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Patrícia Engel Secco

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A Viagem<br />

Fantástica<br />

<strong>Patrícia</strong> <strong>Engel</strong> <strong>Secco</strong><br />

Ilustrações<br />

Fábio Sgroi


A Viagem<br />

Fantástica<br />

<strong>Patrícia</strong> <strong>Engel</strong> <strong>Secco</strong><br />

Ilustrações<br />

Fábio Sgroi<br />

Conforme a nova ortografia<br />

da língua portuguesa


1<br />

UMA IDEIA BRILHANTE<br />

2 3<br />

O passeio até a fábrica de vidro estava marcado havia<br />

um bom tempo, mas, mesmo que as crianças pudessem<br />

imaginar o que as estava esperando por lá, não chegaria<br />

aos pés da surpresa que acabariam tendo.<br />

– Que lugar mais lindo! Nunca vi cores tão bonitas<br />

em toda a minha vida – exclamou Juliana, encantada com<br />

centenas de vasos multicoloridos enfileirados em uma pra-<br />

teleira, bem ao lado da janela.<br />

– Nem eu! – disse Leo. – E vocês por acaso já notaram<br />

os desenhos que o sol faz nas paredes, usando a cor dos<br />

vasos como aquarela?


– Lindo, lindo! – gritou Carol, que não se conteve e foi<br />

até a parede, ficando, ela mesma, toda colorida. – Isto aqui<br />

parece até um vitral...<br />

– Parece mesmo. Só que muito mais divertido! Olha só!<br />

Se trocarmos os vasos de lugar, vamos conseguir mudar<br />

também o desenho na parede! – falou Tiago, imediatamen-<br />

te demonstrando o que estava querendo dizer.<br />

Não há como afirmar que a ideia de Tiago não tenha sido<br />

brilhante, e os lindos efeitos se encarregaram de fazer com<br />

que as crianças ficassem simplesmente encantadas com<br />

a brincadeira. Gostaram tanto que até se esqueceram de<br />

seguir o professor e o resto do grupo, que, como estava um<br />

4 pouco mais à frente, acabou se afastando e deixando os quamo<br />

apreciar o resultado de sua obra, pois seu braço bateu 5<br />

tro amigos sozinhos. Mas esse fato não fez com que ficassem<br />

nem um pouco preocupados, pois, desde que houvesse sol e<br />

vasos de vidro colorido, a brincadeira estava garantida.<br />

– Olha o meu desenho! – exclamou Carol, depois de<br />

ficar alguns minutos remanejando os vasos.<br />

– Que desenho? – perguntou Leo. – Eu só estou vendo<br />

uma parede inteirinha azul! O que foi que você quis fazer?<br />

– Quis, não! Eu fiz! O fundo do mar! – respondeu a<br />

menina, cheia de graça.<br />

Foi exatamente essa a frase e esse o momento que<br />

mudaram tudo, pois aquela imensidão azul refletida na<br />

parede branca fez com que Tiago tivesse outra ideia.<br />

– Mas se a gente mudar alguns vasos de lugar... quem<br />

sabe não aparecem alguns peixinhos nadando neste ocea-<br />

no? – pensou alto o garoto. E, sem esperar por nenhum tipo<br />

de aprovação, foi logo colocando um vaso vermelho aqui,<br />

outro verde acolá.<br />

Entretanto, Tiago não esperava que a brincadeira ia ser<br />

tão bem aceita e muito menos que seus três amigos decidi-<br />

riam, ao mesmo tempo, ajudá-lo...<br />

– Eu vou colocar este vaso cinza com bolinhas aqui e<br />

você vai ver um lindo tubarão-baleia – disse Carol.<br />

– E eu vou fazer um cardume de peixinhos amarelos<br />

– falou Juliana, que, infelizmente, não conseguiu nem mes-<br />

na cabeça de Leo, que estava tentando colocar um vaso<br />

vermelho perto do chão para formar uma linda barreira de<br />

coral e... pronto, começou a confusão.<br />

O menino levou o maior susto e, na tentativa de se<br />

defender, pulou para trás com o vaso vermelho nas mãos.<br />

Mas ele não segurou o tal vaso com a firmeza que seria<br />

necessária, pois este saiu voando como um passarinho,<br />

indo se espatifar bem na frente dos pés de Tiago, que, rea-<br />

gindo por puro reflexo, deu um passo para o lado. Só que<br />

o passo que o Tiago deu foi bem maior que o espaço que<br />

existia entre ele e a prateleira, e o garoto foi parar exata-<br />

mente onde estavam pelo menos uns 20 vasos azuis como


o mar, que, em segundos, se transformaram em milhares<br />

de cacos, parecidos com pequenas gotas de água. E não foi<br />

só isso: alguns segundos depois, a prateleira, que pelo jeito<br />

tinha aguentado com bravura o tranco, despencou, fazen-<br />

do com que quase todos os vasos que ali estavam fossem<br />

parar no chão, moídos. A pilha de cacos só fazia crescer e<br />

crescer, e, da confusão toda, apenas o vaso cinza de boli-<br />

nhas saiu inteiro...<br />

– Ufa! Pelo menos o tubarão-baleia eu salvei... – disse<br />

Leo, sem nem mesmo respirar, segurando o vaso como se<br />

fosse um troféu ou uma preciosidade e com um grande sor-<br />

riso sem graça estampado no rosto.<br />

6 Mas a alegria do menino durou pouco. Juliana, que não<br />

7<br />

tinha tido sucesso com seu cardume de peixinhos amarelos,<br />

resolveu colocar a prateleira no lugar e, nela, o vaso cinza.<br />

– Pronto... – disse ela. – Não temos mais mar, mas ain-<br />

da temos um...<br />

A menina não conseguiu nem terminar a frase, pois<br />

a prateleira entortou e literalmente cuspiu o vaso para o<br />

chão:<br />

– CRASH!<br />

Lá se foi o último dos vasos coloridos.


