MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

Alfredo, eu não poderia fazer a EAD! Era de graça! Eu não tinha dinheiro. O
Alfredo é o salvador! Veio com uma asa! Se não fosse o Alfredo Mesquita, o
teatro estaria no fundo do poço, porque foi ele, com a criação da EAD, que
levantou tudo isso. (IDEM, 1999/2000)
Alfredo Mesquita.
Fonte: Livro Alfredo Mesquita:
um grã-fino na contra mão,
de Marta Góes
Depois de trabalhar como vendedora de cosméticos, vitrinista de
perfumaria, professora de dança para crianças e enfermeira, Myrian percebeu que
o teatro seria seu passaporte para um mundo novo, atraente e fascinante e que se
mostrava, ao mesmo tempo, amedrontador por ser desconhecido. Apesar da sua
limitada compreensão desse novo universo, Myrian respeitou sua intuição –
intuição essa que se tornaria sua mais forte característica como artista – e
percebeu, logo nos primeiros contatos com a escola, que naquele lugar ela
vivenciaria experiências que seriam transformadoras para sua vida.
Desde o primeiro dia, eu percebi que o lugar da minha vida era ali. Agora
tinha um problema: mais da metade das coisas que aconteciam naquele
espaço tão novo, eu não conseguia entender. É que naqueles tempos a
EAD tinha um certo formalismo, citava coisas impossíveis para minha
cabeça e parecia que tudo vinha vestido de erudição. Propostas de
análises minuciosas, dissecações rigorosas dos fatos da dramaturgia,
informações de um atraente e estranho mundo onde eu nunca tinha
posto os pés. Eu já sabia que não era pessoa de criar com a cabeça, o
meu mundo caminhava mesmo dentro de um espaço chamado intuição.
E foi por aí que eu andei. Agora deu certo porque todos os professores
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