MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

A atriz Carmo Sodré Mineiro, que participou do elenco do filme Das tripas
coração, relatou que Myrian auxiliou Stella Freitas, Cristina Pereira e ela mesma a
encontrarem as personagens que iriam interpretar, resgatando experiências
cotidianas:
[...] fazíamos o papel de faxineiras da escola. Tínhamos portanto de
vivenciar um universo completamente diferente, desconhecido para cada
uma de nós, um mundo cruel, de trabalho pesado, sofrido e miserável.
[...] E Myrian tinha muita habilidade para fazer aflorar em nós esses
sentimentos. Primeiro fomos buscar umas roupas inventadas por nós.
Depois, ela nos fez mergulhar no que seria a vida de trabalho diário de
uma faxineira de verdade. Limpamos, lavamos pratos, enceramos,
passamos roupa, de verdade. (IDEM, p. 225)
Ana Carolina afirmou que Myrian funcionou como seu alter-ego nos
trabalhos que realizaram juntas e completou dizendo que não conseguia fazer
filme nenhum sem antes discutir com ela. A identificação entre elas, no trabalho,
se estabeleceu de tal forma que a cineasta definiu assim essa relação: “A Myrian
que eu tenho dentro de mim e a Ana Carolina que ela tem dentro dela.” (IDEM, p.
151) Parece que a diretora de teatro emprestou à diretora de cinema seus
princípios acerca do trabalho com os atores, de acordo com depoimento da
segunda: “Confesso que se eu não me identificar com o ator com quem estou
trabalhando, não consigo dirigi-lo.” (IDEM, p. 151)
O ultimo trabalho que realizaram juntas foi o filme Amélia. Na época de
estréia, o filme recebeu destaque nos mais conceituados jornais do país. Merten,
em matéria de duas páginas intitulada Comédie Française X Teatro Brasileiro,
publicada n’O Estado de S. Paulo, destacou a presença de Myrian Muniz no
elenco do filme, chamando-a de “mito da representação no país”:
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