. árcade;<br />
5. concreta.<br />
e) 1. Arcadismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. concreto;<br />
5. árcade.<br />
223.<br />
Olha, Marília, as flautas dos pastores<br />
Que bem que soam, como estão cadentes!<br />
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes<br />
Os zéfiros brincar por entre as flores?<br />
Vê como ali beijando-se os Amores<br />
Incitam nossos ósculos ardentes!<br />
Ei-las de planta em planta as inocentes,<br />
As vagas borboletas de mil cores!<br />
Naquele arbusto o rouxinol suspira,<br />
Ora nas folhas a abelhinha pára,<br />
Ora nos ares sussurrando gira:<br />
Que alegre campo! Que manhã tão clara!<br />
Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira,<br />
Mais tristeza que a morte me causara.<br />
Indique, nas duas primeiras estrofes, características<br />
neoclássicas.<br />
224. Mackenzie-SP<br />
Leia a posteridade, ó pátrio Rio.<br />
Em meus versos teu nome celebrado,<br />
– Por que vejas uma hora despertado<br />
O sono vil do esquecimento frio:<br />
Não vês nas tuas margens o sombrio,<br />
Fresco assento de um álamo copado;<br />
Não vês ninfa cantar, pastar o gado<br />
Na tarde clara do calmoso estio.<br />
Turvo banhando as pálidas areias<br />
Nas porções do riquíssimo tesouro<br />
O vasto campo da ambição recreias.<br />
Que de seus raios o planeta louro ,<br />
Enriquecendo o influxo em tuas veias,<br />
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.<br />
O bucolismo presente no texto foge ao modelo árcade.<br />
Explique.<br />
225.<br />
Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que<br />
se pede.<br />
Ó retrato da morte, ó Noite amiga<br />
Por cuja escuridão suspiro há tanto!<br />
Calada testemunha de meu pranto,<br />
De meus desgostos secretária antiga!<br />
Pois manda Amor, que a ti somente os diga,<br />
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;<br />
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto<br />
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:<br />
E vós, ó cortesãos da escuridade,<br />
Fantasmas vagos, mochos piadores,<br />
Inimigos, como eu, da claridade!<br />
Em bandos acudi aos meus clamores,<br />
Quero a vossa medonha sociedade,<br />
Quero fartar meu coração de horrores.<br />
Que traços do texto dado prenunciam o Romantismo, levando<br />
o soneto a classificar-se como pré-romântico?<br />
226. ESPM-SP<br />
Ah! Marília, que tormento<br />
Não tens de sentir saudosa!<br />
Não podem ver os teus olhos<br />
A campina deleitosa,<br />
Nem a tua mesma aldeia,<br />
Que tiranos não proponham<br />
À inda inquieta idéia<br />
Uma imagem de aflição.<br />
93
Os seguintes elementos indicam que são de um poeta<br />
arcádico os versos anteriores:<br />
a) “sentir saudosa” e “teus olhos”.<br />
b) “Marília e “campina deleitosa”.<br />
c) “sentir saudosa” e “tormento”.<br />
d) “tiranos” e “inquieta idéia”.<br />
e) “imagem de aflição” e “não tens de sentir”.<br />
Texto para as questões 227 e 228.<br />
Texto I<br />
Olha, Marília, as flautas dos pastores,<br />
Que bem que soam, como estão cadentes!<br />
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes<br />
Os Zéfiros brincar por entre as flores?<br />
Bocage<br />
Texto II<br />
Ah! Não roubou tudo a negra sorte:<br />
Inda tenho este abrigo, inda me resta<br />
O pranto, a queixa, a solidão, e a morte.<br />
Bocage<br />
227. Mackenzie-SP<br />
No texto I, encontra-se representação da natureza<br />
que:<br />
a) se caracteriza como o locus amoenus (lugar aprazível),<br />
motivo poético desenvolvido pela estética<br />
árcade.<br />
b) corresponde a um quadro harmonioso, seguindo<br />
modelo típico das cantigas de amor medievais.<br />
c) é resultado de uma concepção romântica, característica<br />
do mal do século.<br />
d) é expressão da religiosidade cristã que marcou os<br />
ideais iluministas.<br />
e) corresponde a um padrão estético que reflete a cosmovisão<br />
dos escritores naturalistas do século XIX.<br />
228. Mackenzie-SP<br />
Sobre os textos I e II é correto afirmar:<br />
a) ambos indicam, por meio do vocativo, a presença<br />
da mulher amada.<br />
b) em I, concretiza-se poeticamente a alegria por<br />
meio da personificação.<br />
c) ambos expressam um lamento frente àquilo que<br />
a negra sorte pode roubar do ser humano.<br />
d) em II, o pranto, a queixa, a solidão, e a morte<br />
apresentam-se como algo indesejável.<br />
e) em I, a recorrência de exclamação é índice de<br />
contenção emotiva.<br />
229. Cefet-MG<br />
94<br />
Fatigado de calma se acolhia<br />
Junto o rebanho à sombra dos salgueiros,<br />
E o sol, queimando os ásperos outeiros<br />
Com violência maior no campo ardia.<br />
Não pertence ao estilo literário dos versos acima a<br />
seguinte característica:<br />
a) ideal de simplicidade.<br />
b) aceitação de regras e modelos.<br />
c) crítica ao êxodo urbano.<br />
d) ânsia de integração na natureza: bucolismo.<br />
e) arte vista como recriação idealizada da Ordem<br />
Natural.<br />
230. Mackenzie-SP<br />
Leia o texto abaixo e assinale a alternativa incorreta.<br />
E, se entre versos mil de sentimento<br />
Encontrardes alguns, cuja aparência<br />
Indique festival contentamento,<br />
Crede, ó mortais, que foram com violência<br />
Escritos pela mão do Fingimento,<br />
Cantados pela voz da Dependência.<br />
Bocage<br />
a) As expressões “mão do Fingimento” e “voz da<br />
Dependência” são referências metonímicas que<br />
revelam a crítica do poeta ao estilo árcade.<br />
b) O padrão formal dos textos de Bocage é típico da<br />
estética setecentista.<br />
c) A obra desse poeta divide-se em duas fases:<br />
árcade e romântica.<br />
d) No texto, a expressão “festival contentamento”<br />
faz referência à idealização que marca a visão de<br />
mundo do estilo árcade.<br />
e) Embora a primeira fase da produção poética do<br />
autor ainda se prenda ao imaginário árcade, trilhou<br />
caminhos próprios, resgatando para a poesia lírica<br />
portuguesa a linguagem emotiva e confessional.<br />
231.<br />
Alguém há de cuidar que é frase inchada,<br />
Daquela que lá se usa entre essa gente<br />
Que julga que diz muito e não diz nada.<br />
Glauceste Satúrnio (pseudônimo de Cláudio M. de Costa)<br />
A doutrina literária do Arcadismo impunha que os<br />
poetas criassem seus textos de modo a atender a<br />
muitas convenções. Qual delas está sendo defendida<br />
no trecho acima?<br />
a) Inutilia truncat (corta o inútil)<br />
b) Fugere urbem (fugir da cidade)<br />
c) Aurea mediocritas (equilíbrio de ouro)<br />
d) Locus amoenus (lugar sossegado)<br />
e) Mimesis (imitação dos clássicos)<br />
232.<br />
Leia o texto abaixo.<br />
Importa, porém, distinguir dois momentos ideais na literatura<br />
dos Setecentos para não incorrer no equívoco de apontar<br />
contrastes onde houve apenas uma justaposição:<br />
a) momento poético que nasce de um encontro,<br />
embora ainda amaneirado, com a natureza e<br />
os afetos comuns do homem, refletidos através<br />
da tradição clássica e de formas bem definidas,<br />
julgadas dignas de imitação (...);<br />
b) o momento ideológico, que se impõe no meio do<br />
século, e traduz a crítica da burguesia culta aos<br />
abusos da nobreza e do clero (...).<br />
A.Bosi. História concisa da literatura brasileira.<br />
Assinale a alternativa em que os dois termos preencham<br />
as lacunas, respectivamente.<br />
a) Barroco – Ilustração<br />
b) Renascimento – Classicismo<br />
c) Iluminismo – Arcádia<br />
d) Classicismo – Iluminismo<br />
e) Arcádia – Ilustração
PV2D-07-POR-34<br />
233. Fuvest-SP<br />
E em arte aos de Minerva se não rendem<br />
Teus alvos, curtos dedos melindrosos.<br />
Indique a característica presente nos versos acima,<br />
de autoria de Bocage.<br />
a) Uso de pseudônimos.<br />
b) Rompimento com os clássicos.<br />
c) Recurso à mitologia greco-romana.<br />
d) Predominância do subjetivismo.<br />
e) Tema pastoril.<br />
234.<br />
Incultas produções da mocidade<br />
Exponho a vossos olhos, ó leitores.<br />
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,<br />
Que elas buscam piedade e não louvores.<br />
Ponderai da Fortuna a variedade<br />
Nos meus suspiros, lágrimas e amores;<br />
Notai dos males seus a imensidade,<br />
A curta duração dos seus favores.<br />
E se entre versos mil de sentimento<br />
Encontrardes alguns, cuja aparência<br />
Indique festival contentamento,<br />
Crede, ó mortais, que foram com violência<br />
Escritos pela mão do Fingimento,<br />
Cantadas pela voz da Dependência.<br />
Bocage<br />
Nesse poema, o poeta, que adotou o pseudônimo Elmano<br />
Sadino, traduz sua insatisfação com os modelos<br />
árcades que adotou em parte de sua obra.<br />
a) Dois versos referem-se a dois aspectos da poesia<br />
árcade que discutem o momento de composição<br />
de um poema. Identifique-os e dê uma possível<br />
explicação para eles.<br />
b) Sua insatisfação se revela em indícios de ruptura<br />
com o Arcadismo. Localize no poema passagens<br />
que sustentem essa afirmação.<br />
235. Fuvest-SP<br />
Bocage foi:<br />
a) o poeta mais representativo do Arcadismo em<br />
Portugal.<br />
b) o poeta mais representativo do Arcadismo no<br />
Brasil.<br />
c) um poeta pré-romântico.<br />
d) o escritor-chave para a compreensão do Barroco.<br />
e) um cronista medieval.<br />
236.<br />
Indique a alternativa incorreta.<br />
a) O Arcadismo foi uma tendência literária dominante<br />
dentro do Neoclassicismo do século XVIII.<br />
b) As academias em que se reuniam os poetas árcades<br />
eram chamadas Arcádias por referência a uma<br />
região da Grécia ligada ao pastoreio e à poesia.<br />
c) A primeira característica do Arcadismo é sua oposição<br />
ao Humanismo, defendendo, por isso, uma<br />
linguagem rebuscada e labiríntica.<br />
d) Do ponto de vista filosófico, o Arcadismo se liga<br />
ao pensamento racionalista da época, ou seja, ao<br />
movimento enciclopedista.<br />
e) Alguns poetas árcades já revelam traços prenunciadores<br />
do Romantismo.<br />
237. Unifesp<br />
Leia os versos do poeta português Bocage.<br />
Vem, oh Marília, vem lograr comigo<br />
Destes alegres campos a beleza,<br />
Destas copadas árvores o abrigo.<br />
Deixa louvar da corte a vã grandeza;<br />
Quanto me agrada mais estar contigo,<br />
Notando as perfeições da Natureza!<br />
Nestes versos:<br />
a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa<br />
da fugacidade do tempo.<br />
b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características<br />
pré-românticas do autor.<br />
c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia<br />
de se aproveitar o tempo presente.<br />
d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta,<br />
portanto, inacessíveis a ele.<br />
e) o poeta propõe, em linguagem clara, que se<br />
aproveite o presente de forma simples junto à<br />
natureza.<br />
238. FGV-SP<br />
Assinale a alternativa que apresenta erro na correlação<br />
autor-obra-época, relativamente à literatura<br />
portuguesa.<br />
a) Pe. Antônio Vieira – Sermão da Quarta-feira de<br />
Cinzas – Século XVII.<br />
b) Gil Vicente – Auto da Barca do Inferno – Século<br />
XVI.<br />
c) Manuel Maria Barbosa du Bocage – Nova Arcádia<br />
– Século XVIII.<br />
d) Camilo Peçanha – Clepsidra – Século XIX/XX.<br />
e) Almeida Garrett – Viagens na Minha Terra – Século<br />
XIX.<br />
239. ESPM-SP<br />
Em todas as alternativas abaixo, há versos característicos<br />
do Arcadismo, exceto em:<br />
a) Eu vi o meu semblante numa fonte:<br />
Dos anos inda não está cortado;<br />
Os Pastores, que habitam este monte,<br />
Respeitam o poder do meu cajado;<br />
b) Ah! enquanto os Destinos impiedosos<br />
Não voltam contra nós a face irada,<br />
Façamos, sim façamos, doce amada,<br />
Os nossos breves dias mais ditosos;<br />
c) Os teus cabelos são uns fios d’ouro;<br />
Teu lindo corpo bálsamos vapora.<br />
Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,<br />