2<br />

A ÚNICA SAÍDA<br />

8 os cacos, avisou: – Cuidado, Ju! Acho melhor você parar 9<br />

Os quatro estudantes ficaram parados, incrédulos e, ao<br />

que parecia, com medo até de respirar:<br />

– Caramba! – exclamou Leo. – Como é que foi aconte-<br />

cer uma coisa dessa?<br />

– Não tenho a menor ideia – respondeu Juliana, meio<br />

que hipnotizada pela montanha de cacos que havia no chão.<br />

– Será que dá para colar?<br />

Sem pensar no que estava fazendo ou se podia pare-<br />

cer boba para os outros, a menina se agachou em meio<br />

àquela confusão colorida e ficou uns bons minutos tentando<br />

encontrar dois pedaços de vidro que se encaixassem.<br />

– Se eu conseguisse achar um caquinho azul pontudo,<br />

talvez pudesse colar aqui e... – pensou ela em voz alta.<br />

– E o quê, Ju? – perguntou Tiago. – Na boa, o que você<br />

poderia fazer? Não tem como a gente colar esta montanha<br />

de cacos e fazer com que eles se transformem naqueles<br />

vasos maravilhosos que estavam aqui e...<br />

– Ai! – gritou Carol, interrompendo o amigo. – Ai, meu<br />

Deus, ai, ai, ai!<br />

Preocupados, Leo e Tiago correram para ajudar a<br />

menina...<br />

– O que aconteceu, Carol? Você se cortou? – perguntou<br />

Tiago. E vendo que Juliana continuava agachada revirando<br />

com isso, pois, além de não adiantar nada, você pode se<br />

machucar... Olha a Carol, já se cortou!<br />

– Eu não me cortei coisa nenhuma! – gritou a menina<br />

na mesma hora. – Só estou apavorada porque de repente<br />

pensei na cara do professor César quando descobrir o que<br />

a gente fez... Ele vai ficar furioso e... e... Ai, meu Deus! Eu<br />

não quero estar por perto... Acho que vamos virar picadi-<br />

nho, que nem os vasos de vidro!<br />

– Ai, ai, ai! – gritaram Leo e Tiago ao mesmo tempo.<br />

– Aiiiiiii! – gritou Juliana em seguida.<br />

– Estamos perdidos – gritaram todos ao mesmo tempo.<br />

É bem possível que tenha sido o medo o responsável


por Juliana desistir de juntar os cacos, mas o fato é que em<br />

segundos ela já estava de pé ao lado dos amigos, apresen-<br />

tando um plano espetacular:<br />

– Bem, já que não vamos conseguir colar os peda-<br />

cinhos, que tal experimentarmos uma outra saída?<br />

– perguntou ela.<br />

– Eu acho uma boa ideia, Ju... – respondeu Carol. – Mas<br />

qual saída?<br />

– Aquela ali em frente! – respondeu Juliana. E, sem<br />

esperar pelos amigos, saiu correndo em direção a uma pla-<br />

quinha iluminada onde se lia: SAÍDA.<br />

Leo, Carol e Tiago ficaram quietos, se entreolhando,<br />

10 incapazes de dizer qualquer coisa. Fugir dali não estava no<br />

11<br />

plano de nenhum deles. Mas o que poderiam fazer então?<br />

– Galera, acho que a Ju tá coberta de razão e... sabe<br />

do que mais? – perguntou Leo. – Eu estou com ela... Fui! –<br />

exclamou o menino, ao mesmo tempo que, sem pestanejar,<br />

saía correndo em direção à porta.<br />

Dava para perceber, pelo rosto de Tiago, que ele estava<br />

muito desgostoso com a situação. Conhecido como um dos<br />

meninos mais levados da escola, nunca tinha deixado de<br />

enfrentar corajosamente seus problemas. No entanto, por<br />

algum motivo aquela situação era diferente:<br />

– E se o pessoal da fábrica resolver que a gente precisa<br />

pagar o prejuízo? – perguntou Carol, sem saber o que fazer.


– Por acaso você tem algum dinheiro aí?<br />

Tiago nem precisou verificar os bolsos. Pegou na mão<br />

da amiga e, juntos, também decidiram fugir da “cena do<br />

crime”.<br />

– Pois é... – começou. – A gente também pode dizer<br />

que não sabe o que aconteceu, que não estávamos por ali,<br />

que não vimos nem ouvimos nada... Carol, esta porta é a<br />

nossa única saída! – tentou ele, desconcertado.<br />

– Tiago... – disse Carol muito séria. – Posso te dizer<br />

uma coisa?<br />

– Claro! – respondeu o menino.<br />

– Então, fica quieto! – gritou ela. – Eu posso até fugir<br />

12 com você, mas eu não vou mentir. Isso não, de jeito nenhum!<br />

13<br />

Se me perguntarem quem derrubou os vasos, eu...<br />

– O que você vai fazer? – perguntou Tiago, abrindo a<br />

porta e empurrando a amiga para o outro lado. – O quê?<br />

– insistiu o menino. – Carol, responde! – gritou ele. E, sem<br />

ouvir a resposta da amiga, também escapuliu pela tal porta.


