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MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

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homenagem a Flávio Império. Pude perceber que a organização do trabalho no<br />

teatro não se dá obrigatoriamente de forma cartesiana, mas sim por uma lógica<br />

própria, que está ligada à experiência criativa, e que norteia essa construção.<br />

Semelhante ao que acontece com a montagem de um quebra-cabeça, a ordem da<br />

colocação das peças que compõem uma experiência teatral pode também variar,<br />

mas sem que isso prejudique, no final, o resultado desejado. Vale destacar<br />

também que a percepção que guia a escolha das peças que serão primeiramente<br />

colocadas sobre o tabuleiro, no caso do quebra-cabeças, passa pelo filtro<br />

individual de cada jogador, acontecendo da mesma maneira com a organização<br />

dos diversos eventos ligados à criação teatral.<br />

Esse primeiro processo foi decisivo e aquela paixão do primeiro encontro foi<br />

amadurecendo e se tornou um verdadeiro amor ao teatro. Em 1988, fui morar em<br />

Ribeirão Preto para cursar odontologia e lá me integrei ao TRUSP (Teatro<br />

Ribeirão-pretano da USP). Minha passagem pelo teatro universitário foi muito rica,<br />

mas acabei retornando a São Paulo ansiando por mais e mais experiências.<br />

Decidi que deveria prestar o exame de seleção para entrar na Escola de Arte<br />

Dramática (EAD) e pedi então a ajuda de Myrian, que prontamente disse que sim.<br />

Fui até a USP fazer minha inscrição e logo depois fui para a casa dela, que na<br />

época ficava na Rua Navarro de Andrade, em Pinheiros. Chegando lá, sentamos<br />

na sala e começamos a ler o edital juntos e quando ela percebeu que aquele dia<br />

era o primeiro dia de inscrição, ela parou a leitura e me disse: “Você foi logo no<br />

primeiro dia?! Nossa, você quer mesmo fazer essa escola.” No final daquela tarde<br />

saí da casa dela com o texto O mentiroso, de Jean Cocteau, para preparar para a<br />

primeira fase. Na semana seguinte fui até a FUNARTE, onde Myrian ensaiava<br />

com seus alunos-atores, para que ela me ajudasse na preparação da cena para o<br />

exame. Subi no palco e ela foi me pedindo para fazer o texto das mais diversas<br />

formas: sussurrando, correndo pelo palco, gritando, falando muito lento, falando<br />

na boca de cena, falando do fundo do palco, etc... Ao final, a minha expectativa<br />

era que ela me apontasse um caminho. Não foi isso que aconteceu. Myrian me<br />

pediu que, a partir das diversas vivências daquele dia, eu apresentasse uma<br />

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