MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

de teatro. Devido à diversidade de elementos que compõem a linha de trabalho
que Myrian Muniz preconizava como pedagoga do teatro, utilizei como matéria
prima deste capítulo, além dos diversos depoimentos dados por ela sobre seu
ofício, os textos escritos e entrevistas dadas por seus ex-alunos sobre o trabalho
dela. Minhas análises e considerações sobre essa prática foram respaldadas
pelas minhas experiências pessoais enquanto seu aluno-ator.
No quarto capítulo, intitulado Minha vivência com Myrian Muniz: uma
síntese de descobertas ou ela me devolveu a mim mesmo, relatei como as
vivências e experiências que tive, frequentando seu curso de formação de atores,
foram fundamentais para a minha formação pessoal e principalmente profissional,
procurando relacioná-las ao meu processo de aprendizagem teatral.
Fazendo um balanço de todo o processo que vivenciei ao lado da mestra
Myrian Muniz, percebi que a palavra sincronicidade adquire importância capital.
Desde o meu primeiro encontro com ela, no Teatro Sérgio Cardoso após o show
da cantora Priscila Ermel, em 1985, até o nosso último contato, no Teatro de
Arena, após a sua última entrevista pública, em 2005, consigo perceber uma linha
condutora, como um fio de Ariadne 2 , que foi me guiando dentro desse labirinto da
aprendizagem sobre teatro e vida. Não me parecem aleatórios os diversos
momentos dessa trajetória de vinte anos, quando tive que desvendar segredos da
arte do teatro e percorrer os mais diferentes trajetos de vida, me deparando com
encruzilhadas e confluências, mas tendo sempre na mão um fio condutor, me
ligado direta ou indiretamente à Myrian, que me permitiu encontrar as diversas
saídas, sem que me perdesse nessa busca.
2 O Fio de Ariadne, é uma expressão originada no mito de Teseu, um jovem herói ateniense que,
sabendo que a sua cidade deveria pagar a Creta um tributo anual, sete rapazes e sete moças,
para serem entregues ao insaciável Minotauro que se alimentava de carne humana, solicitou ser
incluído entre eles. Em Creta, encontrando-se com Ariadne, a filha do rei Minos, recebeu dela um
novelo que deveria desenrolar ao entrar no labirinto, onde o Minotauro vivia encerrado, para
encontrar a saída. Teseu adentrou o labirinto, matou o Minotauro e, com a ajuda do fio que
desenrolara, encontrou o caminho de volta. Retornando a Atenas levou consigo a princesa. Essa
história, metaforicamente, permite entender uma série de acontecimentos analisando sua origem e
suas características ou ainda assimilando gradativamente uma série de verdades encontradas
nessa análise, ordenando uma pesquisa, até que se atinja um ponto de vista final desejado.
17