3<br />

TEMPESTADE NA PRAIA<br />

14 bem que logo ali já vai dar para sairmos da água!<br />

15<br />

Do outro lado da porta não havia chão, nem luzes,<br />

nem paredes. Ali não havia nada, e, por isso mesmo, Tiago<br />

começou a cair livremente na escuridão. Seu coração dis-<br />

parou com batidas muito fortes e rápidas, a ponto de ele ter<br />

a sensação de que, se não fechasse a boca, iria perdê-lo.<br />

Assim, para que isso não acontecesse, Tiago fechou a boca<br />

com as duas mãos, o que foi ótimo, pois, alguns segundos<br />

mais tarde, caiu em uma enorme piscina, bem ao lado de<br />

Carol, Leo e Juliana.<br />

– Caramba! Que susto! – disse ele aos amigos. – Quando<br />

na vida a gente poderia imaginar que dentro de uma fábrica<br />

de vidro existe uma piscina gigantesca como esta? E ainda<br />

por cima, escondida!<br />

– Pois é... – começou Carol – acho que nunca!<br />

Principalmente se você considerar que esta piscina é o mar<br />

e que nós estamos dentro de uma enorme caverna!<br />

– Mas Carol... Não pode ser! O litoral fica muito longe da<br />

nossa cidade... – disse Leo, começando a nadar.<br />

– E você acha que eu não sei que a praia mais próxima<br />

da nossa cidade fica a pelo menos uma hora de viagem?<br />

Claro que sei. Mas também sei que esta água é salgada,<br />

que o cheiro que estou sentindo é de maresia e que o baru-<br />

lho que estou ouvindo ao longe é o das ondas do mar. Ainda<br />

E deu mesmo. Bem próximo de onde estavam os meni-<br />

nos havia uma pequena praia de areias brancas e, um pouco<br />

mais adiante, uma pequena abertura para o exterior, de<br />

onde entrava a pouca luz que iluminava a caverna.<br />

– Acho que a única maneira de voltarmos para a fábrica<br />

é saindo da caverna! – disse Leo, desanimado. – Mas pelo<br />

visto vamos ter que caminhar muito...<br />

– E como! – exclamou Juliana. – O pior é que parece<br />

que está chovendo, e eu já estou ficando com frio! Será<br />

que as nossas mães vão brigar se a gente pedir uma<br />

carona?<br />

– Carona!? Nem pensar! – exclamou Tiago. – A gente


precisa é sair daqui, descobrir onde estamos e depois tele-<br />

fonar para casa. Vamos?<br />

Ninguém precisou responder. Os quatro seguiram a luz<br />

que vinha da pequena abertura e rapidamente conseguiram<br />

avistar a saída da caverna – o que os deixou muito mais<br />

preocupados do que animados, pois, exatamente ali, viram<br />

um grande grupo de homens ao redor de uma fogueira.<br />

– Ai, ai, ai! Quem serão esses homens? – perguntou<br />

Carol. – Será que eles têm um telefone celular?<br />

– Tá brincando? – perguntou Tiago. – Olha só pra eles,<br />

estão vestindo umas roupas muito estranhas e... são tão,<br />

tão cabeludos! Para mim, eles vieram até aqui em uma<br />

16 máquina do tempo...<br />

17<br />

– Máquina do tempo? Deixa de ser bobo, Tiago! – dis-<br />

se Leo, seguro de si. – Nós tiramos a sorte grande, pois<br />

está na cara que eles são atores que estão participando de<br />

alguma filmagem. Vamos esperar e você vai ver que daqui<br />

a pouco aparece o diretor e o resto da equipe. Aí, eles vão<br />

nos deixar usar o telefone, vão nos emprestar roupas secas<br />

e até, quem sabe, nos oferecer uma comidinha.<br />

Mas um estrondo ensurdecedor, seguido de uma enor-<br />

me claridade, fez com que Leo interrompesse de maneira<br />

instantânea seu discurso. E, mais do que isso, fez com que<br />

as crianças ficassem bastante assustadas. Vindos da praia,<br />

entraram na caverna mais e mais homens, todos vestidos


exatamente da mesma forma bizarra e gritando palavras<br />

incompreensíveis.<br />

– Parece que os nossos amigos não gostam de tempes-<br />

tades – disse Carol, encolhendo-se toda.<br />

– Na verdade, parece que eles não são e não serão<br />

nossos amigos! – complementou Tiago, desanimado. – Pelo<br />

menos eu não tenho a menor vontade de ir lá me apresen-<br />

tar. Será que algum de vocês se prontifica?<br />

Os estudantes se entreolharam em silêncio, e a res-<br />

posta estava mais do que clara. A decisão de ficarem ali,<br />

quietos, era unânime.<br />

– Acho que não temos muita escolha... Se eles via-<br />

Juliana. – E, pelo que eu sei, nenhum de nós ganha lá uma<br />

grande mesada e...<br />

– Não, eu não esqueci, não. Mas será que você vai me<br />

dizer que está gostando de estar aqui? – perguntou Leo.<br />

– Claro que não estou gostando! Aliás, eu estou é bem<br />

arrependida de ter sido a primeira a fugir da cena do crime!<br />

Mas, vocês viram, eu tentei colar os caquinhos, tentei jun-<br />

tar os pedaços... só que nenhum encaixava!<br />

– Relaxa, Ju! Todos nós acabamos fugindo e, da mesma<br />

maneira como devemos voltar até a fábrica, assumir o que<br />

fizemos e nos desculpar juntos, vamos sair desta caverna<br />

unidos – disse Tiago, segurando a mão da menina. – Não<br />

18 jaram mesmo em uma máquina do tempo, em algum<br />

adianta a gente querer procurar um culpado, pois estáva-<br />