Para glória de Amor igual tesouro;<br />
95
d) Se estou, Marília, contigo,<br />
Não tenho um leve cuidado;<br />
Nem me lembra se são horas<br />
De levar à fonte o gado;<br />
e) Ó florestas! ó relva amolecida,<br />
A cuja sombra, em cujo doce leito<br />
É tão macio descansar nos sonhos!<br />
Arvoredo do vale! derramai-me<br />
Sobre o corpo estendido na indolência<br />
O tépido frescor e o doce aroma!<br />
240.<br />
Assinale qual a explicação que não corresponde à<br />
regra árcade indicada:<br />
a) Fugere urbem: os árcades defendiam uma vida simples<br />
e natural, junto ao campo, distante dos centros<br />
urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento<br />
do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo<br />
o qual a civilização corrompe os costumes do<br />
homem, que nasce naturalmente bom.<br />
b) Aureas mediocritas: outro traço presente advindo<br />
da poesia horaciana é a idealização de uma vida<br />
pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa<br />
e triste na cidade.<br />
c) Locus amoenus: na poesia árcade, as situações<br />
são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de<br />
si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso,<br />
por exemplo, quase sempre é um pastor que<br />
confessa o seu amor por uma pastora.<br />
d) Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida<br />
enquanto é possível – tema já bastante explorado<br />
pelo Barroco – é retomado pelos árcades e faz<br />
parte do convite amoroso.<br />
e) Inutilia truncat: eliminar os excessos, optando<br />
por uma linguagem simples sem muitos torneios<br />
verbais.<br />
Texto para as questões 241 a 243.<br />
Já sobre o coche de ébano estrelado<br />
Deu meio giro a noite escura e feia;<br />
Que profundo silêncio me rodeia<br />
Neste deserto bosque, à luz vedado!<br />
96<br />
Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,<br />
O Tejo adormeceu na lisa areia;<br />
Nem o mavioso rouxinol gorjeia,<br />
Nem pia o mocho, às trevas costumado:<br />
Só eu velo, só eu, pedindo à sorte<br />
Que o fio, com que está minha alma presa<br />
À vil matéria lânguida me corte:<br />
Consola-me este horror, esta tristeza;<br />
Porque a meus olhos se afigura a morte<br />
No silêncio total da natureza.<br />
Bocage<br />
Vocabulário<br />
coche de ébano: carruagem de madeira escura<br />
jaz: está ou parece morto<br />
mocho: coruja<br />
lânguida: doentia<br />
241. Mackenzie-SP<br />
De acordo com o texto, é correto afirmar que:<br />
a) “a noite escura e feia” é a razão da tristeza do eu<br />
lírico.<br />
b) a natureza, para o eu lírico, é, nesse contexto,<br />
expressão da morte.<br />
c) a perspectiva da morte iminente torna o eu lírico<br />
angustiado.<br />
d) “a alma” está caracterizada como “matéria lânguida”.<br />
e) “a noite escura e feia” transformou-se em noite<br />
iluminada e silenciosa.<br />
242. Mackenzie-SP<br />
Está presente no texto o seguinte traço característico<br />
da poesia de Bocage:<br />
a) temática religiosa.<br />
b) idealização do locus amoenus.<br />
c) quebra dos padrões formais clássicos.<br />
d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da<br />
idéia.<br />
e) linguagem emotivo-racional.<br />
243. Mackenzie-SP<br />
Nesse poema, a referência à cultura mitológica (Zéfiro)<br />
revela influência da estética:<br />
a) romântica.<br />
b) simbolista.<br />
c) trovadoresca.<br />
d) árcade.<br />
e) parnasiana.<br />
Texto para as questões de 244 a 246.<br />
1<br />
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,<br />
Que viva de guardar alheio gado;<br />
De tosco trato, de expressões grosseiro,<br />
Dos frios gelos e dos sóis queimado.<br />
Tenho próprio casal, e nele assisto;<br />
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;<br />
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,<br />
E mais as finas lãs, de que me visto.<br />
Graças, Marília bela,<br />
Graças à minha Estrela!<br />
2<br />
Eu vi o meu semblante numa fonte:<br />
Dos anos inda não está cortado;<br />
Os pastores que habitam este monte<br />
Respeitam o poder do meu cajado.<br />
Com tal destreza toco a sanfoninha,<br />
Que inveja até me tem o próprio Alceste:<br />
Ao som dela concerto a voz celeste<br />
Nem canto letra, que não seja minha.<br />
Graças, Marília bela,<br />
Graças à minha Estrela!
PV2D-07-POR-34<br />
3<br />
Mas tendo tantos dotes da ventura,<br />
Só apreço lhes dou, gentil pastora,<br />
Depois que o teu afeto me segura<br />
Que queres do que tenho ser Senhora.<br />
É bom, minha Marília, é bom ser dono<br />
De um rebanho, que cubra monte e prado;<br />
Porém, gentil pastora, o teu agrado<br />
Vale mais que um rebanho e mais que um trono.<br />
Graças, Marília bela,<br />
Graças à minha Estrela!<br />
4<br />
(...)<br />
Irás a divertir-se na floresta,<br />
Sustentada, Marília, no meu braço;<br />
Aqui descansarei a quente sesta,<br />
Dormindo um leve sono em teu regaço;<br />
Enquanto a luta jogam os pastores,<br />
E emparelhados correm nas campinas,<br />
Toucarei teus cabelos de boninas,<br />
Nos troncos gravarei os teus louvores.<br />
Graças, Marília bela,<br />
Graças à minha Estrela!<br />
244.<br />
Identifique, estrofe por estrofe, as características<br />
árcades mais evidentes.<br />
245.<br />
Indique, na terceira estrofe, um traço pré-romântico.<br />
246.<br />
Há um termo em letra maiúscula que remete a um princípio<br />
da cultura clássica. Qual é e o que significa?<br />
247. PUCCamp-SP<br />
Pode-se afirmar que Marília de Dirceu e as Cartas<br />
chilenas são, respectivamente:<br />
a) altas expressões do lirismo amoroso e da sátira<br />
política, na literatura do século XVIII.<br />
b) exemplos da poesia biográfica e da literatura<br />
epistolar cultivadas no século XVII.<br />
c) exemplos do lirismo amoroso e da poesia de combate,<br />
cultivados sobretudo pelos poetas românticos<br />
da chamada “terceira geração”.<br />
d) altas expressões do lirismo e da sátira da nossa<br />
poesia barroca.<br />
e) expressões menores da prosa e da poesia do<br />
nosso Arcadismo, cultivadas no interior das Academias.<br />
248. UFPA<br />
Tomás Antônio Gonzaga expressou, através de alguns<br />
de seus poemas, toda a sua revolta pelos reveses da<br />
sua sorte. Tal fato:<br />
a) torna-o um poeta pré-barroco.<br />
b) vai de encontro aos princípios do Arcadismo.<br />
c) desvincula-o dos princípios românticos indo ao encontro<br />
dos valores modernos que ele professou.<br />
d) rompe com a orientação parnasiana de seus versos.<br />
e) transforma-o em um poeta elegíaco.<br />
249. UFPA<br />
A pastora Marília, conforme nos é apresentada nas<br />
liras de Tomás Antônio Gonzaga, carece de unidade de<br />
enfoques; por isso é muito difícil precisar, por exemplo,<br />
seu tipo físico. Esta imprecisão da pastora:<br />
a) é suficiente para seu autor ser apontado como<br />
pré-romântico.<br />
b) é fundamental para situar o leitor dentro do drama<br />
amoroso do autor.<br />
c) reflete o caráter genérico e impessoal que a poesia<br />
neoclássica deveria assumir.<br />
d) é responsável pela atmosfera de mistério, essencial<br />
para a poesia neoclássica.<br />
e) mostra a intenção do autor em não revelar o objeto<br />
do seu amor.<br />
250.<br />
Texto I<br />
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,<br />
Que viva de guardar alheio gado;<br />
De tosco trato, de expressões grosseiro,<br />
Dos frios gelos e dos sóis queimado.<br />
Tenho próprio casal, e nele assisto;<br />
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;<br />
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,<br />
E mais as finas lãs, de que me visto.<br />
Texto II<br />
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,<br />
Fui honrado Pastor da tua Aldeia;<br />
Vestia finas lãs e tinha sempre<br />
A minha choça do preciso cheia.<br />
Tiraram-me o casal e o mesmo gado.<br />
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.<br />
Os dois textos são de autoria de Tomás Antônio<br />
Gonzaga e fazem parte da obra Marília de Dirceu,<br />
respectivamente da primeira e da segunda partes.<br />
Os dois poemas mostram dois momentos diferentes<br />
da vida de Gonzaga. Aponte de que maneira essas<br />
diferenças aparecem nos textos.<br />
251. UEBA<br />
Assinale a alternativa correta a respeito do Arcadismo<br />
brasileiro.<br />
a) Estilo de época que coincidiu com o ciclo do açúcar<br />
na Bahia, da mesma forma que o Barroco coincidiu<br />
com o ciclo do ouro em Minas Gerais.<br />
b) Sob a influência da Contra-Reforma, o Arcadismo<br />
brasileiro não conseguiu libertar-se do estilo barroco,<br />
só produzindo obras de inspiração religiosa.<br />
c) O estilo árcade é amaneirado à moda dos cultistas,<br />
antítese do estilo natural dos escritores<br />
clássicos.<br />
d) Entre as características árcades, destacam-se<br />
o bucolismo, a simplicidade formal e a busca do<br />
equilíbrio.<br />
e) Tentando fugir à forte influência barroca, o Arcadismo<br />
brasileiro confundiu-se com o Romantismo,<br />
sobrepondo à racionalidade o sentimentalismo.<br />
97
252. Mackenzie-SP<br />
Leia as três afirmações que se seguem, referentes à<br />
obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, e<br />
assinale a alternativa correta.<br />
I. É uma obra composta por vários sonetos, que<br />
aparecem numa seqüência numerada.<br />
II. É uma coletânea de poesias amorosas, revestidas<br />
de sentimentalidade e simplicidade.<br />
III. Divide-se em duas partes: a primeira, anterior à prisão<br />
do poeta, e a segunda, posterior à mesma.<br />
a) II e III são corretas.<br />
b) Todas são corretas.<br />
c) I e III são corretas.<br />
d) I e II são corretas.<br />
e) Todas são incorretas.<br />
253. UFOP-MG<br />
Com relação a Marília de Dirceu, de Tomás Antônio<br />
Gonzaga, assinale a alternativa incorreta.<br />
a) As liras que compõem o livro são quase sempre<br />
poemas de lirismo amoroso que invocam a pastora<br />
Marília, amada do pastor Dirceu.<br />
b) Apesar de invocarem com grande freqüência o<br />
tema do amor, as liras não apresentam a atmosfera<br />
atormentada dos conflitos da paixão, antes<br />
exaltam a serenidade e a naturalidade na relação<br />
amorosa.<br />
c) Muitas das liras são dedicadas à tarefa de demonstrar<br />
à bem-amada a ordem e a harmonia das coisas<br />
naturais.<br />
d) Tendo sido Gonzaga um inconfidente, escreveu<br />
esse livro para descrever a situação geral da<br />
Colônia, oprimida pela exploração ferrenha da<br />
metrópole portuguesa.<br />
e) Algumas liras são destinadas a afirmar a dignidade<br />
e a valia do pastor Dirceu. Grande parte delas foi<br />
escrita no período em que Gonzaga esteve preso<br />
e, assim, revela-se, sob o disfarce do pastor, a<br />
presença dos dramas pessoais do autor, caído em<br />
desgraça, no momento da produção dos poemas.<br />
254. Unicamp-SP<br />
Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e<br />
Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a<br />
passagem do tempo, dela extraindo uma “filosofia de<br />
vida”. Leia-os com atenção.<br />
Texto I<br />
Minha bela Marília, tudo passa;<br />
a sorte deste mundo é mal segura;<br />
se vem depois dos males a ventura,<br />
vem depois dos prazeres a desgraça.<br />
..........................................................<br />
Que havemos de esperar, Marília bela?<br />
que vão passando os florescentes dias?<br />
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias,<br />
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.<br />
Ah! não, minha Marília,<br />
Aproveite-se o tempo, antes que faça<br />
o estrago de roubar ao corpo as forças<br />
e ao semblante a graça.<br />
Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu.<br />
98<br />
Texto II<br />
Quando, Lídia, vier o nosso outono<br />
Com o inverno que há nele, reservemos<br />
Um pensamento, não para a futura<br />
