MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

Ela relatou que esse foi seu primeiro trabalho com o diretor e também seu
processo mais difícil como atriz: “Não conseguia decorar nada. Chorava. Falava
que não ia conseguir fazer e ele, com muita paciência, dizia: “Você vai sim...”
(VARGAS, 1998, p.99)
Em matéria publicada em O Estado de S. Paulo, quando da estréia da peça
Pegando Fogo Lá Fora, o jornalista Sérgio Pinto de Almeida recolheu as opiniões
de Gianfrancesco Guarnieri, ator e autor da peça, e Celso Nunes, diretor do
espetáculo, sobre o trabalho de Myrian. Guarnieri afirmou: “Nesse papel ela faz
uma antologiazinha Myrian Muniz. Tem drama, comédia, horror, lirismo, e em tudo
ela dá um show. É uma atriz polivalente, muito forte, que transparece a
personalidade forte que tem. Ela é única no teatro brasileiro” (ALMEIDA, 1998) Já
Nunes destacou a maneira como Myrian criou o papel: “Ela é uma atriz especial,
superintuitiva; então não adianta aplicar técnica de direção. Ela precisa antes
enxergar o papel e, depois, desenvolver o personagem, incorporá-lo. E a
incorporação é uma prazer para Myrian, ela se diverte, brinca ao criar”. (IDEM) Ele
ainda usa uma metáfora com a música para descrever a interpretação da atriz:
“Numa mesma peça ela não imprime um ritmo allegro, ou inteiro andante.
Descobrir seu melhor movimento é uma alquimia que faz parte do seu talento”.
(IDEM) Por fim o diretor sintetizou a atuação da atriz com a seguinte frase: “Myrian
é uma atriz vulcânica”. (IDEM)
.
Três anos depois, em 1991, Fauzi Arap convidou Myrian para protagonizar
E a História Acabou, peça que ele tinha escrito especialmente para ela e na qual
Pietro Maranca (pianista e ator que havia integrado o elenco de Pegando Fogo Lá
Fora, outro texto especialmente concebido para ela) seria seu parceiro de cena.
Ela se interessou muito pela personagem, D. Filomena, uma professora
aposentada completamente falida, chamada para dar uma palestra sobre
imigração em uma instituição cultural que vai ser fechada na semana seguinte.
Myrian sentiu certa dificuldade em ser dirigida por Fauzi Arap, por ele ser muito
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