MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

Passava da angústia à mais barulhenta comédia com verdade e verossimilhança.”
(VARGAS, 1998, p. 157)
Gianfrancesco Guarnieri relatou a dificuldade que teve ao escrever uma
personagem para ser interpretada por Myrian, na peça Pegando fogo lá fora:
“Exigia-me a criação de uma personagem da maior complexidade, percorrendo
todas as gamas dramáticas, do trágico ao cômico, do grotesco ao farsesco, daí ao
patético; do realismo ao expressionismo, de Dercy Gonçalves a Cacilda Becker.
(IDEM, 1998, p. 163) Fauzi Arap, que também foi colega da atriz no Teatro de
Arena, afirmou que “poucos conhecem o abismo que habita a agudeza do seu
humor” (IDEM, p. 175) e Marcos Caruso, parceiro de cena em Porca Miséria,
afirmou: “Myrian é uma das pouquíssimas atrizes que tem na tragédia a matéria
prima para seu humor. Porque é uma das pouquíssimas atrizes que chega ao
resultado cômico partindo do fato trágico”. (IDEM, p. 178)
Myrian Muniz em foto intitulada
Baronesa decadente.
Foto de Vânia Toledo
Essa mesma impressão está expressa nos depoimentos de seus alunos-
atores, que a consideram uma comediante requintada apesar de popular, pois se
utilizava da sua enorme capacidade de observar o outro para compor, com
extrema humanidade, seus personagens. Paulo Betti a considerou uma
“comediante com sangue, suor e lágrimas. Faz rir e chorar ao mesmo tempo.”
(IDEM, 1998, p.211). Segundo Cristina Pereira: “tudo quanto ela elabora é
57