Primavera, que é de outrem,<br />
Nem para o estio, de quem somos mortos,<br />
Senão para o que fica do que passa<br />
O amarelo atual que as folhas vivem<br />
E as torna diferentes.<br />
Ricardo Reis. Odes.<br />
a) Em que consiste a “filosofia de vida” que a passagem<br />
do tempo sugere ao eu lírico do poema de<br />
Tomás Antônio Gonzaga?<br />
b) Os dois poetas valorizam o momento presente,<br />
embora o façam de maneira diferente. Em que<br />
consiste essa diferença?<br />
255.<br />
Vou retratar a Marília,<br />
A Marília, meus amores;<br />
Porém como? se eu não vejo<br />
Quem me empreste e as finas cores:<br />
Dar-mas a terra não pode<br />
Não, que a sua cor mimosa<br />
Vence o lírio, vence a rosa,<br />
O jasmim e as outras flores.<br />
Ah! socorre, Amor, socorre<br />
Ao mais grato empenho meu!<br />
Voa sobre os astros, voa,<br />
Traze-me as tintas do Céu.<br />
Por que o poeta se julga impotente para retratar a<br />
amada?<br />
256. UFPB<br />
Considere o trecho seguinte:<br />
Tenho próprio casal e nele assisto;<br />
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;<br />
das brancas ovelhinhas tiro o leite,<br />
e mais as finas lãs, de que me visto.<br />
(…) É bom, minha Marília, é bom ser dono<br />
de um rebanho, que cubra monte e prado;<br />
porém, gentil pastora, o teu agrado<br />
vale mais que um rebanho e mais que um trono.<br />
O fragmento acima demonstra que o seu autor, Tomás<br />
Antônio Gonzaga, vinculou-se ao Arcadismo e foi, ao<br />
mesmo tempo, um antecipador do movimento romântico.<br />
Justifique.<br />
Texto para as questões 257 e 258.<br />
Ornemos nossas testas com as flores,<br />
e façamos de feno um brando leito;<br />
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />
gozemos do prazer de sãos amores (...)<br />
(...) aproveite-se o tempo, antes que faça<br />
o estrago de roubar ao corpo as forças<br />
e ao semblante a graça.<br />
Tomás Antônio Gonzaga
PV2D-07-POR-34<br />
257. Mackenzie-SP<br />
Nos versos acima:<br />
a) o eu lírico, ao lamentar as transformações notadas<br />
em seu corpo e alma pela passagem do tempo,<br />
revela-se amoroso homem de meia-idade.<br />
b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de<br />
amigo”, está expresso o estado de alma de quem<br />
sente a ausência do ser amado.<br />
c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu<br />
lírico, a mulher a quem se poderiam fazer convites<br />
amorosos mais ousados.<br />
d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística,<br />
o ponto de vista dominante é o do amante que<br />
vê seus sentimentos antagônicos refletidos na<br />
natureza.<br />
e) a natureza é o espaço onde o amado se sente à<br />
vontade para expressar diretamente à amada suas<br />
inclinações sensuais.<br />
258. Mackenzie-SP<br />
Quanto ao estilo, os versos:<br />
a) revelam a presença não só de formas mais exageradas<br />
de inversão sintática — hipérbatos —, como<br />
também de comparações excessivas, resíduos do<br />
estilo cultista.<br />
b) comprovam a predileção pelo verso branco e pela<br />
ordem direta da frase, característicos da naturalidade<br />
desejada pelos poetas do Arcadismo.<br />
c) denotam — pela singeleza do vocabulário, pela<br />
sintaxe quase prosaica — a vontade de alcançar<br />
a simplicidade da linguagem, em oposição à artificialidade<br />
do Barroco.<br />
d) organizam-se em torno de antíteses, na busca<br />
de caracterizar, em atitude pré-romântica, o amor<br />
ideal e a pureza do lavor da terra.<br />
e) constroem-se pelo desdobramento contínuo de<br />
imagens, compondo um quadro em que a emoção<br />
é tratada de modo abstrato, de acordo com a<br />
convenção árcade.<br />
259. UFPE<br />
Texto 1<br />
Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão,<br />
e vós que roubais em uma armada sois imperador? Assim<br />
é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza.<br />
O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao<br />
inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu<br />
trato, são outros... ladrões de maior calibre e mais alta<br />
esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes<br />
roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de<br />
seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se<br />
furtam, são enforcados, e estes furtam e enforcam.<br />
Pe. Antônio Vieira. Sermão do bom ladrão.<br />
Texto 2<br />
Que havemos de esperar, Marília bela?<br />
Que vão passando os florescentes dias?<br />
As glórias que vêm tarde já vêm frias;<br />
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.<br />
Ah! Não, minha Marília,<br />
Aproveite-se o tempo, antes que faça<br />
O estrago de roubar ao corpo as forças<br />
E ao semblante a graça.<br />
Tomás Antônio Gonzaga. Lira XIV<br />
Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas<br />
abaixo.<br />
1. A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O<br />
tema dos versos anteriores é o carpe diem (gozar<br />
a vida presente), escrito numa linguagem amena,<br />
sem arroubos, própria do Arcadismo.<br />
2. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares,<br />
a linguagem arcádica, no poema de Gonzaga,<br />
diferencia-se da linguagem rebuscada usada pelo<br />
Barroco.<br />
3. O texto de Vieira, sendo barroco, está pleno de<br />
metáforas, de linguagem figurada, de termos inusitados<br />
e eruditos, sendo de difícil compreensão.<br />
4. Vieira adota a tendência barroca conceptista que<br />
leva para o texto o predomínio das idéias, do raciocínio,<br />
da lógica, procurando adequar os textos<br />
religiosos à realidade circundante.<br />
Está(ão) correta(s) apenas:<br />
a) 1, 2 e 3. d) 1, 2 e 4.<br />
b) 1. e) 2, 3 e 4.<br />
c) 2.<br />
260.<br />
Dê o título das duas obras mais importantes e o<br />
nome dos seus respectivos autores, do Arcadismo<br />
brasileiro.<br />
261. UFRGS-RS<br />
Leia os excertos abaixo, extraídos de Marília de Dirceu<br />
(Lira XIV), de Tomás Antônio Gonzaga.<br />
01. Minha bela Marília, tudo passa;<br />
02. A sorte deste mundo é mal segura;<br />
03. Se vem depois dos males a ventura,<br />
04. Vem depois dos prazeres a desgraça.<br />
05. Ornemos nossas testas com as flores<br />
06. E façamos de feno um brando leito;<br />
07. Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,<br />
08. Gozemos do prazer de sãos Amores.<br />
09. Sobre as nossas cabeças,<br />
<strong>10</strong>. Sem que o possam deter, o tempo corre;<br />
11. E para nós o tempo, que se passa,<br />
12. Também, Marília, morre.<br />
13. Ah, não, minha Marília,<br />
14. Aproveite-se o tempo, antes que faça<br />
15. O estrago de roubar ao corpo as forças,<br />
16. E ao semblante a graça.<br />
Considere as seguintes afirmações sobre esses<br />
excertos.<br />
I. Os versos chamam a atenção para a passagem<br />
do tempo e expressam um convite aos prazeres<br />
de um amor sadio.<br />
II. Os versos de 05 a 12 descrevem uma cena amorosa<br />
ambientada na paisagem mineira da cidade<br />
então chamada de Vila Rica.<br />
III. Marília é um nome literário adotado para a referida<br />
noiva do poeta inconfidente, cujo nome verdadeiro<br />
era Maria Dorotéia de Seixas Brandão.<br />
99
Quais estão corretas?<br />
a) Apenas I.<br />
b) Apenas II.<br />
c) Apenas III.<br />
d) Apenas I e III.<br />
e) I, II e III.<br />
262. UFRGS-RS<br />
1. Nise? Nise? onde estás? Aonde espera<br />
Achar-te uma alma, que por ti suspira (…)<br />
2. Glaura! Glaura! não respondes?<br />
E te escondes nestas brenhas?<br />
Dou às penhas meu lamento;<br />
Ó tormento sem igual!<br />
3. Minha bela Marília, tudo passa;<br />
A sorte deste mundo é mal segura;<br />
Se vem depois dos males a ventura,<br />
Vem depois dos prazeres a desgraça.<br />
Os poetas árcades brasileiros tinham as suas musas<br />
inspiradoras, a quem se dirigiam freqüentemente em<br />
seus poemas. Pelas musas evocadas nos versos<br />
acima, pode-se dizer que seus autores são, respectivamente:<br />
a) Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Tomás<br />
Antônio Gonzaga.<br />
b) José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa<br />
e Alvarenga Peixoto.<br />
c) Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Alvarenga<br />
Peixoto.<br />
d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga<br />
e Frei Santa Rita Durão.<br />
e) José Basílio da Gama, Frei Santa Rita Durão e<br />
Tomás Antônio Gonzaga.<br />
263. PUC-SP<br />
Encontra-se alusão a um importante ciclo econômico<br />
do século XVIII, na segunda passagem de Cláudio<br />
Manuel da Costa:<br />
a) Árvores aqui vi tão florescentes<br />
Que aziam perpétua a primavera:<br />
Nem troncos vejo agora decadentes.<br />
b) Turvo banhado as pálidas areias<br />
Nas porções do riquíssimo tesouro<br />
.......................................................<br />
O vasto campo da ambição recreias.<br />
c) De um ramo desta faia pendurado<br />
Vejo o instrumento estar do pastor Fido.<br />
d) O mel dourado dos carvalhos duros.<br />
e) Não vês nas tuas margens o sombrio<br />
Fresco assento de um álamo copado.<br />
264. Mackenzie-SP<br />
A respeito do Arcadismo brasileiro, é incorreto afirmar<br />
que:<br />
a) assume uma postura de imitação dos ideais renascentistas.<br />
b) um de seus conceitos básicos é que, na Natureza,<br />
reside toda a beleza, pureza e espiritualidade.<br />
<strong>10</strong>0<br />
c) seu início é assinalado pela publicação de Obras<br />
poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.<br />
d) revestiu-se de aspectos religiosos ligados à temática<br />
medieval.<br />
e) é comum o aparecimento de referências a figuras<br />
mitológicas clássicas.<br />
265. Vunesp<br />
Altéia<br />
Aquele amor amante,<br />
Que nas úmidas ribeiras<br />
Deste cristalino rio<br />
Guiava as brancas ovelhas;<br />
Aquele, que muitas vezes<br />
Afinando a doce avena,<br />
Parou as ligeiras águas,<br />
Moveu as bárbaras penhas;<br />
Cláudio Manuel da Costa<br />
Sobre uma rocha sentado<br />
Caladamente se queixa:<br />
Que para formar as vozes,<br />
Teme, que o ar as perceba.<br />
Poemas de Cláudio Manuel da Costa.<br />
São Paulo, Cultrix, 1966, p. 156.<br />
Nesse fragmento do romance Altéia, de Cláudio Manuel<br />
da Costa, acumulam-se características peculiares<br />
do Arcadismo. Releia o texto que lhe apresentamos<br />
e, a seguir:<br />
a) aponte duas dessas características;<br />
b) justifique sua resposta com, pelo menos, duas<br />
citações do texto.<br />
266. Vunesp<br />
Leia atentamente o texto abaixo e assinale a alternativa<br />
incorreta.<br />
Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi<br />
às águas do Mondego, se prosperassem por muito<br />
tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço<br />
de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria<br />
dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me<br />
ao ócio, e sepultar-me na ignorância! Que<br />
menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes<br />
rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles<br />
metais, que têm atraído a este clima os corações de<br />
toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da<br />
Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia<br />
dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros,<br />
primeiro que arrebate as idéias de um Poeta, deixa<br />
ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que<br />
lhes tem pervertido as cores.<br />
Costa, Cláudio M. da. Fragmento do Prólogo ao Leitor.<br />
In: Candido, A. & Castello, J. A. Presença da literatura brasileira.<br />
São Paulo, Difusão Européia do Livro,1971,<br />
vol. I, p. 138.<br />
a) O poeta estabelece uma conexão entre as diferenças<br />
ambientais e o seu reflexo na produção<br />
literária.<br />
b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a<br />
sua formação intelectual européia, mas deseja<br />
exprimir a realidade tosca de seu país.
