MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

grega e contracenou com o amigo e colega do Teatro de Arena, Gianfrancesco
Guarnieri.
A relação de Myrian com a televisão nunca foi muito pacífica e muito menos
satisfatória pois ela sempre afirmou que o verdadeiro nicho do ator é o palco,
assim como o espaço criativo do cinema é do diretor. Já na televisão, ela afirmava
que havia pouco espaço para o trabalho atoral, uma vez que a avaliação do
trabalho ficava atrelada sempre aos índices de audiência e ao patrocinador.
1.12- Transitando entre o drama e a comédia
O maior e mais importante contraste que podemos encontrar na atuação
artística de Myrian Muniz é, certamente, a sua capacidade de transitar de forma
harmônica entre o drama e a comédia. Quando se formou na EAD, ela era
considerada uma atriz cômica, apesar da experiência marcante que foi sua
atuação em Bodas de sangue. Myrian foi então trabalhar com Dulcina de Moraes
na peça Chuva, de John Colton e Clemence Randolph, e coube a ela o papel de
Sra. Davidson, a mulher do reverendo. Naquela época, Myrian ficou reticente em
aceitar o desafio por tratar-se de um papel dramático. Dulcina, que era uma
pessoa “deslumbrante, cheia de luz, amiga e solidária”, na opinião de Myrian, a
encorajou muito dizendo que se Myrian sabia fazer rir é claro que sabia também
fazer chorar, ressaltando que o ator ou a atriz que faz comédia, faz drama
também. Essa importante lição parece ter norteado seu trabalho como artista de
teatro e, em especial, como atriz. Seja no teatro, no cinema ou na televisão ela
sempre soube, com maestria, transmutar fatos trágicos em acontecimentos
cômicos.
Juca de Oliveira, que foi seu parceiro na novela Nino, o italianinho,
descreveu assim o trabalho de Myrian: “Ela se expressava com escandaloso e
desgrenhado realismo... a personagem era viva, de um realismo epidérmico.
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