MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

assumir a direção de um show que a cantora Elis Regina queria fazer com um
formato diferente. Elis estava cansada de ficar parada, em frente ao microfone,
usando freneticamente os braços, queria mudar a imagem de suas apresentações,
a partir da exploração de um lado mais dramático, que sabia que tinha. Myrian
sempre teve um grande interesse por música, uma grande vontade de explorar o
potencial dramático que existe nos grandes intérpretes da música popular
brasileira, e prontamente aceitou o convite. Elis e ela se conheceram nos anos
1960, no Teatro de Arena, quando a cantora namorava Solano Ribeiro, que tinha
sido colega da diretora na EAD. Como parte da preparação para o show, Elis
Regina e seus músicos fizeram aulas de teatro no Centro de Estudos Macunaíma,
pois a proposta da direção era de que todos deveriam representar. Nos ensaios,
Roberto Freire, psicanalista que também atuava no Macunaíma, auxiliou a
diretora.
O roteiro de Falso Brilhante foi feito em grupo, mas Myrian foi responsável
pelo seu formato final. Na primeira parte do show, chamada de
“Descoberta/Carreira/Glória”, havia um desenho animado feito por José Rubens
Siqueira, mostrando uma seqüência de imagens infantis poéticas simbolizando
“Sonhos de glória”, de acordo com o autor. Na segunda parte,
“Desgosto/Gostosas Vontades”, o trabalho do artista de teatro era pano de fundo
para as canções escolhidas e, em determinado momento do espetáculo, todos
entravam em cena varrendo o palco com vassouras prateadas, ao som da valsa
de Strauss, Vida de Artista. Este trecho fazia menção à grande alegria do artista: o
trabalho.
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