PV2D-07-POR-34<br />
c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre<br />
o academicismo árcade europeu e a realidade<br />
brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima<br />
do poeta.<br />
d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no<br />
texto, há um questionamento do contexto sobre<br />
a validade de adotar esse modelo literário no<br />
Brasil.<br />
e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder,<br />
na Europa, contemplar as praias da Arcádia de<br />
onde retirava suas inspirações poéticas.<br />
267. Vunesp<br />
Filinto Elísio (1734-1819) é um poeta neoclássico<br />
português. Sintetize o principal conselho dado por ele<br />
em consonância com a poética do Neoclassicismo para<br />
que um poeta consiga escrever bem.<br />
Em defesa da Língua<br />
Lede, que é tempo, os clássicos honrados;<br />
Herdai seus bens, herdai essas conquistas,<br />
Que em reinos dos romanos e dos gregos<br />
Com indefesso estudo conseguiram.<br />
Vereis então que garbo, que facúndia<br />
Orna o verso gentil, quanto sem eles<br />
É delambido e peco o pobre verso.<br />
.............................................................<br />
Abra-se a antiga, veneranda fonte<br />
Dos genuínos clássicos e soltem-se<br />
As correntes da antiga, sã linguagem.<br />
Rompam-se as minas gregas e latinas<br />
(Não cesso de o dizer, porque é urgente);<br />
Cavemos a facúndia, que abasteça<br />
Nossa prosa eloqüente e culto verso.<br />
Sacudamos das falas, dos escritos<br />
Toda a frase estrangeira e frandulagem<br />
Dessa tinha, que comichona afeia<br />
O gesto airoso do idioma luso.<br />
Quero dar, que em francês hajam formosas<br />
Expressões, curtas frases elegantes;<br />
Mas índoles dif’rentes têm as línguas;<br />
Nem toda a frase em toda a língua ajusta.<br />
Ponde um belo nariz, alvo de neve,<br />
Numa formosa cara trigueirinha<br />
(Trigueiras há, que às louras se avantajam):<br />
O nariz alvo, no moreno rosto,<br />
Tanto não é beleza, que é defeito<br />
Nunca nariz francês na lusa cara,<br />
Que é filha de latina, e só latinas.<br />
Feições lhe quadram. São feições parentas.<br />
In: Elísio, Filinto. Poesias. Lisboa: Livraria Sá<br />
da Costa-Editora, 1941, pp. 44 e 51.<br />
268. UEL-PR<br />
O uso de pseudônimos pastoris, como Dirceu (Tomás<br />
Antônio Gonzaga) ou Glauceste Satúrnio (Cláudio<br />
Manuel da Costa), e o tratamento de “pastoras”, dado<br />
às musas inspiradoras, são índices que revelam, nos<br />
poetas árcades:<br />
a) a busca da harmonia entre campo e cidade, que<br />
se torna possível quando seus habitantes se encontram.<br />
b) a idealização da vida campestre, considerada a<br />
verdadeira fonte da poesia.<br />
c) a valorização da vida urbana, em detrimento dos<br />
ideais de integração na natureza.<br />
d) a preocupação em usar uma linguagem requintada,<br />
que amenizasse os rigores da natureza hostil.<br />
e) a preocupação em exaltar as atividades agrárias,<br />
mais que as pseudo-intelectuais.<br />
269. Cesesp-PE<br />
I. “O momento ideológico, na literatura do Setecentos,<br />
traduz a crítica da burguesia culta aos abusos<br />
da nobreza e do clero.”<br />
II. “O momento poético, na literatura do Setecentos,<br />
nasce de um encontro, embora ainda amaneirado,<br />
com a natureza e os afetos comuns do homem.”<br />
III. “Façamos, sim, façamos, doce amada,<br />
Os nossos breves dias mais ditosos.”<br />
A característica que está presente nestes versos é o<br />
carpe diem (gozar a vida).<br />
a) Só a proposição I é correta.<br />
b) Só a proposição II é correta.<br />
c) Só a proposição III é correta.<br />
d) São corretas as proposições I e II.<br />
e) Todas as proposições são corretas.<br />
270. UEL-PR<br />
No prefácio de suas Obras poéticas, escreveu Cláudio<br />
Manuel da Costa:<br />
Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde<br />
o som das águas inspirava a harmonia dos versos.<br />
Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que<br />
arrebate as idéias de um Poeta, deixa ponderar a<br />
ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem<br />
pervertido as cores.<br />
Afirma o poeta, portanto, que:<br />
a) a natureza de sua região natal guarda harmoniosa<br />
correspondência com a Arcádia.<br />
b) a inspiração, que brota harmoniosa da natureza<br />
arcádica, é perturbada pela realidade das águas<br />
turvas dos rios em mineração.<br />
c) a harmonia dos versos arcádicos é embalada pelo<br />
som dos ribeiros de sua terra, graças à mineração<br />
que lhes turva as águas.<br />
d) é preciso esquecer a harmonia dos versos arcádicos,<br />
em vista da beleza maior dos inspiradores<br />
rios de mineração.<br />
e) a beleza natural dos rios da Arcádia e dos de sua<br />
terra é afetada pela ambição econômica, que<br />
perverte a uns e a outros.<br />
271. Mackenzie-SP<br />
A respeito de Cláudio Manuel da Costa, é correto<br />
afirmar que:<br />
a) é o nosso maior representante da poesia barroca.<br />
b) as liras de Marília de Dirceu espelham o maior<br />
momento de sua criação poética.<br />
c) desenvolveu-se exclusivamente a tendência épica<br />
em sua obra.<br />
d) em seus sonetos, segue a lírica de Camões.<br />
e) não se encontra em seus poemas qualquer preocupação<br />
com a natureza brasileira.<br />
<strong>10</strong>1
272. Vunesp<br />
Leia os textos a seguir.<br />
Convite à Marília<br />
Já se afastou de nós o Inverno agreste<br />
A fértil Primavera, a mãe das flores,<br />
O prado ameno de boninas veste.<br />
<strong>10</strong>2<br />
Varrendo os ares, o sutil Nordeste<br />
Os torna azuis; as aves de mil cores<br />
Adejam entre Zéfiros e Amores,<br />
E toma o fresco Tejo a cor celeste.<br />
Vem, ó Marília, vem lograr comigo<br />
Destes alegres campos a beleza,<br />
Destas copadas árvores o abrigo.<br />
Deixa louvar da corte a vã grandeza:<br />
Quanto me agrada mais estar contigo,<br />
Notando as perfeições da Natureza!<br />
Bocage, Obras de Bocage.<br />
Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.<br />
Bye bye Brasil<br />
Mulher Nordestina – Meu Santo, minha família foi<br />
embora, meu santo. Filho, nora, neto… Fiquei só com<br />
o meu velho que morreu na semana passada. Agora,<br />
quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde é<br />
que eles foram, meu santo?<br />
Lord Cigano – E eu sei lá? Como é que eu vô<br />
saber? Quer dizer… eu sei…eu… Eu tô vendo. Eu<br />
estou vendo a sua família, eles estão a muitas léguas<br />
daqui.<br />
Mulher Nordestina – Vivos?<br />
Lord Cigano – É, vivos, se acostumando ao<br />
lugar novo.<br />
Mulher Nordestina – A gente se acostuma com<br />
tudo… Onde é que eles estão agora, meu santo?<br />
Lord Cigano – Ah, pêra aí, deixa eu ver! Eu tô<br />
vendo: eles estão num vale muito verde onde chove<br />
muito, as árvores são muito compridas e os rios são<br />
grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, que ninguém<br />
precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os<br />
jovens não perdem sua força. É uma terra tão verde…<br />
Altamira!<br />
Diálogo do filme Bye bye Brasil (1979). Produzido por Lucy Barreto.<br />
Escrito e dirigido por Carlos Diegues.<br />
Os escritores clássicos gregos e latinos produziram<br />
certas fórmulas de expressão que, retomadas ao longo<br />
dos tempos, chegaram até nossa modernidade. Uma<br />
dessas fórmulas é a chamada tópica do lugar ameno,<br />
ou seja, a evocação literária de um recanto ideal, delicado,<br />
geralmente bucólico, cuja paz e tranqüilidade<br />
servem de palco ao idílio dos amantes e ao sossego<br />
da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno à<br />
felicidade perdida. Tomando por base este comentário,<br />
releia os textos em pauta, e, a seguir:<br />
a) aponte, na seqüência de Bye Bye Brasil, dois elementos<br />
da paisagem descrita por Lord Cigano que<br />
caracterizam Altamira como um lugar ameno;<br />
b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em<br />
que se estabelece relação opositiva com a tópica<br />
do lugar ameno.<br />
273. Centec-BA<br />
Quando o poeta neoclássico pinta uma paisagem como<br />
um “estado de alma”, podemos dizer que estamos<br />
diante de uma paisagem:<br />
a) tipicamente neoclássica.<br />
b) sugestivamente simbolista.<br />
c) rebuscadamente barroca.<br />
d) prenunciadora do Parnasianismo.<br />
e) antecipadamente romântica.<br />
274. Vunesp<br />
Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio,<br />
pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio<br />
resolve, espera, teme, vacila, gela e cora,<br />
consulta o seu amor e o seu dever ignora.<br />
Voa a farpada seta da mão, que não se engana;<br />
Mas ai, que já não vives, ó mísera Indiana!<br />
Nesses versos de Silva Alvarença, poeta árcade e<br />
ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em<br />
que a heroína morre. Assinale a alternativa correta em<br />
que se mencionam o nome da heroína (1), o título da<br />
obra (2) e o nome do autor (3).<br />
a) (1) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão.<br />
b) (1) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias.<br />
c) (1) Lindóia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama.<br />
d) (1) Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar.<br />
e) (1) Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A.<br />
Gonzaga.<br />
275.<br />
Aponte a alternativa em que houver erro.<br />
a) O padre Antônio Vieira, embora sacerdote, foi nacionalista<br />
(pregou contra os holandeses invasores)<br />
e se preocupou com problemas sociais (foi contrário<br />
a que os colonos portugueses escravizassem<br />
os índios).<br />
b) Gregório de Matos Guerra não passou de um<br />
panfletário; em sua obra satírica, não perdoou a<br />
ninguém; no campo humorístico, chegou à obscenidade;<br />
no campo lírico, nada produziu; embora<br />
tesoureiro-mor e vigário-geral da catedral da Bahia,<br />
não há poesia sua sobre religião levada a sério.<br />
c) Uraguai, epopéia de Basílio da Gama, foge a<br />
estritos moldes camonianos e é sobretudo antijesuítica.<br />
d) Santa Rita Durão, quando compõe o Caramuru,<br />
não perde de vista a estrutura formal de Os lusíadas.<br />
e) Vida e obra de Tomás Antônio Gonzaga são indissociáveis<br />
de Marília, a quem consagrou muitas<br />
liras.<br />
276. Cefet-PR<br />
Marque a alternativa incorreta sobre o Arcadismo<br />
brasileiro.<br />
a) Algumas obras árcades assimilam certa ideologia<br />
da época, valorativa da vida natural, do homem<br />
primitivo.<br />
b) A cosmovisão iluminista, enaltecedora do saber<br />
erudito, encontra-se presente em vários poemas<br />
dos árcades brasileiros.
