MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

As suas criações como atriz possuíam forte tendência intuitiva e aquelas
em que atuava como diretora e como pedagoga, extremo senso crítico. Myrian
sabia articular a intuição e o senso crítico de tal forma que essa combinação
potencializava seu trabalho artístico.
1.2- Bailarina, quase normalista, vendedora de cosméticos, vitrinista e
enfermeira
Apesar de os primeiros estímulos relacionados às artes terem vindo da
família materna, seu primeiro contato com o teatro aconteceu quando seu pai,
que gostava muito de música, a levava para assistir companhias de Teatro de
Revista que vinham do Rio de Janeiro. Essa convivência com as artes e a música,
somada ao incentivo da família materna, provavelmente despertou em Myrian, na
adolescência, a vontade de ser bailarina e, apesar de reprovada no exame da
Escola Municipal de Dança, recebeu aulas de uma professora que a viu chorando
na porta da escola depois de saber do seu insucesso na prova de admissão. No
ano seguinte, Myrian ingressou na escola, participou do Corpo de Baile do Teatro
Municipal e depois ainda lecionou balé para crianças e adolescentes na Escola
Paulista de Arte, então situada na Avenida Lins de Vasconcelos.
Depois dessa experiência com o balé, Myrian vivenciou as mais diferentes
profissões: iniciou o curso normal na Escola Padre Anchieta, mas desistiu depois
de seis meses, foi trabalhar como vendedora de cosméticos Elizabeth Arden, foi
também vitrinista de uma perfumaria e, antes de ingressar na EAD, foi enfermeira
no Hospital Samaritano, onde atuou em vários setores. Para ela, essa experiência
na área da saúde foi fundamental para que superasse seus medos e para sua
formação humana:
Com vinte anos eu fui fazer a escola de enfermagem. Fiz o curso e
trabalhei durante muitos anos como enfermeira. Eu gostava, mas não era
o que eu queria fazer porque eu não aguentava aquela barra da morte,
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