19<br />

momento vão precisar voltar. Bem, o melhor é a gente<br />

pensar positivo e acreditar que eles não vão ficar aqui<br />

para sempre – falou Juliana, sem ter muita certeza do que<br />

dizia e bastante insegura, pois estava molhada, com frio e<br />

muito assustada. – Ai, ai, ai! É isso que dá fugir da respon-<br />

sabilidade!<br />

– Pois é... – disse Leo. – Teria sido muito melhor ficar<br />

sem mesada por um tempo para pagar o prejuízo da fábrica<br />

do que acabar aqui, preso nesta caverna!<br />

– Hum! Você quer dizer que teria sido melhor ficar o<br />

resto da vida sem mesada, não é? Afinal, nós quebramos<br />

todos os vasos da fábrica, você se esqueceu? – perguntou<br />

mos todos brincando e nos divertindo, você esqueceu?<br />

As palavras do amigo fizeram com que Juliana desse<br />

um pequeno sorriso, mas logo em seguida um raio, acom-<br />

panhado de um trovão extremamente barulhento, caiu na<br />

praia, muito próximo à entrada da caverna, produzindo<br />

um estrondo enorme e ao mesmo tempo fazendo com que<br />

todos ficassem com a maior cara de fantasma...<br />

– Minha nossa! Isso é que é tempestade! – exclamou<br />

Leo. – Aliás, este é mais um bom motivo para ficarmos por<br />

aqui, abrigados e protegidos. Vocês sabem como os raios<br />

são perigosos e...<br />

Nesse momento, um grito vindo do grupo de homens


postados na entrada da caverna fez com que os meninos<br />

começassem a desvendar, pouco a pouco, o enigma que<br />

estavam vivenciando.<br />

– Olhem! Vocês conseguem ver o que aquele moço<br />

está segurando? – perguntou Carol. – Para mim, parece um<br />

pedaço de vidro...<br />

– Para mim também! – disse Tiago, curioso. – Mas eles<br />

estão tão contentes com isso... Será que nunca viram um<br />

pedaço de vidro antes?<br />

E foi justamente essa pergunta de Tiago que levou os<br />

quatro estudantes a começarem a compreender o que esta-<br />

va acontecendo...<br />

20 – Claro que não! Esta é a primeira vez que eles veem<br />

21<br />

um pedaço de vidro! – disse Carol, entusiasmada. – Aliás,<br />

eu digo mais: esses homens são mercadores fenícios e aca-<br />

baram de descobrir o vidro! Vocês não se lembram do que o<br />

professor César contou?<br />

– Como não? Ele nos disse que o vidro foi descoberto<br />

há cerca de 4.000 anos por mercadores que acenderam<br />

uma fogueira na praia, em algum lugar na costa da Síria,<br />

e depois, no dia seguinte, verificaram que o calor do fogo<br />

tinha feito com que a areia se transformasse em vidro! –<br />

disse Juliana. – Mas ele também disse que achava que isso<br />

era uma lenda, pois o calor da fogueira não seria...<br />

– ...suficiente para produzir vidro! – interrompeu Leo.


– E o que a gente acabou de descobrir? Que essa história<br />

é uma lenda mesmo, e que o que aconteceu de verdade<br />

foi que os mercadores estavam em uma caverna na praia,<br />

fugindo de uma grande tempestade, quando de repente<br />

raios e mais raios caíram nas areias da praia, formando<br />

casualmente uma placa de vidro... Que, por acaso, está<br />

logo ali, nas mãos daquele bizarro mercador fenício! – gri-<br />

tou o menino, aliviado.<br />

– O que significa, então, que nós não estamos perdidos<br />

e sim assistindo a um filme digital em alta definição tridi-<br />

mensional, dentro de um dos simuladores mais irados que<br />

eu já vi na vida! – exclamou Tiago, animado.<br />

22 – Viva! – gritaram os quatro ao mesmo tempo. – Nós<br />

esperar por qualquer resposta, avançou por entre os roche- 23<br />

não estamos perdidos, estamos em casa! Oba!<br />

Mas nem mesmo os trovões e a tempestade foram<br />

capazes de disfarçar o barulho que as crianças estavam<br />

fazendo. A presença deles foi percebida na mesma hora<br />

pelo grupo de mercadores fenícios, que, de maneira a pro-<br />

teger não só a nova descoberta, mas também sua preciosa<br />

carga, decidiu prender e interrogar os intrusos. Felizmente<br />

Juliana notou a estranha movimentação na entrada da<br />

caverna e avisou os amigos:<br />

– Pessoal, será que esse grito que os fenícios estão dando<br />

é uma saudação de boas-vindas ou um grito de guerra? – per-<br />

guntou ela. – Eu, sinceramente, não estou nem um pouco com<br />

vontade de ficar por aqui e descobrir o que está acontecen-<br />

do, mesmo que isso seja uma simulação! Vou é me esconder<br />

atrás daquela pedra ali e esperar esta confusão passar. Fui!<br />

Carol, Leo e Tiago ficaram sem saber o que fazer.<br />

Tinham tanta certeza de que tudo era parte de um espe-<br />

táculo muito bem montado que não se preocuparam em<br />

seguir a amiga. Foi só quando o chefe dos fenícios tentou<br />

acertar Leo com uma enorme lança, muito pontuda e total-<br />

mente perigosa, que eles decidiram não ficar por ali para<br />

ver o que ia acontecer:<br />

– Se for um espetáculo, vamos assistir de trás da<br />

pedra... O que vocês acham? – perguntou Tiago. E, sem<br />

dos até o lugar onde Juliana estava.