PV2D-07-POR-34<br />
c) Em Caramuru, obra épica de Santa Rita Durão,<br />
ocorre a apologia do cristianismo.<br />
d) A obra O Uraguai, de Basílio da Gama, liga-se ideologicamente<br />
à política do Marquês de Pombal, à<br />
proporção que retrata de modo positivo a expulsão<br />
dos jesuítas de suas reduções.<br />
e) A exaltação da vida simples, do homem natural,<br />
do bom selvagem leva os poetas árcades a repudiarem<br />
em suas obras poéticas o saber erudito.<br />
277. Vunesp<br />
Leia os textos a seguir.<br />
O Uraguai<br />
(Canto IV – fragmento)<br />
Este lugar delicioso, e triste,<br />
Cansada de viver, tinha escolhido<br />
Para morrer a mísera Lindóia.<br />
Lá reclinada, como que dormia,<br />
Na branda relva, e nas mimosas flores,<br />
Tinha a face na mão, e a mão no tronco<br />
De um fúnebre cipreste, que espalhava<br />
Melancólica sombra. Mais de perto<br />
Descobrem que se enrola no seu corpo<br />
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge<br />
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio.<br />
Fogem de a ver assim sobressaltados,<br />
E param cheios de temor ao longe;<br />
E nem se atrevem a chamá-la, e temem<br />
Que desperte assustada, e irrite o monstro,<br />
E fuja, e apresse no fugir a morte.<br />
Basílio da Gama<br />
Caramuru<br />
(Canto VI, estrofe XLII)<br />
Perde o lume dos olhos, pasma e treme,<br />
Pálida a cor, o aspecto moribundo. Com mão já sem<br />
Vigor, soltando o leme,<br />
Entre as salsas escumas desce ao fundo.<br />
Mas na onda do mar, que irado freme,<br />
Tornando a aparecer desde o profundo:<br />
“Ah, Diogo cruel!” disse com mágoa,<br />
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.<br />
Santa Rita Durão<br />
A epopéia Os lusíadas (1572) tem servido de modelo<br />
aos demais poemas épicos escritos em língua portuguesa.<br />
As comparações destes com a obra-prima de<br />
Luís Vaz de Camões são inevitáveis. Releia atentamente<br />
os textos apresentados e, a seguir:<br />
a) aponte, do ponto de vista da versificação, em qual<br />
deles o autor revela seguir mais à risca o modelo<br />
camoniano;<br />
b) cite duas características do texto escolhido que<br />
evidenciam essa aproximação com a versificação<br />
de Os lusíadas.<br />
278.<br />
Este lugar delicioso, e triste,<br />
Cansada de viver, tinha escolhido<br />
Para morrer a mísera Lindóia.<br />
Lá reclinada, como que dormia,<br />
Na branda relva, e nas mimosas flores,<br />
Tinha a face na mão, e a mão no tronco<br />
De um fúnebre cipreste, que espalhava<br />
Melancólica sombra. Mais de perto<br />
Descobrem que se enrola no seu corpo<br />
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge<br />
Pescoço, e braço, e lhe lambe o seio.<br />
(...)<br />
Porém o destro Caitutu, que treme<br />
Do perigo da irmã, sem mais demora<br />
Dobrou as pontas do arco, quis três vezes<br />
Saltar o tiro, e vacilou três vezes<br />
Entre a ira, e o temor. Enfim sacode<br />
O arco, e faz voar a aguda seta,<br />
Que toca o peito de Lindóia, e fere<br />
A serpente na testa, e a boca, e os dentes<br />
Deixou cravadas no vizinho tronco.<br />
Açouta o campo co´a ligeira cauda<br />
O irado monstro,e em tortuosos giros<br />
Se enrosca no cipreste, e verde envolto<br />
Emnegro sangue o lívido veneno.<br />
Leva nos braços a infeliz Lindóia<br />
O desgraçado irmão, que ao despertá-la<br />
Conhece, com que dor! no frio rosto<br />
Os sinais do veneno, e vê ferido<br />
Pelo dente sutil o brando peito.<br />
Os olhos, em que Amor reinava um dia,<br />
Cheios de morte; e muda aquela língua,<br />
Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes<br />
Contou a larga história de seus males<br />
Nos olhos de Caitutu não sofre o pranto,<br />
E rompe em profundíssimos suspiros,<br />
Lendo na testa da fronteira gruta<br />
De sua mão já trêmula gravado<br />
O alheio crime, e a voluntária morte.<br />
a) Indique o nome da obra e o autor.<br />
b) Sintetize o enredo do poema.<br />
c) Aponte, no texto dado, as rupturas com o modelo<br />
camoniano.<br />
279.<br />
Qual é o argumento histórico do poema Caramuru?<br />
<strong>10</strong>3
Língua <strong>Portugues</strong>a 3 – Gabarito<br />
01. a) II c) I<br />
<strong>10</strong>4<br />
b) III d) IV<br />
02. Os versos em que ocorre a<br />
utilização do paralelismo são:<br />
“mentiu-mh o meu amigo:”,<br />
“mentiu per seu grado”, e “mais<br />
bem des aquel dia”, “mais por<br />
que mh-á mentido,”. Justifica-se<br />
essa utilização para enfatizar<br />
que o amado havia mentido<br />
para o eu-lírico.<br />
O refrão “sanhuda lh’ and’<br />
eu”, presente no final de cada<br />
estrofe, justifica-se para representar<br />
o quanto a jovem<br />
ficou zangada com a mentira<br />
do amado.<br />
03. A 04. B<br />
05. A ambientação no litoral é semelhante<br />
e também a presença<br />
do refrão em ambas.<br />
06. I. D IV. C<br />
II. A V. A<br />
III. B<br />
07. A<br />
08. a) Refere-se às romarias, eventos<br />
comuns na época.<br />
b) A referência às romarias indicia<br />
a religiosidade medieval,<br />
aspecto fundamental da<br />
cultura do período, marcada<br />
pelo teocentrismo.<br />
09. C <strong>10</strong>. C 11. D<br />
12. a) Em ambos os textos, a<br />
amada procura desprezar<br />
o amante ou aquele que a<br />
admira.<br />
b) Texto I ⇒ e me non falou<br />
Texto II ⇒ E nem escuta<br />
quem apela<br />
c) O trovador afirma que o<br />
desprezo da amada provoca<br />
nele uma dor pior que a<br />
morte.<br />
13. Formalmente o texto faz referência<br />
ao Trovadorismo, por<br />
meio do uso do português<br />
arcaico (galego-português),<br />
apresentando inclusive expressões<br />
próprias da Idade<br />
Média lusitana (non dormho á<br />
mui gran sazon/ ai meu lum’e<br />
meu ben). O tema da coita<br />
amorosa, da separação segui- II.<br />
da de sofrimento por parte do a) A personagem que se ex-<br />
apaixonado trovador, é outra pressa no último verso é a<br />
característica trovadoresca<br />
presente.<br />
moça apresentada na 1ª série<br />
paralelística.<br />
14. A confissão de apaixonado do b) Ao dizer que seu observador<br />
eu lírico e a presença do amor adivinhou seus sentimentos,<br />
cortês identificado na palavra a moça confessa seu sofri-<br />
“Senhor” com que é tratada a<br />
mulher amada.<br />
mento amoroso que, antes,<br />
ela exprimia indireta e disfar-<br />
15. D<br />
çadamente com as cantigas.<br />
16. Cantiga de amor: vassalagem 20. Apontar para a mudança no<br />
amorosa (princesa, senhora), vocabulário (mais fácil), em<br />
coita (você me arrasou), eu lírico comparação aos textos trovado-<br />
masculino.<br />
rescos. Além disso, permanece<br />
17. a) Presença do eu lírico masculino<br />
e abordagem da coita<br />
amorosa.<br />
b) Pode ser tomada como can-<br />
a temática em que a mulher é<br />
um ser superior (vassalagem<br />
amorosa) que faz o eu lírico<br />
sofrer (coita).<br />
tiga de maldizer, por mostrar 21. D<br />
uma situação satírica, ou 22. Texto antropocêntrico, pois<br />
maliciosa (uma moça sendo centraliza o foco nas ativi-<br />
vista seminua), envolvendo dades e paixões humanas,<br />
alguém claramente identi- terrenas.<br />
ficado (Filha de Don Paai<br />
Moniz).<br />
23. a) Atitude “científica”, detalhada<br />
na observação dos fatos<br />
18. a) Cantiga de maldizer, por históricos.<br />
apresentar uma crítica direta<br />
e explícita a alguém cujo<br />
nome é, inclusive, citado<br />
(Don Meendo)<br />
b) Texto antropocêntrico, pois<br />
centraliza o foco nas atividades<br />
e paixões humanas,<br />
terrenas.<br />
b) O trovador acusa o satirizado<br />
de tê-lo roubado (ou<br />
enganado com sua conversa<br />
esperta).<br />
24. A<br />
25. O tema do abandono e o<br />
sofrimento decorrente dele<br />
aparecem tanto na poesia<br />
19. I.<br />
trovadoresca como na poesia<br />
a) A cantiga estrutura-se em palaciana.<br />
duas séries paralelísticas:<br />
1ª série – estrofes 1 e 2;<br />
2ª série – estrofes 3 e 4.<br />
Ao final de cada estrofe,<br />
repete-se o refrão. O último<br />
verso não integra o<br />
paralelismo.<br />
b) Na primeira série paralelística,<br />
é enfatizada a imagem<br />
da moça que canta para o<br />
amigo enquanto trabalha; já<br />
na segunda série, por meio<br />
da fala de uma personagem,<br />
são expostos os sentimen-<br />
26. O interesse de Fernão Lopes<br />
pela pesquisa histórica indica<br />
a tendência humanista para o<br />
cientificismo.<br />
27. E<br />
28. O primeiro texto, a partir de uma<br />
antítese, acaba por não chegar<br />
a uma explicação. Já o segundo<br />
texto, na oposição interior x exterior,<br />
demonstra que o eu poético<br />
sabe em que lugar se perdeu.<br />
29. C 30. D 31. A<br />
32. C 33. A 34. B<br />
tos da moça, que canta sua 35. B 36. C 37. C<br />
infelicidade amorosa. 38. A
PV2D-07-POR-34<br />
39. a) Auto da barca do inferno. b) Ele afirma ser “fidalgo de ao período humanista, sendo<br />
b) Pela atitude teocêntrica solar”, isto é, ser de família exemplo de poesia palaciana.<br />
de salvar a alma dos ca- importante e, por isso, me- O 2º texto pertence ao Classivaleiros,<br />
já que morreram recer o céu.<br />
cismo.<br />
defendendo interesses da 51. E 52. E 53. A 63. a) Camões foi o maior repre-<br />
Igreja Católica.<br />
54. a) Porque lutaram em nome de sentante do Classicismo em<br />
40. a) Lança uma série de im- Jesus Cristo.<br />
língua portuguesa.<br />
propérios e ofensas ao b) Pensamento teocêntrico b) Heróis que cantaste/armas/<br />
Diabo.<br />
b) Representa o homem mais<br />
humilde e simplório.<br />
c) Um homem ingênuo, sem<br />
malícia.<br />
41. E 42. C<br />
43. a) Como tendo sido castigo<br />
divino (a ira de Deus fizera<br />
aquilo).<br />
