MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

com os objetos do espetáculo, para que a partir dessa vivência pudessem, juntos,
realizar algo em comum. No fim do trabalho, todos estavam realizando suas
tarefas, lavando louças, varrendo o palco e deixando tudo em ordem para as
apresentações e, ao final, todos arrumavam o cenário, recolhiam o material de
cena, dobravam o figurino e colocavam as cadeiras no lugar. O espetáculo foi bem
recebido pelo público do clube.
Juntamente com Sylvio Zilber, Cláudio Lucchesi, Marcelo Peixoto, Flávio
Império e Roberto Freire, Myrian fundou em 1974, o Centro de Estudos
Macunaíma, que funcionou inicialmente na Lapa e depois na Rua Lopes Chaves,
342, casa onde morou Mário de Andrade. Myrian afirmou que a proposta era a
criação de uma escola que dialogasse com idéias difundidas no início dos anos
1970: “Aprendia-se que a neurose estava nele (o corpo) e era necessário liberá-lo
para que a criação pudesse surgir.” (IDEM, 2004, p.191) Sylvio Zilber sintetizou
assim a proposta do Macunaíma: “Usamos técnicas teatrais para desentupir
mentalmente o indivíduo. Nosso curso não pretende informar no sentido clássico,
visa a desaprendizagem de todos os condicionamentos.” (VEJA, 1976) O
Macunaíma representou a concretização da atuação de Myrian como pedagoga. A
partir da sua inauguração, ela possuía, de fato, um espaço reservado para essa
atividade onde tinha autonomia para fazer escolhas pedagogicamente efetivas nos
processos criativos que liderava e onde também podia realizar experimentos
cênicos, o que não aconteceia no teatro profissional, um dos motivos pelos quais
ela preferiu o ensino e dedicou tanto tempo da sua carreira aos seus alunos-
atores.
1.9- De professora a diretora
No início de 1975, Myrian recebeu uma proposta, feita por Silnei Siqueira –
que já estava comprometido em dirigir uma peça com Beatriz Segall – para
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