4<br />

VOO DESGOVERNADO<br />

24 ainda por cima assistindo a outra simulação, desta vez no 25<br />

Mais uma vez Juliana não estava onde deveria estar e<br />

novamente Tiago se viu sem chão e sem apoio. Como se<br />

seu corpo não pesasse nada, começou a flutuar e a subir<br />

como um balão, totalmente desgovernado. Bem que ele<br />

tentou se segurar em algumas pedras, mas lanças, tochas<br />

e até flechas lançadas pelos mercadores o fizeram desistir<br />

da ideia.<br />

– Bem, já que estamos em uma caverna, acho que vou<br />

parar de subir daqui a pouco! – pensou ele animado, imagi-<br />

nando que talvez o ponto de parada fosse novamente a sala<br />

com os vasos quebrados. – Afinal, nós passamos pela porta<br />

e caímos na caverna, então, com certeza voltaremos para<br />

a fábrica...<br />

Entretanto, Tiago estava errado. Em vez de subirem<br />

até encontrar o teto da caverna, subiram até que as rochas<br />

negras e úmidas da caverna ganharam cores, luz e, como<br />

num passe de mágica, transformaram-se em um túnel<br />

transparente, através do qual era possível observar muito<br />

bem o que acontecia do lado de fora. E o que estava acon-<br />

tecendo era simplesmente incrível: a construção de uma<br />

cidade egípcia.<br />

– Você acredita nisso? – perguntou Tiago para Juliana,<br />

que flutuava acima dele. – Estamos voando como balões e<br />

Antigo Egito!<br />

– Mas você ainda acha que estamos em um simulador?<br />

– perguntou Leo, falando em lugar da amiga. – Então, dê<br />

uma olhadinha para baixo e vai ver que eu estou subindo<br />

como um foguete em direção aos seus pés. E o pior: eu não<br />

sei como diminuir a velocidade!<br />

A trombada foi inevitável, mas nem mesmo o choque<br />

entre os meninos fez com que aquele estranho voo fosse<br />

interrompido. No entanto, o fato de eles estarem engancha-<br />

dos fez a velocidade diminuir, o que lhes deu uma grande<br />

ideia:<br />

– Meninas! Que tal a gente tentar fazer uma corren-


te humana? Se cada um de nós segurar nos pés do outro,<br />

subiremos mais devagar e... Bem, eu pelo menos vou ficar<br />

um pouco mais tranquilo! – exclamou Leo. – O que vocês<br />

acham?<br />

Ninguém respondeu, mas nem bem Leo tinha acabado<br />

de falar, Carol já estava agarrada a seus pés. Entretanto,<br />

Juliana, que tinha sido a primeira a subir pelo túnel, estava<br />

bem acima deles, agora mais leve e muito mais rápida tam-<br />

bém. Tiago fez de tudo para alcançar a amiga, mas seus<br />

esforços foram inúteis. Só o que eles podiam fazer agora<br />

era observar, atentamente e com um pouco mais de calma,<br />

o trabalho dos egípcios.<br />

26 E foi a partir dessa observação detalhada que Carol<br />

27<br />

descobriu, finalmente, o que estava acontecendo com eles:<br />

tou ela.<br />

– Meninos! Eu descobri tudo sobre o simulador! – gri-<br />

– Simulador? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.<br />

– É... Quer dizer, não! – respondeu ela um pouco con-<br />

fusa. – O que eu descobri é que nós não estamos num<br />

simulador!<br />

– Dããããã! – exclamaram os dois. – Só agora você per-<br />

cebeu isso? – continuou Leo.<br />

– Não, já faz um tempinho... – disse Carol sem se inco-<br />

modar com a provocação do amigo. – Mas o que eu descobri<br />

agora é que os fenícios não tinham entrado em uma máquina


do tempo coisa nenhuma! Nós é que entramos! Aliás, esta é<br />

a máquina do tempo mais estranha que eu já vi!<br />

– E por algum acaso você já viu outra? – perguntou<br />

Tiago, meio aflito.<br />

– Claro que não! – respondeu a menina. – Mas pres-<br />

te atenção. Estamos subindo há um tempão e, por mais<br />

que a gente suba, os egípcios continuam aí, bem na nossa<br />

frente. E enquanto observamos o seu dia-a-dia, eles já<br />

construíram uma pirâmide, uma cidade e até um palácio.<br />

Não é óbvio que o que estamos observando é o tempo<br />

28 mais nada. Ainda assim, a ideia de que Juliana estava voan-<br />

29<br />

passar?<br />

Como todos já sabiam a resposta, não foi preciso falar<br />

do sozinha rumo a um tempo desconhecido fez com que<br />

ficassem muitíssimo preocupados, principalmente quan-<br />

do foram envolvidos por uma espécie de tornado que os<br />

fez girar, girar, girar, girar, até serem atirados para fora do<br />

túnel, mais uma vez perto do mar.<br />

– Que viagem! – disse Tiago, tirando areia da roupa. –<br />

Que lugar é este agora?<br />

– Eu não sei não, mas devo confessar que, apesar de<br />

estar bem assustada, estou amando a nossa aventura! –<br />

disse Carol, empolgada. – Adorei observar como era a vida<br />

dos egípcios! Eles eram incríveis!<br />

– Pois é, eu também gostei muito! – disse Leo. – Vocês


perceberam como eles eram cuidadosos, organizados e<br />

tudo o mais?<br />

– Claro! Isso foi o que mais me chamou a atenção, além<br />

do fato de que usavam muitos potes e vasos de vidro – dis-<br />

se Tiago. – Sabe, acho que eu estou tão traumatizado com<br />

o que aconteceu na fábrica que fico prestando atenção em<br />

cada pedacinho de vidro que eu vejo!<br />

– Eu também... – começou Carol, pensativa. – Desde<br />

que fugimos por aquela porta tudo o que temos visto está<br />

relacionado com o vidro: primeiro, a descoberta ocasional<br />

daquela placa na praia pelos mercadores fenícios, depois, a<br />

utilização pelos egípcios...<br />

30 – Mas eu estou um pouco confuso! – exclamou Tiago.<br />

31<br />

– Será que vocês conseguem me dizer se foram os fenícios<br />

ou os egípcios que descobriram o vidro? Quer dizer, será<br />

que a nossa viagem pelo tempo está nos levando para o<br />

passado ou para o futuro? Afinal, a civilização egípcia é<br />

mais antiga e...<br />

– Pois é... – continuou Carol. – Mas o professor César<br />

tinha mesmo nos contado que muitos povos disputam a<br />

descoberta do vidro! Eu lembro que ele disse que até os<br />

chineses podem ter sido os primeiros a utilizá-lo. De qual-<br />

quer forma, eu adorei passear pelo tempo! Pena que eu<br />

ainda não tenha nem ideia de como o vidro é feito.<br />

– É mesmo! Pelo menos a gente sabe que é preciso


areia e muito, muito calor – disse Leo, lembrando a aventu-<br />

ra vivida pouco antes na praia.<br />

Tiago, pensativo, coçou a cabeça e falou:<br />

– É, o professor César disse que nós iríamos aprender<br />

tudinho na visita à fábrica, esqueceu?<br />

– Claro que não me esqueci! – respondeu Carol. – O<br />

professor nos contou mesmo muitas coisas sobre o vidro! A<br />

única coisa que ele não mencionou é que essa fábrica que<br />

iríamos visitar era meio mágica....<br />

– Mágica? Assombrada, você está querendo dizer –<br />

falou Tiago. E, sem esperar pela resposta, perguntou: – E a<br />

Ju? Onde será que a nossa amiga foi parar?<br />

32 – Você na verdade está querendo saber para onde é<br />

33<br />

que ela foi cuspida pelo túnel, não é? – perguntou Leo. –<br />

Bem, eu já dei uma bela procurada aqui por perto, mas,<br />

como ela estava a uma velocidade bem maior do que a nos-<br />

sa, acho mesmo é que ela foi arremessada um pouco mais<br />

longe. Talvez perto daquele cais, ali para baixo. O que vocês<br />

acham de irmos até lá? Quem sabe além de encontrarmos a<br />

Juliana a gente descobre que lugar é esse?<br />

Todos concordaram com a sugestão de Leo...