b) Como curso natural, fenômeno<br />
natural, obra da natureza,<br />
e não de Deus.<br />
c) Indica uma postura mais<br />
independente da ortodoxia<br />
católica. No contexto<br />
humanista, isso ilustra a<br />
passagem de concepções<br />
teocêntricas para concepções<br />
antropocêntricas.<br />
44. A<br />
45. Gil Vicente. Povo, juízes, agiotas,<br />
artesãos etc.<br />
55. I. B e II. C 56. D<br />
57. a) O trecho que se relaciona<br />
literalmente com o final da<br />
peça é “asno que me leve<br />
quero”. Pero Marques age<br />
como um “asno” em duas<br />
situações: a primeira quando<br />
serve de cavalgadura; a<br />
segunda, por não saber que<br />
Inês o traía.<br />
b) O primeiro marido de Inês<br />
– Brás da Mata – tratava-a<br />
de modo agressivo e tirânico,<br />
já Pero dá-lhe total<br />
liberdade.<br />
c) É uma sátira moral da sociedade<br />
portuguesa da época.<br />
Inês abandona seus ideais<br />
com o propósito de levar<br />
uma vida prazerosa.<br />
58. C 59. D<br />
barões/oceano/a história<br />
que narraste/deuses/ninfas/guerras/cobiças/amador/etc.<br />
64. A carta de Antônio Ferreira<br />
permite identificar uma série<br />
de elementos clássicos: arte<br />
como expressão da natureza<br />
humana, conceito humanista<br />
antropocêntrico — “Conheçame<br />
a mim mesmo” –; racionalismo<br />
– “O juízo quero! De quem<br />
com juízo, e sem paixão me<br />
leia” –; imitação dos clássicos<br />
antigos – “Na boa imitação”<br />
– ; valorização da bagagem<br />
cultural – “Muito, ó Poeta, o engenho<br />
pode dar-te./ Mas muito<br />
mais que o engenho, o tempo,<br />
e estudo” –; referências mitológicas<br />
– “Apolo”, “nove Irmãs”<br />
–; equilíbrio – “Corta o sobejo,<br />
vai acrescentando/ O que falta,<br />
46. Brás da Mata representa o<br />
60. a) Trata-se da noção de equilíbrio.<br />
cavalo, pois ele “derruba” Inês<br />
com sua repressão.<br />
b) O poeta, no texto, prega uma<br />
47. E 48. A<br />
existência simples e equilíbrada,<br />
vivendo de seus próprios<br />
49. a) Inês reclama dos serviços<br />
recursos, de forma humilde,<br />
domésticos que a prendem<br />
para se manter longe da<br />
na casa da mãe, desejando<br />
inveja. A mediania (ou “aurea<br />
viver e folgar como outras<br />
mediocritas”) é louvada: não<br />
moças.<br />
ter muito, nem pouco, apenas<br />
o baixo ergue, o alto modera”,<br />
“do ornamento / Ou tira ou põe”<br />
–; universalismo – “Tudo a ua<br />
igual regra conformando” –;<br />
linguagem clara – “Ao escuro<br />
da luz, e ao que pudera/ fazer<br />
dúvida aclara” –; sobriedade,<br />
contenção –“com o decoro o<br />
tempera”.<br />
65. D 66. B 67. E<br />
b) Inês optaria por casar-se. o necessário, isto é, o que 68. D 69. D 70. B<br />
Por meio do casamento,<br />
ela pensa encontrar a liberdade.<br />
está no meio, o equilíbrio.<br />
61. Formalmente, a grande novidade<br />
do dolce stil nuovo era o uso de<br />
71. a) Os dois versos finais (“Sãs<br />
letras, justas armas, esteios/<br />
Firmíssimos de Império só<br />
c) Inês seria aprisionada pelo versos decassílabos (por isso tenhamos.”).<br />
primeiro marido, Brás da chamados de “medida nova”), em b) O poeta coloca, em um<br />
Mata, enquanto ele partis- substituição aos tradicionais ver- mesmo plano de importância<br />
se para a guerra. Assim, sos de redondilha maior e menor para a administração do rei-<br />
ficaria sem a liberdade (que passaram a ser conhecidos no, tanto a força das armas<br />
que pensava obter com como “medida velha”).<br />
(“justas armas”) quanto a<br />
o casamento. Depois de<br />
viúva, casaria novamente,<br />
valendo-se da experiência<br />
para conseguir garantir<br />
a vida livre que sempre<br />
desejou.<br />
62. O primeiro texto é mais sentimental<br />
e emotivo, tematizando<br />
uma experiência amorosa<br />
particular. O segundo mostra<br />
uma concepção mais racionalista<br />
e generalizadora do<br />
influência do saber (“Sãs<br />
letras”).<br />
c) No Classicismo, ocorre a valorização<br />
da racionalidade,<br />
da inteligência, que é exatamente<br />
o aspecto realçado<br />
50. a) A soberba, a vaidade e a amor, tratado aqui de forma aqui pelo poeta.<br />
exploração dos pobres. universal. O 1º texto pertence 72. A<br />
<strong>10</strong>5
73. a) O verbo “alongar” associase<br />
a cansaço da vida. O<br />
“encurtar” relaciona-se à<br />
proximidade da morte.<br />
b) Há, no primeiro verso da<br />
segunda estrofe, uma oposição<br />
entre “gastando” e<br />
“cresce”. Quanto mais a<br />
idade avança, mais o poeta<br />
se aproxima do fim da vida.<br />
c) O pronome “ele” refere-se ao<br />
vocábulo “bem”.<br />
74. D<br />
75. a) Trata-se de um soneto decassílabo.<br />
b) O poeta compara o próprio<br />
coração com um passarinho.<br />
Assim como um caçador<br />
acaba com a vida do segundo,<br />
o Frecheiro cego<br />
acaba com a liberdade do<br />
primeiro.<br />
c) O Frecheiro cego é Cupido,<br />
o deus do Amor na mitologia<br />
clássica. Ele é representado<br />
por uma criança: um anjo de<br />
olhos vendados (por isso<br />
é chamado de “cego”) que<br />
atira flechas para todos os<br />
lados, acertando aleatoriamente<br />
e fazendo com que<br />
os flechados se apaixonem<br />
uns pelos outros.<br />
76. Porque a ligação entre Inês e<br />
D. Pedro era mais forte que os<br />
laços aristocráticos. Além disso,<br />
ao responsabilizar o Amor, o poeta<br />
atenua a responsabilidade<br />
do pai de D. Pedro pelo crime.<br />
77. B 78. A<br />
79. a) Camões é autor representativo<br />
do Classicismo, movimento<br />
estético renascentista.<br />
b) Pôr freio a penas significa<br />
“Não chorar”.<br />
80. a) O vocábulo Amor grafado<br />
com maiúscula no 5º verso<br />
está relacionado à personificação<br />
do amor, o deus do<br />
Amor (Eros).<br />
b) O poder tirânico do amor foi<br />
a causa mortis de Inês de<br />
castro, exigência de Eros, que<br />
não se satisfaz apenas com<br />
lágrimas e sim com sangue<br />
humano.<br />
81. E 82. E 83. C<br />
84. E 85. A<br />
<strong>10</strong>6<br />
86. No episódio conhecido como<br />
“Gigante Adamastor”. Ele representaria<br />
a personificação do<br />
Cabo das Tormentas.<br />
87. D 88. A<br />
89. D 90. C<br />
91. a) A “gente surda e endurecida”<br />
a que se refere o poeta são<br />
seus contemporâneos.<br />
b) O poeta os acusa de abdicarem<br />
de suas tradições gloriosas<br />
em nome da cobiça e da<br />
pura preocupação material,<br />
sem grandeza, sem aspirações<br />
maiores.<br />
c) O poeta registra o estado de<br />
espírito de um povo marcado<br />
então pela decadência,<br />
muito distante das glórias<br />
dos heróis do poema camoniano,<br />
seus antepassados.<br />
92. C 93. D<br />
94. B 95. C<br />
96. a) O narrador é Vasco da<br />
Gama.<br />
b) Vasco da Gama representa a<br />
modernidade e o ideal expansionista,<br />
enquanto o velho representa<br />
o apego à tradição.<br />
97. A 98. E<br />
99. a) Porque tinha medo de morrer<br />
sem terminar a construção<br />
do convento de Mafra.<br />
b) D. João V.<br />
c) Para Saramago, “velho” é<br />
sinal de incapacidade para<br />
o trabalho; em Camões,<br />
“velho” é experiência.<br />
<strong>10</strong>0. B <strong>10</strong>1. B<br />
<strong>10</strong>2. Os dois últimos versos são uma<br />
confirmação, uma ênfase em<br />
relação aos anteriores. Vide a<br />
repetição do verbo “cessar”.<br />
<strong>10</strong>3. a) Decassílabo (<strong>10</strong> sílabas<br />
poéticas)<br />
b) Viagem de Vasco da Gama<br />
às Índias, feita em 1498,<br />
como parte da constituição<br />
do Império Colonial Português.<br />
<strong>10</strong>4. a) Luís Vaz de Camões<br />
(1525-1580), autor de Os<br />
lusíadas, é o expoente do<br />
Classicismo lusitano. Fernando<br />
Pessoa (1888-1935)<br />
é a grande expressão do<br />
Modernismo português.<br />
b) O poema de Fernando<br />
Pessoa é uma paródia séria<br />
do texto de Camões. Ambos<br />
fazem uma descrição do<br />
mapa da Europa através da<br />
personificação de acidentes<br />
geográficos: para Camões,<br />
Portugal é “quase cume da<br />
cabeça / De Europa toda”;<br />
para Fernando Pessoa,<br />
é “o rosto com que fita”.<br />
Esse recurso é a figura de<br />
linguagem chamada prosopopéia.<br />
<strong>10</strong>5. D <strong>10</strong>6. B<br />
<strong>10</strong>7. A <strong>10</strong>8. E<br />
<strong>10</strong>9. Os “barões assinalados” (isto<br />
é, varões ou homens ilustres,<br />
importantes) são os heróis<br />
portugueses das Grandes<br />
Navegações. A expressão<br />
indica o elitismo da concepção<br />
histórica do poeta, que<br />
entendia a História como uma<br />
sucessão de feitos promovidos<br />
pela aristocracia.<br />
1<strong>10</strong>. a) São os versos 2 – 4 da segunda<br />
estrofe: “Daqueles<br />
reis que foram dilatando / A<br />
Fé, o Império, e as terras viciosas<br />
/ De África e de Ásia<br />
andaram devastando.<br />
b) Nesses versos, o poeta<br />
insinua que os motivos<br />
que teriam levado os portugueses<br />
a se empenharem<br />
na tarefa das Grandes<br />
Navegações teriam sido a<br />
expansão do Império e a<br />
eliminação do paganismo.<br />
c) No episódio do “Velho do<br />
Restelo”, outros motivos<br />
são revelados, como a<br />
cobiça e a ambição que<br />
nortearam a empresa das<br />
navegações lusitanas.<br />
111. Trata-se do verso 5 da terceira<br />
estrofe: “Que eu canto o peito<br />
ilustre lusitano”. Nele, o poeta<br />
define a matéria temática de<br />
Os lusíadas: a coragem e a<br />
ousadia dos portugueses,<br />
que os tornaram superiores<br />
aos gregos (o “sábio grego”<br />
é Ulisses), troianos (Enéias),<br />
macedônios (Alexandre) e<br />
romanos (Trajano, general).
