MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

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O que dizer de um espetáculo que logo no primeiro número põe as pessoas de pé e em estado de semi-delírio? Um espetáculo que ao final do primeiro ato faz com que os espectadores se abracem e chorem juntos? É realmente muito difícil para o jornalista escrever sobre tudo o que foi mostrado no show de estréia de Elis Regina, no Teatro Bandeirantes, na noite de anteontem. Muito mais do que um momento de entretenimento, aqueles momentos de imensa verdade puseram as pessoas a pensar. E isso é bom [...] A direção dada por Myrian Muniz ao espetáculo nos coloca diante de uma das maiores diretoras que o nosso teatro já teve, segundo declarações de artistas consagrados que assistiram ao show de Elis, como Paulo Autran, Juca de Oliveira e outros. Direção adulta, profissional, perfeita e de um conteúdo humano fora do comum. (SILVA, 1975, p.33) A combinação Myrian Muniz/Elis Regina resultou em um espetáculo explosivo, emocionante, cheio de vida e inovador. E não era para menos. A cantora possuía uma personalidade forte e marcante, dentro e fora dos palcos, o que lhe valeu o título de “pimentinha”. Tive a oportunidade de assistir a outro show dela, Saudade do Brasil, ainda na adolescência, e a lembrança é de um espetáculo arrebatador. A diretora tinha uma personalidade não menos forte e marcante. Some-se a isso uma atitude provocativa, investigativa da alma humana e que, em muitos momentos do processo pessoal/pedagógico que vivi ao lado dela, me colocou “contra a parede” fazendo me deparar com questões minhas que eu teimava em não examinar. O resultado extraordinário atingido pelo show Falso brilhante foi a síntese dessa combinação de talentos e traços de personalidade, acrescido da capacidade que Myrian tinha de, através da leitura minuciosa que ela fazia de quem estava ao seu lado, extrair o melhor e o mais essencial para a plena realização do trabalho daquele artista que ela estava conduzindo. Falso Brilhnate. Equipe de trabalho: Teatro Bandeirantes, 1975. Acervo Myrian Muniz Fonte: Livro Giramundo, de Maria Thereza Vargas. 93
Depois de deixar o Macunaíma, Myrian deu continuidade às suas atividades como professora, respaldada pelas diversas experiências pedagógicas aqui relatadas e fundou, informalmente 14 , no início dos anos oitenta, com os alunos- atores que frequentavam seu curso na FUNARTE em São Paulo, o Grupo Mangará. Esse termo é utilizado para nomear a ponta superior da Inflorescência da bananeira e foi dado ao grupo como uma homenagem a Flávio Império, que gostava de pintar essa flor em vários dos seus quadros. 14 O grupo só veio a ser registrado, em 1997, na Cooperativa Paulista de Teatro. 94
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VARGAS, Maria Thereza e outros. E.A
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