5<br />

A ILHA<br />

34 perado. O menino sabia que aquelas pessoas esperavam 35<br />

Depois de caminhar por alguns minutos, em meio a um<br />

grande número de pessoas num lugar que eles supunham<br />

ser um porto de navios mercantes, os três amigos resolve-<br />

ram parar um pouco.<br />

– Que bonito! – exclamou Carol. – Isto aqui até pare-<br />

ce cenário de filme antigo! Olha só como as pessoas se<br />

vestem...<br />

– É mesmo! Bem que eu estava reconhecendo... –<br />

começou Tiago.<br />

– Reconhecendo o quê? Vai me dizer que você já<br />

esteve aqui, nesta terra maluca num tempo qualquer?<br />

– perguntou Leo, um pouco irritado, mas sem razão. E<br />

continuou: – Aliás, você pode dizer o que quiser, pois eu,<br />

que sou seu amigo desde todo o sempre, nunca te vi ves-<br />

tido como este pessoal aqui, de meia-calça e com uma<br />

pena na cabeça!<br />

Os três se entreolharam, e Leo, percebendo como tinha<br />

sido bobo seu comentário, começou a rir, descontrolada-<br />

mente, chamando para si a atenção de muitas pessoas que<br />

estavam por ali. Como que atraídos pelas risadas, homens<br />

e mulheres rodearam o menino, fazendo perguntas e con-<br />

versando em uma língua estranha, até que Leo acabou<br />

perdendo o contato visual com Carol e Tiago e ficou deses-<br />

que ele tomasse alguma atitude, mas qual? Leo já estava<br />

procurando uma maneira de sair correndo por entre as per-<br />

nas das pessoas que o cercavam quando apareceu Juliana,<br />

vinda não se sabe de onde e vestida com um lindo vestido<br />

longo de veludo cor de vinho.<br />

– Com licença, perdão, com licença... Vocês podem até<br />

ter gostado das piadas deste mocinho aqui, mas ele é o<br />

comediante da corte do meu pai e, por isso, segue comigo<br />

– disse ela, sem se preocupar se as pessoas estavam ou<br />

não entendendo o que falava. Depois, já de braço dado com<br />

Leo, sussurrou: – Vamos, venha comigo!<br />

Juntos, Juliana e Leo saíram do centro da confusão e


seguiram em direção ao cais, onde, num barco comprido e<br />

engraçado, Carol e Tiago esperavam por eles.<br />

– Caramba! Agora que a minha linda Julieta chegou, eu<br />

posso dizer que me sinto o próprio Romeu! – falou Tiago,<br />

todo meloso, para Juliana. – Nossa, Ju, nem tive tempo de<br />

te dizer antes, mas você está linda nesse vestido e...<br />

– Linda? Vestido? Espera um pouco, onde foi que vocês<br />

se encontraram sem que eu percebesse? – perguntou Leo,<br />

interrompendo Tiago.<br />

– Em lugar nenhum, seu bobinho! É que eu estava pas-<br />

seando de gôndola pelo canal e, lá de longe, avistei o Tiago<br />

e a Carol. Rapidamente chamei-os para o barco e depois fui<br />

36 resgatar você do centro daquela confusão....<br />

37<br />

– Mas você sabe o que eles queriam de mim? – pergun-<br />

tou Leo.<br />

– Acho que eles queriam que você contasse piadas... –<br />

respondeu Juliana. – Sabe, é um costume por aqui! Mas o<br />

problema maior é que quando a piada é sem graça, o sujei-<br />

to é mandado para a cadeia, e fica por lá até o fim da vida!<br />

Leo ficou completamente sem ar e, depois de tossir<br />

algumas vezes, disse:<br />

– Isso não pode ser verdade... Eu não tinha feito nada...<br />

Ai, meu Deus, ai, meu Deus!<br />

E dessa vez foi Juliana quem riu, e muito.<br />

– Relaxa, Leo, é brincadeira! – disse ela. – Aquelas pes-


soas devem é ter achado você uma figura muito estranha,<br />

vestido com o uniforme da nossa escola e rindo feito um<br />

maluco no meio da praça. Lógico que queriam saber quem<br />

você era e de onde veio, mas, como ninguém aqui fala ita-<br />

liano, iria ser muito difícil explicar...<br />

– Quer dizer então que a gente está na Itália? – per-<br />

guntou Carol.<br />

– Ah! Bem que eu desconfiei que eu conhecia esses<br />

prédios, este canal... – disse Tiago. – Estamos em Veneza,<br />

não é?<br />

sabe?<br />

– Isso mesmo! – respondeu Juliana. – Mas como você<br />

38 – Sei lá, dos livros, talvez... – respondeu Tiago. E, de<br />

na. – Como eu disse, não sei por quê, mas vocês acabaram 39<br />

maneira a impressionar a amiga, continuou: – Você sabe,<br />

não é, minha Julieta... eu adoro ler!<br />

Finalmente os quatro amigos deram boas risadas ao<br />

mesmo tempo, até que Juliana falou:<br />

– Tiago, mesmo sabendo que Romeu e Julieta não<br />

viveram em Veneza, devo dizer que estou bastante impres-<br />

sionada. Mas o que preciso contar é que eu fiquei foi muito<br />

preocupada com vocês. Achei que nunca mais fosse vê-los!<br />

Que bom que estamos juntos novamente!<br />

– Pois é, eu também estava preocupado – disse Tiago.<br />

– Todos estávamos, Ju! – disse Carol. – Mas, afinal,<br />

você sabe o que aconteceu?<br />

– Bem... – começou Juliana. – Desde que entrei naque-<br />

le túnel maluco, lá na caverna dos fenícios, voei mais rápido<br />

e mais alto do que vocês. Pois é, eu acho que o tal túnel<br />

queria nos levar até a ilha de Murano, aqui perto, mas só eu<br />

acabei chegando lá.<br />

– Ilha de Murano? – perguntou Tiago. – Quer dizer<br />

então que foi lá que você conseguiu esse vestido que te<br />

faz ficar...<br />

Mais uma vez Leo interrompeu o amigo:<br />

– Quer dizer então que você está por aqui faz tempo?<br />

– Pois é, eu cheguei em Murano há uns dois dias e,<br />

desde então, tenho procurado por vocês – disse a meni-<br />

saindo no lugar errado!<br />

– Ah! Eu sei por quê! – exclamou Carol. – O que acon-<br />

teceu foi que a gente estava meio com medo de voar rápido<br />

demais e acabou fazendo uma corrente humana, o que foi<br />

muito legal, pois, juntos, ficamos mais pesados e assim<br />

pudemos observar o dia-a-dia dos egípcios e tudo o mais.<br />

Mas acho que o peso atrapalhou e nós acabamos sendo<br />

arremessados aqui pertinho, um pouco atrasados! Aliás, Ju,<br />

você sabia que nós estamos viajando no tempo?<br />

– Bem, até eu chegar aqui não tinha percebido nada –<br />

disse a menina. – Mas agora tudo parece estar ficando cada<br />

vez mais e mais claro, e eu tenho quase certeza de que esta-


mos parados no tempo em algum momento do século XIII!<br />

– E como é que você nos explica essas roupas, o seu<br />

penteado, o barco? – perguntou Leo.<br />

– Pois é, falei, falei, e esqueci de contar que o tal túnel<br />

me deixou bem dentro de uma enorme oficina onde arte-<br />

sãos muito talentosos trabalhavam fazendo...<br />

– Vasos de vidro! – gritou inesperadamente Tiago. –<br />

Eles faziam vidros na oficina, não era, Ju?<br />

– Era sim! Como você sabe? – perguntou ela.<br />

– Hum, eu tenho uma teoria... Mas, olha, depois eu<br />

conto! Agora quero é ouvir a sua história – respondeu o<br />

menino.<br />

40 – Então lá vai: aqueles talentosos artesãos levaram o<br />

41<br />

maior susto do mundo comigo, pois eu surgi ali de repente,<br />

do nada! Não entendi muito bem o que eles disseram, mas<br />

logo depois que eu cheguei, um grupo de mulheres veio<br />

me buscar, me levou para um quarto enorme, me vestiu e<br />

me penteou, como se eu fosse uma bonequinha. Acho que<br />

eles pensam que eu sou uma espécie de anjo despencado<br />

do céu com a asa quebrada, pois, desde então, faço o que<br />

quero naquela ilha – disse a menina. – Mas hoje, como eu<br />

estava muito preocupada com vocês, resolvi me afastar um<br />

pouco e, bem, foi assim que avistei o Leo, no meio daquela<br />

confusão!<br />

– Que interessante! – exclamou Leo, coçando o quei-<br />

xo. – Mas como é possível você ter chegado aqui tão antes<br />

da gente?<br />

– Não tenho a menor ideia! Só sei que não gostei nada<br />

de ficar sozinha e, bem, preciso mesmo dizer que estou<br />

supercontente com a chegada de vocês – disse Juliana. –<br />

Agora nós só precisamos encontrar um meio de voltar para<br />

casa!<br />

– Isso mesmo! – disse Carol. – Mas não antes de conhe-<br />

cermos muito bem este lugar maravilhoso no qual viemos<br />

parar! Ah! Eu sempre sonhei em conhecer Veneza... O que<br />

vocês acham de darmos uma voltinha?