PV2D-07-POR-34<br />
112. A 113. E<br />
114. Sim. A incorporação do objeto<br />
amado sem a necessidade da<br />
materialização.<br />
115. D<br />
116. Fugacidade das coisas, efemeridade<br />
da vida, preocupação<br />
com a definição do sentimento<br />
amoroso, desconcerto<br />
do mundo, citações bíblicas.<br />
117. C 118. D<br />
119. D 120. C<br />
121. A diferença mais significativa é<br />
o conteúdo. Na poesia épica,<br />
o conteúdo é narrativo, geralmente<br />
com pano de fundo histórico,<br />
associado a concepções<br />
mitológicas. Na poesia lírica, a<br />
temática expressa os estados<br />
emocionais de um eu lírico.<br />
O tipo de verso não poderia<br />
ser colocado como diferença<br />
significativa, porque Camões,<br />
por exemplo, escreveu em decassílabos<br />
tanto poesia épica<br />
(Os lusíadas) quanto poesia<br />
lírica (Os sonetos).<br />
122. a) A antítese do início do poema<br />
se expressa através da oposição<br />
entre a vida e a morte:<br />
a amada está morta, porém<br />
viva nas lembranças dele.<br />
b) Segundo o poema, essa<br />
morte se deu tragicamente,<br />
em um naufrágio. Os<br />
versos que indicam esse<br />
episódio da biografia camoniana<br />
são: “Eternamente<br />
as águas lograrão / A tua<br />
peregrina fermosura”.<br />
c) O verso empregado no<br />
poema foi o decassílabo,<br />
verso de medida nova.<br />
d) Trata-se de um soneto,<br />
por possuir catorze versos<br />
dispostos em duas estrofes<br />
de quatro versos (quadras)<br />
e duas de três versos (tercetos).<br />
Os versos são decassílabos,<br />
como mandava<br />
a tradição clássica, e o esquema<br />
de rima é: abba abba<br />
cde cde, um dos esquemas<br />
utilizados nessa tradição.<br />
123. Rigor formal (soneto decassílabo),<br />
amor racionalizado<br />
e uso de imagens antitéticas<br />
(últimos versos).<br />
124. a) O texto original revela um<br />
olhar encantado com as<br />
terras descobertas e repleto<br />
de sentimento nativista.<br />
O segundo revela olhar<br />
irônico e iconoclasta.<br />
b) O primeiro texto pertence<br />
ao Quinhentismo e o segundo,<br />
ao Modernismo.<br />
125. A 126. D<br />
127. Os dois textos discorrem sobre<br />
o amor, considerando basicamente<br />
as contradições que<br />
envolvem esse sentimento.<br />
Todavia, Camões considera o<br />
amor dificultoso em si, ou seja,<br />
faz parte da sua própria essência<br />
ser dor, fogo e descontentamento,<br />
disfarçados nos seus<br />
opostos: ferida indolor, fogo<br />
invísivel ou contentamento.<br />
Para S. Andresen, é o mundo<br />
que determina os sofrimentos<br />
do amor: “sítio frágil”, “lugar<br />
de imperfeição”, onde tudo<br />
“quebra, emudece, mente e<br />
separa”. A simetria formal do<br />
soneto camoniano contrasta<br />
com os versos livres e brancos<br />
da poetisa.<br />
128. João Guimarães Rosa – Grande<br />
sertão: veredas<br />
Fernando Pessoa – Cancioneiro<br />
129. a) Verso de 5 sílabas, chamado<br />
pentassílabo ou redondilha<br />
menor.<br />
b) Não. O Classicismo introduziu<br />
em Portugal o chamado<br />
verso de “medida nova”, ou<br />
seja, o decassílabo. No entanto,<br />
durante algum tempo,<br />
conviveram a medida nova e<br />
a medida velha.<br />
c) Expressou a relação de<br />
servidão que mantém com<br />
a sua amada, uma escrava<br />
que o retém escravo por<br />
subjugá-lo sentimentalmente.<br />
130. C 131. B 132. E<br />
133. B 134. C 135. C<br />
136. a) Como exemplo de antíteses<br />
pode-se citar: riso/pranto;<br />
triste/contente; calma/vento;<br />
próximo/distante.<br />
b) O conflito espiritual é marca<br />
do Barroco.<br />
137. C 138. D<br />
139. Basicamente, a religiosidade<br />
e os caracteres conseqüentes<br />
desse tema: angústia (expectativa<br />
pelo perdão divino); oposição<br />
céu e terra; sinuosidade<br />
de raciocínio e de linguagem,<br />
além de ser uma mescla de<br />
cultismo e conceptismo.<br />
140. D 141. B 142. C<br />
143. Cultismo (atitude sensual)<br />
e conceptismo/conceitismo<br />
(atitude intelectual).<br />
144. D<br />
145. O uso abusivo da figura de sintaxe<br />
– silogismo – caracteriza<br />
o cultismo no trecho.<br />
146. C 147. C 148. A<br />
149. B 150. B 151. B<br />
152. a) A metáfora que fundamenta<br />
o soneto é a associação<br />
entre o ser humano, ou a<br />
vida humana, e um barco.<br />
b) No soneto, temos a sugestão<br />
de que o ser humano é<br />
um barco que navega no<br />
mar da vida, sujeito às perturbações<br />
do pecado. Para<br />
escapar delas, o poeta sugere<br />
a Igreja, metaforizada<br />
em porto seguro.<br />
153. O Padre Vieira teve atuação<br />
decisiva na vida política portuguesa,<br />
o que afetava o Brasil,<br />
então colônia de Portugal. Por<br />
isso, seus sermões tematizavam<br />
tanto a realidade lusitana<br />
quanto a brasileira. Sua<br />
biografia confirma: passou<br />
metade da vida em Portugal e<br />
a outra metade no Brasil.<br />
154. A 155. A<br />
156. As características de estilo<br />
barroco presentes no trecho<br />
de Vieira são: apelo à inteligência<br />
e à compreensão<br />
racional; argumentação; exposição<br />
tortuosa; exploração<br />
do paradoxo (cegueira/luz);<br />
religiosidade; tema da conversão:<br />
contra-reformismo.<br />
157. O fragmento da questão é um<br />
bom exemplo da preocupação<br />
do Padre Antônio Vieira com<br />
temas de caráter social e de<br />
dimensão política. A aproximação<br />
e a comparação da figura<br />
de Alexandre Magno, grande<br />
conquistador do mundo antigo,<br />
<strong>10</strong>7
com a do pirata saqueador evidenciam<br />
a crítica aos valores<br />
morais e a visão ideológica do<br />
autor.<br />
(Outras respostas poderão<br />
ser aceitas, desde que atendam<br />
às especificações do<br />
enunciado).<br />
158. E 159. B<br />
160. E 161. E<br />
162. Para Vieira, há três espécies<br />
de “amor”: o amor que tem<br />
“causa”, aquele que ama porque<br />
o amam; o amor que tem<br />
“fruto”, aquele que ama para<br />
que o amem; e o amor “fino”,<br />
que não possui causa nem<br />
fruto, isto é, de quem ama “não<br />
porque o amam, nem para que<br />
o amem”.<br />
163. Cristo amou Judas como a<br />
outros apóstolos na dimensão<br />
do conhecimento que tinha<br />
deles. A Judas, amou-o ciente<br />
de sua vilania, desinteressadamente,<br />
num exercício de<br />
amor em que não se exige<br />
nada do outro, nem se usa o<br />
outro para fins determinados.<br />
A fineza do amor praticado por<br />
Cristo reside na disposição do<br />
sujeito amante em exercitar<br />
um sentimento que se completa<br />
pelo próprio exercício,<br />
isto é, o ato de amar tem como<br />
causa e finalidade a realização<br />
do próprio sentimento de<br />
amor.<br />
164. a) O conectivo porque e<br />
o vocábulo causa possuem<br />
o traço semântico<br />
comum da causalidade,<br />
da motivação; para que<br />
é fruto, o traço comum da<br />
finalidade.<br />
b) Porque relaciona-se contextualmente<br />
à causa na<br />
apresentação de uma das<br />
espécies de amor, o que<br />
traduz uma “obrigação” que<br />
é praticada por um sujeito<br />
“agradecido”. Já para que<br />
recupera fruto, explicando<br />
a espécie de amor que<br />
implica finalidade, o amor<br />
“negociação”, praticado<br />
<strong>10</strong>8<br />
pelo sujeito “interesseiro”.<br />
Essas são as duas espécies<br />
de amor preteridas por<br />
Vieira em função do amor<br />
“fino”, que traduz, por sua<br />
gratuidade, o desinteresse<br />
– amor que “não há de ter<br />
por quê, nem para quê”.<br />
165. A<br />
166. O conceptismo é uma das<br />
vertentes da estética barroca.<br />
Geralmente, o conceptismo<br />
é associado ao uso da argumentação<br />
para expressão<br />
das contradições próprias<br />
do estilo. No texto de Vieira,<br />
o que se nota é exatamente<br />
o desenvolvimento de um<br />
raciocínio.<br />
167. O dualismo barroco está<br />
presente na utilização de antíteses<br />
e paradoxos, técnica<br />
típica da tendência conceptista<br />
da qual Vieira é o maior representante.<br />
168. a) “As causas (...) cega”<br />
b) “a luz faz (...) cega”<br />
169. • Intróito ou exórdio – apresentação<br />
do tema.<br />
• Desenvolvimento ou argumentação<br />
– defesa da idéia<br />
trazida pelo tema, por meio<br />
de argumentos.<br />
• Peroração – epílogo com a<br />
reafirmação do sentido moral<br />
e religioso desejado.<br />
170. A 171. C 172. C<br />
173. E 174. A 175. C<br />
176. D<br />
177. a) A mulher divinizada e a<br />
mulher mais terrena e<br />
sensual.<br />
b) Como homem, Gregório reconhece-se<br />
pecador e Deus<br />
representa a possibilidade<br />
de redenção dos pecados.<br />
178. III, II e I<br />
179. A 180. A<br />
181. O episódio é a volta do filho<br />
pródigo. A ligação é feita<br />
pelo fato de o poeta colocar-se<br />
como o filho pródigo,<br />
cobrando de Deus o mesmo<br />
perdão paterno bíblico, numa<br />
alusão direta ao que o poeta<br />
considera a função do Deus<br />
Pai.<br />
