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MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

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fazia painéis para os espetáculos da escola, mas a relação profissional e de<br />

amizade entre eles se estreitou quando passaram a fazer parte do grupo de<br />

artistas do Teatro de Arena. Depois desse período no Teatro de Arena, eles<br />

voltaram a fazer uma parceria artística, na montagem de Os fuzis da senhora<br />

Carrar, primeira direção teatral realizada por ele, para o grupo de Teatro da<br />

Universidade de São Paulo - TUSP. Flávio convidou Myrian para ser sua<br />

assistente e fazer também direção de atores, propiciando a ela mais uma<br />

experiência na preparação de atores, além de um grande aprendizado do fazer<br />

teatral. Segundo depoimento da atriz:<br />

Em 1967, Flávio Império me convidou para ser assistente dele em Os<br />

fuzis da senhora Carrar, de Bertolt Brecht, que ele, muito<br />

inteligentemente, passou a chamar de Os fuzis da dona Tereza. Intuiu<br />

que a amiga dele, Myrian, poderia dar mais um passo à frente, não ser<br />

somente atriz, mas também diretora de atores [...] Como assistente, fui<br />

penetrando mais e mais ainda no complicado mundo do espetáculo.<br />

Aprendi que o espaço é mágico e você, com sua sabedoria de artista,<br />

pode transformá-lo em quantos jeitos queira. Daí a importância da<br />

criação visual. Depois de explorarmos o espaço, caminhamos até o ator<br />

e, então muita coisa ele deixou na minha mão, porque eu era uma atriz,<br />

tinha meus conhecimentos, já vinha com a “cabeça feita”. Aprendi nessa<br />

temporada que a ansiedade deve ficar sempre longe do diretor. Nada de<br />

nervosismos ou agressividades, porque há o perigo de tudo isso passar<br />

para o intérprete e ele não conseguir fazer mais nada. O diretor tem por<br />

obrigação ser um aliado do ator. Flávio não era ator, mas sabia como<br />

ninguém dizer ao intérprete tudo quanto ele precisava saber para poder<br />

criar o papel, e, de forma certa, para ser entendido pelo público. É<br />

conhecido como cenógrafo e figurinista, mas sempre influenciou muito os<br />

diretores com quem trabalhou, em virtude da visão total do espetáculo<br />

que conseguia ter em mente. (IDEM, 1998, p.83-84)<br />

Apesar de o trabalho realizado no TUSP ter sido sua primeira<br />

direção, Flávio já havia entrado em contato com o universo do autor alemão<br />

quando fez seu primeiro trabalho profissional: Morte e vida Severina, de João<br />

Cabral de Melo Neto, encenada em 1960 no Teatro Experimental Cacilda Becker,<br />

sob a direção de Clemente Portella. A influência do teatro “brechtiniano” nas<br />

criações de Flávio, especialmente aquelas feitas para o Teatro Experimental<br />

Cacilda Becker e posteriormente para o Teatro de Arena, revelam sua<br />

preocupação com um teatro de caráter político e cultural. Certamente essa<br />

importante experiência, como assistente de Flávio em Os fuzis da Dona Tereza,<br />

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