6<br />

O GUARDIÃO DO SEGREDO<br />

42 vidro mais bonitos que eles jamais haviam sonhado em ver, 43<br />

A ideia pareceu agradar a todos, mas, assim que come-<br />

çaram a navegar pelo canal, a gôndola em que estavam foi<br />

cercada por diversos barcos e impedida de seguir caminho,<br />

sendo forçada a retornar para a ilha de Murano imediata-<br />

mente.<br />

– Ju, você tem ideia do que está acontecendo? – per-<br />

guntou Leo. – Hum... E, bem, aquela história que você nos<br />

contou sobre a prisão perpétua era brincadeira mesmo,<br />

não é?<br />

– Claro que era, Leo! – respondeu Ju, um pouco aflita.<br />

– O que eu não compreendo é o motivo de estarmos sendo<br />

escoltados para a ilha de Murano... Sei lá! Parece até que<br />

eles estão com medo que a gente fuja...<br />

– E, pensando bem, é exatamente isso que a gente quer<br />

fazer, não é? – perguntou Tiago. – Fugir daqui e voltar para<br />

a nossa casa?<br />

– É... – disse Carol, tristonha. – Mas eu nem conheci<br />

Veneza ainda!<br />

Infelizmente, era isso mesmo que os guardas de Murano<br />

queriam impedir: que as crianças, ou melhor, que Juliana,<br />

circulasse livremente. Assim que chegaram à ilha, foram<br />

levados até uma sala muito bonita, decorada com maravi-<br />

lhosos vitrais multicoloridos e com os vasos e os objetos de<br />

os quais criavam, não só nas paredes, mas na sala toda,<br />

reflexos tão sensacionais que pareciam truques de mágica.<br />

– Isso me lembra o nosso fundo do mar – disse Tiago,<br />

saudosista.<br />

– É, parece mesmo! – concordou Leo. – A única dife-<br />

rença é que as cores destes vidros aqui são mais intensas,<br />

vivas... nem sei explicar direito, mas tudo aqui é tão mais<br />

bonito!<br />

– Não se preocupe, meu jovem... – disse uma voz mui-<br />

to forte, vinda do outro lado da sala. – Eu posso explicar<br />

muito bem por que você acha isso!<br />

Os quatro amigos viraram-se ao mesmo tempo em


usca do dono da voz e, surpreendentemente, se depa-<br />

raram com o professor César, vestido com a meia-calça<br />

mais apertada que havia no armário, uma grande capa de<br />

veludo azul e um chapéu verde espetado com pelo menos<br />

quatro gigantescas plumas brancas. Claro que os meninos<br />

não conseguiram conter a gargalhada, mas seus risos enfu-<br />

receram o professor, que, aparentemente, não reconhecia<br />

nenhum de seus alunos.<br />

– Como ousam insultar o guardião do segredo? – per-<br />

guntou ele, furioso.<br />

– Ora, professor! Não deu pra segurar a risada. Afinal,<br />

quem iria imaginar encontrá-lo aqui, fantasiado desse jeito<br />

44 maluco? – disse Leo, sem parar de rir. – Ah, professor, pega<br />

45<br />

leve, vai... A gente tem levado cada susto desde que come-<br />

çamos este passeio que, agora que está tudo esclarecido,<br />

bem que podemos relaxar e...<br />

– Calado! – gritou o homem. – Eu não sou seu profes-<br />

sor e não estou fantasiado. Sou o guardião do segredo dos<br />

maravilhosos vidros de Murano e não admito ser insultado<br />

em meu palácio!<br />

O homem estava totalmente vermelho, e o ódio era<br />

tanto que pequenas colunas de fumaça podiam ser vistas<br />

saindo de suas narinas.<br />

– “Xi! Acho que o professor é um dragão”, pensou<br />

Juliana, mas, percebendo a gravidade da situação, não


disse nada a respeito. Apenas deu um passo à frente e,<br />

segurando em seu lindo vestido, fez uma profunda reverên-<br />

cia e disse:<br />

– Será que o senhor poderia nos explicar o que está<br />

acontecendo, honorável ilustríssimo e honrado guardião?<br />

– perguntou ela. – Se fizemos algo de errado, perdoe-nos,<br />

ainda não estamos acostumados e...<br />

– Quieta! – disse o homem num tom muito bravo. –<br />

Você veio do céu para nos proteger e não deveria nunca ter<br />

saído da ilha. Como podem perceber, nossa arte em vidro<br />

é única, especial, e o segredo desse trabalho é sagrado.<br />

Ninguém, eu disse ninguém, que o conhece pode voltar ao<br />

46 continente! Por isso estamos aqui...<br />

47<br />

– Mas senhor guardião... – disse timidamente Tiago.<br />

– Nós acabamos de chegar, e, apesar de apreciar muito<br />

a beleza de seus vidros, sinceramente, não tenho nem a<br />

menor ideia de como eles são feitos.<br />

As palavras de Tiago não fizeram com que o guardião<br />

se acalmasse. Pelo contrário, ele levantou os braços e, com<br />

um movimento bastante estudado e quase delicado, fez<br />

com que as paredes da sala se abrissem para as oficinas.<br />

Lá, dezenas de artesãos tiravam o vidro incandescente<br />

de um enorme forno e, com uma longa vara de ferro oca,<br />

sopravam aquela substância pastosa até obterem lindos<br />

vasos ou jarras. Todos eram extremamente habilidosos e,


com ferramentas especiais, faziam alças, bicos, adornos,<br />

enfim, enfeitavam os vasos.<br />

As crianças ficaram maravilhadas com o que viram, até<br />

mesmo Juliana, que disse:<br />

– No dia em que cheguei aqui estava tão assustada que<br />

nem vi como eram feitos os vasos e os objetos de Murano!<br />

Que trabalho lindo, que obra de arte, senhor guardião!<br />

Os elogios da menina deixaram o homem visivelmente<br />

mais feliz, mas, antes que qualquer outra coisa pudesse ser<br />

dita pelas crianças, ele gritou:<br />

– Guardas! Levem nosso anjo e seus amigos até a tor-<br />

re leste. Lá eles poderão aprender com os artesãos mais<br />

48 habilidosos do planeta a arte de fazer vidro. Afinal, já que<br />

49<br />

devem permanecer aqui pelo resto da vida, que aprendam<br />

a fazer vidro com os melhores!<br />

Tiago, Juliana, Carol e Leo não podiam acreditar no que<br />

estavam ouvindo:<br />

– Mas eu não quero ser artesão, senhor, quero ser<br />

médico! – gritou Leo, desesperado.<br />

– E eu quero ser advogada! – disse bem alto Carol. –<br />

Quer dizer, bailarina, ou melhor, veterinária...<br />

Juliana, por sua vez, estava totalmente inconforma-<br />

da com a situação. Tinha sido tão bem tratada nos últimos<br />

dois dias e agora, sem mais nem menos, estava sendo feita<br />

prisioneira. Pensou muito no que poderia dizer para ajudar,


afinal, ainda estava sendo considerada o anjo protetor da<br />

ilha. Entretanto, como não conseguiu chegar a nenhuma<br />

conclusão, levantou a barra do vestido e gritou com toda a<br />

força de seus pulmões:<br />

– Corre, gente, vamos fugir daqui!<br />

O único lugar que talvez facilitasse a fuga das crianças<br />

era o cais, e, para chegar lá, elas precisariam atravessar<br />

todo o salão, passando pelas enormes prateleiras lotadas<br />

com os maravilhosos vasos coloridos.<br />

– Sem problemas! – pensou a menina, que, na correria,<br />

não conseguiu segurar firmemente o vestido e acabou por<br />

tropicar, tropeçar e finalmente cair, bem em cima da pre-<br />

50 ciosa estante, lotada de vasos e vidros.<br />

51<br />

Assim, como se estivessem assistindo a um mesmo fil-<br />

me pela segunda vez, as crianças viram todos os vasos se<br />

estatelarem no chão, um a um, formando, novamente, uma<br />

enorme montanha de vidro em cacos.<br />

– Ai, ai, ai! De novo, não! – gritou Juliana, sem conse-<br />

guir conter as lágrimas.<br />

Foi então que ela percebeu uma mão estendida oferecen-<br />

do ajuda para que se levantasse do chão. Por algum motivo<br />

aquela mão lhe parecia familiar, mas, com medo de olhar<br />

para cima e dar de cara com o rosto furioso do guardião de<br />

Murano, a menina continuou ali, sentada em meio aos cacos.