182. Percebe-se no enfoque da<br />
mulher como anjo que guarda,<br />
indiciando um bem, e o anjo<br />
que tenta, indiciando um mal.<br />
Tal contradição relaciona-se ao<br />
dualismo barroco, em que pólos<br />
opostos se fazem presentes.<br />
183. D 184. A 185. A<br />
186. Os dois sonetos abordam<br />
a transitoriedade da vida, a<br />
efemeridade dos dias.<br />
187. No soneto I: “nasce” x “não dura”;<br />
“tristeza” x “alegria”; “firmeza” x<br />
“inconstância”, dentre outras.<br />
No soneto II: “flor” e “cinza”,<br />
“pó”, “sombra” ...<br />
188. A transitoriedade da vida e a<br />
ação do tempo sobre as coisas<br />
justificam o conselho que o<br />
eu-poético oferece à Maria, no<br />
segundo soneto, para que ela<br />
goze da flor da mocidade.<br />
189. a) O soneto fala da fugacidade<br />
da vida, a passagem<br />
rápida do tempo.<br />
b) O texto é repleto de antíteses<br />
(Luz / noite escura;<br />
tristes sombras / formosura;<br />
tristezas / alegria;<br />
firmeza / inconstância). Mas<br />
podemos citar também o<br />
hipérbato do verso 3: “Em<br />
tristes sombras morre a<br />
formosura”.<br />
c) O poeta afirma que a<br />
única coisa firme (isto é,<br />
constante) no mundo é a<br />
inconstância. Como se vê,<br />
trata-se de uma afirmação<br />
paradoxal, bem ao gosto<br />
barroco.<br />
190. As idéias contidas no primeiro<br />
e nos últimos versos do soneto<br />
se opõem porque, de início, o<br />
poeta desejava louvar e, no<br />
fim, dava graças a Deus por<br />
ter acabado a tarefa.<br />
191. Texto I<br />
“Largo em sentir, em respirar<br />
sucinto,<br />
Peno, e calo, tão fino e tão<br />
atento,”<br />
Texto II<br />
“Cansado de correr na direção<br />
contrária<br />
Sem pódio de chegada ou<br />
beijo de namorada”
PV2D-07-POR-34<br />
192. Texto I<br />
207. A 208. D 209. C<br />
“Largo em sentir, em respirar 2<strong>10</strong>. C 211. A 212. C<br />
sucinto,<br />
213. B 214. C 215. D<br />
Peno, e calo, tão fino e tão 216. A 217. E 218. A<br />
atento,”<br />
219. D 220. D 221. D<br />
“Que fazendo disfarce do tormento,<br />
Mostro que o não padeço, e<br />
sei que o sinto.”<br />
222. C<br />
223. Pastoralismo, bucolismo, influência<br />
da cultura greco-romana<br />
carpe diem etc..<br />
“O mal que fora encubro, ou<br />
que desminto,<br />
Dentro no coração é que o<br />
sustento:”<br />
224. É um bucolismo sombrio,<br />
sem a idealização dos textos<br />
árcades em geral, com<br />
uma função expressiva de<br />
“Pois não chegam a vir à boca mostrar os sentimentos do<br />
os tiros<br />
poeta, atitude nitidamente<br />
Dos combates que vão dentro pré-romântica.<br />
do peito.”<br />
225. Presença de ambientes notur-<br />
Texto II<br />
“A tua piscina tá cheia de ratos<br />
Tuas idéias não correspondem<br />
aos fatos”<br />
“Eu vejo o futuro repetir o<br />
passado<br />
nos e subjetividade, expressa<br />
especialmente nos dois últimos<br />
versos.<br />
226 B 227. A 228. B<br />
229. B 230. A 231. A<br />
232. E 233. C<br />
Eu vejo um museu de grandes 234. a) São os seguintes versos:<br />
novidades”<br />
“Escritos pela mão do Fin-<br />
“Te chamam de ladrão, de gimento,/Cantados pela<br />
bicha, maconheiro<br />
voz da Dependência”. No<br />
Transformam um país inteiro primeiro, o eu lírico mos-<br />
num puteiro”<br />
tra-se insatisfeito com a<br />
“Transformam um país inteiro idéia de abafar o “eu”;<br />
num puteiro<br />
no segundo, refere-se ao<br />
Pois assim se ganha mais incômodo de haver mo-<br />
dinheiro”<br />
delos a serem seguidos,<br />
193. Poesia fescenina. Por apre- imitados.<br />
sentar elementos pornográfi- b) O eu lírico incita o leitor<br />
cos em seu conteúdo.<br />
a emocionar-se diante da<br />
194. Crítica social, abrangendo os obra que produz; vale mais<br />
aspectos moral, econômico e a emoção que o equilíbrio<br />
político.<br />
formal ou temático de que<br />
Moral – segunda estrofe<br />
o eu lírico se tenha valido<br />
Econômico – terceira estrofe<br />
em sua obra. Exemplos:<br />
Político – quarta estrofe<br />
195. D 196. B<br />
197. O poeta relativiza a natureza<br />
ao compará-la à amada e,<br />
conseqüentemente, sobrepôe<br />
a amada, numa tendência<br />
“Vede-as com mágoa,<br />
vede-as com piedade,/Que<br />
elas buscam piedade e não<br />
louvores”.<br />
235. A 236. C 237. E<br />
238. C 239. E 240. C<br />
idealizadora clara em relação 241. A 242. C 243. D<br />
à mulher. Não é uma postura 244. Estrofe 1: bucolismo (fugere<br />
tipicamente árcade e sim pré- urbem)<br />
romântica, por essa idealiza- Estrofe 2: pastoralismo; aureas<br />
ção feminina.<br />
mediocritas<br />
198. B 199. A 200. A Estrofe 3: aureas mediocritas<br />
201. C 202. D 203. A Estrofe 4: pastoralismo, buco-<br />
204. A 205. D 206. A lismo (locus amoenus)<br />
245. A supervalorização do afeto<br />
da mulher amada, idealizada<br />
também como uma Senhora.<br />
246. Estrela. Significa destino, a força<br />
que atinge a todos, mortais<br />
e deuses, sem exceção.<br />
247. A 248. B 249. C<br />
250. Devido ao seu envolvimento<br />
com a Inconfidência Mineira,<br />
Gonzaga foi preso em 1789. A<br />
primeira parte da obra foi escrita<br />
ainda em liberdade; e a segunda,<br />
com o poeta já preso. Seu<br />
romance com Maria Dorotéia<br />
Joaquina de Seixas, celebrado<br />
na primeira parte, é referido na<br />
segunda em tom de lamento e<br />
saudade, misturado à incerteza<br />
da própria sobrevivência.<br />
Nos textos, essas diferenças<br />
de situação são evidenciadas<br />
já a partir dos tempos verbais<br />
utilizados em cada um deles:<br />
presente no primeiro e passado<br />
no segundo. Além disso, o<br />
otimismo orgulhoso do texto<br />
I é substituído pela saudade<br />
desiludida no texto II.<br />
251. D 252. A 253. D<br />
254. a) Trata-se do carpe diem, isto<br />
é, o aproveitamento do momento<br />
presente, do tempo<br />
presente, do aqui-agora.<br />
b) Gonzaga valoriza o presente<br />
relativo a um processo<br />
mais longo, ou seja, uma<br />
etapa da vida. Reis o faz,<br />
levando em conta apenas<br />
o instante, o momento preciso.<br />
255. Porque não existe beleza na<br />
terra que se compare à de<br />
Marília.<br />
256. São marcos do Arcadismo: bucolismo,<br />
uso de pseudônimo<br />
de pastores gregos ou latinos<br />
e racionalismo.<br />
São marcos que antecipam<br />
o Romantismo: subjetivismo<br />
e egocentrismo (uso da 1ª<br />
pessoa), além de referência<br />
idealizada à mulher amada.<br />
257. E 258. C 259. D<br />
260. Marília de Dirceu – Tomás<br />
Antônio Gonzaga.<br />
O Uraguay – José Basílio da<br />
Gama.<br />
<strong>10</strong>9
261. D 262. A<br />
263. B 264. D<br />
265. a) As características mais evidentes<br />
são o bucolismo e o<br />
pastoralismo, concretizando<br />
o ideal de simplicidade<br />
do Arcadismo, além da<br />
busca da simplicidade formal,<br />
que determina o uso<br />
do heptassílabo, de versos<br />
brancos alternados com<br />
rimas imperfeitas e de uma<br />
adjetivação convencional.<br />
b) Pastoralismo: “Aquele<br />
pastor amante”(…) “Guiava<br />
as brancas ovelhas”. Bucolismo:<br />
todos os elementos<br />
da paisagem campestre:<br />
“úmidas ribeiras”, “cristalino<br />
rio”, “bárbaras penhas”<br />
etc. Heptassílabo: A/que/<br />
le/pas/tor/a/man/te. Versos<br />
brancos: “Aquele pastor<br />
amante”/”Deste cristalino<br />
rio”. Rimas imperfeitas:<br />
ribeiras/ovelhas; avena/<br />
penhas; queixa/perceba.<br />
1<strong>10</strong><br />
Adjetivação convencional:<br />
“úmidas” ribeiras”; “cristalino<br />
rio”; “brancas ovelhas”;<br />
“doce avena”; “ligeiras<br />
águas” etc.<br />
266. D<br />
267. O Neoclassicismo procura<br />
recuperar valores clássicos.<br />
Filinto Elísio crê no artista que<br />
se embebe em fontes latinas<br />
ou gregas, ou seja, fontes<br />
genuinamente clássicas: “Lede<br />
(…) os clássicos honrados;/<br />
herdai os bens, herdai essas<br />
conquistas,/ Que em reinos dos<br />
romanos e dos gregos/ Com indefesso<br />
estudo conseguiram”.<br />
268. B 269. E<br />
270. B 271. D<br />
272. a) “É uma terra tão verde…”<br />
e “Tem tanta riqueza (…)<br />
trabalhar”.<br />
b) “Deixa louvar (…) grandeza”.<br />
273. E 274. C<br />
275. B 276. B<br />
277. a) Santa Rita Durão segue<br />
mais de perto a forma do<br />
poema camoniano.<br />
b) Os elementos formais que<br />
evidenciam a adesão de<br />
Durão ao modelo camoniano<br />
são: estrofes de oito versos<br />
(oitava) decassílabos,<br />
com esquema de rimas<br />
abababcc (oitava rima).<br />
278. a) O Uraguay – José Basílio<br />
da Gama<br />
b) Aborda a guerra entre jesuítas<br />
e índios do projeto Sete<br />
Povos das Missões contra<br />
tropas portuguesas, como<br />
conseqüência da aplicação<br />
do Tratado de Madri.<br />
c) Texto sem estrofação e brancos<br />
(sem rima), apesar dos<br />
versos decassílabos como<br />
no poema de Camões.<br />
279. Observações sobre a natureza<br />
e sobre usos e costumes da<br />
cultura indígena e brasileira.
PV2D-07-POR-34<br />
111
112