7<br />

JUNTANDO AS PEÇAS<br />

52 – Nós levamos o maior susto da paróquia, Ju, mas acho 53<br />

– Vamos, Ju! Deixa de ser boba! Acidentes acontecem<br />

e, se você não se machucou, não há com que se preocupar!<br />

– disse o dono da mão.<br />

Juliana resolveu, então, encarar a situação e levantou-<br />

-se, encontrando a seu lado não apenas seus amigos, mas<br />

também o professor César, vestindo calça jeans e o seu<br />

jaleco branco que ele não deixava de usar nunca, mesmo<br />

fora da escola.<br />

– Professor? – perguntou ela, com medo na voz. – É<br />

mesmo o senhor?<br />

– Claro, Ju, claro que sou eu! Aliás, já faz um bom tempo<br />

que estou aqui a seu lado. Sabe, estávamos muito preocu-<br />

pados. Se você não se levantasse do meio desta confusão,<br />

iríamos ter que chamar seus pais, ou um médico, não sei<br />

bem quem... – disse o professor.<br />

– Como assim? O que aconteceu? – perguntou a menina.<br />

– Bem, pelo que o Tiago me contou, vocês estavam<br />

aqui na sala da reciclagem da fábrica de vidro brincando<br />

com o reflexo dos vasos nas paredes. Enquanto a classe<br />

inteira continuou o passeio atrás de mim e da monitora,<br />

vocês ficaram por aqui e, de alguma forma, conseguiram<br />

derrubar a principal prateleira de vasos e, em seguida, todo<br />

o estoque – disse o professor.<br />

que quem mais se assustou foi você, pois imediatamente<br />

você se agachou no meio da montanha de cacos e começou<br />

a tentar encaixá-los... – contou Carol.<br />

– ...como em um grande quebra-cabeça – continuou<br />

Leo. – Entretanto, apesar de essa tarefa ser humanamente<br />

impossível, você ficou ali, parada, bem no meio daquela mon-<br />

tanha de vidros quebrados, imóvel, olhando para o nada...<br />

– ...tão quieta que parecia nem estar respirando! –<br />

completou Tiago. – Foi aí que corri para pedir ajuda, e ainda<br />

bem que encontrei o professor César, que já tinha sentido a<br />

nossa falta e estava vindo nos buscar.<br />

Como não sabia o que falar nem o que fazer, Juliana


deu uma risadinha boba, ajeitou o cabelo atrás da orelha<br />

e, depois de ficar mais algum tempo observando o estrago<br />

que haviam feito, disse:<br />

– Pelo menos ninguém se machucou!<br />

– Pois é, pois é! – concordou o professor. – Quando o Tiago<br />

me contou o acontecido, eu fiquei atordoado e, até verificar<br />

pessoalmente que vocês quatro estavam bem, não sosse-<br />

guei... O único problema foi o estoque de vasos da fábrica...<br />

Os quatro amigos se entreolharam e Leo, que provavel-<br />

mente já tinha um discurso na ponta da língua, disse:<br />

– O senhor está querendo dizer o estoque para recicla-<br />

gem, não é, professor? Que sorte a nossa, afinal, pelo que<br />

54 eu me lembro, o senhor nos ensinou que o vidro é 100%<br />

55<br />

reciclável e que todo e qualquer caco pode ser utilizado na<br />

fabricação de uma nova peça de vidro, não é isso?<br />

– Bem, sim... – respondeu o professor. – Mas isso não<br />

significa que vocês podem sair por aí quebrando vasos, mis-<br />

turando as cores dos vidros e derrubando prateleiras! Olha<br />

só a confusão que fizeram...<br />

Os quatro amigos olharam ao redor, e o que mais lhes<br />

chamou a atenção foram as paredes brancas e tristes da sala.<br />

– Nossa! Parece até que essas paredes estão chorando<br />

e nos dizendo quanto vão sentir falta dos vasos coloridos –<br />

pensou alto Carol.<br />

– É mesmo! – concordou Tiago. – Esta deveria ser a


sala mais bonita da fábrica. E agora... talvez demore um<br />

bom tempo para que as prateleiras fiquem cheias de novo!<br />

– Nem me diga! – disse Leo. – Mas, além de nos ofere-<br />

cermos para recolher os cacos, o que mais podemos fazer?<br />

Acho que nada...<br />

Foi então que Juliana olhou para um pedaço de caco de<br />

vidro azul que ainda estava em sua mão e teve uma ideia<br />

surpreendente:<br />

– Eu não sei direito quando nem como, mas acho que<br />

conheci um lugar, uma ilha, onde se fabricavam vidros –<br />

começou a menina. – Eles diziam ser os melhores artesãos<br />

do mundo e, para provar, espalhavam sua arte por todos os<br />

56 lados. Bem, eles tinham vitrais maravilhosos por lá! Então,<br />

57<br />

o que vocês acham de montarmos um lindo vitral aqui nes-<br />

ta sala? A gente promete tomar cuidado para mexer com os<br />

cacos, usar luvas...<br />

– Eu acho a ideia sensacional! – exclamou Carol, animada.<br />

– Eu também! – disse Leo.<br />

– E eu, não vejo a hora de começar! – falou finalmente<br />

Tiago. – Agora, só precisamos pedir autorização ao respon-<br />

sável pela fábrica e fazer nesta sala uma obra de arte digna<br />

da ilha de Murano!<br />

– Isso mesmo! – exclamou Carol. – Tão bonita e colori-<br />

da que até os mercadores fenícios ficariam surpresos se a<br />

descobrissem!


– E deixar uma pulga atrás da orelha dos egípcios, que<br />

iriam querer saber como colocar vitrais nas pirâmides – dis-<br />

se Leo, cheio de graça.<br />

– Fenícios? Egípcios? Murano? – repetiu Juliana. – Como<br />

vocês sabem tudo isso? Eu achei que tinha estado sonhan-<br />

do, mas... Será que foi tudo real? Vocês também estavam<br />

lá, na caverna, no túnel, na ilha? – perguntou a menina,<br />

confusa.<br />

O professor César então segurou a mão de sua aluna e<br />

calmamente disse:<br />

– Juliana, seus amigos sabem tudo isso porque, enquan-<br />

to esperávamos você voltar ao normal, contei a eles toda a<br />

58 história do vidro, desde os mercadores fenícios, que o des-<br />

59<br />

cobriram, até os artesãos da ilha de Murano, na Itália. Aliás,<br />

o que eu não contei é que aqui, nesta fábrica, os vasos de<br />

vidro ainda são feitos exatamente como lá! Vocês querem<br />

conhecer o processo?<br />

E sem esperar pela resposta dos alunos, o professor<br />

levantou os braços e, com um movimento bastante estu-<br />

dado e até mesmo delicado, fez com que as paredes da<br />

sala se abrissem para as oficinas onde dezenas de artesãos<br />

tiravam o vidro incandescente de um enorme forno e, com<br />

uma longa vara de ferro oca, sopravam aquela substância<br />

pastosa até obterem um lindo vaso.


SOBRE O VIDRO<br />

O qUE é O VIDRO?<br />

O vidro é uma substância mineral que à temperatura<br />

ambiente é sólida, mais ou menos transparente, às vezes translúcida,<br />

mas sempre quebradiça, feita por meio de um processo<br />

de fusão de determinadas areias a altas temperaturas, que se<br />

molda no formato desejado.<br />

60 61<br />

DE qUE é FEITO<br />

O VIDRO?<br />

O vidro é formado<br />

principalmente por sílica<br />

(areia branca pura), soda e cal.<br />

A variedade de tipos de vidro aumenta<br />

enormemente com a adição de outros elementos químicos.<br />

qUEM REALMENTE DESCOBRIU O VIDRO?<br />

Os mais antigos objetos de vidro conhecidos são contas<br />

egípcias encontradas em tumbas de faraós, datadas<br />

de 2500 a.C. Entretanto, dizem que os fenícios foram<br />

os primeiros a reproduzir, depois de longa observação, o<br />

fenômeno natural de aquecimento e fusão sílica pela ação<br />

de um raio.<br />

Também se afirma que os sírios foram os responsáveis<br />

pela técnica do vidro soprado, uma revolução na atividade<br />

vidreira, que, a partir de então, conferiu mais qualidade<br />

e beleza aos produtos, diversificando-os e melhorando<br />

seu acabamento. A técnica era também utilizada pelos<br />

romanos, que a difundiram, obtendo maior proveito<br />

comercial. Entre os romanos, a fabricação de chapas de<br />

vidro era mais complexa e só existia nas casas patrícias e<br />

nas igrejas.


O VIDRO HOJE EM DIA<br />

O progresso fez com que cada vez mais o homem percebesse<br />

a importância desse material. Atualmente podemos<br />

contar com vidros planos, empregados em larga escala na<br />

indústria de construção, como vidraças e espelhos; vidros<br />

ocos, ou seja, tubos, frascos, garrafas, bulbos para lâmpadas<br />

etc., que também ocupam posição importante no consumo<br />

doméstico e industrial; vidros para mesa, que podem ser<br />

comuns ou extremamente refinados, como os cristais lapidados;<br />

vidros térmicos, utilizados em aparelhos de cozinha,<br />

equipamentos de laboratório e componentes eletrônicos;<br />

vidros óticos, usados na fabricação de lentes para oftalmologia<br />

e instrumentos óticos; o vidro strass (de Strasser, seu<br />

inventor), bastante duro e, devido a sua refringência, usado<br />

para imitar pedras preciosas; os vidros de segurança, que<br />

encontram seu grande mercado na indústria automobilística<br />

e cuja característica comum é a resistência ao choque<br />

e a capacidade de fragmentar-se sem causar ferimentos nas<br />

pessoas; a fibra de vidro e a lã de vidro trefilado, usadas<br />

para isolamento térmico, elétrico e acústico; e finalmente<br />

as fibras óticas, pelas quais a informação viaja na forma de<br />

pulsos de luz.<br />

E AS EMBALAGENS DE VIDRO?<br />

O vidro também é amplamente usado como embalagem,<br />

pois não deforma e não absorve sabores. Diz-se que<br />

o vidro é a embalagem amiga da natureza, pois é 100% e<br />

infinitamente reciclável, o que significa que um recipiente de<br />

vidro reciclado possui as mesmas qualidades de um fabricado<br />

com matérias-primas virgens, independentemente do número<br />

de vezes que o material já tenha sido utilizado. Além de<br />

tudo isso, as embalagens de vidro são retornáveis e podem ser<br />

reutilizadas por diversas vezes, precisando apenas ser lavadas<br />

em altas temperaturas com detergentes adequados.<br />

62 63


64<br />

Projeto<br />

A Viagem Fantástica<br />

Projeto Gráfico<br />

Lili Tedde<br />

Revisão<br />

Trisco Comunicação<br />

Coordenação Editorial<br />

Ler é Fundamental Produções e Projetos<br />

Realização<br />

<strong>Secco</strong> Assessoria Empresarial<br />

Concepção<br />

<strong>Patrícia</strong> <strong>Engel</strong> <strong>Secco</strong><br />

0.000 exemplares<br />

Oububro de 2008<br />

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